Hoje Macau China / ÁsiaAntigo Presidente da Índia Pranab Mukherjee morreu aos 84 anos após contrair covid-19 [dropcap]O[/dropcap] antigo Presidente indiano Pranab Mukherjee, um veterano da política com grande reputação de negociador, morreu esta segunda-feira aos 84 anos, depois de ter contraído covid-19, informou a sua família. O antigo Presidente indiano estava hospitalizado há várias semanas após contrair covid-19 e morreu por falência geral dos órgãos. Originário de Bengala, no nordeste da Índia, Pranab Mukherjee era um protegido da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, que foi assassinada em 1984. Pranab Mukherjee, do Partido do Congresso, tornou-se o braço direito do primeiro-ministro Manhoman Singh (2004-2014), servindo sucessivamente como ministro da Defesa, Negócios Estrangeiros e depois Finanças, ganhando a reputação de negociador de destaque. Em 2012, Mukherjee assumiu a Presidência da Índia, permanecendo no cargo até 2017. O actual primeiro-ministro Narendra Modi, do rival partido nacionalista Bharatia Janaty, disse no Twitter que Pranab Mukherjee era “admirado por toda a classe política” e que deixou “uma marca indelével na trajectória de desenvolvimento” da Índia. A Índia é o quarto país do mundo com mais caos de covid-19 registados, contando mais de 3,6 milhões infectados e 64.469 mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaPraga convoca embaixador chinês após ameaças de Pequim devido a visita a Taiwan [dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros da República Checa, Tomas Petricek, vai convocar o embaixador chinês em Praga, depois de Pequim ter advertido que o país europeu pagará “caro” pela visita de uma delegação a Taiwan. Ao anunciar hoje a sua intenção de pedir explicações ao representante do Governo chinês, Petricek considerou que a reação de Pequim “ultrapassou o limite”. O ministro referia-se às declarações do homólogo chinês, Wang Yi, que avisou que a República Checa vai pagar “caro” por “desafiar o princípio de ‘uma China’ com a visita a Taiwan de uma delegação checa chefiada pelo presidente do senado, Milos Vystrcil. “Desafiar o princípio de ‘uma China’ é equivalente a tornar-se no inimigo de 1,4 mil milhões de chineses”, advertiu Wang Yi, durante a actual viagem pela Europa, em declarações publicadas hoje pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Para Pequim, a visita da delegação checa é “um acto de traição internacional”. Petricek considerou as declarações de Wang como “abruptas e incomuns na diplomacia” e indicou que o seu país está pronto para “protestar”. “Espero que a parte chinesa explique estas palavras, que ultrapassaram os limites”, afirmou, enquanto lembrou que o governo checo respeita a política de “uma China” e que a viagem do senador a Taiwan “não mudou nada”. Vystrcil, do Partido Democrático Cidadão (ODS), liberal-conservador, e que integra a oposição na Câmara dos Deputados, disse à imprensa checa em Taiwan que a declaração de Pequim representa uma “interferência nos assuntos internos da República Checa”. “Somos um país livre, que tem interesse em manter boas relações com todos, e espero que isso continue apesar da declaração [chinesa]”, explicou Vystrcil, que destacou o caráter económico da visita. As empresas de alta tecnologia de Taiwan são os maiores investidores na República Checa, enquanto a robusta democracia do país marca um forte contraste com o sistema autoritário do Partido Comunista da China. Durante a sua visita, Vystrcil deve encontrar-se com a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, que é repudiada por Pequim devido à sua posição pró-independência. A visita de seis dias de Vystrcil a Taiwan foi motivada em parte por reclamações do lado checo de que a China estava a introduzir elementos políticos indesejados nas suas relações. Praga e Pequim romperam as relações entre cidades geminadas depois de a China se recusar a retirar a linguagem do acordo que ditava que o governo da cidade apoiasse o “princípio de ‘uma China'”, que define Taiwan como parte da República Popular da China. O antecessor de Vystrcil, Jaroslav Kubera, tinha uma viagem planeada a Taiwan. Kubera morreu em janeiro passado e Vystrcil disse que a pressão da China, incluindo um aviso da embaixada chinesa contra a decisão de parabenizar a Presidente de Taiwan, Tsai Ying-wen, pela sua reeleição, contribuiu para a decisão de viajar para a ilha.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Renúncia do primeiro-ministro não deve afectar relacionamento com Pequim O primeiro-ministro japonês, no cargo desde 2012, anunciou a renúncia por motivos de saúde, devido a uma doença inflamatória intestinal que já o tinha forçado a deixar o poder em 2007. Apesar da incerteza quanto ao sucessor de Shinzo Abe, a posição de equilíbrio entre o maior aliado, os Estados Unidos e o maior parceiro comercial, a China, será para manter no próximo Governo [dropcap]”D[/dropcap]ecidi renunciar ao cargo de primeiro-ministro”, disse Shinzo Abe em conferência de imprensa na sexta-feira, explicando que sofreu uma recaída da sua doença crónica, colite ulcerosa. A intenção, que já tinha sido avançada por órgãos de comunicação social nipónicos, foi confirmada depois de uma reunião com altos responsáveis na sede do partido. “As minhas condições de saúde não são perfeitas. Uma saúde fraca pode resultar em decisões políticas erróneas”, disse Abe, sublinhando que, “em política, o mais importante é gerar resultados”. Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro japonês que reteve o poder durante mais tempo escusou-se avançar nomes de um eventual sucessor, mas afirmou que irá manter o cargo até ser encontrado o próximo líder do Governo. Para já, o núcleo de aspirantes é composto por dirigentes de peso, como o ex-secretário geral do Partido Liberal Democrático (PLD) e ex-ministro da Defesa, Shingeru Ishiba, de 63 anos, favorito nas sondagens entre os potenciais sucessores, embora menos popular dentro do partido no poder. A lista inclui ainda o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e chefe político do PLD, Fumio Kishida, de 63 anos, o chefe de gabinete, Yoshihide Suga, de 71 anos e o ministro da Defesa e ex-titular dos Negócios Estrangeiros, Taro Kono, de 56 anos. A maioria dos potenciais sucessores têm um historial de lealdade a Abe, com a complicada excepção de Ishiba. O ex-ministro da Defesa foi dos poucos políticos do PLD que abertamente criticou o Governo. Um dos sinais do posicionamento político de Shingeru Ishiba foi a recusa em visitar um templo (Yasukuni) dedicado aos combatentes japoneses mortos, incluindo alguns condenados por crimes de guerra, considerado no estrangeiro como um símbolo negro do passado militar japonês. O especialista em assuntos japoneses da Universidade de Tsinghua, Liu Jiangyong, encara esta posição como um sinal positivo numa possível relação futura entre Tóquio e Pequim. “Isto pode significar que Ishiba será mais amigável para com a China, e menos extremista na reforma constitucional”, comentou o académico, citado pelo South China Morning Post. A virtude do meio Apesar de recentemente a relação entre China e Japão ter sido abalada por algumas controvérsias, como troca de galhardetes motivada pela pandemia de covid-19, a lei da segurança nacional em Hong Kong e as velhas disputas marítimas, a mudança de elenco governativo em Tóquio não é encarada por analistas como passível de alterar a dinâmica diplomática entre os países. Assim sendo, o próximo primeiro-ministro deverá continuar a linha de Shinzo Abe na abordagem à China, equilibrando os laços económicos entre o maior parceiro comercial e o aliado estratégico norte-americano. “Manter a aliança com os Estados Unidos ao mesmo tempo que dá continuidade às relações com a China, vão continuar a ser as prioridades do Japão, isso não vai mudar”, projecta o académico japonês, Michito Tsuruoka, citado pelo South China Morning Post. O professor da Universidade de Keio em Tóquio, faz, porém, a ressalva de que esta posição pode ser colocada em causa se a posição de Washington endurecer face à China. “Se Donald Trump for reeleito e continuar as políticas agressivas contra a China, as relações sino-japonesas podem sair afectadas”, comenta o académico, acrescentando que a eleição do democrata Joe Biden pode levar a uma abordagem “menos extrema” a Pequim. O Governo de Abe tentou sempre evitar posições de conflito com a China, “uma política que privilegia abordagens realistas e pragmáticas”, considera o especialista em relações internacionais da Universidade de Renmin, Huang Dahui, citado pelo South China Morning Post. Quebrar o gelo China e Japão têm uma história repleta de conflito e tensão. Recentemente, Shinzo Abe e Xi Jinping suavizaram diplomaticamente a relação, como ficou demonstrado na visita a Tóquio do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Maio de 2018 e a ida de Abe a Pequim no ano seguinte. Os porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying e Zhao Lijian, demonstraram apreço pelos esforços de Abe para melhorar as relações entre o Japão e a China e desejaram as melhoras ao primeiro-ministro demissionário. Analistas citados pelo jornal oficial chinês Global Times destaca o contributo de Shinzo Abe, durante os dois mandatos, para a construção de uma relação estável e recíproca entre os dos países, apesar de o ponto de partida ter sido o mais baixo em termos de relações bilaterais. Em relação ao futuro, Zhao Lijian refere que “a China está disposta a trabalhar com o Japão para aprofundar a cooperação no controlo da pandemia e no desenvolvimento das relações económicas e sociais entre os dois países”. O Global Times destaca também que, “no início do primeiro mandato, Shinzo Abe decidiu visitar primeiro a China, em vez dos Estados Unidos, construindo uma imagem de não-hostilidade para com a China”. A jornal cita mesmo analistas que categorizam Abe como o “bombeiro” que apagou o fogo diplomático entre os dois gigantes asiáticos. Processo complicado A rápida sucessão de poder é a prioridade política do momento no Japão. Os dirigentes do PLD tiveram logo uma primeira reunião de emergência, horas depois de confirmado o desejo de Abe resignar ao cargo, para preparar o cenário, tendo ficado o secretário-geral do partido, Toshihiro Nikai, encarregado de delinear todo o processo. “Se houvesse tempo suficiente, os votos dos membros do partido deveriam ser considerados, mas queremos ouvir as opiniões e julgar o que se vai fazer”, afirmou Nikai, em declarações aos jornalistas, depois da primeira reunião de emergência. Num processo normal, o líder do PLD elege uma assembleia que integra os legisladores do partido, dirigentes territoriais e representantes dos militantes que se reúnem a cada três anos para nomear o dirigente máximo desse grupo político. No entanto, em casos como o actual, existe um processo que por razões de urgência implica seleccionar o candidato a primeiro-ministro entre os legisladores do partido e representantes das 47 prefeituras do país. A primeira opção, ainda que mais lenta em procedimentos, é mais ampla quanto aos apoios políticos necessários, contrariamente à segunda opção, em que os legisladores têm mais peso, tendo sido este o sistema escolhido em 2007 para designar o sucessor de Abe quando este renunciou ao cargo um ano depois devido a uma doença inflamatória intestinal. As propostas para eleger o próximo primeiro-ministro serão amanhã levadas a uma reunião do conselho geral do partido, momento em que se estima será escolhido o dia das eleições para o novo líder, apontado para meados de Setembro, e como a eleição será feita. Legado e família Shinzo Abe ficou conhecido no estrangeiro sobretudo devido à sua política económica apelidada de “Abenomics”, lançada no final de 2012, que combinava flexibilização da política monetária, grande estímulo fiscal e reformas estruturais. No entanto, na ausência de reformas realmente ambiciosas, este programa teve apenas sucessos parciais e que agora foram ofuscados pela crise económica ligada à pandemia do novo coronavírus. Segundo Masamichi Adachi, economista do banco UBS, entrevistado pela agência de notícias AFP, Shinzo Abe agiu como “um populista” e não impôs as reformas económicas, necessariamente “dolorosas”, o que será uma das principais razões da sua longevidade no poder. A grande ambição de Abe, herdeiro de uma grande família de políticos conservadores, era rever a constituição pacifista japonesa de 1947, escrita pelos ocupantes norte-americanos e desde então nunca alterada. Tendo construído parte de sua reputação com base na firmeza em relação à Coreia do Norte, Abe queria a existência de um exército nacional no lugar das actuais “forças de autodefesa” japonesas, mas a Constituição estipula que o Japão deveria renunciar à guerra para sempre. Também defendeu um Japão descomplexado de seu passado, recusando-se em particular a carregar o fardo do arrependimento pelos actos do exército japonês na China e na península coreana na primeira metade do século XX. No entanto, Abe absteve-se de ir ao santuário Yasukuni em Tóquio, um foco de nacionalismo japonês, após a sua última visita ao local no final de 2013, que indignou Pequim, Seul e Washington. As relações entre Tóquio e Seul deterioraram-se claramente nos últimos dois anos, tendo como pano de fundo disputas históricas, enquanto as relações com Pequim aqueceram, embora continuem tortuosas. Em relação aos Estados Unidos, Abe adaptou-se a cada mudança de Presidente, demonstrando nos últimos anos a sua cumplicidade com Donald Trump, com quem compartilha a paixão pelo golfe. Uma estratégia com resultados mistos e complicada pelo lado imprevisível do Presidente norte-americano. Shinzo Abe teve também o cuidado de não ofender o Presidente russo, Vladimir Putin, na esperança de resolver a disputa pelas Ilhas Curilas do Sul (chamadas de “Territórios do Norte” pelos japoneses), anexadas pela União Soviética ao fim da Segunda Guerra Mundial e nunca mais devolvidas ao Japão. Também tentou brilhar no cenário internacional, por exemplo, assumindo o papel de mediador entre o Irão e os Estados Unidos ou sendo o apóstolo do livre comércio. Regularmente salpicado por escândalos que afectam os seus familiares, Abe costuma aproveitar eventos externos – os disparos de mísseis norte-coreanos ou desastres naturais – para distrair a atenção e colocar-se como o chefe necessário na adversidade. Shinzo Abe soube aproveitar-se da ausência de um rival à sua altura no PLD e da fragilidade da oposição, que ainda não recuperou da desastrosa passagem pelo poder entre 2009 e 2012. A sua popularidade, entretanto, diminuiu acentuadamente desde o início da pandemia do novo coronavírus, pois a sua acção foi considerada muito lenta e confusa. Também se apegou à esperança de manter as Olimpíadas de Tóquio no Verão de 2020, que seria um dos pontos altos de sua gestão, mas a realização do evento foi adiada por um ano devido à pandemia de covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista mais nove casos e está há 14 dias sem detectar contágios locais [dropcap]A[/dropcap] China registou nove casos importados nas últimas 24 horas, mas está há 14 dias consecutivos sem detetar qualquer contágio local com o novo coronavírus, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Os nove casos “importados” foram detectados em Xangai (3) e nas províncias de Fujian (2), Sichuan (2), Tianjin (1) e Guangdong (1). As autoridades de saúde indicaram que mais 27 pacientes tiveram alta, com o número total de infectados activos na China continental a fixar-se nos 244, quatro dos quais em estado grave. A Comissão Nacional de Saúde não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total de óbitos nos 4.634, entre os 85.031 infetados desde o início da pandemia. Mais de 80 mil pessoas foram dadas como recuperadas. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 838 mil mortos e infetou quase 24,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Hoje Macau China / ÁsiaPrimeiro-ministro japonês resigna por motivos de saúde [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, no cargo desde 2012, anunciou hoje a sua renúncia por motivos de saúde, após ter sido acometido por uma doença inflamatória intestinal que já o tinha forçado a deixar o poder em 2007. “Decidi renunciar ao cargo de primeiro-ministro”, disse Shinzo Abe em conferência de imprensa, explicando que sofreu uma recaída da sua doença crónica, colite ulcerosa. A intenção, que já tinha sido avançada por órgãos de comunicação social nipónicos, foi confirmada depois de uma reunião com altos responsáveis na sede do partido. “As minhas condições de saúde não são perfeitas. Uma saúde fraca pode resultar em decisões políticas erróneas”, disse Abe, sublinhando que, “em política, o mais importante é gerar resultados”. Questionado pelos jornalistas, Abe escusou-se a avançar nomes de um eventual sucessor. Shinzo Abe, cujo mandato termina em Setembro de 2021, deverá permanecer até que um novo líder do partido no poder, o Partido Liberal Democrático, seja eleito e o seu nome formalmente aprovado como primeiro-ministro pela câmara baixa do parlamento. As preocupações sobre o problema crónico de saúde de Abe voltaram à discussão pública desde o início do verão e intensificaram-se neste mês, quando deu entrada por duas vezes num hospital de Tóquio, para realizar exames não especificados. Em 2007, Abe demitiu-se abruptamente, na primeira vez que ocupou o cargo, também devido a problemas de saúde, e lidera o Governo desde final de 2012, um recorde de longevidade para um primeiro-ministro japonês. O primeiro-ministro japonês demissionário reconheceu ter colite ulcerosa desde que era adolescente e disse que o seu estado foi controlado com tratamento. É considerado um político de sangue azul que foi preparado para seguir os passos de seu avô, o ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi. A sua retórica política concentrava-se frequentemente em fazer do Japão uma nação “normal” e “bonita”, com um exército mais forte e um papel maior em assuntos internacionais. Citado pela agência de notícias Associated press (AP), Hiroshige Seko, secretário-geral do partido para a Câmara Alta do parlamento, confirmou que Abe disse aos membros do partido que renuncia ao cargo de primeiro-ministro para não causar problemas. Shinzo Abe tornou-se o primeiro-ministro mais jovem do Japão em 2006, aos 52 anos, mas sua primeira passagem excessivamente nacionalista terminou abruptamente um ano depois por causa da sua saúde. Em dezembro de 2012, regressou ao poder, dando prioridade a medidas económicas na sua agenda nacionalista. Ganhou seis eleições nacionais e conquistou o poder com firmeza, reforçando o papel e a capacidade de defesa do Japão e a sua aliança de segurança com os EUA. Também intensificou a educação patriótica nas escolas e aumentou a projeção internacional do Japão. Abe tornou-se já esta semana, dia 24, o primeiro-ministro que mais tempo serviu no Japão por dias consecutivos no cargo, superando o recorde de Eisaku Sato, seu tio-avô, que serviu 2.798 dias de 1964 a 1972. Mas a sua segunda visita ao hospital na segunda-feira acelerou as especulações e as manobras políticas em direção a um regime pós-Abe. A colite ulcerosa causa inflamação e, às vezes, pólipos nos intestinos. Pessoas com a doença podem ter uma expectativa de vida normal, mas os casos graves podem envolver complicações com risco de vida. Depois de as suas recentes visitas ao hospital serem conhecidas, altos funcionários do gabinete de Abe e do partido no poder disseram que o primeiro-ministro estava sobrecarregado e precisava de descanso. As preocupações com a sua saúde aumentaram a especulação de que os dias de Abe no cargo estavam contados. Os seus apoios já estavam em níveis muito baixos devido ao modo como lidou com a pandemia do coronavírus e o seu severo impacto na economia, além de vários escândalos políticos. Há uma grande quantidade de políticos a desejar a substituição do chefe do Governo. Shigeru Ishiba, um ex-ministro da defesa, de 63 anos, e arquirrival de Abe, é o líder favorito nas sondagens entre os potenciais sucessores, embora seja menos popular dentro do partido no poder. Um ex-ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida, o ministro da Defesa, Taro Kono, o secretário-chefe de gabinete, Yoshihide Suga, e o ministro da Revitalização Económica, Yasutoshi Nishimura, encarregado das medidas contra o coronavírus, são também referidos nos ‘media’ japoneses como potenciais sucessores. Abe, que enfrentou críticas públicas devido à forma como lidou com o surto de coronavírus, foi frequentemente ofuscado pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que é vista como uma candidata potencial a primeira-ministra por alguns. Contudo, teria que primeiro ser eleita para o parlamento para concorrer ao cargo mais alto. O fim da primeira passagem de Shinzo Abe como primeiro-ministro foi o início de seis anos de mudança anual de liderança, lembrada como uma era de política de “porta giratória” que carecia de estabilidade e políticas de longo prazo. Quando voltou ao cargo em 2012, Abe prometeu revitalizar o país e tirar a sua economia da estagnação deflacionária com sua fórmula “Abenomics”, que combina estímulo fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais. As medidas impopulares que tomou para fazer face ao coronavírus fizeram com que os seus apoio diminuíssem, já antes dos seus problemas de saúde. Talvez o seu maior fracasso tenha sido a sua incapacidade de cumprir uma meta longamente acalentada pelo seu avô, de reescrever formalmente o esboço da constituição pacifista dos Estados Unidos. Abe e os seus apoiantes ultraconservadores veem a constituição elaborada pelos EUA como um legado humilhante da derrota do Japão na segunda guerra mundial. Não atingiu também o seu objetivo de resolver vários legados inacabados do tempo de guerra, incluindo a normalização dos laços com a Coreia do Norte, a resolução de disputas nas ilhas com vizinhos e a assinatura de um tratado de paz com a Rússia.
Hoje Macau China / ÁsiaDirector executivo da aplicação de vídeo TikTok demite-se [dropcap]O[/dropcap] director executivo da TikTok renunciou hoje ao cargo, no momento em que os EUA pressionam o proprietário chinês a vender a popular aplicação de vídeo, que a Casa Branca diz ser um risco para a segurança nacional. Numa carta aos funcionários, Kevin Mayer disse que sua decisão surge depois de o “contexto político ter mudado drasticamente”. A demissão acontece depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado a proibição do TikTok, a menos que a proprietária, a Bytedance, venda as suas operações nos EUA a uma empresa norte-americana num prazo de 90 dias. “Fiz uma reflexão significativa sobre o que as mudanças estruturais empresariais exigirão e o que isso significa para o papel global com o qual me comprometi”, escreveu Mayer. “Neste contexto, e como esperamos chegar a uma resolução muito em breve, é com o coração pesado que gostaria de informar (…) que decidi deixar a empresa”, salientou o ex-executivo da Disney, que assumiu o cargo de director executivo da TikTok em maio. Os EUA aumentaram o escrutínio das empresas de tecnologia chinesas, justificando a ação com preocupações de que possam representar uma ameaça à segurança nacional. A Bytedance está actualmente em negociações com a Microsoft para que a empresa norte-americana compre as operações da TikTok nos EUA.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Coreia do Sul com 441 novos casos, pior registo diário desde Março [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul registou 441 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, anunciaram as autoridades, o pior balanço diário desde 7 de Março, quando o país contabilizou 483 infecções. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul informou que 315 dos novos casos são provenientes da área metropolitana de Seul, onde vive metade da população do país, que conta com 51 milhões de habitantes. O aumento de casos já levou os peritos de saúde a alertar para a possibilidade de os hospitais esgotarem a capacidade para acolher novos doentes. A Assembleia Nacional de Seul foi hoje encerrada e mais de uma dúzia de deputados do partido no poder foram forçados a entrar em quarentena, após um jornalista que cobriu uma reunião dos líderes do partido ter testado positivo, segundo a agência de notícias Associated Press (AP). Na semana passada, o Governo da Coreia do Sul alargou a todo o país uma série de restrições em vigor até ali apenas na capital, Seul, devido ao aumento de casos de covid-19. As restrições, que correspondem ao nível 2 de uma escala de 3, incluem o encerramento de espaços públicos e estádios desportivos, a redução do número de alunos até um terço do total, o encerramento de cafés e salas de ‘karaoke’ e o cancelamento dos serviços religiosos dominicais. As reuniões em espaços fechados com mais de 50 pessoas e com mais de uma centena em espaços ao ar livre também passaram a estar proibidas a nível nacional. Já em 25 de agosto, a Coreia do Sul ordenou que as escolas em Seul retomassem o ensino à distância. As autoridades sanitárias descreveram o surto das últimas duas semanas como a maior crise do país desde o surgimento da covid-19, e já alertaram que, se a propagação não abrandar, poderão vir a elevar as medidas para o nível 3. As autoridades temem, no entanto, que essas medidas, que limitariam a economia às actividades essenciais, prejudiquem a recuperação do país. O banco central da Coreia do Sul baixou hoje as suas perspectivas de crescimento para a economia nacional, prevendo uma contração de 1,3%. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 820 mil mortos e infetou mais de 23,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
João Luz China / ÁsiaMar do Sul da China | Exercícios militares chineses reacendem polémicas antigas Um exercício de larga escala ao longo da costa do Pacífico, em quatro regiões diferentes, relançou receios da tomada de territórios disputados pela força. Além disso, revelou o músculo militar chinês e a capacidade para actuar em múltiplos teatros de operações. Pequim queixa-se de que o exercício foi “espiado” por um avião norte-americano [dropcap]O[/dropcap] Golfo de Bohai, uma parte do Mar Amarelo e os mares sul e este da China têm sido palco de um exercício militar de larga escala das Forças Armadas Chinesas. Entre os muitos “brinquedos”, a China estreou o navio anfíbio de assalto Type 075, que saiu de Xangai no dia 5 de Agosto e terminou no passado fim-de-semana a sua primeira viagem. Vídeos e fotografias partilhados em portais de internet dedicados a questões militares mostram o gigantesco navio a aportar na tarde de domingo na doca naval de Hudong-Zhonghua, a “casa” da maior construtora naval de defesa do estado chinês, a China State Shipbuilding Corp. De regresso à base, depois do primeiro teste de mar, o Type 075 trazia a chaminé chamuscada por fumo, um detalhe na boa nova para o Exército de Libertação Popular que terá assim um novo trunfo pronto para ser usado. Citado pelo China Daily, o analista militar Wu Peixin referiu que o facto de o baptismo do navio de guerra ter demorado 18 dias, antes de regressar ao porto de partida, deve significar que teve um bom desempenho nos muitos testes que terá realizado ao longo da jornada inaugural. Caso contrário, o exercício teria acabado muito mais cedo. O Type 075 foi apenas uma das estrelas do exercício que continua, por exemplo, ao largo de Hainan até sábado. Importa referir que a ilha de Hainan, que fica cerca de 400 quilómetros de Macau, é local de “estacionamento” de um dos porta-aviões chineses. Ao mesmo tempo que se desenrolavam os treinos militares ao largo da ilha, as autoridades da província de Guangdong montavam um cordão de segurança para controlar o tráfico marítimo. Também no Mar Amarelo, ao largo de Lianyungang, uma área de mar ficou com acesso restrito durante os exercícios navais com fogo real. De acordo com o South China Morning Post, até 30 de Setembro estão previstos exercícios militares com fogo real no Golfo de Bohai. Sinais de alerta O conjunto de exercícios militares têm sido vistos por analistas internacionais e governos como um sinal forte de prontidão operacional para um confronto de larga escala com o Estados Unidos e Taiwan. Mesmo sem intenção de iniciar uma guerra, a altura escolhida, durante as convenções partidárias na corrida presidencial norte-americana, pode ser encarada como uma forma de demonstrar capacidade de mobilização de vários tipos de forças para múltiplos locais em simultâneo. Importa referir também que estes exercícios acontecem apenas um mês depois de uma outra demonstração bélica de larga escala, incluindo manobras perto de Taiwan, na altura em que a região foi visitada pelo representante da saúde da Administração Trump, Alex Azar. Além disso, em Julho, as forças armadas chinesas já haviam realizado exercícios, em particular de defesa aérea, nas mesmas regiões, mas separadamente, depois de manobras de dois porta-aviões norte-americanos no Mar do Sul da China. Outra leitura, que vai para lá da reacção política com demonstrações de força, é a localização dos exercícios. Se a proximidade do Golfo de Bohai a Pequim indica uma postura militar meramente defensiva, os restantes teatros de operações podem ter diferentes leituras. Nesse sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Delfin Lorenzana, declarou no domingo que os direitos históricos que a China alega na disputa do Recife de Scarborough não existem e que a China ocupa ilegalmente o disputado território, ao largo da maior ilha filipina Luzon. Lorenzana condenou particularmente a actuação da guarda costeira chinesa e de frotas piscatórias como actos de “confiscação ilegal”. Resposta de Hanói Também o Governo do Vietname condenou a presença de forças militares, em particular de bombardeiros, a sobrevoar as ilhas Paracel, um arquipélago praticamente equidistante entre os territórios chinês e vietnamita, com cerca de 130 pequenas ilhas de coral. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname comentou os exercícios chineses como actos que “comprometem a paz”. “O facto de terem sido enviados bombardeiros não só viola a soberania do Vietname como coloca em perigo a situação na região”, referiu o porta-voz do ministério, citado pela agência Reuters. Espião espia espião Ontem, de acordo com a agência Xinhua, Pequim acusou os Estados Unidos de enviarem um avião espião U-2 que terá “trespassado” uma zona proibida, para observar os exercícios conduzidos pelo Exército de Libertação Popular. O aparelho de reconhecimento a elevada altitude terá entrado no espaço aéreo chinês no teatro de operações do norte, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian. “A violação do espaço aéreo não só afectou severamente os normais exercícios e as actividades de treino, como também violou as regras de comportamento para a segurança aérea e marítima entre a China e os Estados Unidos e as práticas internacionais”, declarou Wu. O porta-voz prossegui referindo que “a actuação norte-americana poderia facilmente ter resultado em maus julgamentos e mesmo acidentes”. Em comunicado enviado à CNN, a Força Aérea norte-americana do Pacífico confirmou o voo do U-2, mas negou ter violado qualquer regra. “Um aparelho U-2 conduziu operações na área do Indo-Pacífico dentro leis internacionais aceites e de acordo com os regulamentos de voo. O pessoal das Forças Aéreas de Pacífico vai continuar a voar e a operar onde as leis internacionais permitirem, quando melhor achar”, lê-se no comunicado. O U-2 é dos aviões mais antigos do inventário das Forças Armadas norte-americanas. O primeiro modelo foi desenvolvido nos anos 1950, durante a Guerra Fria, para espiar a expansão militar soviética, algo que os críticos da política internacional de Washington, inclusive Pequim, acusam estar de volta. Os modelos antigos conseguiam voar a altitudes fora do alcance das baterias antiaéreas. Corrida às armas Para gáudio das multinacionais de defesa, também do outro lado do espectro geopolítico se investem biliões em armamento. Além da injecção financeira, categorizada na campanha eleitoral de Donald Trump como a reconstrução do exército, esta semana o Wall Street Journal publicou um editorial escrito por Mark Esper, secretário da Defesa. O governante referiu que em resposta à aposta militar de Pequim, os Estados Unidos estão a acelerar a Estratégia de Defesa Nacional. Com o objectivo de modernizar e adaptar as forças armadas norte-americanas, a competição bélica da China é o pano de fundo para o vigoroso investimento militar. “Para a liderança política chinesa, o poder militar é central para atingir os objectivos que pretendem. Entre estes objectivos mais proeminentes, destaca-se a remodelação da ordem internacional de formas que colocam em perigo regras globalmente aceites e que normalizam o autoritarismo. Este reordenamento oferece condições ao Partido Comunista Chinês para poder exercer coerção sobre outros países e infringir as suas soberanias”, escreveu o secretário da Defesa. Na sequência deste jogo de pingue-pongue diplomático, o governante revelou que se prepara para visitar o Pacífico com reuniões marcadas com os líderes da região, parando no Havai, Palau e Guam. A visita deverá ter na agenda a preparação da RIMPAC, o mega exercício militar naval, que acontece de dois em dois anos sob a batuta do Pentágono. O exercício deveria estar a realizar-se neste momento, mas foi sofrendo sucessivos atrasos devido à pandemia da covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaTrabalhos de resgate terminam em prédio desabado na Índia com 16 mortos [dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate concluíram hoje os trabalhos de procura de sobreviventes entre os escombros do edifício que desabou na segunda-feira no oeste da Índia, causando 16 mortes e nove feridos. “A operação de busca e resgate, que começou imediatamente depois do acidente” na tarde de segunda-feira na localidade de Mahad, no Estado de Maharashtra, foi hoje concluída, segundo o porta-voz da administração do distrito de Raigad, Manoj Shivaji Sanap, em declarações à agência espanhola Efe. Esta manhã foi recuperado o último corpo dos escombros, de uma mulher de 63 anos, elevando o total de vítimas para 16 mortos e nove feridos, dos quais cinco já tiveram alta hospitalar, explicou o porta-voz. Para trás ficaram os momentos de euforia como o que aconteceu na terça-feira, quando as equipas de resgate encontraram um menino de quatro anos vivo depois de passar 19 horas sob os escombros. As causas do incidente estão ainda por apurar, embora o desmoronamento de edifícios seja comum na Índia durante a época das monções (de junho a setembro). As chuvas torrenciais afetam as fundações dos edifícios, deixando-os fragilizados. O imóvel demorou dez anos a ser construído em fundações “instáveis”, declarou à cadeia de televisão TV9 Marathi, um antigo deputado de Mahad, Manik Motiram Jagtap. “[O edifício] desmoronou-se como um baralho de cartas. Foi assustador”, sublinhou. As monções desempenham um papel central no sul da Ásia, nomeadamente na agricultura, mas provocam também numerosas mortes e semeiam a destruição em grande escala, entre inundações e desmoronamentos de edifícios. Desde o início do ano, as monções provocaram a morte a cerca de 1.200 pessoas, mais de 800 delas só na Índia.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Dois deputados pró-democracia detidos por participarem nos protestos de 2019 [dropcap]D[/dropcap]ois deputados pró-democracia de Hong Kong foram hoje detidos, acusados de participarem em protestos anti-governamentais no verão passado, numa operação em que foram detidas mais 14 pessoas, segundo a imprensa local. Fonte policial ouvida pela agência de notícias France-Presse (AFP) confirmou a detenção dos deputados Lam Cheuk-ting e Ted Hui, bem como a de mais 14 pessoas, numa operação relacionada com as manifestações pró-democracia de julho de 2019. Os dois deputados da oposição no Conselho Legislativo (LegCo) são conhecidos pelas críticas às autoridades chinesas e de Hong Kong, tendo Hui sido expulso do parlamento durante a discussão da polémica lei que criminalizou insultos ao hino chinês, no final de maio. Numa publicação na página de Lam na rede social Facebook indica-se que foi detido por suspeitas de “ter participado num motim em 21 de julho” de 2019, sendo ainda acusado de obstrução à Justiça, de “causar distúrbios” e de participar na “destruição de propriedade pública”. Nesse dia, o representante eleito e dezenas de manifestantes foram brutalmente atacados na cidade de Yuen Long por apoiantes do Governo, alguns dos quais suspeitos de pertencerem às tríades. A polícia demorou a chegar e alguns agentes foram filmados a deixar partir os atacantes armados, um incidente que contribuiu para a desconfiança da população em relação às forças da ordem, durante os maiores protestos desde a transferência do território para a China, em 1997. Para além dos dois deputados, pelo menos mais 14 pessoas foram igualmente detidas hoje, associadas aos protestos de 2019, segundo a estação de televisão local TVB e o jornal em língua inglesa South China Morning Post. As detenções ocorrem duas semanas após o magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai e a activista Agnes Chow terem sido detidos, ao abrigo da polémica nova lei de segurança nacional imposta ao território por Pequim. Os detidos nessa altura, nove pessoas no total, foram mais tarde libertados sob caução. A lei de segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos da cidade. O documento entrou em vigor em 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping aposta no consumo interno face a “mudanças turbulentas” no ambiente externo [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, alertou que a China vai enfrentar um período de “mudanças turbulentas”, marcado por “maiores riscos externos”, pelo que vai apostar no fomento do consumo interno para sustentar o seu crescimento económico. Xi, que participou na segunda-feira à noite num simpósio sobre o plano económico quinquenal a ser lançado pelo Partido Comunista Chinês (PCC) no próximo ano, disse que “a China deve estar preparada para o desafio”, face aos “ventos cada vez mais contrários no ambiente externo”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. O Presidente chinês frisou que “é preciso estabelecer um novo padrão de desenvolvimento”, que tenha o mercado interno “como base” e que permita que os mercados interno e externo se “reforcem”. “O mercado interno vai dominar o ciclo económico nacional no futuro”, disse, citado pela Xinhua. Xi Jinping afirmou crer que a pandemia da covid-19 está a acelerar as mudanças “inéditas num século” e que a China deve “aproveitar as oportunidades” que surgirem. A China vai assim tentar crescer através da inovação científica e tecnológica “independente” e investir no “desenvolvimento de tecnologias essenciais o mais rápido possível”. Sobre a diplomacia, o chefe de Estado chinês indicou que a China “fará com que o seu estatuto continue a elevar-se na economia mundial”. O país asiático enfrenta uma prolongada guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, à medida que a administração de Donald Trump procura reduzir a interdependência entre as duas maiores economias do mundo e conter a ascensão do país asiático. A União Europeia afirmou também recentemente que a China não fez os avanços esperados desde a última cimeira, em 2019, para reduzir as barreiras no acesso ao seu mercado, o que afecta a Europa, o maior investidor estrangeiro e parceiro comercial do país asiático. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaEquipas de resgate encontram criança com vida nos escombros de edifício que ruiu na Índia [dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate retiraram esta terça-feira uma criança de 4 anos viva dos escombros do edifício que desabou na segunda-feira em Mahad, oeste da Índia, incidente que provocou a morte a pelo menos 13 pessoas. De acordo com um vídeo consultado pela agência France-Presse (AFP), a multidão presente no local aplaudiu quando o menino foi retirado dos escombros e transportado para uma maca. O edifício com 47 apartamentos que desabou na segunda-feira, provocou a morte a pelo menos 13 pessoas, explicitou o porta-voz da Força Nacional de Resposta e Desastres, Sachidanand Gawde. Pelo menos 60 pessoas poderão estar soterradas nos escombros deste prédio. “Ninguém sabe exactamente quantas [pessoas] estão presas dentro” do prédio, disse à AFP um funcionário da polícia de Mahad, sob a condição de anonimato. As autoridades temiam inicialmente que houvesse cerca de 200 pessoas soterradas, mas um balanço posterior reviu os números para cerca de 60. Vários residentes encontravam-se longe das habitações no momento do colapso do edifício.
Hoje Macau China / ÁsiaOperadora de restaurantes Burger King na China multada devido a ingredientes fora do prazo [dropcap]A[/dropcap] operadora de seis restaurantes da cadeia Burger King no sul da China, que usou ingredientes fora de prazo, foi multada em mais de 400.000 dólares americanos, anunciou ontem um regulador chinês. Um dos restaurantes na cidade de Nanchang, a capital da província de Jiangxi, foi criticado, em 16 de julho passado, num programa difundido pela televisão estatal chinesa e dedicado à proteção do consumidor. O Burger King pediu desculpa na altura e prometeu cooperar com a investigação. Os restaurantes são operados por uma empresa local, que foi multada em 916.504 yuans, anunciou o Gabinete de Supervisão do Mercado de Nanchang. A agência também confiscou “receitas ilegais”, elevando o total para 2,8 milhões de yuan. A segurança alimentar é um tema sensível na China, que nos últimos anos foi abalada por escândalos envolvendo leite contaminado, medicamentos e outros produtos falsos ou de má qualidade que resultaram na morte ou intoxicaram consumidores.
Hoje Macau China / ÁsiaFacebook contesta encerramento de grupo pró-democracia na Tailândia [dropcap]O[/dropcap] Facebook vai contestar uma ordem do governo tailandês que o obrigou a encerrar um grupo muito popular dedicado ao movimento pró-democracia em curso no reino, declarou ontem a empresa norte-americana. Uma crescente onda de manifestações alastrou-se no país do sudeste asiático desde Julho, contra o governo considerado ilegítimo, mas também contra a monarquia, assunto que até então era tabu. O grupo “Royalist Marketplace”, criado em Abril, tinha mais de um milhão de membros quando o acesso foi bloqueado pelo Facebook na segunda-feira. A rede social foi “forçada” a tomar essa decisão por ordem do governo tailandês, afirmou um porta-voz do Facebook à agência francesa France-Presse. “[Pedidos como este] violam o direito internacional. Estamos a trabalhar para proteger e defender os direitos de todos os utilizadores da Internet e estamos a preparar-nos para contestar legalmente esse pedido”, acrescentou. Pavin Chachavalpongpun, um activista tailandês exilado no Japão e moderador nesse grupo, disse à AFP que o mesmo permitiu “discussões reais” sobre a monarquia, o seu papel e caminhos para a reforma. De acordo com Pavin, o encerramento do grupo mostra que o Facebook está a trabalhar para “promover o autoritarismo” na Tailândia e “aprovar as tácticas do Governo sobre censura de informações”. É “um obstáculo ao processo de democratização na Tailândia, bem como à liberdade de expressão”, acrescentou. Sem precedentes Ontem de manhã, o advogado Anon Numpa, uma das principais figuras do movimento, foi preso pela terceira vez em poucas semanas. Desde o início dos protestos, 11 activistas foram detidos por uma dúzia de motivos, incluindo sedição e violação da lei de emergência sanitária. A monarquia é um assunto extremamente delicado na Tailândia, onde o rei e a sua família são protegidos por uma lei de difamação muito severa que pune com até 15 anos de prisão qualquer crítica. Com uma fortuna estimada em 60 mil milhões de dólares, o monarca Maha Vajiralongkorn, conhecido como Rama X, trouxe mudanças sem precedentes na governação do país desde a sua ascensão ao trono, assumindo o controlo directo dos bens reais e colocando unidades do exército directamente sob o seu comando. Manifestantes tailandeses, inspirados nos jovens de Hong Kong, atacam também o primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, um antigo chefe do exército que liderou um golpe de Estado em 2014 e permanece no poder após as eleições contestadas de 2019. Os manifestantes exigem a sua renúncia, a dissolução do Parlamento e a reescrita da Constituição de 2017, que dá poderes muito amplos aos 250 senadores, todos eleitos pelo exército. A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso por parte do governo tailandês de “leis que violam os direitos” e a liberdade de expressão. “O Facebook deve lutar contra as exigências do governo em todas as instâncias possíveis para proteger os direitos humanos do povo tailandês”, afirmou John Sifton, director da HRW para a Ásia. Um pequeno protesto pró-monarquia ocorreu ontem em frente à embaixada japonesa em Banguecoque, para pedir a Tóquio que reenviasse Pavin para a Tailândia para ser julgado sob a lei de difamação real.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong alivia medidas de distanciamento social após redução de casos [dropcap]H[/dropcap]ong Kong anunciou hoje que irá aliviar algumas medidas de distanciamento social no final desta semana, permitindo que os cabeleireiros e cinemas reabram, na sequência da diminuição das infeções diárias por covid-19 na cidade. Os restaurantes, até agora proibidos de fornecer serviços de jantar após as 18:00, terão permissão para atender clientes até as 21:00, já a partir de sexta-feira. Negócios como cinemas, cabeleireiros e alguns locais de desporto ao ar livre poderão reabrir, e os residentes não serão obrigados a usar máscaras ao se exercitarem ao ar livre ou em parques rurais. “Sob o novo normal, não é possível esperarmos até que não haja mais casos locais para relaxar as medidas de distanciamento social”, disse Sophia Chan, ministra da saúde de Hong Kong, citada pela agência de notícias Associated Press. Hong Kong registou um aumento nas infecções por covid-19 em Julho, levando o governo a implementar medidas de distanciamento social mais rigorosas, que incluíam, por exemplo, limitar as reuniões públicas a duas pessoas. Desde então, as infecções diminuíram gradualmente, com a cidade, localizada no sul da China, a registar apenas nove infecções na segunda-feira, a primeira vez em mais de um mês que os casos caíram para um dígito. Hong Kong, que já registou 4.692 infecções, com 77 mortes, implementará testes comunitários voluntários e universais durante duas semanas a partir do início de setembro para detetar pacientes assintomáticos. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Coreia do Sul retoma ensino à distância para conter novos casos [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul ordenou hoje que todas as escolas em Seul e na sua região retomem o ensino à distância para conter a nova onda de casos de covid-19, segundo o Ministério da Educação. O Governo sul-coreano obteve bons resultados na luta contra a covid-19 devido a uma ampla estratégia de triagem e rastreamento de contactos de pessoas infectadas, mas nas últimas semanas o país tem vindo a registar novos casos após o aparecimento de surtos, a maioria deles ligados a igrejas protestantes. A Coreia do Sul registou hoje 280 novos casos de covid-19, elevando o número desde o início da epidemia para 17.945 pessoas infectadas. Este é o 12.º dia consecutivo com um número de contaminações superior a 100, após várias semanas durante as quais os números oscilaram entre 30 e 40. A maioria dos novos casos estão localizados na área da grande Seul, onde vive metade da população do país. As autoridades anunciaram hoje que as aulas nas escolas em Seul e Incheon, bem como na província de Gyeonggi, perto da capital, serão dadas novamente online a partir de quarta-feira e até 11 de Setembro. De acordo com o ministro da Educação, Yoo Eun-hae, foram registados casos de infecção em alunos e funcionários: “Quase 200 pessoas nas últimas duas semanas”, disse o ministro da Educação. Os únicos alunos autorizados a continuar a ter aulas presenciais são os do ensino secundário, que deverão fazer exames no início de Dezembro. O Exército também intensificou as suas medidas, tornando obrigatório o uso de máscaras pelos soldados em público, dentro e fora de casa. Na semana passada, medidas restritivas foram reforçadas em Seul e na sua região. Discotecas, museus, bares de karaoke estão fechados e estão proibidas grandes reuniões e cerimónias religiosas. Os jogos desportivos voltam a ser disputados à porta fechada. As autoridades já ameaçaram que as regras podem vir a ser reforçadas, incluindo o encerramento de empresas, se o número de novos casos continuar a aumentar rapidamente. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaChina regista 14 casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior [dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou nas últimas 24 horas 14 casos da covid-19, todos oriundos do exterior, informaram as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos importados foram diagnosticados na cidade de Xangai e Tianjin e nas províncias de Sichuan, Guangdong, Shaanxi, Hebei e Liaoning. As autoridades de saúde informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 36 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 386, incluindo dez em estado considerado grave. Desde o início da pandemia, a China registou 84.981 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 812.268 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 12.370 permanecem sob observação. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Hoje Macau China / ÁsiaSobe para 15 o número de mortos e 75 feridos em duplo atentado nas Filipinas [dropcap]P[/dropcap]elo menos 15 pessoas morreram e outras 75 ficaram feridas esta segunda-feira num atentado duplo na Ilha Jolo, reduto da organização ‘jihadista’ Abu Sayyaf, no sul das Filipinas. Sete soldados, um polícia e seis civis, além da presumível bombista suicida – ainda por identificar – perderam a vida em duas explosões na mesma rua da cidade de Jolo, declarou o tenente-general Corleto Vinluan, à agência francesa France-Presse. Quarenta e oito civis, 21 soldados e seis polícias também ficaram feridos. A primeira explosão ocorreu perto de um supermercado quando uma bomba caseira presa a uma moto foi detonada, segundo a mesma fonte. Um soldado viu uma pessoa a estacionar o veículo junto a essa mercearia “onde havia muita gente”, particularmente militares, sublinhou por sua vez o tenente-coronel Ronaldo Mateo. O dispositivo explodiu quase imediatamente. Enquanto a polícia tentava evacuar a zona, uma mulher fez-se explodir na mesma rua da primeira explosão. Uma terceira bomba, que não chegou a explodir, foi encontrada num mercado da cidade de Jolo, que foi imediatamente isolada pelos militares e pela polícia. Os atentados ainda não foram reivindicados, mas o exército responsabilizou um comandante do Abu Sayyaf, Mundi Sawadjaan. Estes ataques ocorreram poucas semanas depois da prisão de um dos líderes da organização, Abduljihad Susukan, na ilha de Mindanao. Desde então, as forças de segurança temiam ataques do Abu Sayyaf em retaliação. Susakan é acusado de 23 homicídios, cinco sequestros e seis tentativas de assassínio. O porta-voz do Presidente filipino Rodrigo Duterte, Harry Roque, condenou os atos que classificou de “ataques vis”. “Pedimos aos moradores de Jolo que fiquem atentos e avisem as forças de segurança caso avistem pessoas com comportamento suspeito ou objetos abandonados na área”, disse. Os muçulmanos pegaram em armas na década de 1970 para exigir a autonomia ou independência do sul do arquipélago predominantemente muçulmano e a insurreição já provocou a morte de 150.000 pessoas. O principal grupo rebelde, a Frente de Libertação Moro Islâmica, assinou um acordo de paz em 2014 com o Governo para conceder autonomia à minoria muçulmana em partes do Mindanao e nas ilhas do extremo sudoeste. O processo de paz, que começou na década de 1990, não inclui todas as organizações islâmicas – incluindo as que juraram fidelidade ao grupo extremista Estado Islâmico. A ilha de Jolo, de maioria muçulmana, é o bastião do grupo islamita Abu Sayyaf, considerado uma organização terrorista por Washington. O grupo dividiu-se em diversas facções, algumas das quais juraram lealdade ao Estado Islâmico.
Hoje Macau China / ÁsiaCidadão de Hong Kong regressado de Espanha é primeiro caso oficial de re-infecção mundial [dropcap]U[/dropcap]m homem de 33 anos natural de Hong Kong será o primeiro caso oficial de re-infecção pelo novo coronavírus no mundo, segundo investigadores da Universidade de Hong Kong, citados ontem pelos ‘media’ desta região administrativa especial chinesa. O doente em questão teve alta após ter sido declarado curado da doença covid-19 em Abril passado, mas no início deste mês o homem voltou a testar novamente positivo depois de ter regressado de uma viagem a Espanha, relatou a televisão pública local RTHK. Inicialmente foi equacionado que este homem poderia ser um “portador persistente” do SARS-CoV-2, o novo coronavírus responsável pela doença covid-19, e como tal mantinha o agente infeccioso no seu organismo desde a altura em que foi infetado, segundo indicaram as autoridades sanitárias de Hong Kong. No entanto, os investigadores da Universidade de Hong Kong afirmam agora que as sequências genéticas das estirpes do vírus contraídas pelo homem em abril e em agosto são “claramente diferentes”. Esta descoberta poderá representar um revés para quem defende uma estratégia contra a atual pandemia sustentada na aquisição de uma presumível imunidade após a doença ser superada. “Muitos acreditam que os doentes de covid-19 recuperados têm imunidade contra as re-infecções porque a maioria desenvolveu uma resposta sustentada em anticorpos neutralizantes em soro”, observou o estudo da Universidade de Hong Kong. Os investigadores recordaram, no entanto, que “existem evidências de que alguns doentes apresentam níveis decrescentes de anticorpos passados poucos meses”. Este estudo foi aceite pela revista médica “Clinical Infectious Diseases”, publicada pela universidade britânica de Oxford. De acordo com os investigadores da Universidade de Hong Kong, “o SARS-CoV-2 poderá persistir entre a população mundial, como é o caso de outros coronavírus humanos comuns associados a gripes e constipações, apesar de os doentes terem conseguido adquirir imunidade através de uma infecção natural”. Como tal, os peritos recomendam que os doentes recuperados continuem a usar máscaras de protecção individual e a respeitarem as regras de distanciamento físico. Da mesma forma, os especialistas frisam, e perante a potencial ausência de uma imunidade natural de longa duração, que os doentes recuperados também devem ser abrangidos por uma futura e eficaz vacina contra a covid-19. “Como a imunidade pode durar pouco (…), também deve ser considerada a vacinação para aqueles que tiveram um episódio de infeção”, indicaram os especialistas. Em meados de Julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou esperança de que os doentes de covid-19 recuperados pudessem manter um certo grau de imunidade durante vários meses. A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em todo o mundo, desde Dezembro, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
João Luz China / ÁsiaChina | Campanha contra desperdício alimentar chega às redes sociais Vídeos de pessoas a ingerir enormes quantidades de comida são o alvo mais recente da campanha chinesa de luta contra o desperdício alimentar. A política lançada por Xi Jinping deu azo a especulação quanto à capacidade para alimentar os 1,4 biliões de cidadãos, numa altura em que o país enfrenta desafios em múltiplas frentes como inundações, pandemia, pragas e tensões comerciais [dropcap]O[/dropcap] que tem de apelativo ver alguém comer grandes quantidades de comida? A resposta pode cobrir um amplo leque de motivações psicológicas, mas não chega para explicar a popularidade imensa de alguns vloggers que ganham a vida a enfardar descomunais pratadas de comida. Nascida há 35 anos em Fukuoka, Yuka Kinoshita é uma das youtubers mais populares do género, com quase 5,5 milhões de subscritores e mais de 2 biliões de visualizações. Apesar da figura elegante, os vídeos da japonesa documentam refeições que dão para alimentar uma família numerosa com muita fome, por vezes chegando às 23 mil calorias ingeridas. Por exemplo, no início do ano, mais de 1,5 milhões de pessoas viram Yuka mandar abaixo 200 peças de sushi, e quase 2 milhões assistiram à hercúlea tarefa de comer quatro quilos de salmão e um quilo de sopa miso. Este fenómeno, que ganhou imensa popularidade nos últimos 10 anos, em particular na Ásia, dá pelo nome de mukbang, expressão nascida do coreano da conjugação das duas palavras “comer” e “transmitir”. Além das críticas que apontam estes programas como a derradeira glorificação da bulimia, o mukbang ganhou recentemente um poderoso inimigo: o Governo chinês. Tudo começou quando o Presidente chinês, Xi Jinping, declarou guerra ao desperdício alimentar. Estava dado o mote para o lançamento da campanha “prato limpo”, com o Presidente a detalhar que a pandemia de covid-19 “fez soar o alarme” para o desperdício de alimentos, acrescentando que a China deve manter atenta em relação a uma potencial crise de segurança alimentar. Dieta na net Das palavras à acção, vários meios de comunicação oficiais materializaram a condenação social dos autores deste tipo de conteúdo audiovisual. A CCTV transmitiu várias reportagens críticas sobre o mukbang e os seus protagonistas, e as próprias redes sociais chinesas entraram no jogo adicionando avisos para os internautas que procuram termos como “programa de comida” ou “comer em directo”. A adaptação não se fez esperar, com vloggers e produtores de conteúdos a emitir avisos no Douyin, a versão chinesa do TikTok, para “aproveitar a comida”, “comer de forma apropriada” ou “estima a comida, recusa o desperdício, come com responsabilidade e leva uma vida saudável”. As mensagens parecem anunciar o fim do festim deste tipo de canais na China, ou pelo menos nas redes sociais chinesas, uma vez que não surgem em aplicações fora do Continente, como a TikTok. Em declarações à BBC, a analista de media chineses Kerry Allen explica que “há algum tempo que as redes sociais chinesas mostram nervosismo face à possibilidade de terem conteúdos que possam ser considerados como maus ou imorais pelo Estado”. Porém, a analista refere que os receios não são unilaterais, e que também o Governo encara com algum cuidado as novas liberdades que advêm da hipótese de transmitir vídeo em directo, algo que as novas aplicações tornaram extremamente popular. Assim sendo, foi com naturalidade que surgiram regras rígidas de transmissão e publicação de vídeos, em particular vídeos na via pública, ou que aparentem ter conteúdo “sedutor”. Aliás, foi a partir da fixação de parâmetros rígidos quanto ao conteúdo que começaram a surgir vídeos de pessoas a cantar ou a comer. Resposta popular Seguindo a máxima de quanto mais alto maior a queda, após a condenação pública os próprios espectadores começaram a reagir negativamente aos conteúdos, em particular às estrelas chinesas conhecidas como “reis do estômago grande”, que levam o conceito de refeição para o campo da proeza circense. Estes vídeos começaram a ser censurados com edições que impossibilitam o espectador de ver o que se passa. A BBC relata que muitos destes vídeos foram a retirados pelos próprios autores, depois do ataque de internautas que aproveitaram a oportunidade para divulgar a identidade dos vloggers e envergonhá-los como desperdiçadores. Porém, a condenação dos excessos não se fica pela internet. O The New York Times (NYT) relata outros exemplos de medidas que procuram combater o desperdício alimentar, como uma escola que fez depender a inscrição dos alunos com base no nível de comida desperdiçada na cantina, ou um restaurante colocou uma balança à entrada para tentar impedir algo contraproducente ao negócio: que o cliente não peça demasiada comida. A disciplina gastronómica faz parte da imagem que o Partido Comunista da China tem cultivado do seu líder, Xi Jinping, um homem que luta oficialmente contra o excesso e a gula. “Cultivem hábitos de consumo frugais e promovam um ambiente social em que o desperdício é uma prática vergonhosa e a frugalidade é aplaudida”, referiu o Presidente chinês num artigo publicado no Diário do Povo. Política e ecos O artigo salienta que, “além da ser uma necessidade básica da população, a cultura gastronómica sempre foi muito importante para os chineses”. “Porém, à luz do forte desenvolvimento da indústria alimentar de hoje, o desperdício alimentar tornou-se proeminente”. O jornal oficial descreve ainda que durante 2018, em média por cada refeição 93 gramas de alimento foram parar ao caixote do lixo, o que representou uma taxa de desperdício de 11,7 por cento. De acordo com um estudo da Academia Chinesa de Ciências e do Fundo Mundial da Vida Selvagem, citado pelo Diário do Povo, entre 2013 e 2015, os consumidores chineses desperdiçaram cerca de 18 milhões de toneladas de comida, o suficiente para alimentar, durante um ano, entre 30 a 50 milhões de pessoas. É aqui que a política de Xi Jinping enfrenta um obstáculo cultural que ocupa o centro da mesa de qualquer jantar na China. A própria tradição dita que se peça comida em excesso e que o desperdício seja interpretado como demonstração de generosidade em relação a familiares, clientes, parceiros de negócios e convidados especiais. A mensagem de combate ao desperdício tem sido transmitida de forma mais alargada, apontando no sentido da procura da autossuficiência alimentar principalmente face às disrupções comerciais resultantes do caos geopolítico e das tensões diplomáticas com os Estados Unidos, além das dificuldades trazidas pelas cheias e a pandemia, que podem mexer nas reservas de alimentos. Tempos complicados No mês de Julho, o preço dos alimentos na China subiu 13 por cento, em comparação com o período homólogo do ano passado, de acordo com as estatísticas oficiais. O preço da carne de porco, produto essencial, aumentou cerca de 85 por cento no mesmo período em análise, em parte devido ao efeito devastador que as cheias estão a ter nas rotas de abastecimento. Segundo um relatório divulgado no Diário da Juventude Chinesa (China Youth Daily em inglês), agricultores da província central de Henan, região estratégica no que diz respeito à produção de cereais, admitiram armazenarem grande parte das colheitas deste ano na esperança que os preços aumentem. É neste contexto que o curioso fenómeno de internet mukbang tem recuado, quase em vergonha, na China. A imagem de uma jovem a sorver quatro quilos de noodles é completamente oposta a esta citação sobre a campanha “prato limpo”, publicada no Diário do Povo: “No prato do jantar, todos os grãos são o resultado do trabalho árduo de alguém”. Daí que se tenha tornado normal nos últimos dias expressões de arrependimentos dos “reis do estômago grande” chineses. O NYT cita uma autora chinesa que mudou o seu nome de “Big Stomach Mini”, ou mini estômago grande, para o mais austero cognome “Dimple Mini”, ou covinhas mini, numa retração. A popular vlogger, que chegou a publicar um vídeo em que comeu um carneiro assado inteiro, postou um vídeo a apelar aos fãs que saboreassem todas as dentadas e que levassem para casa as sobras. O vídeo atraiu mensagens positivas de mais de 11 milhões de fãs. A vlogger acrescentou que “não há problema nenhum em apreciar delícias culinárias” e apelou aos fãs para não desperdiçarem ou incorrerem em comportamentos extravagantes.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China autorizou uso de potencial vacina desde Julho em funcionários hospitalares [dropcap]A[/dropcap] China autorizou o uso de potenciais vacinas para a covid-19 em funcionários hospitalares, para “casos de emergência”, desde 22 de Julho passado, revelou hoje um alto responsável da Comissão de Saúde do país. Em entrevista à televisão estatal CCTV, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão de Saúde, Zheng Zhongwei, revelou que pessoal médico e funcionários das alfândegas foram vacinados. “Estes grupos foram escolhidos porque têm maior exposição ao novo coronavírus. A maioria dos casos que a China agora regista são importados, então as autoridades fronteiriças são um grupo de alto risco também”, justiçou. Zheng não detalhou quantas pessoas receberam injecções ou qual a vacina que foi administrada, entre aquelas que o país está a desenvolver. O mesmo responsável acrescentou que o programa de vacinação vai expandir-se para pessoas que trabalham nas indústrias dos transporte e serviços ou nos mercados de rua, para “criar uma barreira de imunidade”. Zheng indicou que “as vacinas chinesas serão acessíveis ao público”, assim que estiverem prontas e que o preço poderá ser “ainda mais baixo” do que o anunciado, na semana passada, por Liu Jingzhen, o presidente da estatal China National Biotec Group, que faz parte do grupo Sinopharm- Pharmaceutical. Liu disse que a vacina do grupo vai estar pronta “provavelmente em Dezembro”, a um preço inferior a 1.000 yuan, e que via começar a ser comercializada assim que for concluída a terceira fase de testes, nos Emirados Árabes Unidos. Outra das vacinas em desenvolvimento pelo país, a do Instituto Científico Militar e da biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics, também está na terceira fase de testes, no Paquistão. Segundo o jornal oficial China Daily, a China tem cinco vacinas candidatas que já passaram, pelo menos, na segunda fase de testes. O período para uma vacina estar disponível para uso em massa é, por norma, de entre 12 a 18 meses, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Pequim acelerou o processo devido à emergência de saúde pública e tem permitido que algumas das fases de teste sejam realizadas em simultâneo. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infectou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista 16 casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior [dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou, nas últimas 24 horas, 16 casos da covid-19, todos oriundos do exterior, informaram hoje as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos “importados” foram diagnosticados na cidade de Xangai e nas províncias de Fujian, Sichuan, Yunnan, Shanxi e Shandong. As autoridades de saúde informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 30 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 215, incluindo dois em estado considerado grave. Desde o início da pandemia, a China registou 84.967 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 811.824 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 13.220 permanecem sob observação. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infectou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Hoje Macau China / ÁsiaPelo menos cinco mortos e 17 feridos em ataque à bomba nas Filipinas [dropcap]P[/dropcap]elo menos cinco soldados morreram hoje e 17 outros militares e civis ficaram feridos num ataque à bomba numa cidade no sul das Filipinas, apesar da segurança reforçada motivada pelas ameaças do movimento extremista islâmico Abu Sayyaf. O porta-voz militar regional, capitão Rex Payot, e a polícia disseram que as explosões danificaram lojas e dois camiões do exército em Jolo, na província de Sulu. Uma informação inicial indicava que a primeira bomba foi colocada numa motocicleta estacionada. Uma segunda explosão foi ouvida na zona pouco depois, mas não ficou claro se causou mais vítimas ou danos no centro da cidade, que foi isolado por soldados e polícias. Dois oficiais militares disseram que cinco soldados do exército morreram na explosão inicial, mas não forneceram outros detalhes. O ataque não foi reivindicado até ao momento, mas os militantes de Abu Sayyaf foram responsabilizados pela maioria dos atentados mortais em Sulu e nas províncias remotas, onde estão presentes. Os militares estão a empreender uma ofensiva há meses contra o Abu Sayyaf, um grupo pequeno, mas violento, alinhado com o Estado Islâmico e colocado na lista negra dos Estados Unidos e das Filipinas por atentados, sequestros de resgate e decapitações.
Hoje Macau China / ÁsiaMalásia | Cientistas pretendem clonar rinoceronte de Sumatra O último rinoceronte de Sumatra que vivia na Malásia morreu no ano passado, mas cientistas malaios procuram financiamento para recuperar a população da espécie usando uma técnica de clonagem de células-tronco num projecto pioneiro [dropcap]”T[/dropcap]emos confiança na tecnologia para conseguir isso, mas precisamos de cinco milhões de ringgit (um milhão de euros). Estamos a procurar patrocinadores”, disse à agência de notícias EFE Muhammad Lokman, investigador da Universidade Islâmica Internacional da Malásia. Após o seu desaparecimento na Malásia, apenas cerca de 80 rinocerontes de Sumatra (“Dicerorhinus sumatrensis”) permanecem na Indonésia e estão “perigo crítico” de extinção. Lokman afirmou que já receberam cerca de um milhão de ringgit (cerca de 200 mil euros) do Governo da Malásia e preservaram tecidos vivos de diferentes órgãos como rins, fígado, pele ou coração dos últimos três espécimes de rinoceronte que morreram no país. Uma equipa liderada por Lokman está a trabalhar para obter óvulos de um rinoceronte africano no zoológico de Kuala Lumpur com a intenção de fertilizá-los com células somáticas dos espécimes extintos. “Extraímos o núcleo dos óvulos e inserimos as células somáticas (dos rinocerontes extintos) para que no óvulo se desenvolva num embrião que possamos transferir para o útero de um animal substituto, que pode ser outra espécie de rinoceronte ou outro mamífero como um cavalo”, explicou Lokman. O objectivo é clonar pelo menos cinco ou seis exemplares para garantir a reabilitação da espécie na Malásia. Dias contados Esta técnica foi usada para clonar a ovelha Dolly, em 1997, mas é a primeira vez que foi aplicada para reviver espécimes extintos num determinado local. O projecto de clonagem começou depois de Imam, o último rinoceronte de Sumatra na Malásia, ter morrido de cancro aos 25 anos em Novembro do ano passado. A morte de Imam, uma fêmea, na província malaia de Sabah, na ilha de Bornéu, chocou muitos malaios e a comunidade de cientistas e conservacionistas, depois de o último macho da espécie ter falecido seis meses antes. Os últimos 80 exemplares desta espécie, a menor entre os rinocerontes, medindo até 1,3 metros de altura na cernelha, eram encontrados principalmente na ilha de Sumatra e, em menor extensão, na parte indonésia de Bornéu. A Indonésia também abriga o rinoceronte de Java (“Rhinoceros sonicus”), a espécie de rinoceronte e provavelmente o mamífero mais ameaçado do mundo, com apenas 70 espécimes restantes na ilha de Java. De acordo com a organização não-governamental Save the Rhino International, também existem cerca de 3.500 rinocerontes indianos na Ásia, enquanto que em África existem entre 5.300 e 5.600 rinocerontes pretos e entre 17.000 e 18.000 rinocerontes brancos. As maiores ameaças aos rinocerontes são a caça furtiva – principalmente para recolher os seus chifres, muito procurados pelos consumidores da medicina tradicional -, bem como a perda de ‘habitat’ natural.