Ilhas Salomão anunciam acordo de segurança com a China

As Ilhas Salomão anunciaram esta quinta-feira que vão assinar um acordo de segurança com Pequim, suscitando preocupação entre os seus aliados ocidentais, que temem que o tratado abra caminho para uma presença militar chinesa no sul do Pacífico.

“As autoridades das Ilhas Salomão e da República Popular da China rubricaram hoje os elementos de um quadro para a cooperação bilateral entre os dois países no âmbito da segurança”, disse o gabinete do primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, em comunicado.

O esboço do acordo bilateral, que foi tornado público, na semana passada, prevê presença militar chinesa nas Ilhas Salomão, inclusive através de visitas de navios de guerra, para “realizar reabastecimento logístico e escalas”.

Sob este pacto, a polícia armada chinesa pode ser mobilizada a pedido das Ilhas Salomão para garantir a manutenção da “ordem social”.

As “forças chinesas” também vão ser autorizadas a proteger a “segurança do pessoal chinês” e os “principais projetos” no arquipélago.

Sem o consentimento escrito da outra parte, nenhuma das partes está autorizada a tornar públicas as missões decididas no âmbito do acordo.

O chefe de operações conjuntas da Austrália, o tenente-general Greg Bilton, disse hoje que o pacto, que ainda não foi assinado, levaria a uma mudança nas intervenções do seu país no Pacífico.

Os Estados Unidos e a Austrália há muito que expressam preocupação com a possibilidade de a China construir uma base naval no Pacífico Sul, o que permitiria projetar a sua marinha muito além das suas fronteiras.

Qualquer presença militar chinesa poderia forçar Camberra e Washington a alterar a sua postura militar na região.

Sogavare disse, na terça-feira, que “não tem intenção (…) de pedir à China que construa uma base militar” no arquipélago.

“Somos sensíveis à infeliz perceção de muitos líderes, de que a segurança da região está a ser ameaçada pela presença da China”, apontou o primeiro-ministro.

“Isso é um absurdo total. Acho muito insultuoso (…) ser rotulado como incapaz de administrar os nossos assuntos soberanos”, afirmou.

Poucas horas antes do anúncio do pacto de segurança, o Presidente dos Estados Federados da Micronésia, David Panuelo, apelou a Sogavare que reconsidere o acordo.

Panuelo expressou “profundas preocupações de segurança”, citando o aumento das tensões entre Pequim e Washington.

“O meu medo é que nós, as Ilhas do Pacífico, nos tornemos o epicentro de um futuro conflito entre estas grandes potências”, afirmou.

Ele pediu ao líder das Ilhas Salomão que considere as consequências a longo prazo “para toda a região do Pacífico, e mesmo para o mundo inteiro”, da assinatura do pacto.

As Ilhas Salomão, onde vivem cerca de 700.000 pessoas, romperam, em 2019, os laços diplomáticos com Taiwan, passando a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.

A decisão contribuiu para tumultos em novembro. A polícia australiana está na capital do país, Honiara, para ajudar a manter a paz, sob um tratado de segurança bilateral estabelecido em 2017.

Este tratado fornece uma base legal para o rápido destacamento da polícia australiana, tropas e civis, no caso de um grande desafio à segurança do país.

A Austrália liderou uma força constituída por polícias e tropas das Ilhas do Pacífico, sob a Missão de Assistência Regional às Ilhas Salomão, entre 2003 e 2017.

31 Mar 2022

Pequim vai manter posição sobre conflito na Ucrânia, diz analista

Pequim não vai alinhar em sanções contra Moscovo ou opor-se abertamente ao conflito na Ucrânia, apesar da eventual pressão das autoridades europeias nesse sentido durante a cimeira União Europeia–China, na sexta-feira, disse à Lusa um analista chinês.

Pequim tem mantido uma posição ambígua em relação à invasão russa da Ucrânia. Por um lado, defendeu que a soberania e a integridade territorial de todas as nações devem ser respeitadas – um princípio de longa data da política externa chinesa e que pressupõe uma postura contra qualquer invasão -, mas ao mesmo tempo opôs-se às sanções impostas contra a Rússia e apontou a expansão da NATO para o leste da Europa como a raiz do problema.

Gao Zhikai, que serviu como intérprete do antigo líder chinês Deng Xiaoping e é atualmente um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, disse à Lusa que “não é realista” esperar que Pequim prejudique os laços comerciais com Moscovo.

“A China é um grande comprador do petróleo e gás russos. Existem oleodutos para o petróleo e para o gás. Os dois países partilham uma fronteira comum com mais de 4.000 quilómetros, e o intercâmbio humano é muito dinâmico”, descreveu.

Segundo o embaixador da UE na China, Nicolas Chapuis, a questão da invasão Ucrânia pela Rússia deve pesar fortemente sobre a cimeira, que se vai realizar por videoconferência.

O foco “em primeiro lugar” dos europeus vai ser reunir o “máximo de apoio possível da China”, para “ajudar a Europa a parar com a guerra na Ucrânia”, declarou Chapuis há duas semanas, salientando: “Nesta guerra, não pode haver a chamada neutralidade”.

O comércio entre a China e a Rússia subiu 35,9%, em 2021, em termos homólogos, para um valor recorde de 146,9 mil milhões de dólares (cerca de 132 mil milhões de euros), segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China.

Para o analista chinês, Pequim está do “lado certo da História”, ao “encorajar as negociações, em vez de estimular uma guerra mais prolongada na Ucrânia”.

“As sanções não funcionarão”, previu.

“Certamente, vão ser muito dolorosas para a Rússia, mas não vão encurralar a Rússia ao ponto de a subordinar à Europa ou aos Estados Unidos”, disse, adiantando que “apenas tornarão a Rússia mais resiliente e mais resoluta na luta por qualquer propósito que tenha estabelecido”.

Gao sugeriu antes que as preocupações de segurança da Rússia sejam consideradas.

“Não vai haver paz duradoura na Europa, enquanto a Rússia for excluída”, disse. “Como é possível haver paz, estabilidade e crescimento na Europa, sem contar com o maior país do mundo, que tem um dos maiores arsenais nucleares, situado ali ao lado”, questionou.

Outro ponto-chave da cimeira é o Acordo Compreensivo de Investimento (CAI) UE–China, cuja ratificação pelo Parlamento Europeu ficou ‘congelada’, depois de Pequim ter imposto sanções retaliatórias contra eurodeputados.

Pequim avançou com sanções depois de a UE, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos terem imposto sanções coordenadas contra as autoridades chinesas por abusos dos Direitos Humanos na região de Xinjiang, no extremo oeste do país.

As tensões agravaram-se depois de a Lituânia ter aprovado a abertura de um escritório de representação de Taiwan, território que Pequim considera como uma província sua.

A decisão da Lituânia é vista por Pequim como uma provocação, principalmente porque esta representação é designada ‘Escritório de Representação de Taiwan’, ao invés de Taipé, o nome da capital da ilha, pressupondo o reconhecimento de Taiwan como entidade política soberana.

“Isto acontece porque há certos membros do Parlamento Europeu que realmente se envolveram em atividades que são percebidas, do ponto de vista chinês, como interferência e violação do princípio ‘Uma só China’”, explicou Gao.

O reconhecimento daquele princípio é visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território. “Se esse princípio é violado, a China não tem outra escolha senão retaliar”, apontou.

31 Mar 2022

Sergei Lavrov anuncia em Pequim uma nova ordem mundial em parceria com a China

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, anunciou hoje uma ordem mundial “mais justa”, em parceria com a China, durante a sua primeira visita ao país desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Estamos a viver uma fase muito séria na história das relações internacionais”, disse o chefe da diplomacia do Kremlin, no início de um encontro bilateral com o seu homólogo chinês, Wang Yi.

“Estou convencido de que no final desta etapa, a situação internacional ficará muito mais clara, e que nós, juntamente com vocês e com os nossos apoiantes, caminharemos para uma ordem mundial multipolar, justa e democrática”, afirmou Lavrov. Pequim recusou-se a condenar a invasão russa da Ucrânia, desencadeada a 24 de Fevereiro, preferindo denunciar as sanções ocidentais contra a Rússia.

No início de Março, Wang Yi enalteceu mesmo a amizade “sólida” entre Pequim e Moscovo e defendeu as preocupações “razoáveis” da Rússia com a sua segurança. Poucas semanas antes da guerra na Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, foi calorosamente recebido em Pequim pelo homólogo chinês, Xi Jinping. Os dois países celebraram então uma amizade “sem limites” e denunciaram o “alargamento” da NATO.

Sergei Lavrov está na China para um encontro de dois dias, dedicado não à Ucrânia, mas ao Afeganistão. O diplomata russo deve estar lado a lado com um colega norte-americano.

O encontro, organizado em Tunxi, leste da China, reúne sete países vizinhos do Afeganistão. Além da Rússia e da China, vão estar representantes do Paquistão, Irão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. O chefe da diplomacia dos talibãs, Amir Khan Muttaqi, também é esperado, segundo a imprensa estatal chinesa.

Em simultâneo, deve ser realizada a reunião de um “mecanismo de consulta” sobre o Afeganistão, com a participação de diplomatas da China, Rússia, Paquistão e também dos Estados Unidos, anunciou Pequim.

Estas reuniões ocorrem uma semana após a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês a Cabul, pela primeira vez desde que os fundamentalistas islâmicos chegaram ao poder, em Agosto passado. A China compartilha uma pequena fronteira de 76 quilómetros com o Afeganistão. Pequim teme que o país vizinho se torne uma base de apoio para separatistas e extremistas islâmicos uigures.

30 Mar 2022

Covid-19 | China tenta reduzir impacto económico de confinamento de Xangai

As autoridades de Xangai avançam com apoios fiscais, medidas de estabilização do emprego e de “optimização dos negócios” para travar efeitos negativos de um novo confinamento da cidade

 

As autoridades de Xangai, que está sob confinamento, prometeram ontem reduzir impostos para comerciantes e manter o porto da cidade, o mais movimentado do mundo, a operar, visando limitar as interrupções na indústria e comércio.

A paralisação da maioria das actividades na cidade, para conter surtos do novo coronavírus, abalou os mercados financeiros, já apreensivos com a guerra na Ucrânia, a subida das taxas de juros nos Estados Unidos, e a desaceleração da economia chinesa.

O governo de Xangai anunciou cortes nos impostos, redução dos preços do aluguer de espaços comerciais e empréstimos com taxas reduzidas para as pequenas empresas. Uma declaração do Governo emitida ontem prometeu também “estabilizar os empregos” e “optimizar o ambiente de negócios”.

No porto de Xangai, as operações continuaram com normalidade e os responsáveis fizeram esforços extra para garantir que os navios “possam fazer descargas normalmente”, informou a televisão estatal chinesa. O porto serve o delta do rio Yangtsé, uma das regiões industriais mais movimentadas do mundo, concentrando fabricantes de telemóveis, componentes para automóveis e outros produtos.

As operações nos aeroportos e estações ferroviárias de Xangai decorriam ontem com normalidade, de acordo com o jornal The Paper.

O serviço de autocarros de e para a cidade de 26 milhões de habitantes foi suspenso anteriormente. Os visitantes são obrigados a mostrar um teste negativo para a covid-19. Para o resto do mundo, o maior impacto potencial virá da queda do consumo interno na China, devido às medidas de confinamento.

Difíceis previsões

As previsões de crescimento económico já apontavam para um abrandamento, em relação à taxa de crescimento de 8,1 por cento alcançada no ano passado, devido a uma campanha do governo para reduzir a dívida no sector imobiliário e outros desafios não relacionados com a pandemia.

A meta oficial de crescimento económico para este ano é de “cerca de 5,5 por cento”, mas os analistas dizem que vai ser difícil atingi-la. “A China é o maior consumidor de praticamente tudo”, disse Rob Carnell, economista-chefe para a Ásia do grupo de serviços financeiros ING. “Se o consumo na China abrandar devido aos surtos de covid-19, isso afectará as cadeias de fornecimento e os países da região”, explicou.

Louis Kuijs, economista-chefe para a região da Ásia – Pacífico do S&P Global Ratings, disse que as autoridades chinesas estão a tentar garantir que as mercadorias chegam aos clientes e as cadeias de fornecimento são salvaguardadas.

De acordo com o economista, em paralisações anteriores, as fábricas fizeram horas extra para atenderem aos pedidos. Apesar dos receios de que os bloqueios na China podem atrasar a recuperação das cadeias de fornecimento globais, “o impacto não é tão grande quanto muitos observadores externos temem”, disse Kuijs.

“Essas restrições tendem a ter um impacto maior nos gastos e do lado da procura interna na China”, frisou. O impacto em Xangai deve ser “relativamente reduzido”, se a cidade contiver o seu surto, assim como fez Shenzhen, disse Carnell.

Funcionários do sector financeiro podem trabalhar a partir de casa. No sector manufatureiro, as empresas puseram os operários a viver nas fábricas, num “sistema de circuito fechado”, isolando-os do contacto com o exterior.

As fabricantes General Motors Co. e Volkswagen AG disseram que as suas fábricas em Xangai estão a operar normalmente. Milhares de funcionários de empresas do sector financeiro dormem nos escritórios, para evitar contacto com pessoas de fora, informou o jornal Daily Economic News.

A Bolsa de Valores de Xangai está a funcionar normalmente, com uma equipa reduzida, num “escritório fechado”. A maioria dos restaurantes na cidade só tem permissão para servir os clientes através de entregas ao domicílio. Nos centros comerciais, os visitantes são obrigados a usar máscara e a registar a entrada com os seus dados pessoais, através de uma aplicação.

Porto, a grande ameaça

A ameaça maior para a indústria e o comércio seria uma interrupção no porto de Xangai, que movimenta 140.000 contentores de carga por dia. No ano passado, as interrupções ao longo de um mês no porto de Yantian, em Shenzhen, atrasou a descarga e saída de milhares de contentores, causando ondas de choque nas cadeias de fornecimento globais.

Em Xangai, os motoristas de camião que entregam mercadorias são obrigados a apresentar um teste negativo para o vírus, realizado nas últimas 48 horas, e um “recibo de entrega” electrónico.

A volatilidade registada nos mercados, no início da semana, pode ter sido uma “reacção exagerada”, que não reflecte a “verdadeira realidade da situação”, mas os investidores já estavam inquietos com a China e a economia global, disse Michael Every, do banco holandês Rabobank. “Temos vários problemas com os quais nos preocupar. Este é apenas um entre muitos”, disse Every.

30 Mar 2022

Cathay Pacific planeia voo mais longo do mundo para ligar Hong Kong a Nova Iorque

A companhia aérea Cathay Pacific planeia operar o voo de passageiros mais longo do mundo, numa rota que sobrevoará o oceano Atlântico em vez do Ártico para ligar Hong Kong a Nova Iorque e evitar a Rússia.

A ligação será de “pouco menos de nove mil milhas náuticas”, mais de 16 mil quilómetros, a percorrer em cerca de 17 horas e 50 minutos, disse a companhia aérea de Hong Kong à agência de notícias France-Presse (AFP), na terça-feira.

O voo será mais longo em distância, mas não em tempo, do que o voo da Singapore Airlines, entre a cidade-Estado asiática e Nova Iorque, num percurso de mais de 15 mil quilómetros em 18 horas.

Muitas companhias aéreas têm cancelado voos para cidades russas ou evitado o espaço aéreo russo desde a invasão da Ucrânia.

No mês passado, a Rússia também fechou o espaço aéreo a vários países europeus e a todos os voos ligados ao Reino Unido, em resposta a uma proibição semelhante imposta por estas nações.

A opção transatlântica é mais favorável do que a rota habitual devido aos “fortes ventos traseiros sazonais nesta altura do ano”, justificou a companhia.

Antes da pandemia da covid-19, a Cathay operava três viagens diárias de ida e volta entre as duas cidades.

Os voos para Hong Kong enfrentam agora cancelamentos frequentes devido às rigorosas medidas sanitárias da cidade e à falta de passageiros.

Os aviões provenientes dos Estados Unidos e de mais oito países vão poder aterrar novamente em Hong Kong, a partir de sexta-feira, graças a uma flexibilização das regras contra a covid-19.

Na terça-feira à noite, a Cathay anunciou um voo direto Nova Iorque-Hong Kong, em 03 de abril.

30 Mar 2022

Investimento chinês chega a Portugal através de subsidiárias no Luxemburgo e Hong Kong

O investimento direto estrangeiro feito pela China chega a Portugal sobretudo através de subsidiárias detidas no Luxemburgo e em Hong Kong, divulgou ontem o Banco de Portugal (BdP).

Segundo os dados do BdP, em 2021, apenas 28% do investimento chinês em Portugal chegou diretamente da China, sem utilizar países terceiros, enquanto 41% da posição de investimento direto em Portugal era detida através do Luxemburgo, 22% através de Hong Kong, 4% através de Espanha e 5% de outros.

Por setor de atividade económica, observa-se que 38% do investimento direto realizado no setor da eletricidade, gás e água provinha da China.

O regulador publicou hoje novas estatísticas de posições de investimento direto por investidor final, que permite aferir a origem do investimento, isto é, “o país da contraparte final ou o investidor final e, deste modo, reconhecer em que país reside quem, em última análise, detém ou controla o investimento, usufrui do rendimento e assume o risco”.

Com a atualização da metodologia, a China torna-se o 5.º país de residência dos detentores finais com maiores posições de investimento direto em Portugal, quando anteriormente – antes de considerar o investidor final – era o 9.º lugar.

A China representa, assim, 6,8% do total do investimento direto estrangeiro em Portugal.

Em 2021, Espanha era o país de residência dos detentores finais com maiores posições de investimento direto em Portugal. Seguiam-se Portugal, França, Reino Unido e China.

30 Mar 2022

UE e China de acordo sobre necessidade de regresso da paz à Europa, diz Joseph Borrell

A União Europeia (UE) e a China concordam na urgência do regresso da paz ao continente europeu, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, anunciou ontem o chefe da diplomacia dos 27, Josep Borrell, em comunicado.

O comunicado, divulgado após uma reunião por videoconferência entre o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da UE e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, salientou que Borrell e Wang Yi estão de acordo acerca da “urgência do regresso da paz ao continente europeu tão depressa quanto possível”.

Neste sentido, os dois representantes discutiram as negociações entre a Ucrânia e a Rússia e “a necessidade de um cessar-fogo, para a criação de corredores humanitários e prevenir os riscos de uma maior escalada” no conflito.

A situação da Ucrânia está na agenda da 23.ª Cimeira UE-China, marcada para a próxima sexta-feira.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

30 Mar 2022

Atlântico sul “é fundamental” na relação entre Brasil e China, mas pode ser factor de competição

O professor catedrático Daniel Cardoso defendeu esta segunda-feira que o Atlântico Sul “é fundamental” nas relações entre o Brasil e a China, mas pode ser factor de competição que, com os Estados Unidos da América (EUA) pelo meio, será “perigoso”.

Por vários motivos, um dos “mais relevantes” os recursos petrolíferos, mas também as trocas comerciais, o Atlântico Sul “é fundamental” na relação entre o Brasil e a China, mas também pode ser factor gerador de competição, se a China prosseguir o seu caminho para se tornar numa potência marítima, e com os EUA pelo meio será até “perigoso”, disse Daniel Cardoso.

O catedrático da Universidade Autónoma de Lisboa falava na 2.ª sessão das Conferências de Primavera 2022, que decorreram na Casa de Macau, em Lisboa, em que foi orador no painel sobre “Atlântico Sul nas relações entre China e Brasil: Competição, cooperação e desafios”.

“O Atlântico Sul é uma área que necessariamente é considerada estratégica pelo Brasil”, afirmou Cardoso. O Brasil “tem ambições de projectar o seu poder político, militar e económico para além do Atlântico Sul, chegando à África e à Antártica”. Por isso, esta zona é “fundamental para a política externa brasileira e também para a sua política comercial e para a sua estratégia militar”, sublinhou.

Na opinião de Daniel Cardoso “há razões muito fortes para que as autoridades brasileiras considerem este espaço geopolítico muito importante”.

O Brasil é já “um importante produtor e exportador de petróleo e grande parte do petróleo que extrai é desta região [Atlântico Sul], mais especificamente de uma área conhecida como o pré-sal”.

Um petróleo extraído a grande profundidade que requer “sofisticação tecnológica muito grande”, e que a Petrobras, empresa brasileira de petróleo, tem vindo a conseguir através de consórcios com empresas estrangeiras, “a maioria chinesas”, realçou, salientando que a China não só investiu como também financiou estes projectos, através do seu Banco de Desenvolvimento.

Cooperação e competição

Nas relações entre a China e o Brasil no Atlântico Sul, o professor não tem dúvidas em afirmar que o factor mais relevante “é o petróleo”. Mas em segundo lugar, vem o comércio. “Os dados são muito significativos, 99 por cento (…) das exportações do Brasil para a China vão por mar”, referiu. Até porque além das importações de soja, a China já é também o maior importador de petróleo brasileiro.

“Para enquadrarmos estes interesses da China no Atlântico Sul não se pode deixar de falar do grande projecto da Rota da Seda, que tem também uma dimensão marítima. Dos três corredores marítimos da nova Rota da Seda aquele que mais interessa ao Brasil é o que atravessa o Índico e pode ir para o Atlântico Sul, ou pode passar pelo Atlântico Norte e chegar ao país da América do Sul”, frisou.

Na opinião, de Daniel Cardoso, entre o Brasil e a China, hoje “há cooperação, mas também há espaço para competição” e, essa tem sido uma tendência.

“A competição pode-se materializar em primeiro lugar no que respeita à presença em África”, e em segundo lugar no que respeita á Antártica, regiões em relação aos quais os interesses dos dois países não estão alinhados, considerou.

Mas, para além disso, pode nascer ainda um novo factor de competição entre o Brasil e a China. “Se a China se quer tornar numa potência marítima vai ter de apostar no seu desenvolvimento tecnológico, e o Brasil, com a larga costa que tem e com o empenho que tem na sua industrialização, este desenvolvimento tecnológico pode ser também um dos objectivos dos governos brasileiros. Por isso,(…) pode vir a haver mais competição do que propriamente cooperação entre os dois países” neste domínio, considerou Daniel Cardoso.

Neste cenário, o professor realçou que é preciso não esquecer o factor Estados Unidos, que são um país “importantíssimo” naquela área, considerando o Atlântico Sul “como teoricamente a sua área de influência”.

Por isso, uma forte presença chinesa no Atlântico Sul, em cooperação ou em competição com o Brasil, “vai sempre suscitar alguma atenção e cautela da administração norte-americana”, sublinhou.

“O perigo é que à medida que a competição entre os EUA e China aumenta, essa competição em várias plataformas do mundo, pode ser projectada também para o Atlântico Sul”, concluiu.

30 Mar 2022

Covid-19 | Bloqueios na China continuam face a baixa taxa de vacinação de idosos

Com apenas 20 por cento da população com 80 anos ou mais a ter recebido as três doses da vacina contra a covid-19, as autoridades continuam relutantes em alterar a política de ‘zero casos’

 

A campanha de vacinação da China contra a covid-19 deixou metade da sua população idosa susceptível a maiores riscos de doença grave, forçando o país a manter uma política rígida de prevenção, apontam analistas.
Mais de 130 milhões de chineses com 60 anos ou mais não foram vacinados, ou receberam menos de três doses, colocando-os em maior risco de desenvolver sintomas graves ou morrer, em caso de infecção, segundo um estudo da Universidade de Hong Kong (HKU).

O mesmo estudo apurou que a vacina da Sinovac, desenvolvida pela China, é menos eficaz na prevenção da morte por covid-19 entre os idosos do que a inoculação com a vacina da BioNTech/Pfizer, a menos que sejam dadas três doses.

A grande maioria da população chinesa foi vacinada com as inoculações da Sinovac ou Sinopharm, que também requer três doses para manter um alto nível de eficácia.

O estudo da HKU, publicado na semana passada, apurou que três doses da Sinovac asseguram 98 por cento de eficácia na prevenção de doenças graves em pessoas com mais de 60 anos – uma taxa semelhante à vacina da BioNTech. Mas duas doses revelaram apenas 72 por cento e 77 por cento de eficácia, na prevenção de casos graves e morte, respectivamente.

A vasta escala da população idosa susceptível de doença grave ou morte na China força as autoridades a aplicar medidas de bloqueio, para acabar com surtos que se alastraram a várias cidades. Apenas 20 por cento da população com 80 anos ou mais recebeu três doses.

Por fases

Xangai, a ‘capital’ económica da China, iniciou na segunda-feira um bloqueio, organizado em duas fases, e que abrangerá todos os seus 26 milhões de moradores, para combater uma vaga de casos que rapidamente se multiplicou na comunidade.

Na província de Jilin, no nordeste do país, todos os seus 24 milhões de habitantes estão sob quarentena há quase um mês. Foi a primeira vez que a China restringiu uma província inteira desde o bloqueio de Hubei, cuja capital, Wuhan, foi o epicentro original do novo coronavírus.

Noutras partes do país, dezenas de milhões de pessoas enfrentam medidas de confinamento, mais ou menos rígidas. Pequim aumentou os esforços para administrar uma terceira de inoculação aos idosos, no final de 2021.

Falsa segurança

Mas especialistas consideram que o sucesso do país em conter o vírus, em conjunto com a desconfiança da população mais velha em relação à vacina, prejudicou a campanha de inoculação.

“O sucesso inicial da política de ‘zero casos’ criou uma falsa sensação de segurança entre os idosos”, escreveu Yanzhong Huang, especialista em políticas de saúde pública do Conselho de Relações Externas, um ‘think tank’ com sede em Nova Iorque.

“Muitas pessoas mais velhas pensaram: ‘não há vírus, por que devemos preocupar em vacinar-nos e correr o risco de sofrer os efeitos colaterais”, acrescentou.

Huang considerou que a hesitação face às vacinas é ainda mais prevalente nas áreas rurais, que são as mais vulneráveis no caso de um surto descontrolado, devido à escassez de hospitais e médicos.

A taxa de vacinação na China continental é melhor do que em Hong Kong, onde 69 por cento dos residentes com 80 anos ou mais não estavam vacinados no início de Fevereiro.

Desde então, a variante Ómicron dilacerou a população idosa não vacinada, deixando o território com o maior número de mortes do mundo por milhão de habitantes.

A China registou mais de 65.900 caos nas últimas semanas, forçando várias cidades a implementar bloqueios localizados. Estas medidas parecem ter protegido os mais vulneráveis: o país teve apenas duas mortes por covid-19 este mês, segundo estatísticas oficiais.

“Até que os custos excedam os benefícios, o Governo [chinês] não tem escolha a não ser manter a política de ‘zero casos’”, frisou Huang.

30 Mar 2022

Lucro da Huawei aumenta 75,9% em 2021 para mais de 113 milhões de yuan

A tecnológica chinesa Huawei revelou hoje que o seu lucro aumentou 75,9% no ano passado, para 113.700 milhões de yuans, face ao ano anterior. A empresa, que não está cotada em bolsa, adiantou ainda em comunicado que a faturação recuou 28,5% no ano passado, para 91.190 milhões de euros.

A diretora financeira da empresa, Meng Wanzhou, afirmou na conferência virtual de apresentação dos resultados, na cidade de Shenzhen, no sul da China, onde a Huawei tem a sua sede, que, “apesar da faturação ter caído em 2021, a capacidade [da empresa] gerar lucros e gerar fluxo de caixa tem vindo a crescer”. E prosseguiu: “Agora podemos lidar com todas as incertezas que deveremos enfrentar”.

No último trimestre de 2020, a Huawei saiu, pela primeira vez em seis anos, da lista das cinco maiores empresas globais que fabricam equipamentos móveis para redes de telecomunicações, nomeadamente ‘smartphones’.

29 Mar 2022

Identificadas através de ADN as 132 vítimas mortais de acidente aéreo na China

As 132 vítimas do acidente do voo da companhia aérea China Eastern que se despenhou há uma semana no sul da China foram identificadas através de amostras de ADN, disseram ontem as autoridades.

O avião, um Boeing 737-800 que voava entre as cidades de Kunming e Cantão, despenhou-se na região de Guangxi no dia 21 de março, às 14:38 horas locais, matando todas as pessoas a bordo – 123 passageiros e nove membros da tripulação.

Desde o acidente, 632 familiares dos falecidos puderam aceder ao local do acidente em grupos, e foram prestados cuidados psicológicos a quem deles precisou, de acordo com os meios de comunicação estatais.

A violência do impacto e a inclinação da zona montanhosa onde o avião se despenhou dificultaram os trabalhos de busca, que até agora cobriram uma área superior a 40.000 metros quadrados, na qual foram encontrados restos mortais e partes do avião, incluindo as duas ‘caixas negras’ e um dos motores.

A descoberta, entre quarta-feira e domingo, das duas ‘caixas negras’ do aparelho vai ajudar a determinar a causa do acidente do avião, que caiu verticalmente e desceu quase 8.000 metros em menos de três minutos, segundo o portal de rastreio de voos FlightRadar24.

Embora a descodificação dos dados das caixas já tenha começado, os funcionários envolvidos na investigação disseram hoje que o conteúdo por si só é insuficiente para esclarecer o que aconteceu e que estão a recolher a maior quantidade possível de destroços do aparelho, assim como vídeos do momento do acidente.

O avião, que estava em serviço há quase sete anos, tinha passado todas as verificações exigidas pelos regulamentos e o seu estado técnico era “normal e estável” durante a descolagem, de acordo com declarações de um representante da China Eastern, citadas pela imprensa local.

O incidente de segunda-feira passada pôs fim a uma série de quase 12 anos sem acidentes aéreos graves na China, cujas autoridades anunciaram uma investigação de duas semanas “para garantir a segurança absoluta” nas operações do setor.

Como dita a tradição chinesa, sete dias após um falecimento muitos cidadãos juntaram-se num dia de luto pelas vítimas do acidente no domingo, incluindo numa cerimónia com três minutos de silêncio no lugar onde decorrem as buscas.

O Presidente chinês, Xi Jinping, também se juntou hoje ao luto pela queda do aparelho e prestou homenagem às vítimas.

29 Mar 2022

Covid-19 | Restrições apertam a quem chega do estrangeiro

A partir desta semana, passageiros que cheguem à China vindos de vários países, nomeadamente os de língua portuguesa, têm de apresentar um teste negativo realizado nas 12 horas antes da partida

 

A China anunciou que os passageiros que chegam de dezenas de países, incluindo de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, terão de apresentar um teste negativo ao novo coronavírus feito nas 12 horas antes da partida.

A medida foi anunciada, durante o fim de semana, por dezenas de embaixadas chinesas em todo o mundo e entrou ontem em vigor no caso de viajantes vindos do Brasil ou de Moçambique.

Até agora, os passageiros destes países chegados à China tinham de apresentar, à embaixada chinesa, dois testes negativos feitos nas 48 horas antes da partida, em dois laboratórios diferentes de entre as instituições referenciadas ou pelas autoridades locais de saúde ou pelas embaixadas chinesas.

A nova regra vai também afectar passageiros com partida de Cabo Verde (a partir desta terça-feira), Portugal (quinta-feira) e Angola (sexta-feira).

O teste feito nas 12 horas antes da partida deve ser apresentado ao pessoal da companhia aérea no momento do embarque.

Nas redes sociais, tanto ocidentais como chinesas, a medida gerou sobretudo críticas, nomeadamente dos chineses a viver no estrangeiro, que disseram ser cada vez mais difícil regressar ao país.

A única ligação aérea directa Portugal-China, entre Lisboa e Xi’an, foi suspensa desde 25 de Dezembro, numa altura em que aquela região enfrentava um grave surto de covid-19, que obrigou a confinamento total.

A cidade chinesa retomou, entretanto, a normalidade. Em 23 de Janeiro repôs os voos domésticos, mas manteve as ligações internacionais suspensas. O voo para Lisboa tem sido cancelado, sistematicamente, semana após semana.

Confinamentos gerais

Milhões de habitantes em várias regiões da China estão sujeitos a confinamentos, nomeadamente na cidade industrial de Shenyang (nordeste), capital da província de Liaoning, que faz fronteira com Jilin, a mais afectada pela recente vaga da pandemia.

Xangai, a maior cidade chinesa, com 25 milhões de habitantes, está desde ontem sujeita a um confinamento, dividido por sectores, para conter um surto de covid-19 ligado à variante Ómicron.

A comissão nacional da saúde chinesa contabilizou ontem 1.275 novas infecções, incluindo 50 em Xangai e 1.086 em Jilin.

Apesar de os números atuais da difusão do vírus serem muito baixos em comparação com outros países do mundo, são os mais altos na China desde as primeiras semanas da pandemia, que começou em Wuhan no final do ano de 2019.

Por sectores

Xangai, a maior cidade chinesa, com 25 milhões de habitantes, está sujeita a um confinamento por sector desde ontem para conter um surto de covid-19 ligado à variante Ómicron, anunciou domingo o governo local. A parte oriental da cidade será confinada por cinco dias para permitir a despistagem da sua população, seguindo-se a parte ocidental a partir de 1 de Abril e pelo mesmo período.

A cidade tornou-se nos últimos dias o epicentro de uma nova vaga de infeções na China, que começou a acelerar no início de Março. Xangai evitou um confinamento total porque as autoridades consideram imperativo manter o funcionamento do porto e da praça financeira da cidade, a fim de preservar a economia nacional e mundial.

29 Mar 2022

Washington e Manila iniciam exercícios militares conjuntos nas Filipinas

As Filipinas e os Estados Unidos iniciaram hoje exercícios militares conjuntos no arquipélago, numa altura de tensões crescentes no disputado Mar do Sul da China.

Os exercícios são os mais recentes a terem lugar sob a presidência de Rodrigo Duterte, que ameaçou pôr fim ao tratado militar das Filipinas com os Estados Unidos, aliado de longa data, e voltar-se para a China.

Quase nove mil militares filipinos e norte-americanos vão participar nos exercícios de 12 dias na ilha de Luzon, a maior do país. Os exercícios anuais tinham sido cancelados ou reduzidos desde o início da pandemia do novo coronavírus.

O chefe das forças armadas filipinas, o general Andres Centino, disse em Manila que o exercício era um sinal do “aprofundamento da aliança” entre os dois países.

O major-general norte-americano Jay Bargeron disse que a “amizade e confiança” entre as forças armadas dos dois países lhes permitiria “terem êxito juntos (…) em operações militares”.

Manobras recentes conjuntas dos dois países centraram-se num potencial conflito no Mar do Sul da China, que Pequim reivindica quase inteiramente.

Desde que chegou ao poder em 2016, Duterte aproximou-se da China, mas tem enfrentado a resistência da população filipina e a preocupação dos militares, que desconfiam das ambições de Pequim para as águas do Mar do Sul da China, ricas em recursos.

Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia validou as reivindicações de Manila em 2016, dizendo que a China não tinha “direito histórico” sobre este mar estratégico, uma decisão que Pequim ignorou.

Em fevereiro de 2020, o Presidente filipino anunciou a intenção de abandonar o acordo que estabelece um quadro legal para a presença permanente de tropas dos EUA nas Filipinas e para a organização de exercícios militares conjuntos.

Duterte acabou por reverter a decisão em julho, quando as tensões entre Manila e Pequim sobre o Mar do Sul da China se intensificavam, após centenas de navios chineses terem sido avistados num recife ao largo das Filipinas, no início de 2020.

28 Mar 2022

Covid-19 | Xangai inicia confinamento por sector para conter surto

Xangai será sujeita a um confinamento por sector a partir de hoje para conter um surto de covid-19 ligado à variante Ómicron, anunciou ontem o governo local. A parte oriental da cidade será confinada por cinco dias para permitir a despistagem da sua população, seguindo-se a parte ocidental a partir de 01 de abril e pelo mesmo período.

A cidade tornou-se nos últimos dias o epicentro de uma nova vaga de infeções na China, que começou a acelerar no início de março. A comissão nacional da saúde chinesa contabilizou hoje mais de 4.500 novas infeções, menos um milhar do que os casos registados nos últimos dias, mas muito superior aos dos últimos dois anos.

Milhões de habitantes das regiões afetadas no país foram submetidos a confinamentos, nomeadamente na cidade industrial de Shenyang (nordeste), capital da província de Liaoning, que faz fronteira com a de Jilin, a mais afetada pela recente vaga da pandemia.

Xangai evitou um confinamento total porque as autoridades consideram imperativo manter o funcionamento do porto e da praça financeira da cidade, a fim de preservar a economia nacional e mundial.

Apesar de os números atuais da difusão do vírus serem muito baixos em comparação com outros países do mundo, são os mais altos na China desde as primeiras semanas da pandemia, que começou em Wuhan no final do ano de 2019.

28 Mar 2022

Joe Biden “esperançoso” que China não se envolva na guerra na Ucrânia

O Presidente dos Estados Unidos mostrou-se ontem “esperançoso” que a China não se irá envolver na invasão russa da Ucrânia, sustentando que Pequim percebe que o seu “futuro económico está muito mais ligado ao Ocidente do que à Rússia”.

“Acho que a China percebe que o seu futuro económico está muito mais ligado ao Ocidente do que à Rússia, por isso estou esperançoso de que não se irão envolver”, afirmou Joe Biden.

O Presidente dos Estados Unidos falava numa conferência de imprensa no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), em Bruxelas, depois de ter participado na cimeira extraordinária de líderes da Aliança Atlântica e numa cimeira de líderes do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).

Abordando uma conversa telefónica que teve com o Presidente da China, Xi Jinping, na passada sexta-feira, Biden disse que se assegurou, “de maneira muito clara”, de que o líder chinês percebia as “consequências que teria se ajudasse a Rússia [na Ucrânia], como tinha sido relatado e era esperado”.

“Não fiz nenhuma ameaça, mas indiquei-lhe o número de empresas americanas e estrangeiras que deixaram a Rússia devido ao seu comportamento bárbaro, e transmiti-lhe que conhecia – porque tivemos longas discussões no passado – o seu interesse em manter relações económicas e de crescimento com os Estados Unidos e a Europa”, referiu.

O Presidente norte-americano sublinhou assim que, em caso de auxílio da China à Ucrânia, a vontade chinesa de manter o relacionamento económico com o Ocidente ficaria em “grande perigo”.

25 Mar 2022

Ucrânia | China rejeita acusações de que está a espalhar desinformação

A China recusou as acusações de que está a ajudar a Rússia a espalhar desinformação sobre o envolvimento dos Estados Unidos na Ucrânia, enquanto repete as alegações infundadas de Moscovo sobre laboratórios secretos de guerra biológica norte-americanos.

“Acusar a China de espalhar desinformação sobre a Ucrânia é desinformação em si”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin, em conferência de imprensa. Segundo referiu, a China agiu de “maneira objetiva e justa”.

Wang afirmou que a comunidade internacional continua a ter “graves preocupações” sobre os laboratórios dos EUA na Ucrânia, apesar das refutações de cientistas independentes.

“Os EUA não se podem remeter ao silêncio ou alegar isso como desinformação. Os EUA devem fazer esclarecimentos sérios sobre se isso é desinformação ou não”, disse Wang.

As alegações sobre os laboratórios também têm adeptos nos EUA, unindo-se a teorias da conspiração sobre a covid-19.

A China afirma ser neutra no conflito, embora mantenha o que chama de amizade ilimitada com a Rússia, que chama de “parceiro estratégico mais importante”. Pequim recusou criticar a Rússia pela invasão.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,60 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

24 Mar 2022

Coreia do Sul efetua testes com mísseis em resposta ao ensaio de Pyongyang

O Exército sul coreano anunciou hoje o disparo de vários mísseis em resposta ao ensaio de um míssil balístico intercontinental da Coreia do Norte.

“Respondendo ao lançamento do míssil intercontinental (ICBM) da Coreia do Norte, as Forças Armadas, em conjunto, dispararam mísseis do solo, do mar e do ar” desde as 16:25 para o mar do Japão, indicou o Estado-Maior de Seul através de um comunicado.

Nas últimas horas, o Ministério da Defesa do Japão informou que a Coreia do Norte efetuou o disparo de um míssil balístico intercontinental que atingiu a Zona Económica Exclusiva (marítima) japonesa.

“As nossas análises indicam que o míssil balístico (da Coreia do Norte) deslocou-se durante 71 minutos e caiu cerca das 15:44 na Zona Económica Exclusiva, no mar do Japão, a cerca de 150 quilómetros a oeste da península de Oshima”, ilha norte de Hokkaido, declarou o vice-ministro da Defesa, Makoto Oniki, acrescentando que podia tratar-se de um míssil balístico intercontinental (ICBM).

“Dado que o míssil balístico voou a uma altitude de mais de seis mil quilómetros, o que é bem mais elevado que o ICBM Hwasong-15, que foi lançado em novembro de 2017, pensamos que o de hoje seja um novo ICBM”, salientou.

Oniki indicou que o Ministério da Defesa japonês não tinha recebido qualquer informação relativa a danos causados em navios ou aviões, mas o responsável sublinhou que este disparo representa uma “ameaça séria” para a segurança do Japão.

De acordo com Washington e Seul, Pyongyang está a testar um novo míssil balístico intercontinental (ICBM), designado Hwasong-17, alegadamente com maior alcance e poder destrutivo.

24 Mar 2022

China deve abdicar de “combater o vírus a qualquer custo”, diz especialista

A China deve abdicar de “combater o vírus a qualquer custo”, defendeu hoje o epidemiologista Zhang Wenhong, numa altura em que o país voltou a impor restritas medidas de confinamento face ao aumento dos casos.

O especialista, um dos rostos mais conhecidos no combate à pandemia no país asiático, explicou, através da sua conta na rede social Weibo, que normalizar a vida da população deve receber a mesma atenção que o combate à pandemia.

A estratégia chinesa baseia-se no encerramento praticamente total das fronteiras, isolamento de todos os infetados e contactos próximos, e medidas de confinamento e testes em massa sempre que um caso é detetado.

As declarações de Zhang ocorrem numa altura em que a cidade de Xangai soma um número sem precedentes de infeções.

A cidade detetou, nas últimas 24 horas, mais de 900 casos assintomáticos. Vários bairros foram colocados sob confinamento. Zhang admitiu que a cidade “está a passar por dificuldades”.

“Não posso fingir que não há dificuldades, mas estamos constantemente a aprender e melhorar, à medida que a pandemia muda”, apontou.

Na mensagem, intitulada ‘O coronavírus não é assustador, mas combatê-lo é difícil’, Zhang apontou a dificuldade de “eliminar o vírus e sustentar a economia”, acrescentando que “Xangai não adotará uma abordagem uniforme” para todas as situações.

Zhang afirmou que o trabalho da China contra a pandemia está “a entrar numa nova fase” e que as medidas, que implicam a “paralisia da atividade económica e da vida quotidiana de regiões inteiras”, vão ser “atualizadas”.

Nas últimas semanas, algumas vozes na China sugeriram um possível ajuste na política de “tolerância zero” à covid-19, face à disseminação da variante altamente contagiosa Ómicron no país, que causou números sem precedentes de infeções desde o início de 2020.

O epidemiologista Zeng Guang, ex-chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, afirmou recentemente que “as restrições não durarão para sempre” e que a China “apresentará o seu roteiro para coexistir com o vírus no momento apropriado”.

No entanto, o chefe do grupo de especialistas que lidera a estratégia chinesa, Liang Wannian, explicou esta semana à televisão estatal CCTV que a estratégia de zero casos, que proporciona à China “uma janela temporária” durante a qual “vacinas e medicamentos progridem”, permanecerá em vigor.

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu na semana passada que a estratégia do país contra a pandemia seja mais “científica e específica” e que o impacto “no desenvolvimento social e económico” seja minimizado.

De acordo com os números oficiais, desde o início da pandemia, 139.285 pessoas foram infetadas no país, entre as quais 4.638 morreram.

24 Mar 2022

Ucrânia | China contra exclusão da Rússia da cimeira do G20

A China manifestou-se esta quarta-feira contra a exclusão da Rússia da próxima cimeira do G20, uma sugestão avançada pelos Estados Unidos e os países aliados, após a invasão da Ucrânia. “A Rússia é um importante país membro [do G20]. Nenhum membro tem o direito de expulsar outro país”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

Pequim absteve-se de condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os países ocidentais estão a preparar novas sanções contra a Rússia. Na quinta-feira vão reunir-se em Bruxelas, no âmbito da NATO, do G7 e da União Europeia, um mês após a Ucrânia ter sido invadida pela Rússia.

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou sobre uma possível exclusão do Presidente Vladimir Putin do G20, cuja próxima cimeira está marcada para a Indonésia no final do ano.

“Sobre a questão do G20, digo simplesmente o seguinte: acreditamos que a Rússia não pode agir como se nada tivesse acontecido nas instituições internacionais e na comunidade internacional”, disse Sullivan.

“Mas sobre instituições específicas e decisões específicas, gostaríamos de consultar os nossos aliados e parceiros nessas instituições antes de decidir”, acrescentou. O G20 ou Grupo dos 20 junta representantes das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,5 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

24 Mar 2022

Covid-19 | Xangai pede aos moradores que não entrem em pânico

Xangai pediu hoje calma aos moradores, face ao crescente “pânico” causado pelo aumento de casos de covid-19, que levou à conversão de estádios em centros de quarentena. Vários distritos da cidade já foram confinados, mas muitos moradores temem uma quarentena generalizada e começaram a armazenar alimentos.

A China está a atravessar o seu surto de covid-19 mais grave desde o surto inicial na cidade de Wuhan, no primeiro trimestre de 2020. Nas últimas 24 horas, a altamente contagiosa variante Ómicron causou mais de 5.000 novos casos no país.

Trata-se de um número pequeno, comparado com outras partes do mundo, mas considerável para a China, que segue oficialmente uma estratégia de tolerância zero à covid-19. Xangai foi responsável por um quinto do total dos novos casos, quase todos assintomáticos.

O nervosismo dos habitantes aumentou após o anúncio da conversão de pelo menos dois estádios cobertos em centros de quarentena, suscitando receios de medidas mais restritivas, como a imposição de um confinamento geral na cidade, que tem 25 milhões de habitantes.

“Esperamos que as pessoas não acreditem ou espalhem rumores, especialmente rumores que podem causar o pânico”, disse o chefe do departamento municipal de saúde, Wu Jinglei, em conferência de imprensa.

As autoridades disseram que o abastecimento de bens alimentares está assegurado. Uma plataforma de comércio eletrónico disse, no entanto, estar sobrecarregada. “As pessoas que costumavam comprar no supermercado estão agora a comprar ‘online’ e a procura explodiu”, disse uma porta-voz do grupo Dingdong Maicai.

23 Mar 2022

Encontrada uma caixa–negra do avião que caiu no sul da China

A China disse hoje que foi encontrada uma das duas caixas-negras, que contêm os dados de voo e os gravadores de voz da cabina, do avião que caiu no sul do país na segunda-feira.

O Boeing 737-800 da companhia China Eastern Airlines, com 132 pessoas a bordo, caiu perto da cidade de Wuzhou, na região autónoma de Guangxi. O voo partiu da cidade de Kunming, na província de Yunnan, sudoeste da China, com destino final em Cantão, sul do país.

A bordo seguiam 123 passageiros e nove tripulantes, indicou a Administração da Aviação Civil da China. De acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, não foram encontrados, até agora, quaisquer sobreviventes, no desastre aéreo mais mortal da China em décadas.

A caixa–negra está, no entanto, gravemente danificada. As autoridades não conseguem identificar se é o gravador de dados de voo ou de voz da cabina.

Mao Yanfeng, diretor da divisão de investigação de acidentes da Autoridade de Aviação Civil da China, disse em conferência de imprensa que estão agora à procura da outra caixa–negra.

A recuperação daqueles aparelhos é considerada chave para descobrir o que causou o acidente. A busca por pistas foi suspensa hoje, quando a chuva cobriu o campo de destroços.

As autoridades usaram veículos aéreos não tripulados (‘drones’), ferramentas manuais e cães farejadores nas encostas densamente florestadas, em busca dos gravadores de voz da cabina e dados do voo.

Familiares de passageiros começaram a chegar hoje à vila nas proximidades da zona de embate, onde, juntamente com os repórteres no local, foram parados pela polícia e autoridades, que usaram guarda-chuvas abertos para bloquear a visão do local.

Os investigadores dizem que é ainda muito cedo para especular sobre as causas do acidente. O avião entrou numa queda quase na vertical, uma hora após a partida.

Um controlador de tráfego aéreo tentou entrar em contacto com os pilotos várias vezes, depois de ver a altitude do avião cair drasticamente, mas não obteve resposta, disse Zhu Tao, diretor do Escritório de Segurança da Aviação da Autoridade de Aviação Civil da China. “Até agora, não foram encontrados sobreviventes”, disse Zhu.

O Boeing 737-800 voa desde 1998 e tem um bom histórico de segurança. É um modelo anterior ao 737 Max, que ficou parado em todo o mundo por quase dois anos após acidentes mortais, em 2018 e 2019.

A China, um dos três principais mercados de aviação civil do mundo, não registava um acidente aéreo com mais de cinco mortes desde 2010, até à queda do Boeing 737-800, na segunda-feira.

Em 24 de agosto de 2010, um Embraer ERJ 190-100, operado pela Henan Airlines, com 96 pessoas a bordo despenhou-se, já na aproximação à pista, quando se preparava para aterrar em Yichun, no nordeste do país.

No acidente e no incêndio que deflagrou morreram 44 pessoas, enquanto 52 sobreviveram. Os investigadores atribuíram o acidente a um erro do piloto, que estava a aterrar à noite, com visibilidade reduzida.

23 Mar 2022

Sismo em Taiwan de magnitude 6,7 causa um ferido e destrói ponte em construção

Um sismo de magnitude 6,7, registado hoje ao largo das costas de Taiwan, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), causou um ferido e destruiu uma ponte em construção no leste da ilha.

De acordo com o USGS, que estimou inicialmente a magnitude em 6,9, o hipocentro registou-se a uma profundidade de dez quilómetros e a cerca de 70 quilómetros a sul de Hualien, ao largo do litoral da ilha, onde foi sentido em grande parte do território.

O ferido foi levado para o hospital, indicou a agência de combate a incêndios de Taiwan, na página na rede social Facebook, dando conta do desmoronamento de uma ponte em construção em Hualien.

Os serviços meteorológicos da ilha constataram um primeiro abalo de magnitude 5,4 às 01:06, seguido à 01:41 por um sismo de magnitude 6,6. Dois minutos mais tarde, ocorreu uma réplica de magnitude 6,1.

O Governo enviou alertas para os telemóveis dos habitantes da ilha, situada na junção de duas placas tectónicas.

Sismos de magnitude 6 ou mais podem implicar um elevado número de vítimas mortais, mas os efeitos dependem da localização e da profundidade a que ocorrem.

Em janeiro, um sismo de magnitude 6,2 foi registado ao largo da ilha, sem causar vítimas ou danos materiais. Em 2018, um sismo de magnitude 6,4 causou 17 mortos e mais de 300 feridos em Hualien.

23 Mar 2022

Xiaomi com lucros de mais de 19 milhões de yuan, menos 5 por cento face a 2020

A empresa tecnológica chinesa Xiaomi registou um lucro líquido de 19.339 milhões de yuan em 2021, menos 5% do que no ano anterior, foi ontem anunciado. Num comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong, a empresa observa que, excluindo fatores como a redução tanto de pré-pagamentos como de outros créditos e inventários, o lucro líquido teria aumentado em 69,5%.

“Em 2021, apesar da escassez global de componentes chave (tais como semicondutores) e do impacto continuado da pandemia da covid-19, mantivemo-nos concentrados na execução das nossas estratégias comerciais”, disse a empresa.

O volume de negócios aumentou 33,5% para 328.309 milhões de yuan. A empresa continua a obter a maior parte das suas receitas do seu negócio de ‘smartphones’, que avançou 37,24% para 208.869 milhões de yuan. De facto, o volume de negócios obtido neste segmento aumentou o seu peso no total da empresa, passando de 61,9% para 63,6%.

De acordo com dados da empresa de consultoria Canalys, a empresa de tecnologia registou um crescimento anual de 28% nas vendas em 2021, que atingiram 191,2 milhões de unidades em todo o mundo, dando-lhe o terceiro lugar – atrás da Samsung e da Apple – com uma quota de mercado de 14%.

As receitas dos “produtos estilo de vida e Internet of Things (IoT)” da Xiaomi aumentaram 26,1%, enquanto as dos serviços de Internet cresceram ligeiramente menos, com 18,8%.

Em 2021, as receitas da Xiaomi nos mercados estrangeiros aumentaram 33,7% para quase metade do total, 49,8%, o mesmo valor que no ano anterior.

A empresa salienta que a maioria dos seus negócios no estrangeiro provém dos mercados indiano e europeu, embora também tenha destacado o crescimento significativo de 94% das suas vendas na América Latina, onde é o terceiro maior vendedor de smartphones.

A Xiaomi também indicou no comunicado que, apesar de ter aumentado o seu volume de negócios em 21,4% no último trimestre, o lucro caiu 72,2% para 2.442,5 milhões de yuan.

Alguns dos planos futuros, como a entrada no mercado de veículos elétricos, estão a progredir “mais rapidamente do que o previsto”, embora a empresa ainda mantenha uma data prevista para o início da produção em massa no início de 2024.

A Xiaomi anunciou a iniciativa de competir no setor em março, com um investimento inicial de cerca de 10.000 milhões de yuan, e em novembro assinou um acordo com as autoridades da cidade de Pequim para construir uma fábrica para produzir até 300.000 automóveis elétricos por ano. A empresa confirmou ontem que não pagará dividendos do exercício financeiro de 2021.

23 Mar 2022

Cientistas pedem que Hong Kong abandone estratégia de ‘zero casos’

Os principais cientistas de Hong Kong pediram ontem às autoridades do território que abandonem a estratégia de “zero casos” de covid-19 da China, para que o centro financeiro não se converta num “porto fechado para sempre”.

“Os últimos dois meses foram uma experiência muito dolorosa e não podemos mais esperar”, disse Gabriel Leung, que lidera uma equipa de cientistas que fazem pesquisas sobre o novo coronavírus.

Na segunda-feira, a Chefe do Executivo, Carrie Lam, anunciou a flexibilização das restrições, a partir de Abril – principalmente no que diz respeito aos voos internacionais e à duração da quarentena na chegada ao território -, mas não apresentou uma estratégia para sair da crise.

Hong Kong enfrenta um surto sem precedentes desde o aparecimento, no início de Janeiro, da altamente contagiosa variante Ómicron. Leung, reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong, é um especialista do Governo referido regularmente por Lam.

O reitor pediu para a cidade considerar a covid-19 como uma doença endémica e focar-se na vacinação, caso contrário a região “permanecerá um porto fechado para sempre”. Este é o “caminho mais seguro, porque não sabemos se a próxima variante será mais fraca ou mais forte do que as que conhecemos”, argumentou.

Maré alta

Tal abordagem equivaleria a um afastamento da estratégia chinesa. Mas o Presidente Xi Jinping recusou na semana passada abdicar da política de tolerância zero à covid-19, numa altura em que o seu país enfrenta o pior surto epidémico desde 2020, optando antes por confinar dezenas de milhões de habitantes.

A equipa de Leung estima que cerca de 4,4 milhões de pessoas em Hong Kong, uma das cidades mais densamente povoadas do mundo, ou 60 por cento da população, foram infectadas desde o início da vaga da Ómicron, em Janeiro.

Os números oficiais mostram mais de um milhão de casos e quase 6.100 mortes desde Janeiro, principalmente entre a população idosa não vacinada.

Desde o início da pandemia, a cidade de 7,4 milhões de habitantes aplicou uma política rígida de “zero casos”, à semelhança da China. Mas desde o aparecimento da variante Ómicron, no início de Janeiro, os hospitais ficaram sobrecarregados e Hong Kong está agora entre os territórios desenvolvidos com uma das maiores taxas de mortalidade.

23 Mar 2022