Joana Freitas Manchete SociedadeManuel de Arriaga | Nº 28 afinal conseguiu maioria para classificação O Governo dizia não ter havido consenso sobre a classificação do prédio que considera ser dos poucos a representar o estilo Neo-Clássico e Art Deco, mas os resultados da consulta pública indicam que mais de metade dos inquiridos quer o imóvel da Rua de Manuel de Arriaga classificado. O eventual preço das obras e a vontade do proprietário são factores a ponderar, mas é o Governo quem tem de decidir [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s resultados da consulta pública sobre a proposta de classificação de imóveis mostram, afinal, que mais de metade dos inquiridos concorda com a classificação do prédio da Rua Manuel de Arriaga. Ainda que o Governo considere que “não houve consenso” quanto à sugestão de se classificar o prédio número 28, como informou num comunicado enviado esta segunda-feira, os resultados da consulta apresentam números superiores. De acordo com as informações, 61,8% das 667 pessoas que apresentaram opiniões face a este prédio “concorda com a classificação”, sendo que apenas 38,2% não estão a favor de que o também número 1 da Rua da Barca se torne em património. Apesar do número de votos “sim” não ser tão alto quanto os que concordaram com a classificação de outros oito imóveis propostos – como os Templos de Foc Tak Chi e as antigas muralhas, que receberam todos pontos a favor acima dos 80% – os dados mostram que o prédio ficou a uma escassa diferença das opiniões face à antiga Farmácia Chong Sai, que obteve 77% de concordância. Ainda assim, o Governo diz que “um número elevado” de pessoas se manifestou contra a classificação do imóvel, pelo que diz “não haver consenso” sobre a sua classificação. Nos resultados da consulta pública consultados pelo HM, é possível perceber que quem concorda com a classificação considera que “o prédio possui valor cultural” e outros acreditam que a classificação só é possível depois de ser apresentado “um plano de restauro” que tenha em causa a ponderação dos custos e o consentimento do proprietário. Quem discorda, diz que o edifício está “num avançado estado de degradação” e que repará-lo pode ser “um desperdício de recursos”. A integridade do prédio e os custos das obras são os motivos que levam alguns a estar de pé atrás. O que é? Na história que acompanha o edifício, fornecida pelo IC, pode ver-se que ao longo dos anos se mantiveram as fachadas, “como as elegantes e bonitas decorações e molduras e a entrada me arco decorada com colunas”, como descreve o Instituto. Pormenores como mosaicos e acabamento em estuque de Xangai, “populares na época”, levam a que o IC considere o prédio como uma das poucas obras do estilo Neo-Clássico e Art Déco “populares na primeira metade do século XX”. Apesar do edifício incluir apenas parte da construção original, o IC descreve-o como sendo ainda capaz de mostrar a sua função como ponto nodal pela sua “localização estratégica” entre as duas ruas que ocupa e que eram “as principais vias do Bairro de San Kio”. Mas não só. “Os detalhes arquitectónicos do edifício com o seus acabamentos requintados reflectem desta fora uma estilo muito característico das habitações do século XX sendo este um dos poucos edifícios de referência na zona [que] mantém o estilo há mais de cem anos”. Isto devido principalmente à demolição de diversas casas nos anos 60 e 70. O IC propôs a classificação do espaço como sendo um edifício de interesse arquitectónico. Construído em 1917/1918, a propriedade – que ainda hoje é privada – serviu como residência, escritórios e clínica de medicina chinesa, sendo hoje novamente utilizado como habitação. Mas, o IC também deixa o alerta: o prédio de 192 metros quadrados “está em mau estado de conservação” e viu uma parte do seu telhado ser demolida em 2013, uma questão que levantou polémica e que levou o Governo a impedir mais trabalhos de demolição. O HM tentou saber junto do IC se continua a haver interesse em classificar o prédio, ou se o Instituto vai desistir devido aos resultados da consulta pública, que considera “divergentes e sem consenso”, mas não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.
Andreia Sofia Silva Manchete ReportagemMonarquias Asiáticas | Saída do Imperador japonês sem influência Persistem na Ásia cinco monarquias que têm sabido manter-se sem grandes alterações ao longo dos tempos. Poderá a vontade de abdicar do Imperador japonês Akihito mudar o panorama? Dois analistas garantem que vai levar tempo até que as sociedades comecem a questionar a existência da democracia [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]kihito está cansado. A liderar o poder imperial japonês desde 1989, anunciou há semanas a vontade de abdicar antes da sua morte, o que poderá obrigar a uma revisão da Constituição japonesa, que permite a sucessão do Imperador apenas em casos de falecimento. Um inquérito realizado no país confirmou que cerca de 90% da população está de acordo com a abdicação. Democracia estável, com Shinzo Abe a encabeçar o Governo, o Japão enfrenta neste momento a possibilidade de ter de alterar uma tradição que se tem mantido inalterável ao longo dos séculos. O poder imperial é simbólico, sem intervenção directa na política, mas muito respeitado pela população japonesa. Países como a Tailândia, Butão, Malásia e Camboja continuam a ter monarquias, sendo que, para dois analistas contactados pelo HM, o impacto das mudanças no Japão nesses países será mínimo. “São coisas que levam muito tempo a modificar-se porque há uma cultura institucional, porque se pensa que estas coisas são imodificáveis”, defendeu Arnaldo Gonçalves ao HM. “Não vai ter um impacto de maior. As monarquias estão vivas, de boa saúde e vão continuar. Caso haja uma sucessão do filho mais velho no Japão a transição vai ser pacífica, porque o Imperador é uma figura simbólica. Não vejo grandes modificações”, acrescentou o especialista em Relações Internacionais. Para George Wei, docente da Universidade de Macau (UM) e especialista em ideologias políticas, vai demorar algum tempo até que a monarquia, enquanto instituição, comece a ser questionada, tal como já acontece na Europa. “É menos desafiante uma alteração às monarquias na Ásia por comparação ao Ocidente, porque no Ocidente os cidadãos estão mais habituados a sistemas democráticos e há escândalos associados às casas monárquicas. Muitas pessoas começam a pensar que não é necessário um sistema democrático. Na Ásia a tradição ainda é muito forte para a maioria das pessoas”, referiu ao HM. O docente acredita que os asiáticos ainda não chegaram à fase em que começam a duvidar do sistema monárquico. “No Japão, por exemplo, caso haja problemas que o Governo não consegue resolver, o Imperador pode ter um papel decisivo ao intervir no processo de implementação de políticas. E o processo em países asiáticos como a Tailândia é muito semelhante.” O rei-sol do século XXI As monarquias asiáticas têm em comum o facto da população continuar a idolatrar o rei ou o imperador como se de um Deus se tratasse. Se na Tailândia uma ofensa ao rei Bhumibol pode dar direito a prisão, no Butão, pequeno país enfiado nas encostas dos Himalaias, a população venera o rei Jigme Khesar Wangchuk e a sua esposa, Jetsu Pema, que criou inclusivamente uma conta na rede social Facebook. É por isso que, aos olhos de George Wei, o anúncio do Imperador Akihito vai manter a tradição como ela sempre foi. “Não me parece que haja um grande impacto ou que isso vá afectar a monarquia enquanto instituição. Muitas pessoas adoram este sistema, porque gostam que haja um imperador e respeitam-no. Habituaram-se a ter um imperador ou um rei”, explicou. Apesar do respeito que existe para com a instituição, é certo que a população começa a defender uma modernização da monarquia e dos seus costumes, como referiu Arnaldo Gonçalves. “É uma questão de adaptação da cultura monárquica japonesa aos desafios do século XXI. As pessoas têm emitido declarações que mostram que estão de acordo com isto. O Imperador está moribundo e na Tailândia a mesma coisa.” Arnaldo Gonçalves ressalva, contudo, o facto de uma reforma constitucional poder ser difícil de implementar. “No Japão essas reformas são difíceis, porque há uma câmara alta e uma câmara baixa e por isso as duas têm de estar maioritariamente de acordo para se fazer qualquer reforma. Essa é uma questão que se vai pôr mais tarde ou mais cedo, porque tem de se resolver o problema. O imperador tem de se arrastar na sua debilidade porque desempenha uma função institucional? Para a maioria das pessoas isso não faz sentido.” George Wei deixa, no entanto, um alerta. A obrigatoriedade de rever a Constituição poderá levar o governo de Shinzo Abe a fazê-lo olhando para outros objectivos. “Não sei se será bom para o governo japonês rever a Constituição, porque as verdadeiras intenções da revisão visam dar ao governo mais poderes para a expansão militar do país. Em relação à Casa Imperial não vejo grandes alterações a acontecer, porque se trata de um sistema que funciona bem”, concluiu. O problema do bom-vivant – Tailândia com obstáculos na sucessão Há seis anos já era um assunto tabu, ao ponto da revista The Economist ter escrito sobre o assunto e não ter enviado a edição para o país. A fraca saúde do rei Bhumibol e o problema da sucessão, pelo facto do herdeiro, Maha Vajiralongkorn, ser considerado playboy e ligado a escândalos, continua a ser um assunto sensível aos tailandeses. Com quase 90 anos, no poder desde 1946, o rei Bhumibol tem sido uma peça fundamental para equilibrar muitos dos conflitos políticos e sociais que têm ocorrido no país. Bhumibol tornou-se rei quando a monarquia era considerada uma instituição irrelevante, mas soube conquistar a confiança da população no equilíbrio das várias forças políticas. Se as mudanças no poder imperial japonês não vão trazer consequências de maior, a verdade é que a morte de Bhumibol pode gerar um novo panorama de difícil resolução. “Há uma Junta Militar e com a nova Constituição estou a vê-la ficar no poder, pelo menos, nos próximos dez anos. Isto porque é um factor de estabilidade e um ponto de equilíbrio entre os dois grandes grupos que dividem a classe política tailandesa. O rei tem uma autoridade natural, porque está há muito tempo no poder, conviveu com vários primeiros-ministros, é adorado pela população”, frisou Arnaldo Gonçalves. Maha Vajiralongkorn é um homem de 64 anos e o seu nome não pára de ser associado a escândalos. Divorciou-se recentemente da terceira mulher, que surge num vídeo em topless, feito quando ainda era princesa. “O candidato a rei não tem essa imagem (de seriedade, como o pai), é visto pela população como um indivíduo imaturo, um bom-vivant, alguém que faz uma vida fora do quadro ético e moral da monarquia. Se for colocado no poder, se estará à altura das responsabilidades, essa é uma grande interrogação. Vamos ver na Tailândia como vai ser, tenho algumas dúvidas de que o príncipe tenha alguma maturidade”, explicou Arnaldo Gonçalves.
Joana Freitas Manchete SociedadeIC quer zona de protecção junto ao antigo Estábulo Municipal e Canil [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) quer criar uma zona de protecção do património de mais de três mil metros quadrados junto ao antigo Estábulo Municipal e Canil de Macau. A sugestão é deixada no relatório da consulta pública que ontem foi tornado público. O documento indica que os espaços, também dentro do grupo de edifícios propostos para classificação pelo Instituto, podem ser alvo de inclusão em zonas de protecção provisórias de acordo com a Lei de Salvaguarda do Património: primeiro porque estão “numa zona com conexão às funcionalidades dos bens imóveis em vias de classificação”, segundo porque as zonas envolventes que apresentam uma ligação com os bens imóveis a nível de classificação e a nível estético da paisagem visual.” Assim, a proposta do IC é que uma das zonas ao lado do antigo estábulo, onde havia instalações dependentes do espaço e que servem agora como instalações de apoio ao Canil, fique “dentro de uma zona de protecção provisória, mantendo-se a topografia, os espaços verdes e as estruturas relacionadas com os bens imóveis”. A outra é que outra das zonas, que inclui o jardim frente ao canil e o “declive na área posterior” também sejam incluídas em zona de protecção provisória. “Juntamente com o Estábulo e o Canil Municipal, pela sua imagem icónica, [estes espaços] estabelecem uma continuidade no seu conjunto do ponto de vista estético, no sopé da Colina de Mong Há. Propõe-se a preservação das árvores no jardim da frente e na zona posterior dos imóveis, tendo como objectivo preservar a sua configuração global”, indica o IC. A zona de protecção provisória ficaria com uma área de 3535 metros quadrados.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeEntena | IAS rejeita acusações de proprietário de loja danificada O IAS assegura o apoio necessário às vítimas do acidente da Rua da Entena, mas diz não compactuar com más gestões de negócio. É a resposta do Governo às acusações do proprietário de uma clínica de medicina tradicional chinesa na qual embateu o autocarro e que se queixa de ser “desprezado” pelo Governo, que acusa de ser irresponsável [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Relativamente às solicitações apresentadas pelos proprietários das lojas sobre as perdas de operacionalidade é de referir que tal assunto trata-se de um tema relativo aos lucros e, portanto, não é abrangido pelo serviços de acção social.” É assim que o Instituto de Acção Social (IAS) responde ao HM em reacção a uma carta enviada pelo proprietário de uma clínica de medicina tradicional chinesa que ficou danificada pelo acidente da Rua da Entena. Na missiva dirigida ao Executivo, em que se queixa de desprezo e falta de fonte de sustento, o homem diz que está a perder o seu ganha-pão. Para o IAS, o proprietário da “Policlínica de Traumatologia Sai Long” não teve qualquer diferenciação de tratamento relativamente aos restantes lesados e tem acesso ao mesmo tipo de apoios. O Instituto considera ainda que neste caso em concreto a inoperacionalidade da loja é devida não à presente situação pós-acidente, mas antes a uma má gestão anterior. “No caso de os proprietários das lojas se depararem com problemas de sustento ou com dificuldades para a manutenção da vida, poderá ser contactado o IAS para efeitos do pedido de apoio económico”, adianta o Instituto. O proprietário da “Policlínica de Traumatologia Sai Long” dirigiu, na passada terça-feira, uma carta aberta ao Chefe de Executivo em que demonstra o seu descontentamento com a forma como tem sido tratado no caso do acidente da Rua da Entena, que envolveu um autocarro turístico e destruiu parte da sua clínica. Do conteúdo da missiva pode ler-se que “o Governo deve assumir uma maior parte das responsabilidades”, sendo que quando este planeou a passagem de autocarros de turismo pelas ruas mais estreitas de Macau, o Executivo foi “à procura de crescimento económico e ignorou a segurança da área histórica e dos residentes da área”. O proprietário considera-se a maior vítima deste acidente, afirmando que até agora “só recebeu um telefonema do IAS a perguntar pelas suas necessidades”. O facto de, até à data, já terem sido registados “quatro acidentes” como este, e sendo permitida a continuidade da circulação deste tipo de veículos, confere ao Governo uma “responsabilidade iniludível”, afirma o proprietário. São ainda de registo na carta enviada a Chui Sai On os longos processos legais no que respeita a indemnizações que possam vir a ser pagas. O proprietário da clínica refere que está perante a destruição do seu “ganha-pão” e que se encontra sem qualquer fonte de rendimento. Por outro lado, afirma ainda que o acidente veio desvalorizar o edifício mesmo tendo em conta a reparação garantida pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSOOPT) e espera que o Governo “promova a demolição e reconstrução do edifício”. O acidente ocorreu há duas semanas, quando um autocarro de turismo desceu a Rua da Entena e embateu no edifício, enquanto o motorista estaria fora do veículo. Do acidente resultaram 32 vítimas, uma delas continua em estado grave. Simulacro com condutor A fim de conhecer melhor as causas do acidente, a PSP e a DSAT fez ontem um simulacro com um autocarro de turismo do mesmo modelo do acidentado, com o mesmo número de passageiros e bagagem. O simulacro foi realizado num período de uma hora e meia sob a observação de técnicos especialistas em estruturas de autocarros e na presença do condutor. Quatro vítimas com alta Entre os 11 turistas internados no Hospital Kiang Wu vítimas do acidente na Rua da Entena, quatro tiveram alta. Em relação às sete pessoas ainda hospitalizadas, a mulher que foi submetida a uma cirurgia craniofacial encontra-se ainda na unidade de cuidados intensivos e em estado clinicamente estável, apesar de ainda necessitar de apoio das máquinas para respirar, sendo que o Hospital teve de a operar para efectuar uma traqueostomia, de forma a servir de apoio às máquinas de ventilação respiratória. Os feridos que ainda se encontram internados registam um quadro clínico estável, adianta um comunicado do Executivo. Guias querem autocarros na rua Em carta aberta enviada ao Instituto Cultural (IC) e à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), a Associação de Promoção de Guias de Turismo de Macau e a União dos Guias Turísticos de Macau opõem-se à proposta recentemente apresentada que sugere que o parque da Tap Seac seja utilizado para recolha e largada de passageiros dos autocarros de lazer. As associações, que dizem falar em nome de todos os guias de turismo do território, sugerem que se mantenha a circulação de autocarros na Rua de Entena mas com uma supervisão mais exigente e rigorosa. Dada a distância entre as Ruínas de S. Paulo e a Tap Seac – de cerca de um quilómetro -, o facto dos passageiros terem que andar este percurso pode ser fonte de inconvenientes, afirma a carta, ao mesmo tempo que refere que os moradores do trajecto também serão afectados. Foram ainda solicitados mais lugares para autocarros turísticos, bem como a proibição ao estacionamento de veículos ligeiros no horário da manhã e mesmo a existência de mais formação para motoristas.
Joana Freitas Manchete SociedadeAntigo Tribunal | Obras da nova Biblioteca Central estimadas em 900 milhões de patacas A Biblioteca Central que vai ocupar o antigo tribunal vai ser “um marco de referência cultural”, mas as obras que vão fazê-la nascer poderão ascender a quase mil milhões de patacas. São estas as perspectivas do IC, que só englobam a construção do novo espaço, que não se sabe exactamente quanto poderá abrir [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]nova Biblioteca Central que se vai instalar no antigo tribunal pode vir a custar 900 milhões de patacas. Este montante, avançado pelo presidente do Instituto Cultural (IC), não inclui sequer todas as despesas relacionadas com a obra, mas apenas a construção. Os números são anunciados numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam. No documento, Guilherme Ung Vai Meng indica que a biblioteca, a ser pensada desde 2007, tem “uma dimensão bastante grande” e perfaz uma área bruta de construção de 33 mil metros quadrados. Mas o projecto já foi alterado várias vezes, a inflação subiu e tem de se fazer novas contas. “O planeamento orçamental abrange, entre outros, os custos das obras preliminares, do aperfeiçoamento das peças desenhadas e do projecto de execução, da construção, da decoração, das aquisições do acervo bibliográfico, dos equipamentos e do imobiliário. Tomando como referência o custo médio das obras de construção de grande dimensão em 2015 e a taxa de inflação anual de 5%, os custos das obras de construção, em 2018, serão na ordem das 28 mil patacas por metro quadrado, pelo que se estima que os custos de construção, excluindo os demais custos referidos, venham a ser de cerca de 900 milhões de patacas”, pode ler-se na resposta, datada do final de Julho e agora disponível em Português. Projectos e mais projectos Foi em 2007 que o edifício foi oficialmente entregue ao IC. Os dois anos seguintes foram períodos para os concursos de desenho do novo espaço da biblioteca. Concurso que deu problemas e que levou a que, em 2010, o Governo abandonasse o projecto e o recomeçasse do zero. Em 2012 foi concluído o planeamento da primeira fase das obras. Já aqui, as “condicionantes do edifício” levaram a problemas “técnicos”, que diminuíram o espaço dos pisos. Problemas ultrapassados em finais de 2012: ao aperceber-se que a Polícia Judiciária (PJ) iria sair do edifício ao lado do tribunal, o IC ajusta o plano inicial e submete-o em forma de um único projecto ao Governo. O planeamento conjunto permitia uma distribuição “mais racional do espaço” e, ao não terem de seguir os constrangimentos técnicos como a construção de um piso de refúgio, os serviços poderiam contar “com uma redução dos custos”. Em 2014, o estudo prévio do novo projecto – que “permitirá acrescentar uma livraria, uma loja de produtos criativos, um café-galeria, um espaço para exposições e um pequeno museu da PJ – é entregue às Obras Públicas. O ano passado, o IC faz um plano sobre os livros e equipamentos a adquirir. Este ano é criado um grupo de trabalho entre o IC e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que está a proceder a diversos trabalhos: “abertura de concursos para prestação de serviço de aperfeiçoamento das peças desenhadas e do projecto de execução e fiscalização e realização das obras preliminares de requalificação ambiental”. Para quando? Em 2015, o HM dava conta que a abertura da nova biblioteca central estava programada para 2020, depois de todo o edifício estar concluído em 2019, data em que a biblioteca que funciona actualmente na Tap Seac iria ser transferida para a Praia Grande. Na resposta agora dada ao deputado Chan Meng Kam, Ung Vai Meng não estima datas, dizendo apenas que o aperfeiçoamento do projecto está previsto para 2018, ano em que vai ser entregue à DSSOPT. Só depois é que este organismo “inicia a execução e acompanhamento das obras de construção”, as tais que deverão custar 900 milhões de patacas. “A data da entrada em funcionamento da nova biblioteca dependerá do desenvolvimento dos processos de concurso e dos procedimentos administrativos necessários para a implementação dos diferentes trabalhos”, frisa Ung Vai Meng, que acrescenta que a nova biblioteca será uma “referência cultural” para Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeChina | Arquitectos portugueses de Macau com pouco acesso ao mercado A China tem acolhido nos últimos anos vários arquitectos portugueses, mas a verdade é que se contam pelos dedos das mãos o número de profissionais de Macau com grandes obras feitas no continente. Pequenos ateliês, falta de promotores e pouca internacionalização são as razões apontadas [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á seis anos a vida de Carlos Couto mudou. O seu ateliê foi o responsável pela criação do premiado pavilhão de Portugal na Expo de Xangai e desde aí muitas portas se abriram. Mas ao contrário do que se possa pensar, essas portas abriram-se em Taiwan e não na China continental. “Acabei por fazer um projecto grande em Taiwan graças ao pavilhão de Xangai. E continua a ser uma referência quando faço uma obra em Taiwan. Não contribuiu nada para entrar na China, mas sim em Taiwan”, contou ao HM. Este parece ser o cenário da grande maioria dos arquitectos portugueses em Macau, que não consegue penetrar no mercado chinês e deixar uma marca na arquitectura contemporânea que por lá se faz, ao contrário dos arquitectos vindos de Portugal (ver texto secundário). Nomes como o de Carlos Marreiros ou Rui Leão, para além do próprio Carlos Couto, surgem de imediato à tona, mas a lista fica por aí. O autor do pavilhão de Portugal em Xangai diz que, para além da pequena dimensão dos ateliês de arquitectura locais, não existem promotores que levem os profissionais para o outro lado da fronteira. “Há arquitectos em Macau com capacidade do ponto de vista humano e de qualidade para fazer esse tipo de projectos. Não somos conhecidos em termos internacionais, não somos um Siza [Vieira]. É pouco provável que uma entidade estrangeira venha a Macau recrutar um arquitecto. Só iríamos para a China associados a promotores”, disse ao HM. Carlos Couto fala ainda da pouca concessão de terrenos para obras urbanas. “Desde a transferência que não houve políticas da Administração de consagrar a concessão de terrenos, de pequena e média dimensão, para a construção de habitação normal, coisas que fazem a cidade. Houve sempre projectos de casinos ou habitação social. A maioria dos meus clientes, locais, estão sem obras há 15 anos, não fazem nada. Foi uma classe aniquilada com o evoluir da economia. Não temos construtores civis nem promotores, ou os que temos são muito poucos, e isso acaba por se reflectir naquilo que se faz do outro lado da fronteira. A nossa actividade ficou muito reduzida ao território”, referiu ao HM. Um mercado diferente André Ritchie destaca quase de imediato a obra do amigo Carlos Couto como um exemplo do que foi feito e reconhecido na China, e não só, mas que acabou por não trazer reconhecimento para os arquitectos locais. “Um caso que teve a sua projecção foi o pavilhão da Expo em Xangai. Acho que expôs o Carlos [Couto] e o que o ateliê dele era capaz de fazer. Foi uma obra muito elogiada, mas a partir daí isso não abriu portas. Os nossos ateliês em Macau têm uma dimensão pequena, são muito domésticos, virados para o nosso mercado. Não têm provavelmente nem dimensão nem projecção para dar conta do recado, em termos desses projectos multinacionais. Simplesmente o mercado de Macau não é esse [ligado à arquitectura enquanto marca]”, refere, acrescentando que não se pode exigir a um ateliê que vive de projectos locais, que de repente aumente a sua equipa. “Tudo depende também de oportunidades e investimentos.” FOTO: Gonçalo Lobo Pinheiro Ritchie, que esteve ligado ao projecto do metro ligeiro, lembra que a grande parte dos convites feitos na China, na área da arquitectura, buscam a criatividade que um nome pode trazer. “Podemos estar a falar de grandes empreendimentos, feitos por multinacionais, que vão buscar empresas com maior projecção. Não estando em causa a qualidade, acaba por ser também uma marca. Pode-se procurar por quem tenha experiência em fazer complexos habitacionais para cinco mil pessoas, ou grandes centros comerciais. E nesse sentido, em relação à experiência que temos aqui, as nossas referências não são tidas em conta, talvez devido ao tipo de trabalho que nós fazemos. Das poucas intervenções que temos de arquitectos portugueses de Macau na China, se calhar é do lado de quem constrói, o investidor, que terá alguma ligação a Macau”, frisou. Muita exigência Francisco Vizeu Pinheiro também fala de alguns projectos a decorrer na Ilha da Montanha e de outros que “não saem nos jornais”, mas afirma que o mercado local é diferente. “O que está a acontecer é que o arquitecto individual tem menos relevância internacional. O que tem cada vez mais importância são as empresas de projectos que obtêm os contratos e garantias de rapidez na execução do projecto e na sua gestão. Actualmente é difícil que pequenos ateliês consigam responder às exigências dos projectos feitos na China. Eles olham para o portefólio e, conforme isso, são escolhidos.” Os convites acabam por recair mais em empresas de Hong Kong. “São convidadas empresas com mais projecção e obra feita. Temos a tradição de fazer uma casa, uma torre, quando na China o que são feitos são bairros ou cidades inteiras a contra-relógio. Em Hong Kong a arquitectura está muito ligada ao imobiliário”, concluiu. O HM tentou contactar o arquitecto Carlos Marreiros, mas até ao fecho desta edição não foi possível. Profissionais com vida no continente Quando há dois anos e meio o arquitecto Tiago Tavares, nascido e criado em Lisboa, chegou à China, para trabalhar num ateliê dirigido por chineses e alemães, o reencontro com portugueses foi imediato. “Na altura em que cheguei, éramos quatro portugueses no ateliê, entre um total de 20 estrangeiros”, recorda Tavares, cuja própria mulher deixou também Portugal para se tornar sua colega de trabalho. Só em Pequim, Tiago estima que, actualmente, haja “pelo menos dez arquitectos portugueses”, entre um universo total de 130 cidadãos de Portugal radicados na capital chinesa. Em Xangai, a mais cosmopolita metrópole do país, “haverá ainda mais”, diz. Fruto da carência de profissionais criativos formados no país, a arquitectura é a área que traz mais quadros portugueses ao gigante asiático. “A China falha muito em termos de design. Os chineses não são conhecidos pela capacidade criativa e os estrangeiros preenchem essa lacuna”, explica Tavares. Por outro lado, o arquitecto de 32 anos parece rendido à capacidade dos colegas locais em “executar”. “É algo em que dou valor à China. Não haverá na História um país que se tenha urbanizado ao mesmo ritmo, que tenha tido uma capacidade de resposta tão rápida para o fluxo migratório que houve”, realça. O país mais populoso do planeta, com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, experimentou nas últimas décadas um ritmo de urbanização ímpar na história da humanidade. A percentagem da população urbana subiu de 10,6%, em 1949 – ano de fundação da República Popular – para mais de 51% no ano passado. Até ao final da próxima década, cerca de 250 milhões de chineses deverão radicar-se nas cidades, segundo previsões oficiais. A velocidade “alucinante” torna “difícil a adaptação ao ritmo de trabalho”, admite Tiago Tavares, referindo-se aos “‘deadlines’ uns atrás dos outros”. A qualidade da construção é a sacrificada deste processo: “Edifícios construídos há cinco ou seis anos, aqui, já estão num estado deplorável”, observa o arquitecto. Nuno Lobo, o “decano” dos arquitectos portugueses em Pequim, considera, no entanto, que o ‘boom’ da construção na China está a chegar ao fim. “É o ritmo que temos agora”, diz, apontando para dois colegas, sentados a tomar café, a meio da tarde de uma terça-feira. “E já passaram vários para ir fumar: como podes ver, não estamos muito ocupados”, conta. Formado no Porto, Nuno Lobo chegou há quase dez anos a Pequim, coincidindo com o “período ascendente” no mercado de construção chinês. Em resposta à crise financeira global de 2008, Pequim investiu biliões de dólares em grandes obras públicas, visando manter postos de trabalho. Nessa altura, “os projectos eram muito rápidos: em dois anos, construía-se uma torre”, recorda. “Agora não”, diz. “O processo começa e demora cinco anos ou mais até para a obra arrancar”. Em 2015, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo do último quarto de século. “O imobiliário e a construção são os primeiros a sentir a crise. Quem está ligado a este mercado já está sentir”, aponta. Ainda assim, o abrandamento da China não amedrontará os arquitectos portugueses, enrijecidos pelo mercado “muito limitado” e “altamente competitivo” que experimentaram em Portugal. Um arquitecto em início de carreira no país asiático ganha 10.000 yuan. “Quando saí de Portugal ganhava-se 500 euros, o salário mínimo”, recorda Nuno Lobo. “E com sorte, às vezes, mais um bocadinho”. (com Lusa)
Joana Freitas Manchete PolíticaCPC | Revisão inclui simplificar tratamento de infiltrações de água Em sete anos, foram detectados mais de 13 mil casos de infiltrações de água em prédios de Macau. A forma de os resolver não é simples e, por isso, o Governo vai incluir esta matéria na revisão ao Código de Processo Civil [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revisão ao Código de Processo Civil (CPC) que está a ser levada a cabo pelo Governo e que quer expandir os poderes do Juízo de Pequenas Causas Cíveis vai também servir para resolver mais rapidamente os problemas das infiltrações de água nos edifícios. É o que diz o presidente do Instituto de Habitação (IH), numa resposta ao deputado José Pereira Coutinho. Depois do Governo ter dito, como noticiado pelo HM no mês passado, que um dos artigos a ser revisto no CPC está relacionado com os arrendamentos, de forma a simplificar e a aumentar a eficácia processual no que às acções de despejo diz respeito, a resposta ao deputado confirma que também os casos de infiltração poderão ser resolvidos com mais celeridade. “O Governo está a desenvolver os trabalhos de revisão do CPC, tendo em consideração a triagem dos mais variados processos judiciais relativos à vida da população e ao litígio com valor relativamente baixo através da ampliação da competência do Juízo de Pequenas Causas Cíveis. Tal contribui para uma solução mais conveniente e adequada relativamente aos conflitos relacionados com a vida da população, como o caso de infiltração de água nos edifícios”, pode ler-se na resposta assinada por Arnaldo Santos. José Pereira Coutinho queixava-se que o actual ritmo de solução das infiltrações não é suficiente, uma vez que cada vez mais vai haver prédios velhos em Macau. O deputado queria ainda saber quantas situações destas se registaram. O IH indica que, desde 2009 a Maio deste ano, o Centro de Interserviços para o Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios já registou mais de 13 mil casos de infiltrações, tendo tratado “mais de dez mil”. Dos que restam, mais de 50% tiveram de ser sujeitos à fiscalização de uma terceira entidade – normalmente o Laboratório de Engenharia Civil de Macau – estando agora à espera de nova verificação ou de visitas ao local. “Só em 2,88% dos casos não se encontrou o proprietário ou este não cooperou na inspecção”, indica o IH. Só em risco O Centro conta ainda com um departamento dos Serviços de Saúde, que se responsabiliza pela avaliação ao risco de saúde pública e sugere medidas de acompanhamento ao Centro. Desde 2014 até Maio deste ano, os SS fizeram “80 inspecções referentes a casos de infiltração de água” em prédios. Como explica Arnaldo Santos a Pereira Coutinho, como as infiltrações de água não são de natureza criminal, a polícia não tem poder para entrar nas fracções envolvidas neste problema com os fiscalizadores, algo que o deputado tinha proposto. De acordo com o IH, só quando “a falta de reparação e manutenção por parte do proprietário ponha em causa a saúde pública, os SS podem tomar medidas urgentes, tais como a entrada forçada nas propriedades para eliminação” das situações que coloquem em risco a saúde das pessoas. Sem ser esta excepção, terá sempre de ser um juiz a emitir autorização. “Na [lei de Macau] está reflectido o espírito de protecção prioritária do direito à propriedade privada e à privacidade dos residentes. Por isso, caso ocorra um conflito relativo à infiltração de água nos edifícios, quando a parte interessada não obtenha o consentimento do proprietário e do morador, pode apresentar o pedido de processo civil junto dos órgãos judiciais e requerer ao juiz a realização da perícia na fracção que poderá ser a origem da infiltração”, indica Arnaldo Santos. A ideia é tornar estas situações mais fáceis de resolver, ainda que o IH não dê detalhes sobre o assunto. O mês passado a DSAJ assegurou ao HM que já fez uma primeira consulta ao sector e que o próximo passo, após análise das propostas que os operadores jurídicos e judiciários apresentaram e a auscultação da opinião do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, é “definir as orientações e o âmbito da revisão” do CPC, para se elaborar “uma proposta concreta”.
Joana Freitas Manchete SociedadeCasas-Museu da Taipa | Revitalização já começou e custa 6,4 milhões [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s obras de remodelação nas Casas-Museu da Taipa marcam o início da revitalização da zona. É o que garante o Instituto Cultural (IC) numa resposta enviada ao HM, onde se fica ainda a saber que as obras custam mais de seis milhões de patacas. Um anúncio recente do Governo dava conta do início de obras nas Casas-Museu da Taipa, mas a falta de detalhes sobre o motivo levantou algumas ondas na sociedade. Questionado pelo HM, o Governo explicou que esse facto levou a que fossem emitidos comunicados sobre a construção, tendo o documento em Português só chegado ao final da noite de ontem. Na resposta, o IC explica que as obras estão a ser dirigidas por três entidades – onde se inclui o próprio instituto, a Direcção dos Serviços de Turismo e o Instituto de Formação Turística – e que servem já para concretizar a ideia de transformar esta área “numa zona de lazer e confortável e numa plataforma de intercâmbio de culturas internacionais”. Prevê-se que as obras de manutenção e melhoramento sejam concluídas totalmente no final de Setembro, sendo o orçamento cerca de 6,4 milhões de patacas. São cinco as casas que o Governo quer transformar, “deixando as características arquitectónicas actuais e reunindo os elementos de promoção da cultura portuguesa, gastronomia portuguesa, exposições e actuações culturais e criativas, a fim de proporcionar um local de lazer colorido e tranquilo aos residentes e turistas”. Muda o nome Os nomes dos cinco edifícios portugueses serão alterados e, entre estes, vai nascer um museu “para apresentar a vida cultural dos macaenses e da alimentação, operado pelo IFT”. Mais detalhes serão anunciados na abertura, altura que será, garante o IC, a pensar no Festival lusófono. “Actualmente, a fim de assegurar a segurança pública e as obras desenrolarem-se de forma positiva, os cinco edifícios portugueses das Casas-Museu da Taipa estão temporariamente encerrados, prevendo-se que as obras de melhoramento sejam concluídas totalmente no final de Setembro, mostrando o novo conteúdo ao público e turistas antes do Festival da Lusofonia.” Desde a abertura das Casas-Museu em 1999, estas são as primeiras grandes as obras de manutenção e melhoramento daquela zona, afirma o Executivo, que explica que estas vão incidir no ambiente circundante, nas as pinturas das paredes exteriores – que ficam iguais – , na reparação de janelas e batente de portas danificados, na iluminação. “Prevê-se que o orçamento inclua as obras de manutenção e melhoramento do interior dos edifícios, implementação da iluminação exterior, sinalização e de renovação das paredes exteriores dos edifícios, entre outras”, remata o Governo.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeCantonês | IPM integra ensino do dialecto no curso de Mandarim O que é que se fala em Macau? A resposta parece óbvia: Chinês. No entanto, o Chinês de Macau é diferente do de Pequim e há quem venha para cá não só estudar Mandarim, como aproveitar uma nova licenciatura que contém a disciplina de Cantonês e alargar o conhecimento no espectro a que se chama de Chinês. Não oficial, o dialecto do território é procurado e tido como um passo para o abrir de novas portas [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau e Hong Kong são duas regiões administrativas especiais que em comum têm o Cantonês. A língua oficial por estes lados é o Mandarim, mas nas ruas, no Governo e nos negócios é falado um dos dialectos mais populares do Sul da China. O Cantonês é forma de comunicação, essencialmente oral, mas tem passado ao lado dos currículos académicos. O argumento é, na sua maioria, o facto de não ser língua oficial. Mas, sendo a voz que dá tom às ruas e actividades da terra seria ou não importante abordá-lo nos planos curriculares? Se quando se fala das traduções Português para Chinês, por exemplo, o alvo cai de imediato no Mandarim, dentro do território confundem-se ambas e para os locais é óbvio que se fala de Cantonês. “Está implícito.” Então, como é que ficam aqueles que se vêem no território a estudar Mandarim e, pelas ruas, meios de comunicação e palavras do Executivo acabam por perceber que não é isso que, de facto, se fala por cá? Em pleno início de ano lectivo e no arranque de mais uma temporada em busca da formação para concretizar sonhos ou obrigações, há alunos para quem esta questão não só parece evidente como até vieram para cá em busca do Cantonês e de um leque mais alargado de aprendizagem. Ao chegar à cerimónia de abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Macau não foi só a diversidade de pessoas vindas de fora que atraiu a atenção, nem a expectativa dos alunos que integram a nova licenciatura em Mandarim. O foco foi que, pela primeira vez, o Cantonês foi integrado no plano curricular nesta mesma licenciatura. Passos que aproximam A integração de duas disciplinas semestrais de Cantonês com carácter optativo é “um passo arriscado e ainda um pouco tímido, mas que tinha que ser feito”, afirma Luciano de Almeida, director da Escola Superior de Línguas e Tradução do IPM. “A introdução da disciplina de Cantonês no plano de estudos correspondeu a uma opção muito clara que a escola tomou de introduzir o idioma que é mais falado pelos residentes de Macau.” O curso que já marca há muito a diferença e que estabelece o protocolo com o Politécnico de Leiria – tendo sido o primeiro de língua chinesa em Portugal – tem também prevista uma revisão no futuro, que pretende dar aos alunos que todos os anos passam no território a possibilidade de aprender objectivamente o que ouvem nas ruas da cidade. “Há uma aposta clara no sentido da aproximação com a terra e com a identidade de Macau. Ainda são apenas duas disciplinas, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia e direi que o difícil foi introduzir as duas primeiras”, explica o director. Manuais em construção Para Luciano de Almeida, a realidade de Macau é vista como muito particular. Uma mescla de línguas faladas e escritas que fizeram com que “fosse muito importante a produção de manuais pedagógicos que são feitos tendo em conta essa preocupação”. Os manuais que têm em conta a escrita tradicional e simplificada ainda estão a ser concebidos e isso é um processo que “será feito passo a passo”. Para Luciano de Almeida, “o facto de utilizarmos as primeiras cinco ou seis lições que temos preparadas sem ter o manual impresso permite-nos, no contacto com os alunos, percebermos se temos que fazer ajustes ou não”. “É uma missão pioneira, é um desafio e é um desafio que tem que ser ganho”, afirma o responsável. “Corresponde a uma identificação com a terra e esta é uma aposta que queremos e vamos ganhar.” Enraizar-se em Macau e servir melhor todos os cidadãos é um dos lemas pedagógicos que rege o IPM. O presidente da instituição, Lei Heong Iok, não esconde a satisfação num início de ano lectivo em que “o dialecto que não é só deste território, mas mais que isso tem muita influência já em vários países” tem nome nos planos académicos. “Este ano começamos com uma novidade, um curso com essa opção que já está à disposição dos nossos estudantes.” Com os olhos postos nesta iniciativa de identificação local e projecção global, Lei Heong Iok refere que “alguns [alunos] já escolheram este curso para ter Cantonês e oxalá que tenha futuro”. O curso de Mandarim é, no entanto, e pelas “razões óbvias”, o mais solicitado. “Vamos levar em consideração o que os estudantes querem”, diz. São estudantes do Brasil, Portugal e Cabo Verde e “começaram agora as aulas de Mandarim e que, no futuro, se quiserem já têm ao seu dispor aulas de Cantonês. Para o presidente esta é uma forma de dar mais um passo na concretização da “grande plataforma entre a China e os países de expressão portuguesa”. Pelo Cantonês Daniel Dutra é professor do ensino básico e vem do Brasil para integrar a nova licenciatura de Mandarim. Faz parte do grupo de alunos que vieram frequentar este novo curso abrangidos por um protocolo com a Universidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul. Antes de fazer esta escolha de mudar de vida e de lado do mundo, Daniel analisou o plano curricular que o podia esperar e não tem dúvidas: “o Cantonês é um acréscimo porque dentro dos vários dialectos que se falam na China é, com certeza, o principal”. Com quatro anos pela frente, não faria sentido para Daniel Dutra aprender o Mandarim “sem passar pelo Cantonês também”. “Sem isso não conseguimos comunicar com a população local e é importante nestes quatro anos sabermos como conversar com as pessoas que são de cá através da sua língua natal.” O novo aluno argumenta ainda que “é uma forma de pôr os anfitriões temporários” mais à vontade e de também se sentir mais incluído. Daniel não sabia que era a primeira vez que a língua estava a ser ensinada nesta instituição e recebe a informação com surpresa e alegria “porque não faria sentido ser de outra forma”. Artur tem 25 anos e estava a estudar Engenharia Ambiental quando, perante a oportunidade de vir para Macau, abandonou o projecto inicial e resolveu “começar tudo outra vez”. Ingressou no novo curso de Mandarim do IPM, também vem do Rio Grande do Sul e escolheu o Mandarim “pela relevância económica que cada vez é mais notável a nível mundial”. A possibilidade de ter duas disciplinas de Cantonês é algo que agrada ao aluno, porque sem dúvida nenhuma, o Cantonês, segundo o que pesquisou, “apanha cerca de 30% da China contando com Hong Kong e Macau”. Estudava Relações no Brasil e fez o mesmo que alguns dos seus colegas. Januário mudou de área para vir aprender Mandarim e se a bolsa foi um grande incentivo para que a decisão fosse tomada, a procura de uma experiência internacional foi mais um motivo aliado à situação incerta que o país natal está a viver. Depois veio o Chinês que é uma língua muito falada e muito importante na área dos negócios. “Quem não faz negócios, hoje em dia, com a China é porque está parado”, ilustra. Maravilhado com Macau e o seu “cosmopolitismo” e segurança, coisa a que “nem está acostumado”, Januário considera que “dado estarmos num sítio onde o Cantonês é a língua falada, claro que há a necessidade de o aprender para justamente conseguir comunicar aqui”. Januário adianta ainda que Hong Kong e Macau são dois territórios extremamente desenvolvidos e que tendem a crescer na sua perspectiva e, por isso, “só há vantagens em aprender este dialecto”. Talvez mais tarde Gonçalo tem 20 anos e está no terceiro ano do curso de Tradução Português/Mandarim. Para o aluno de Leiria, integrar o Cantonês na licenciatura a esta altura do campeonato faria sentido e não só em Macau mas também na província de Guangdong. No entanto a melhor aposta seria um mestrado integrado após o curso de Mandarim ou vir a existir uma especialização no dialecto dada a sua importância no território. Já Patrícia, da turma de Gonçalo, considera que “de certa forma seria bom integrar o Cantonês no seu curso, seria uma coisa boa e diferente”. Pedro Monteiro, aluno da mesma licenciatura, não descurando a importância do Cantonês, considera que estando no terceiro ano de Mandarim “seria um factor de confusão”. No entanto, salvaguarda a possibilidade de vir a ser uma opção a ter em conta no que respeita a futuras especializações. “Uma pós-graduação iria abrir mais portas no sul da China e, isso sim, seria uma excelente hipótese”, remata. Línguas à parte Mesmo para quem não estuda línguas esta perspectiva de aprender Cantonês parece ser bem acolhida. Tiago Martins é licenciado em Serviço Social e mestre em Educação Social e está com nova licenciatura nas mãos, desta feita em Engenharia Informática. O português não hesitou quando apareceu a oportunidade de vir para a RAEM estudar e diz que “gostaria de aproveitar e aprender algum Mandarim e Cantonês por ser uma mais valia”. “É uma forma de comunicar e conhecer melhor esta cultura”, afirma ao mesmo tempo que considera que “além de enriquecimento de CV, faria possível abrir mais portas mesmo em Portugal, porque na área das tecnologias estamos a lidar com pessoas da China Macau e Hong Kong e a barreira da linguagem é muito grande”. O HM tentou auscultar a opinião do Governo acerca da necessidade de tradutores que aprendam tradução que contenha o Cantonês, bem como a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude para saber se os serviços poderão ou não vir a pensar no ensino do Cantonês de forma sistemática. No entanto, e até ao fim da edição, não se obteve resposta.
Joana Freitas Manchete SociedadeGoverno não pagou sistema de registos médicos, mas pode abrir concurso O Governo vai avançar com a implementação do sistema de trocas de registos médicos, mas não descarta a possibilidade de vir a abrir novo concurso público para adjudicar o serviço. Isto depois de garantir que a empresa inicialmente encarregue de o criar não foi paga [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde não chegaram a assinar contrato e a pagar à à Companhia de Equipamentos Master para que esta criasse o sistema de troca de registos de saúde. É o que assegura o organismo, num comunicado enviado após também o HM ter questionado os SS sobre a devolução do dinheiro. Apesar de garantirem que, numa primeira fase, vão ser os responsáveis pelo programa, os SS não descartam a abertura de novo concurso público. Foi em Março do ano passado que os SS adjudicaram o serviço de troca de registos entre hospitais e centros de saúde – que permite aos médicos ter acesso aos registos hospitalares dos pacientes – à empresa, que se comprometeu a concluir a implementação do sistema no prazo de um ano a contar da data de celebração de contrato. A previsão era que este pudesse ser lançado e entrar em funcionamento no final deste ano. Mas a empresa apresentou um pedido de “substituição do parceiro de cooperação” que não foi aceite pelo Governo. “A empresa não cumpriu as obrigações definidas nas disposições do concurso público, o que casou impacto nos efeitos de adjudicação. Os Serviços de Saúde estão agora a efectuar procedimentos administrativos para acompanhar a situação”, pode ler-se no comunicado. A Master receberia mais de 38 milhões de patacas pelo sistema, mas os SS dizem que nenhum contrato foi feito com a empresa, nem lhe foi pago qualquer montante “por esta não ter reunido um conjunto de requisitos para celebrar o contrato”. Em análise Numa resposta à deputada Kwan Tsui Hang, na semana passada, os SS tinham dito que iriam implementar o sistema. Mas agora dizem que vai ser avaliada “a possibilidade de abertura de novo concurso público”. No entanto, “de forma a que seja implementada com a maior celeridade possível”, os SS estão a estudar a criação de um programa piloto com vista à partilha dos dados dos processos clínicos até ao final do ano. Numa primeira fase, o sistema vai permitir a troca de registos médicos entre o Centro Hospitalar Conde de S. Januário, o Hospital Kiang Wu e os centros de saúde. Na fase seguinte vai abranger as clínicas e as instituições médicas privadas. Os cidadãos podem participar voluntariamente.
Joana Freitas Manchete SociedadeWynn | Processos da Dore e de Okada decorrem no TJB [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Wynn Macau tem diversos processos em tribunal: a maioria deles diz respeito a investidores da Dore, mas há um processo a decorrer nos tribunais locais que coloca frente-a-frente Kazuo Okada e Steve Wynn. As informações constam do último relatório da empresa entregue à Bolsa de Valores de Hong Kong e onde frisa a existência de obstáculos para fazer dinheiro. O relatório indica que a operadora, que abre hoje o seu novo casino no Cotai, tem “vários” processos no Tribunal Judicial de Base interpostos por “indivíduos que dizem ser investidores ou pessoas com créditos em contas da Dore Entertainment Company, uma empresa de junkets licenciada que opera na Wynn Macau”. A empresa explica à Bolsa que os autores das acções judiciais alegam que a Dore não honrou o compromisso e que tal resultou em algumas perdas para estes indivíduos. As principais alegações comuns a todas as acções judiciais são de quea Wynn, como concessionária de jogo, deve ser responsabilizada pelo comportamento da Dore, uma vez que é responsável pela supervisão das actividades da Dore no Wynn Macau. A operadora diz que tem “procurado conselhos de seus assessores em Macau” e acredita que as alegações são “desprovidas de mérito e são infundadas”. O caso Dore remonta ao ano passado, quando mais de 50 pessoas denunciaram à Polícia Judiciária (PJ) que tudo o que tinham “depositado” na sala VIP controlada pela empresa dentro do casino Wynn tinha sido desviado. A alegada autora do furto será a contabilista da empresa, que desapareceu com mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong. Os processos estão ainda na fase inicial. Ainda Okada No mesmo relatório, a Wynn dá conta que ainda não se livrou de processos judiciais onde consta Okada, antigo parceiro de negócios de Steve Wynn que perdeu, recentemente, um processo no tribunal do Nevada face a uma doação da empresa à Universidade de Macau. Agora, a Wynn diz ter sido “nomeada ré” numa acção movida no Tribunal Judicial de Base por Kazuo Okada e por duas empresas por si controladas, a Aruze USA, Inc. e a Universal Entertainment Corp. “As principais alegações no processo são de que a retoma de Okada nas acções da Wynn foram impróprias e desvalorizadas, que o pagamento anteriormente divulgado pela Wynn a uma terceira parte sobre qualquer desenvolvimento futuro num terreno no Cotai era ilegal e que a doação à Universidade de Macau era ilegal. Okada quer a dissolução da Wynn e danos compensatórios”, pode ler-se. A empresa diz que as alegações são desprovidas de mérito e infundadas, mas estes processos estão ainda em fase inicial. A operadora diz ainda que continua a cooperar com o Comissariado contra a Corrupção no que ao terreno do Cotai diz respeito, depois de ter sido lançada a suspeita de que a empresa poderá ter pago 50 milhões de dólares americanos a um grupo de intermediários de Pequim que, alegadamente, tinha os direitos de utilização do terreno. Esses direitos “nunca foram documentados”. E outros obstáculos Apesar de notar alguns balanços positivos, nomeadamente com a abertura do novo Wynn Palace, a operadora não traça uma perspectiva muito satisfatória para a continuação dos negócios no território. Desde a perda de receitas à perda dos clientes vip, são diversos os obstáculos apontados pela Wynn Macau no relatório. “Um número significativo dos nossos clientes vêm da China continental. Qualquer contracção económica ou incerteza na China tem impacto no número de clientes que visitam as nossas propriedades e no dinheiro que estes estão dispostos a gastar. Além disso, as políticas adoptadas de tempos a tempos pelo Governo Central, incluindo restrições de viagem e a campanha anti-corrupção, tem influenciado o comportamento dos chineses, o que pode continuar a ter impacto em Macau ou resultar mesmo num declínio ainda maior que vai continuar a afectar negativamente as nossas receitas e resultados operacionais.” A Wynn fala ainda num aumento “significativo” no número de casinos em Macau e alerta para o facto de que, se o Governo permitir concorrentes aquando da revisão dos contratos, “poderá haver um efeito adverso sobre negócios, condição financeira e resultados de operações”. Mas isto não é só o que assusta a Wynn. “Uma quantidade significativa dos nossos jogadores é trazida até nós pelos promotores de jogo (…) e dadas as condições actuais do mercado em Macau e certos factores económicos e outros que ocorrem na região, eles estão a encontrar dificuldades em atrair clientes para vir a Macau e certos promotores estão a expandir as suas operações para outras jurisdições.” Mais ainda, a operadora diz que também os junkets estão a enfrentar dificuldades de liquidez, “o que pode limitar a sua capacidade de concessão de crédito aos clientes” e que resulta em menos receitas para a Wynn.
Joana Freitas Manchete SociedadeTurismo | Visitantes gastam menos e dizem haver pouca atracção As despesas dos turistas estão a baixar, com os da China continental no topo dos que deixaram de dar mais dinheiro a Macau. São dados da DSEC, que mostram ainda que pouco mais de 30% considera suficiente o número de atracções [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s turistas que visitam Macau estão a gastar menos e não estão satisfeitos com o número de atracções turísticas. São dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), tornado públicos na sexta-feira. De Abril a Junho deste ano, a despesa total dos visitantes cifrou-se em 11,70 mil milhões de patacas, menos 4,5%, face ao mesmo trimestre do ano passado. Os números não incluem gastos com o jogo e mostram ainda que a despesa total dos turistas atingiu 9,29 mil milhões de patacas, menos 3% em termos anuais, e a dos excursionistas 2,40 mil milhões, menos 10%. Cada pessoa gastou em média 1601 patacas no território, menos 4% do que no passado, ainda que mais 3,4% em termos trimestrais. Os turistas do continente são os que mais puxam das carteiras, com gastos no valor de 1850 patacas. Mas nem aqui se evitaram as descidas: “os visitantes provenientes da província de Guangdong gastaram menos 3,2% e os da província de Fujian menos 31,1%”. Estes números referem-se aos turistas que cá chegam em excursões, com as despesas per capita dos visitantes com visto individual a descer 11,3%. Japão, Malásia, Hong Kong e Taiwan foram a única fonte de turistas que fizeram subir as despesas, na ordem dos 10%, a par de visitantes do Reino Unidos, Estados Unidos da América e Austrália, que gastaram mais entre 1,2% a 6%. Outras despesas Se as compras continuam a ser o motivo por que mais dinheiro gastam os turistas (com 43,4% do total), já alojamento e alimentação seguem em segundo e terceiro lugar, com as despesas de cada um a atingir mais de 20% do total dos gastos. A despesa per capita dos visitantes que vieram a Macau para fazer compras foi a mais elevada, representando ainda assim menos 3,1% em termos anuais. Seguiu-se a despesa per capita dos visitantes que vieram participar em reuniões, conferências e exposições e passar férias, que decresceu 10% e 12%, respectivamente, em termos anuais. Os dados da DSEC incluem ainda o “Inquérito aos Comentários dos Visitantes”, que indica que 90,8% dos visitantes se “declararam satisfeitos com os serviços das agências de viagens”, mais 1% em termos trimestrais, mas que mostra que os turistas não estão tão satisfeitos quanto antes no que toca a atracções. “Apenas 39,5% dos visitantes referiram que os pontos turísticos eram suficientes. Em relação aos serviços de transportes públicos, 9,3% dos visitantes (-1,4 pontos percentuais) consideraram que estes serviços deveriam ser melhorados, sendo esta percentagem relativamente elevada”, pode ler-se. “Realça-se que 90,1% dos visitantes estavam satisfeitos com os serviços e as instalações dos hotéis e similares.”
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadePatane | Biblioteca abre este ano. Custa 180 mil patacas mensais Estará pronta até ao final do ano a Biblioteca do Patane, quatro anos depois do início das obras. O Governo investiu 26 milhões de patacas na reparação dos prédios e ainda paga 180 mil patacas mensais de renda. Ung Vai Meng assegura que o novo espaço promete ser uma valência que aposta no serviço aos residentes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Biblioteca do Patane estará ao dispor dos residentes até ao final do ano. É o que garante Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), que diz que este “é um investimento para a população de Macau”. As obras custaram ao IC 26 milhões de patacas, sendo que o Governo paga ainda ao proprietário dos prédios 180 mil patacas mensais de renda, ainda que durante 11 meses. O presidente do IC assegura que este é exemplo de requalificação do património, que acontece através da transformação num espaço de cultura que alberga um conjunto de actividades, desde os livros aos espaços multimédia ou salas para os mais pequenos. Os sete edifícios que compõem a biblioteca em construção foram tratados “como se de uma mulher se tratasse”, afirma Ung Vai Meng. “Uma mulher com 80 anos e já debilitada, como é a idade dos edifícios que datam dos anos 30 do século passado. As obras não pretendem “remendar” os sinais do tempo, mas antes conferir-lhes uma nova vida. Os ossos são os pilares que foram mantidos e reforçados, a pele está nas paredes e “o olho do porto interior” é uma janela especial que pretende relembrar a trazer para dentro do edifício as memórias associadas àquele lugar. Os músculos são os tijolos em cerâmica que segundo foi dito à imprensa foram dos primeiros a ser usados em construção nesta região”, como afirma o presidente. Nas paredes há “buracos” no reboco para que se possam ver e dar conhecimento de como eram feitas as casas de outros tempos. Contrato em aberto As sete casas por fora são coloridas e por dentro albergam três andares que vão dispor de várias valências. No rés-do-chão estarão localizadas a recepção e a sala multimédia. No primeiro andar uma sala para as crianças, uma sala de estudo e uma de amamentação são os espaços que estão a ser preparados. O terceiro piso dá lugar aos 30 mil livros e uma colecção de dvds. O contrato de arrendamento tem a validade de cinco anos, sendo que Ung Vai Meng fez questão de mencionar a intenção do proprietário de fazer deste acordo um contrato de longa duração para o futuro. As condições de renovação estão, no entanto, ainda em aberto. Leitores suficientes? Cerca de 130 mil pessoas tinham, em 2015, cartão de leitor das bibliotecas públicas do Instituto Cultural (IC). São os resultados de um estudo feito pelo Centro para Estudos de Macau da Universidade de Macau sobre os serviços da Biblioteca Pública de Macau em 2015. Os dados do inquérito, conduzido entre Novembro e Dezembro do ano passado, mostram que, das mais de duas mil pessoas questionadas, a “maioria dos leitores” (53,6%) assegurou ter frequentado as bibliotecas nos três meses anteriores ao questionário. Quanto ao horário de abertura das bibliotecas, 43,1% dos inquiridos considera que o horário ideal deveria ser das 9h00 às 21h00, mas 19% apoia o funcionamento das mesmas 24 horas por dia. Relativamente ao serviço dos bibliotecários, 62,4% dos inquiridos declarou-se satisfeito com o profissionalismo dos funcionários, sendo que 34% dos inquiridos consideram o acervo das bibliotecas satisfatório face ao número de volumes e 39,3% mostra-se satisfeito com a diversidade de leitura. Os números mostram ainda que os residentes de Macau leram, em média, 6.6 livros em 2015. Mas 70.9% dos inquiridos assumiu não ir à biblioteca para o efeito.
Joana Freitas Manchete SociedadeUber | Empresa poderá deixar Macau no início de Setembro Mais de dez milhões de patacas. São estes os valores referentes às multas passadas à Uber que “uma fonte credível” dá ao deputado Pereira Coutinho e que podem justificar a possível saída da empresa de Macau. A empresa não desmente e pede um sistema regulador amigável [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Uber pode vir a sair de Macau já no próximo mês. É o que garante José Pereira Coutinho ao HM. O presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) cita “uma fonte credível” próxima da empresa para assegurar que a empresa de serviço de transporte privado “está a considerar suspender os seus serviços em Macau no início de Setembro”. Questionada pelo HM, a directora-geral da Uber em Macau não desmente a notícia. Mas deixa uma declaração que indica que a empresa poderá estar a pensar adoptar esta estratégia. “Gostaríamos de continuar a fornecer serviços convenientes aos utilizadores e oportunidades económicas aos condutores que contam com a Uber todos os dias. Mas isso, sob um regime inovador e amigável, sem as multas proibitivas”, admite Trasy Lou Walsh. Desde o seu lançamento em Outubro de 2015 que a Uber tem vindo a levantar polémica. Apesar de ser utilizada por residentes e turistas – “milhares” como assegura o presidente da ATFPM – e de ter mais de dois mil condutores a tempo inteiro que receberam em retorno “21 milhões de patacas”, ainda segundo informações prestadas por José Pereira Coutinho, a empresa não é bem-vinda. Pelo menos da parte do Governo. O serviço de transporte privado Uber é, de acordo com o Governo, mesmo ilegal e o porta-voz do Governo, Leong Heng Teng, prometeu fazer de tudo para impedir, “de forma séria”, que estes veículos circulem. A directiva vinha este ano do Gabinete do porta-voz do Governo, que referia estar muito atento à entrada da Uber em Macau. O assunto foi discutido por diversas vezes por deputados no hemiciclo, que pediram inclusivamente a legalização do meio de transporte. As multas passadas aos condutores podem ir até às 30 mil patacas. “Desde o lançamento que a PSP multou já 300 condutores num montante total de dez milhões de patacas. A média semanal é de um milhão de patacas em multas. Estaremos mesmo perante crime organizado ou terrorismo?”, ataca Pereira Coutinho. Não dá É precisamente esta “perseguição” que deverá levar a empresa a sair de Macau. “Eles irão suspender os serviços pois a situação é insustentável e lamentam que os residentes fiquem com menos uma opção de transporte e os condutores com menos uma fonte de rendimento. Eles preferiam não tomar esta decisão, mas infelizmente sentem que não têm outra solução a menos que se conclua que a discussão sobre a regulamentação irá ocorrer e que durante tal período se proceda de boa-fé e sem este nível de multas”, indica ao HM. O Governo considera esta actividade ilegal por não ser “um meio eficiente para colmatar a insuficiência de automóveis de aluguer”, pois será difícil “regular o funcionamento e a remuneração do serviço cobrado”. Mas a verdade é que já foram vários os residentes que asseguram usar a Uber, até devido à escassez de táxis no território. “De acordo com a sondagem dos Kaifong 80% dos inquiridos consideram esta tecnologia necessária em Macau. Outros 90% dos inquiridos consideram que regulamentação para partilha de transporte é necessária para dar mais opções de transporte.” Nem o facto da China ter abraçado esta nova forma de serviço teve qualquer impacto no território, como nota Pereira Coutinho. Recorde-se que a Uber está disponível para reunir com o Secretário para os Transportes e Obras Públicas e o Chefe do Executivo para discutir regulamentação, mas até agora não houve novidades. “As soluções da China podem servir como referência”, remata Pereira Coutinho.
Joana Freitas Manchete SociedadeRelatório | “Uma Faixa, Uma Rota” coloca China pela primeira vez no Top25 dos países mais inovadores A implementação da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e o facto de estar aberta a colaborar com economias mais desenvolvidas no ramo da investigação colocaram a China no Top25 dos países mais inovadores. É a primeira vez que tal acontece não só com o país, mas com uma economia considerada “média”, como a do Império do Meio. São os resultados do Global Innovation Index, que classifica o continente como “um caso notável” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China entrou pela primeira vez no Top25 dos países mais inovadores. Os resultados são do Global Innovation Index (GII) e a posição também coloca o continente como o primeiro país do grupo das “economias médias” a integrar a tabela das mais desenvolvidas em nove anos. O documento, lançado pela Cornell University, The Business School for the World e a World Intellectual Property Organization (WIPO), foi dado a conhecer na quarta-feira. “A entrada da China no Top25 marca a primeira vez que um país com uma economia mediamente desenvolvida se junta às economias mais desenvolvidas do mundo e que dominaram, historicamente, o top do GII durante os nove anos de pesquisa sobre as capacidades de inovação de mais de uma centena de países em todo o mundo. A evolução da China reflecte a forma como o país melhorou a sua performance ao nível da inovação”, pode ler-se no relatório, que alerta, ainda assim, para ainda existente divisão entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. “Mas há também mais atenção dos políticos para o facto de que a inovação é crucial para uma economia vibrante e competitiva.” Xi Jinping pode ser o homem responsável por esta subida do 29º lugar em 2015, que já provocou diversas reacções nos média nacionais (ver textos abaixo). Em 2013, a implementação da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” pelo Presidente chinês – que a concretizou no ano passado – fez com que a China se posicionasse ainda mais estrategicamente no mundo. Especialmente, porque o que a iniciativa promove – a integração económica de países asiáticos, africanos e europeus – conta já com mais de 60 países e foca-se nas principais áreas que dão um empurrão à economia: infra-estruturas, trocas comerciais, educação, investigação e inovação. “A diversidade entre os países que fazem parte de ‘Uma Faixa, Uma Rota’, apesar de desafiante, é um dos factores mais apelativos nesta iniciativa. As vantagens dos diversos países podem ser aproveitadas e o potencial para o progresso é extremamente alto. O aprofundamento da integração económica, melhores infra-estruturas e cooperação em domínios como a educação, pesquisa e inovação têm o potencial de levar os [participantes] a níveis mais elevados e, consequentemente, maior desenvolvimento económico”, indica o GII. A aprender A abrir a tabela deste ano surgem a Suíça (com 66,28 pontos numa escala que vai até cem), a Suécia (63,57) e o Reino Unido (61,93). Hong Kong não fica numa má posição, conseguindo o 14º lugar dos mais inovadores (ver texto secundário), ainda que demonstre uma queda. Macau não aparece. Apesar de ficar atrás de Singapura, que arrebata o sexto lugar, a China consegue com o seu 25º lugar (50,57 pontos) ultrapassar países europeus como Portugal (30º), Itália e Espanha. Em último, na posição 128, surge o Iémen. Mas, em que apostou a China para subir na tabela? Segundo o GII, no investimento. “Inovação requer um investimento contínuo. Antes da crise de 2009, os gastos com a investigação e o desenvolvimento subiram cerca de 7% anualmente. Os dados deste ano mostram que estas despesas mundiais subiram apenas 4% em 2014, resultado de um crescimento económico mais lento nas economias emergentes e orçamentos mais apertados para a investigação nas economias mais desenvolvidas. O que, aliás, se mantém um motivo de preocupação”, explica o relatório. “Mas, ainda que os EUA liderem, a China demonstrou um crescimento rapidíssimo nos seus gastos de investigação e desenvolvimento. O [país] sozinho foi responsável por 21% das despesas globais em investigação, ficando apenas atrás dos EUA.” Estudos citados no GII mostram que a China está também a elevar o número de investigadores e de publicações científicas: entre 128 países, a RPC consegue o 46º lugar no número de países com mais investigadores. Isto tendo apenas em conta o continente, já que Hong Kong ocupa a 27ª posição nesta área. “A investigação na inovação é crítica para conseguir elevar o crescimento económico a longo-prazo”, refere Francis Gurry, director-geral do WIPO. “Neste clima económico descobrir novas formas de crescimento e conseguir novas oportunidades que surgem com inovação ao nível global deve ser a prioridade para todos.” Nota positiva acontece também com o registo de patentes, onde “os EUA estão a ver a sua liderança a diminuir”, com a China a conseguir, entre os países de “Uma Faixa, Uma Rota”, o primeiro lugar nesta área, ao lado do fabrico de produtos de alta tecnologia e de exportações. A China consegue ainda o 17º lugar na qualidade de inovação entre as quatro economias que se realçam nessa área – Japão, EUA, Reino Unido e Alemanha. “Esta posição torna o país o líder entre as economias médias, seguido da Índia, que ultrapassou o Brasil.” Um caso “notável” Com uma posição não tão satisfatória (88ª) no que à “estabilidade política” diz respeito, a China consegue ser “um caso notável”, como refere o GII. E tudo devido à sua abertura para o mundo. “A forma como a China se abre à cooperação internacional é cada vez mais estratégica. Desde o processo de abertura do país, em 1978, a política externa tem sido utilizada como um avanço no desenvolvimento da economia. E, mais recentemente, a intensificação da rede de colaborações internacionais espalhou-se em todos os aspectos da inovação chinesa – desde a investigação académica conjunta, ao licenciamento tecnológico e ao investimento directo e aquisições estrangeiros”, indica o relatório, que acrescenta que o resultado destas apostas é um sistema densamente conectado a fontes cujo ‘expertise’ é elevado. O país está ao lado da Malásia, Bulgária, Costa Rica, Roménia e Montenegro no Top10 dos melhores países com uma economia mediana e ocupa também uma posição invejável nos países com melhor rácio de inovações mais eficazes. E, como o HM analisou, no grupo dos países asiáticos o Império do Meio assume também um lugar de destaque: o quarto, atrás apenas da Coreia do Sul, Hong Kong e Japão. Precisamente graças à sua abertura. “Uma coisa que distingue a China do Japão ou da Coreia no caminho da inovação é a sua abertura para ‘comprar experiência que está na prateleira’ quando necessário”, ou seja procurar o que já é tido como de qualidade. “Uma e outra vez, exemplos de colaborações são evidentes. Como Adam Segal, um especialista em China no Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos, descreveu ‘uma das grandes vantagens da China tem sido o seu foco em moldar as interacções com os estrangeiros para servir os seus objectivos’”, remata o GII. Altos elogios “As 25 primeiras posições do GII são ocupadas por um conjunto estável de países de alto-rendimento que consistentemente lideram na inovação. Nos últimos anos, quase nenhum país mudou dentro ou fora deste grupo de melhor desempenho, mas este ano algumas mudanças notáveis tiveram lugar dentro do Top25, em parte devido à inclusão de novos indicadores. Notavelmente, pela primeira vez, um país de economia média – a China – está nesse top. Esta inclusão é impulsionada não apenas pelo desempenho na inovação, mas também por considerações metodológicas, como a adição de quatro novos indicadores em que a China fez particularmente bem”, realça o relatório. “Por exemplo, o país tem uma nota particularmente elevada no número de empresas que mais investem em pesquisa, tem rankings de inovação com pontuações mais altas e indicadores altos em pedidos de patentes, bem como nas exportações de alta tecnologia e bens criativos.” A China ainda não está a par de qualquer um dos dez países de topo, mas consegue pontuações mais altas em sofisticação empresarial e exportação de conhecimento e tecnologia do os seus pares no grupo do 11º ao 25º lugar, como indica o GII. Assim, está mais próxima de países de economia alta, com a Malásia agora em maior distância, quando no ano passado os dois países foram as duas únicas economias de economia mediana perto do grupo superior. A China tem demonstrado uma melhoria mais forte ao longo dos anos em vários indicadores.” Hong Kong à frente mas a descer Macau está de fora do índex, mas Hong Kong conseguiu arrecadar o 3º lugar na liderança dos países do Sudeste Asiático mais inovadores. No ranking geral, ainda assim, a região vizinha desceu face a anos anteriores. Se em 2015 conseguiu a 11ª posição, está agora no 14º lugar. Mantém-se à frente do continente e no Top25. “No que ao conhecimento e tecnologia diz respeito, Hong Kong está em 30º. Mas consegue boas posições em instituições e infra-estruturas [de inovação], com um quarto e segundo lugar. Também na sofisticação de mercado consegue um segundo lugar. O seu desempenho é superior em termos de sofisticação do mercado, onde a maioria das forças individuais da economia são identificadas: a protecção dos investidores minoritários, a capitalização de mercado e o valor total de acções são todos primeiros classificados. Por outro lado, apesar de melhorar na classificação em dois indicadores na Educação, os gastos com a educação e as despesas públicas em educação por aluno são áreas com oportunidades de melhoria.” O Top25 1. Suíça (número 1 em 2015) 2. Suécia (3 em 2015) 3. Reino Unido (2 em 2015) 4. EUA (5 em 2015) 5. Finlândia (6 em 2015) 6. Singapura (7 em 2015) 7. Irlanda (8 em 2015) 8. Dinamarca (10 em 2015) 9. Holanda (4 em 2015) 10. Alemanha (12 em 2015) 11. Coreia do Sul (14 em 2015) 12. Luxemburgo (9 em 2015) 13. Islândia (13 em 2015) 14. Hong Kong (11 em 2015) 15. Canadá (16 em 2015) 16. Japão (19 em 2015) 17. Nova Zelândia (15 em 2015) 18. França (21 em 2015) 19. Austrália (17 em 2015) 20. Áustria (18 em 2015) 21. Israel (22 em 2015) 22. Noruega (20 em 2015) 23. Bélgica (25 em 2015) 24. Estónia (23 em 2015) 25. China (29 em 2015) RPC, o futuro Gu Qingyang, professor associado da Escola de Políticas Públicas de Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Singapura, considera que esta entrada da China no Top25 é uma notícia incentivadora. Num editorial escrito no Diário do Povo, jornal que dedicou diversos artigos a este resultado, o académico considera este um momento de viragem decisiva para o desenvolvimento na inovação da China. Gu Qingyang crê que o plano nacional da inovação tecnológica do 13º plano quinzenal publicado pelo Conselho de Estado do Governo Central da China contribuiu imensamente para que se saiba qual o plano de inovação tecnológica da China nos próximos cinco anos. “No passado, a inovação era definida como o fruto das tecnologias de ponta, mas agora na China a inovação está entre a população”, refere. O “The Economist” publicou recentemente um artigo de capa em que considera que a China e o mundo ocidental já entraram numa fase de “referência mútua de inovação” no sector tecnológico. Um texto do Financial Times relata que os investidores aguardam com expectativa que o potencial da tecnologia chinesa possa ultrapassar os Estados Unidos da América, como relembra ainda o académico. O Diário do Povo frisa ainda um artigo da CNN norte-americana, que realça a inovação como um motor crucial para a economia chinesa. “Os gastos de pesquisa e desenvolvimento das empresas chinesas está a crescer a um ritmo de 20% enquanto o das empresas americanas é de 1 a 4%. A China está a tornar-se um país repleto de produtos e ideias inovadoras”, indicava. Também o director-geral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, Francis Gurry, fez questão de frisar que a inovação que a China está a prosseguir serve como um elemento essencial para a transição do produto “Made in China” a “Created in China”.
Joana Freitas Manchete PolíticaAMCM | Fundo de Investimento é para avançar mas só com formados O Fundo para o Desenvolvimento e Investimento vai mesmo avançar, mas não sem antes se formar pessoas na área financeira, diz a AMCM [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai mesmo avançar com o Fundo para o Desenvolvimento e Investimento, anunciado em 2015, mas não sem antes formar pessoal. O assunto tinha sido alvo de debate em sede da Comissão de Acompanhamento para as Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL), onde os deputados questionaram o Executivo. Um porta-voz da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) confirmou ao HM que o projecto é para avançar. Ontem, também o Jornal Tribuna de Macau tinha avançado que estão já em marcha os trabalhos “preparatórios” para o Fundo, que se prevê estar concluído em 2019. Um relatório da Comissão da AL publicado esta semana e analisado pelo HM indicava que “os pormenores do Fundo estavam em fase de estudo”, mas a AMCM disse ao diário que os trabalhos arrancaram após a conclusão desse estudo de avaliação interno feito pelo organismo. O Fundo será semelhante a um fundo soberano, “exclusivamente para gerir os investimentos das reservas” financeiras, sendo que a AMCM alertou os membros do hemiciclo de que está a ter uma atitude prudente face ao dinheiro público. “A AMCM adoptará apenas uma política de aplicação financeira mais prudente, face à previsão de uma maior oscilação no mercado financeiro mundial este ano de 2016.” Calmos e formados Os deputados tinham sugerido que o Governo avançasse com uma política de investimento “mais agressiva”, com investimentos no continente e a compra de imóveis de “alta qualidade em Macau”. Esse não é o desejo do Executivo, que quer, contudo, maior aposta na formação. “Seja em termos de política de gestão financeira, ou em termos de normação legal, a aplicação dos fundos públicos tem de ser sempre rodeada da maior cautela para se manter, pelo menos, a estabilidade dos activos. (…) Contudo, a tarefa primordial do Governo, enquanto este [Fundo] não for criado, é a formação de mais quadros qualificados para a área financeira.” Os números apresentados pelo Governo sobre a taxa de retorno dos investimentos da Reserva Financeira em 2015 mostram que o 0,7% não agrada e é menor que todas as taxas nos últimos quatro anos. “Pode até dizer-se que o seu valor é mais baixo do que os rendimentos de depósitos obtidos por particulares”, avisam os deputados. O Executivo diz que a baixa taxa se deve “às turbulências verificadas no mercado mundial bolsista e à depreciação do yuan”. O valor dos activos ascendeu a 345,05 mil milhões de patacas em 2015. Chui Sai On tinha anunciado que iria proceder a um estudo sobre a aplicação de determinada percentagem da actual reserva financeira na criação do Fundo.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaATFPM | Balanço de ano legislativo pede mais transparência José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai querem mais transparência nas Comissões da AL. A sugestão é que estas passem a ter presentes a comunicação social para que não exista manipulação ou omissão de dados importantes [dropcap style=’circle’]D/dropcap]eixar entrar os jornalistas durante as reuniões das Comissões que analisam na espacialidade as propostas de lei ou outros assuntos é a sugestão dos deputados José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai. O desejo foi mais uma vez manifestado ontem, em conferência de imprensa promovida por ambos e que teve como objectivo fazer um balanço do ano legislativo de 2015/16. Mais transparência nos trabalhos da Assembleia Legislativa é a solicitação feita pelos deputados, que consideram que a presença dos jornalistas durante as reuniões das Comissões é importante. “Abram as portas à comunicação social”, pede José Pereira Coutinho. Para o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) não se entende porque é que as reuniões de Comissão são “à porta fechada”, porque “não se está a falar de bombas, nem de sexo”, mas sim de assuntos que a todos dizem respeito. Para Pereira Coutinho, “há deputados que dizem uma coisa na Comissão e outra na AL” porque o encontro que dá a saber aos jornalistas os conteúdos abordados nas reuniões por parte do presidente desta não é suficiente. O presidente de cada Comissão não tem tempo para fazer um relato completo do que foi falado porque isso até é “humanamente impossível”, afirma. A solução passa por abrir as portas aos jornalistas, para assim a transparência ser total. Sessões que dão sono O dirigente associativo afirma ainda que as sessões de perguntas e respostas da AL são “mornas, sonolentas e sem interesse”. O motivo é óbvio para o deputado, sendo que depois de entregues previamente as perguntas a Chui Sai On não é dado tempo durante estas sessões para que sejam questionadas as respostas que vêm preparadas. Tal, não dá motivação aos deputado. Pereira Coutinho pede que sejam dados nas sessões de perguntas e respostas “mais dois ou três minutos”, para que possa ser feito “o follow up” às respostas do Chefe do Executivo. A participação fraca dos deputados e política à margem da sociedade também fizeram parte do balanço. “É necessário que o Governo incentive ao recenseamento eleitoral”, afirma Coutinho, enquanto adianta a necessidade de esclarecer os funcionários públicos que se podem candidatar sem que com isso percam os seus direitos. O presidente da ATFPM mostra-se preocupado com a escassez de interesse pela política por parte dos trabalhadores da Função Pública. Campanhas camufladas O deputado Pereira Coutinho não foi também de falas mansas com o que diz ser pré-campanha. Tendo como exemplo um caso de um programa da Associação de Conterrâneos de Jiangmen transmitido pela TDM, o deputado diz que é óbvio que se trata de deslealdade no que respeita a campanha eleitoral e o dedo é apontado por um lado à TDM, que produziu o programa. Para o dirigente associativo se a televisão “tem uns tem que ter outros” e lamenta o facto de nunca ter sido convidado para fazer um programa também. Por outro lado, ressalva que cabe também ao Governo supervisionar este tipo de conteúdos. Os doces e vales que andam a ser distribuídos por determinadas associações também são condenados pela ATFPM, pois “representam uma forma de pré-campanha também desleal por parte daqueles que mais podem”. Cabe ao Governo pôr mão na situação e estar atento ou mesmo sancionar quem comete este tipo de “falta de respeito” ou ilegalidade, diz.
Joana Freitas Manchete SociedadeTaipa | Governo autoriza retoma da construção de bomba de gasolina A polémica bomba de gasolina que ia nascer na Estrada Almirante Marques Esparteiro veio mesmo para ficar. O pedido de retoma da construção, apresentado em Junho, foi autorizado pelo Governo, assegurou ontem a DSSOPT [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo deu autorização à Asia Environmental Energy para retomar a construção da bomba de gasolina na Estrada Almirante Marques Esparteiro, na Taipa. Após a polémica em torno do projecto, que levou associações e deputados a pedir um travão à obra, a construção foi retomada a 15 de Agosto, como confirmou a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ao HM. “Foi emitida a licença de obras de construção para o projecto e foi aprovado o seu pedido de início de obras”, explica o organismo em resposta ao HM, depois desta semana os moradores terem dado o alerta no Facebook sobre o regresso de escavações ao local. A DSSOPT garante que tem acompanhado os projectos e assegura que tudo “está em conformidade com os procedimentos legais”. As informações do Governo explicam que em Junho deste ano e empresa solicitou novamente o “início de obras”. Anos de preparação Foi em Outubro de 2004 que a RAEM concedeu um terreno por arrendamento à Asia Environmental. Ficava na Avenida Leste do Hipódromo e já se destinava à construção de um posto de abastecimento, projecto lançado pelo próprio Governo, em 2001. Neste ano, Ao Man Long, ex-Secretário para as Obras Públicas e Transportes preso por corrupção, abriu uma consulta pública para a concessão de seis parcelas de terra para a construção de bombas de gasolina. Em 2002 reduziu para cinco e a Asia Environmental Energy foi uma das escolhidas. Pagou, em 2004, 3,8 milhões de patacas pelo arrendamento e foi representada por Ho Kam Pui (conhecido também por Ho Tat Ian e já falecido), administrador da empresa, membro da Câmara de Comércio e também do Conselho Consultivo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Foi o IACM um dos departamentos que deu o parecer favorável para a construção do posto. Em Setembro de 2010, o Executivo “propôs ao concessionário que desistisse do terreno” por causa do metro ligeiro e, em Maio de 2013, a Administração concedeu este terreno à empresa, num acordo assinado entre Fong Seng Tong como administrador da empresa e Lau Si Io, ex-Secretário para as Obras Públicas. Protestos por terra Em 2014 vários residentes manifestaram-se contra o projecto porque o local fica em frente à zona de rebentamento de panchões e de residências, quando existe, a escassos metros, uma outra bomba de gasolina, na Avenida Sun Yat-Sen. Segundo José Pereira Coutinho, um dos deputados que se juntou aos moradores, há já novos protestos agendados. “Entregámos na altura pedidos ao Chefe do Executivo e aquilo ficou parado. Ressuscitou agora, mas já fomos contactados pelos moradores. Só que estamos num período de férias e muitos deles estão ausentes da zona, mas em todo o caso o Facebook já está a movimentar as pessoas para irem lá. Entretanto pedi aos residentes para contactarem os democratas porque eles foram também dos que participaram”, disse ao HM. Au Kam San e Ng Kuok Cheong juntaram-se, de facto, à causa, ao lado de Melinda Chan e dos activistas da Novo Macau. Outra das razões por que se levantou a polémica foi a alegada ligação da dona da Caltex Oil Macau a Chui Sai On, Chefe do Executivo. Agnes Fok Lai Si, da Câmara de Comércio de Macau, é a directora-executiva da empresa, que detinha, em 2014, 22% do total dos combustíveis da RAEM, ao lado da Nam Kwong e da HN. Agnes Fok “é da relação familiar do Chefe do Executivo”, como asseguravam na altura os deputados. Apesar da controvérsia, a bomba de abastecimento vai mesmo para a frente. A DSSOPT assegura que está atenta à segurança. “Foi exigido ao concessionário o cumprimento de padrões e requisitos na elaboração do projecto do posto de abastecimento de combustíveis, na sua construção e na sua futura exploração.”
Joana Freitas Manchete PolíticaDroga | Governo tem proposta de revisão para aumentar penas para traficantes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Lei de Proibição da Produção, Tráfico e Consumo Ilícitos de Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas está nas mãos do Governo para que as penas para os traficantes sejam aumentadas. Os deputados aguardam a nova versão do diploma e não têm sequer feito reuniões, como confirmam alguns membros da Comissão encarregue de analisar a proposta na especialidade ao HM. Desde Fevereiro que nada se sabe do diploma que já gerou dúvidas e que foi aprovado em Janeiro com a abstenção de Gabriel Tong. A ideia do Governo é aumentar as molduras penais e tornar obrigatório o exame da droga, mas os membros do hemiciclo já se tinham mostrado contra algumas das mudanças: queriam, por exemplo, punir os traficantes, mas implementar medidas de apoio para os consumidores. No início do ano, os membros da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) pediram ao Executivo que explicasse se a nova lei visa penalizar o consumo ou o tráfico de estupefacientes, já que as penas para o tráfico transfronteiriço não aumentaram. Ontem, José Pereira Coutinho e Zheng Anting confirmaram ao HM que não está ainda nas mãos dos deputados a nova versão do diploma, mas Coutinho referiu que a intenção é aumentar as penas para quem passa com droga para este lado. “Ainda não temos tido reuniões, está nas mãos do Governo aumentar as penas para punir os traficantes”, referiu ao HM. Com a revisão da lei, as molduras penais mínimas para o consumo passam de três meses a um ano, mas não havia alterações significativas nas penas aplicadas a quem faz tráfico de droga ao nível transfronteiriço. Esta questão levantou dúvidas junto dos deputados, que questionavam se a proposta de lei tem como foco os crimes de droga ou os crimes transfronteiriços? “O Governo deixou um ponto claro, de que esta lei visa combater os crimes transfronteiriços de droga e a possibilidade de Macau se tornar num lugar de trânsito e entrada de droga e, por isso, havia a necessidade de rever a lei. Neste ponto estamos de acordo. Mas na proposta de lei não se verifica uma norma específica para estes crimes e não se vê qualquer aumento da moldura penal. Os crimes transfronteiriços são a fonte da criminalidade e, sem esses crimes, se calhar, os problemas não se verificam”, apontou Cheang Chi Keong, em Fevereiro. A lei foi aprovada na generalidade em Janeiro.
Hoje Macau Eventos MancheteCinema | Filme japonês em Macau para ajudar animais abandonados Um documentário filmado no Japão após o sismo de 2011 pretende mostrar a importância de ajudar os animais. Todas as receitas arrecadadas em Macau, onde o filme se estreia no Cinema Alegria, vão ser doadas à ANIMA e à Pet Pet [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Dogs without names” e vai estrear em Macau a 25 de Agosto, na próxima quinta-feira. O documentário faz parte de uma actividade de caridade organizada pela Associação Star Rise Cultural and Creative, para “apoiar” a entrada em vigor da Lei de Protecção de Animais já no início de Setembro e para ajudar os cães e gatos abandonados. O filme conta a vida de cães e gatos abandonados no Japão após o sismo de Tohoku, em 2011. Muitos habitantes foram obrigados a evacuar as suas casas, enquanto muitos animais foram abandonados na área afectada pela radiação. A protagonista do filme é uma produtora de televisão que viu cães e gatos a serem levados para abrigos onde o único destino que os esperava era a eutanásia. A mulher ficou “chocada” e decidiu implementar qualquer tipo de ajuda possível. Ainda assim, a produtora conheceu também pessoas que tentaram salvar os animais, fazendo com que estes pudessem, por exemplo, servir de companhia a idosos sozinhos em lares, de forma a que pudesse renascer uma nova vida para ambos. Promessa de vida Em Macau, segundo os números do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, mais de 300 cães e 24 gatos foram abatidos no ano passado. Portanto, valorizar a vida dos animais também é intenção desta apresentação. “Não abandonar os seus animais de estimação, não só brincar com eles mas sim cuidar deles, deixar de comprar e vender animais e, quando adoptar animais, pensar que é uma promessa de toda a vida [é o objectivo]”, disse Esther Lim, presidente da Associação Star Rise Cultural and Creative, ao HM. A actividade vai ter lugar no Cinema Alegria, às 19h00 e conta com a presença de representantes de várias associações de protecção de animais de Macau, com os seus amigos animais, bem como vários artistas de Hong Kong e Macau, como Filipe King e Carlos Koo. Os bilhetes estão à venda, com o preço de 250 patacas. Todas as receitas, descontando os custos, vão ser doados à Sociedade Protectora dos Animais de Macau – Anima e à loja de animais Pet Pet, para oferecerem comida a gatos e cães abandonados.
Angela Ka Manchete PolíticaAmbiente | Deputada e analista pedem lei para veículos eléctricos Uma lei que incentive a utilização de carros “verdes” foi ontem pedida ao Governo. Menos impostos e mais formas de carregamento de baterias também podem ajudar a mudar as ruas de Macau se forem substituídos os principais agentes poluentes, dizem deputados e analistas [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e modo a garantir e incentivar a utilização de veículos eléctricos, a deputada Chan Hong considera que é necessário que haja um enquadramento legal. A sugestão é dada em interpelação escrita enviada ontem ao Governo. No documento, Chan Hong cita dados da Divisão dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que mostram que até Março passado existiam em Macau 140 veículos eléctricos e nove postos de carga localizados em parques de estacionamento públicos. No entanto, estes postos mostraram ter uma baixa taxa de utilização. A deputada adianta ainda que obteve opiniões por parte de outras pessoas no sentido de que não é no aumento de estações de serviço para veículos eléctricos que se populariza este sector verde, mas sim numa concepção legal que o sustente. Ao HM, Lun Veng San, presidente da Associação de Protecção Ambiental Verde de Macau, diz que vê a legislação como a maior prioridade, de modo a concretizar uma base legal e ao mesmo tempo incentivo aos fabricantes e vendedores de carros. “Com o lançamento das medidas legais, o Governo pode fornecer políticas preferenciais a quem está ligado a este tipo de veículos”, afirma enquanto aponta como exemplo “o incentivo fiscal para impulsionar a venda e a compra de carros, assim como a instalação de estações de carregamento nos parques de estacionamento privados”. Apesar de ser objectivo do Governo um crescendo na utilização de autocarros amigos do ambiente, as empresas queixam-se de falta de infra-estruturas para que isso aconteça, o que limita a implementação de mais serviços verdes. É ainda apontado o dedo ao problema referente às dificuldades em carregar as baterias deste tipo de transportes. Neste sentido, Lun Veng San sugere a promoção da utilização de caixas de armazenamento de electricidade para veículos móveis, que já foi adoptada por regiões vizinhas como o interior da China, a Coreia do Sul ou pelo Japão. “Este tipo de armazenamento de electricidade móvel pode ser carregado à noite e ser deslocado para as ruas durante o dia para o carregamento dos veículos”, explica. “Os carros são a componente da cidade que produz mais poluição,” referiu, ao mesmo tempo que admite que mudar de hábitos “vai ser difícil no início, mas se ninguém quiser tomar a iniciativa daqui a 50 anos ainda estamos a conduzir veículos que poluem as ruas de Macau”.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeWynn Palace | Quatro mil milhões para um “lugar de todos e para todos” Um resort que não é só para massas, nem para VIPs. Um espaço que traga as pessoas a Macau, não pelo jogo mas pela experiência no que concerne à hospitalidade. São estes os objectivos maiores do Wynn Palace, que tem data de abertura marcada para a próxima segunda-feira [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]azáfama fora e dentro de portas faz-se notar com o ultimar das obras, dos últimos retoques, dos últimos candeeiros ou do colocar dos últimos tapetes de relva que virão dar as boas-vindas aos que assim o escolherem. É o Wynn Palace que se maquilha para a grande abertura que terá lugar já na próxima segunda-feira. Steve Wynn foi claro nas afirmações que fez aos jornalistas ontem durante o encontro que pretendia esclarecer e apresentar a “menina dos olhos” do empresário. Para o magnata, o complexo “é de todos e para todos”. O Wynn Palace, primeiro projecto da operadora no Cotai, está nos últimos preparativos para abrir ao público e o proprietário mostra-se satisfeito com o resultado. O empreendimento tem como principal objectivo proporcionar o “disfrutar de uma experiencia única ao nível da hospitalidade”, como diz Steve Wynn. “Mais que um negócio é um lugar de interesse”, afirma, enquanto exulta o novo empreendimento como sendo, talvez, o “melhor hotel do mundo”. E “não é em Roma ou Paris mas sim na RAEM”. O complexo, à semelhança do “irmão” Wynn Macau, integra não só o jogo e os quartos de hotel, como põe à disposição dos visitantes uma rede de lojas “escolhidas a dedo”, mas que podem servir todos, explica o magnata. Mantém-se a aposta na boa mesa, com uma selecção de restaurantes e menus. Mas promete ainda outras novidades. Assinatura florida Um espaço embrenhado pela natureza através das presença permanente de flores naturais é uma das imagens de marca que o resort pretende ter. As entradas norte e sul têm os lobbies preenchidos por duas esculturas floridas e Steve Wynn fez questão que os arranjos acompanhem toda a experiência do palácio. Do lado norte, pode ver-se uma roda gigante multicolor e a sul um carrossel que integra uma série de cavalos, entre os mais reais ou mitológicos – como o Pegaso ou o unicórnio. No seu conjunto, as duas esculturas integram 196 mil flores e estão sobre um palco elevatório para que possam ser devidamente mantidas. As obras são uma criação do próprio Wynn, em conjunto com o designer Preston Bailey. Paralelamente à natureza, o Wynn Palace quer ser “não um museu, mas antes uma galeria de arte”. Para o efeito – e durante cinco anos – foi efectuada uma escolha minuciosa de obras de arte. De antiguidades, a arte contemporânea muitas são as opções para os olhos dos visitantes e outras mais cingidas às áreas privadas a convidados. A entrada oeste abre-se com um conjunto de tulipas criado entre 1995 e 2004 pelo artista premiado Jeff Koons e que terá custado cerca de 23 milhões de dólares americanos. Painéis ao longo dos corredores, vasos e tapeçarias nas paredes e o pandã com os arranjos florais pretendem ser cartão de visita para todo o tipo de visitantes e integrar a experiência que Steve Wynn diz querer proporcionar. Será com os objectos que integram o complexo que irá nascer o livro com todos os detalhes que o magnata quer publicar sobre as obras. A iniciativa pretende dar relevo a esta vertente extra-jogo e de diversidade, que está agora, “mais que nunca”, em destaque no resort. O livro estará posteriormente acessível aos hóspedes para que conheçam melhor o espaço onde estão e o possam apreciar da melhor maneira. A arte chinesa e evocativa do Oriente é uma constante. Na visita feita com os jornalistas foram dados a conhecer não só as evidências, como os pormenores. Um quarteto de vasos Qing do séc. XVIII está a caminho para exposição. Este conjunto é semelhante a um outro, que pertence à rainha de Inglaterra. Água nas alturas Mas, a experiência não fica por aqui. O espectáculo da água no Wynn Macau é conhecido e uma imagem da marca. No empreendimento do Cotai, a escala aumenta em muito. Um lago que cobre uma área de 26.783 m2 é o palco de um espectáculo de repuxos sincronizados com música, que vai desde clássicos a temas populares contemporâneos. Não sendo suficiente, a contornar o lago – e mais nas alturas – está uma linha de teleférico, da qual fazem parte 34 cabines. O passeio pretende não só dar a conhecer o espectáculo de água visto de cima. como proporcionar uma vista sob a paisagem da zona. O teleférico tem a capacidade de transportar cerca de 1200 pessoas por hora e está aberto a todos sob o pagamento de cem patacas por viagem. Passivo VS Activo Para Steve Wynn, o foco do empreendimento não está nas mesas de jogo mas sim na experiência de hospitalidade que o Palácio pretende proporcionar. O empresário e magnata afirmou que o lado do casino e dos quartos são factores passivos no empreendimento e que é nos factores activos que quer apostar. Na sua opinião, o que motiva as pessoas a viajar “não é o jogo mas sim quererem experimentar o lugar”. Destaca ainda que o que levou “apenas 120 meses a construir em Macau demorou anos a ser conseguido em Las Vegas”. Casinos e quartos, particularidades à parte, “são iguais em todo o lado”, afirma, o que pode diferir é tudo o resto em que quer apostar. Neste sentido, Wynn não deu aparentemente particular importância ao número de mesas de jogo atribuídas. São entre 50 ou 60 as mesas para o segmento VIP e o total de mesas que estará disponível entre o jogo de massas e as salas de grandes apostas é de 350 e inclui as cem conferidas pelo Governo durante os primeiros dois meses. Serão acrescentadas mais provenientes do hotel na península. Apesar de o serviço de quartos estar nas alíneas consideradas “passivas” do negócio, a nata da nata está nas suites fechadas ao público em geral e dirigidas a convidados. Mesmo estas estão divididas em especiais e muito especiais. As primeiras, as Penthouse, são quatro e incluem todos os luxos que o complexo reserva, desde as áreas com grande tamanho, à decoração com antiguidades e flores nos espelhos, banhadas a folha de ouro. As Garden Villa são cinco e têm uma área exterior que inclui uma piscina com 45m de comprimento e um jardim circundante. Em ambos, e além do luxo inerente, destaca-se um piano de cauda a servir pelos convidados virtuosos ou a ser interpretado pelos músicos contratados pelo Wynn. Spa privado, salão de beleza ou ginásio incluído são apenas algumas das infra-estruturas destes espaços. Na decoração, destacam-se tapeçarias de séc. XVIII de origem francesa, porcelanas chinesas e esculturas contemporâneas. Para as últimas – e também as mais especiais – o corredor tem uma sala de jogo ainda mais exclusiva para os convidados que optam pela privacidade. Com duas mesas capazes de mudar conforme o jogo de preferência, este é um espaço personalizado para os mais exigentes. Mas é para todos Além destes compartimentos, o hotel dispõe de quartos para “todos os bolsos” desde quartos “baratos e mais caros”, de modo a não restringir o acesso a ninguém, afirma Steve Wynn. São 1706 e todos eles estão decorados ao pormenor, com temáticas sempre ligadas ao Oriente, mas onde, de alguma forma, está assinalada a ponte com o Ocidente. A diversidade também se aplica à restauração. Os sabores e preços podem agradar a todos conforme as carteiras ou preferências. Para o efeito. o Wynn Palace dispõe de cerca de 13 espaços para comer e beber. Dos noodles ao Ramen executados por Chef estrelado pela Michelin, à pastelaria mais delicada, há de tudo neste novo espaço. Um bar em tons de verde, por exemplo, cujo interior pretende imitar uma caixa de jóias é a característica do Wing Lei, enquanto que outros têm vista privilegiada para o lago. Há ainda um restaurante homónimo do seu proprietário, que contém uma parede deslizante que providencia seis espectáculos. Jardim botânico pode ser realidade A operadora é ainda concessionária de dois terrenos adjacentes ao resort. De modo a alargar a oferta no que diz respeito à diversidade para o turismo, Steve Wynn considera a hipótese de transformar um deles com cerca de sete hectares, num jardim botânico. O homem que põe totalmente de parte a integração de parques temáticos nos seus investimentos admitiu ontem que “um jardim botânico pode ser uma hipótese para um dos terrenos” e assim ser uma mais valia para o empreendimento e para a população. Para o empresário, a possibilidade de um parque temático não faz sentido. “As famílias podem ficar aqui e dar um pulo à Disney de Hong Kong por exemplo”, afirma, enquanto diz que “parques temáticos não podem ser confundidos com atracção turística familiar”. Para Steve Wynn, a atracção está por exemplo nas flores que são “únicas” e, estas sim, integram aquilo a que se quer chamar de diversidade. “Flores que não existem em mais lado nenhum do mundo são diversidade”, remata. Macroeconomia e diminuição de lucros não são preocupação A diminuição do crescimento macroeconómico da China, a baixa nos lucros do Jogo ou a concorrência que se constrói à volta do Wynn Palace não assustam Steve Wynn. “Os números, ainda assim, continuam muito bons”, afirma, considerando que o negócio não é afectado em profundidade por questões macroeconómicas. Por outro lado, e face à diminuição de receitas de Jogo, Steve Wynn também não se mostrou apreensivo. Na sua opinião, o que se assistiu em Macau não foi a uma grande crescimento mas sim a “um crescimento gigantesco” e agora o que está a acontecer é uma estabilização para números normais. que ainda assim denotam que o Jogo está de boa saúde e “continua a dar lucros”. Dada a concorrência que se regista na construção de empreendimentos idênticos na vizinhança, o medo da concorrência e a aposta numa possível guerra de preços também não estão em cima da mesa. “Os meus hotéis não estão a competir com os outros”, afirma, adiantando que “não quer ser o maior mas sim o melhor” e que não faz parte dos planos entrar numa guerra de preços. O novo empreendimento no Cotai teve um custo de quatro mil milhões de dólares. Números 196 mil flores em duas esculturas 23 milhões de dólares para escultura de túlipas 26.783 m2 de lago 1200 pessoas por hora no teleférico 4 mil milhões de dólares americanos de investimento total
Joana Freitas Manchete SociedadeGoverno cria empresa pública de gestão para sistema do metro. Pac On fica na DSAMA A gestão do metro ligeiro vai ser feita por uma empresa formada por dinheiros públicos, assim que o sistema esteja a funcionar. A questão, que tinha sido levantada por deputados, é assim respondida pelo GIT, sendo que a DSMA indica que o Pac On vai ficar totalmente sob alçada do Governo, num modelo semelhante ao outro terminal [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]metro ligeiro vai ser gerido por uma empresa pública, enquanto o Terminal Marítimo do Pac On ficará sob alçada do próprio Governo. É o que confirma o Gabinete de Infra-Estruturas e Transportes (GIT) e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água ao HM, depois da situação ter sido levantada pela Comissão de Acompanhamento dos Assuntos de Finanças e pela Comissão de Acompanhamento dos Assuntos de Terras e Concessões Públicas. A empresa que ficará encarregue do metro é totalmente constituída com dinheiros públicos. “O Governo vai constituir uma empresa com capital totalmente do Governo para acompanhar o trabalho de gestão operacional do sistema de metro ligeiro”, indica o GIT. Para já, o Gabinete está a realizar “os trabalhos preparatórios” neste sentido, estando estes ainda “na fase preliminar”. A questão foi levantada pelos deputados de duas Comissões da Assembleia Legislativa, com os membros da que acompanha as finanças a mencionar esta situação num relatório lançado esta semana. “Quanto à futura gestão do metro ligeiro, o Governo esclareceu [a Comissão] que a entrada em funcionamento da linha da Taipa está prevista para 2019 e que o modelo de gestão que será adoptado para o sistema do metro ligeiro terá por referência o que é praticado por outras regiões com este meio de transporte”, pode ler-se no documento da Comissão presidida pelo deputado Mak Soi Kun. Os membros do grupo diziam ainda que o Executivo adiantou que o modelo de gestão “iria considerar a realidade de Macau”, tendo ainda em conta “os interesses das diversas partes envolvidas”, de forma a que se pudesse traçar um perfil da futura entidade gestora, bem como as suas responsabilidades. Ao HM, o GIT não adiantou estes detalhes, sendo que assegura, contudo, que “o Governo vai concluir o ponto de situação para [o] apresentar ao público em tempo oportuno”. Pac On como o outro Já no caso do Terminal Marítimo do Pac On, os deputados quiseram saber se haveria “uma entidade que vai ser incumbida da gestão futura” do espaço, ou seja “se esta vai ser entregue a uma entidade particular” ou ao Governo. A DSAMA descarta que haja ideias para passar o Terminal para particulares. “De acordo com [a lei] esta direcção é responsável por coordenar e gerir o funcionamento dos terminais marítimos de passageiros”, começa por explica ao HM a DSAMA. A gestão “será igual ao que acontece agora no Terminal Marítimo do Porto Exterior”: a segurança, manutenção e limpeza são “ajudicadas a empresas de fora”, privadas, mas “a DSAMA actua completamente como corpo de supervisão e gestão”. Esta semana, o Governo garantiu que as obras do metro na Taipa vão ser concluídas a tempo de que o novo meio de transporte funcione em 2019, sendo que só no final do ano se saberá, contudo, o trajecto para o lado de Macau. O Executivo mencionou também que pretende a ligação de metro à Ilha da Montanha. O metro anda de forma automática, sem condutor, e terá uma capacidade máxima de transporte de 152 mil passageiros por dia. Já o Terminal Marítimo de Passageiros do Pac On está programado para abrir em Maio de 2017, 11 anos depois de ter sido começada a sua construção. Terá capacidade para 400 mil pessoas por dia.
Hoje Macau Eventos MancheteCinema | Feira de Guangdong, Macau e Hong Kong arranca com sete projectos locais Começou ontem a Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong, Hong Kong e Macau. Este ano foram 25 os filmes escolhidos para captarem investimento, onde realizadores das três áreas geográficas tentam realizar o sonho de passar do papel ao ecrã. Sete são de Macau [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong, Hong Kong e Macau abriu ontem. Nesta edição, participam 25 projectos cinematográficos de vários produtores das três regiões e cerca de meia centena de investidores. Para o presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, a feira é mais um passo para a expansão do sector em Macau. “Esperamos do futuro uma plataforma onde surjam mais oportunidades e mais investimento, para que possamos ter mais recursos para apoiar e dar oportunidades de sucesso [aos realizadores]”, frisou o responsável. A cooperação entre as três partes envolvidas, na tentativa de se fazer mais e melhor cinema, foi partilhada também pelo vice-director da Administração de Imprensa e Publicação, Rádio, Cinema e Televisão da província de Guangdong, Liu Xiaoyi, que defendeu que os apoios são necessários para apostar e desenvolver este sector. Esta edição da Feira de Investimento conta com a participação de 25 projectos cinematográficos de vários produtores, sendo sete locais. Conta ainda com a presença de mais de 50 investidores convidados para estarem presentes e votarem nos filmes com mais potencial, o dobro dos que compareceram o ano passado. A apresentação dos projectos que vão a votos foi feita pelos produtores e realizadores dos filmes que buscam investimento, sendo que cada um dispunha de um limite de tempo para “vender” o melhor possível o seu projecto. Além desta apresentação pública, existem ainda reuniões bilaterais onde são discutidos mais a detalhe as questões de investimento e o valor necessário. Este ano foram criados três novos prémios, que visam distinguir os projectos com mais potencial. “O Prémio de Melhor Projecto Cinematográfico”, “Prémio de Excelência para Projecto Cinematográfico” e o “Prémio de Mérito de Projecto Cinematográfico” serão atribuídos aos três filmes que obtiverem o maior número de votos por parte dos investidores. No último dia de feira, hoje, há ainda um seminário subordinado ao tema “Financiamento Cinematográfico” onde o público pode também participar. Existem 30 lugares disponíveis e o evento conta com convidados de renome do ramo do cinema. De Hong Kong vieram os cineastas Patrick Tong e Mathew Tang e, como investidor da China, veio Liu Xiaofeng. Todos irão partilhar as novas tendências de financiamento no cinema. A palestra realiza-se às 14h30. “China Beat” Entre os participantes de Macau estão dois portugueses, entre eles Fernando Eloy que apresenta “China Beat”. Um drama que fala sobre uma jovem executiva que retorna à China após três anos no Brasil. Em Macau, participa numa festa de amigos e recebe uma chamada do irmão a pedir ajuda. “O patrão [dele] é corrupto e ele decide fazer justiça, mas agora está em apuros”, resume o realizador. “Macau Boys” Do realizador Maxim Bessmertny, esta é uma comédia contada em 90 minutos. “Um estudo de personagem de quatro jovens desperdiçando o seu tempo brincando com mulheres, vinho e jogos na cidade de Macau”, explica. O financiamento previsto para pôr em prática este projecto é de 291 mil dólares americanos. “Days of Being Trapped” Fantasia e drama contados pela mão do director Vincent Hoi, de Macau. Imagine que devido a um vírus mortal fica fechado com outras pessoas, durante dias, num espaço onde os bens essenciais começam a escassear. Para sobreviver é preciso tomar medidas drásticas e decisões amorais: sacrificar uma pessoa para alimentar as restantes. Em que ficamos? “Phone Ghost” Wong Kong Po conta a história de como a tecnologia melhora a nossa vida ao mesmo tempo que escraviza a nossa mente. Uma jornalista recebe mensagens de um assassino. Mas, se no início isso a perturba, esta acaba por se envolver na história e torna-se dependente. Seiscentos mil dólares é o financiamento pedido por este realizador de Macau para concretizar o filme. “Singing Girl” É o filme do realizador Lou Ka Hou, de Macau, que conta a história de uma rapariga que sonha ser cantora. Um dia participa num concurso com uma canção contendo linguagem imprópria. Esse episódio sai-lhe caro e ela acaba por ser expulsa da escola e repudiada pela família. Por outro lado, a música que entretanto foi parar à internet permitiu-lhe conquistar uma legião de fãs. Esta dualidade divide a rapariga, que se questiona: abandona o sonho e recupera a vida que tinha, ou deixa para trás o passado e segue rumo ao palco? “Barbosa and Grantham” Drama e suspense contados pela mão do realizador de Macau, Ho Fei. É a história de dois homens, Barbosa e Granthman, que lutam desesperadamente para fazer face a uma situação de extrema pobreza e colapso económico no território. Um filme que o realizador promete ser emocionante, com uma morte pelo meio. “Um jogo bonito” Do realizador António José Caetano de Faria, esta película fala sobre um menino, Zhu, que sonha ser jogador de futebol. Um dia tem a oportunidade de mostrar as suas qualidades num jogo em Macau, ao qual assiste um olheiro de um grande clube da China. No mesmo dia, o irmão de Zhu é atropelado e a oportunidade foge-lhe por entre os dedos. Anos mais tarde, o irmão mais novo de Zhu tenta a sua sorte para mudar o destino da família. Vizinhos do lado Entre os 25 projectos, destacam-se ainda alguns da região vizinha, como é o caso de “Taste of Orange”, de Wong Yuk-wa. O realizador pede 800 mil dólares americanos para concretizar um filme de 90 minutos, classificado na categoria de drama e que fala sobre a vida e a forma como esta pode ser encarada. “As laranjas podem ser doces ou amargas. Não sabemos o gosto até a prova.” A vida é igual. “Today” é a história contada por Candy Ng e Yeung Chiu Hoi, ambos de Hong Kong. Um relato sobre juventude e amor. “Um fotógrafo de casamentos conhece a mulher da sua vida durante um trabalho. Há um flashback onde as personagens reflectem sobre os vários aspectos da sua vida, amor, carreira e amizade”, indica o resumo do filme.