Mar do Sul da China | Exercícios militares chineses reacendem polémicas antigas

Um exercício de larga escala ao longo da costa do Pacífico, em quatro regiões diferentes, relançou receios da tomada de territórios disputados pela força. Além disso, revelou o músculo militar chinês e a capacidade para actuar em múltiplos teatros de operações. Pequim queixa-se de que o exercício foi “espiado” por um avião norte-americano

 

[dropcap]O[/dropcap] Golfo de Bohai, uma parte do Mar Amarelo e os mares sul e este da China têm sido palco de um exercício militar de larga escala das Forças Armadas Chinesas.

Entre os muitos “brinquedos”, a China estreou o navio anfíbio de assalto Type 075, que saiu de Xangai no dia 5 de Agosto e terminou no passado fim-de-semana a sua primeira viagem. Vídeos e fotografias partilhados em portais de internet dedicados a questões militares mostram o gigantesco navio a aportar na tarde de domingo na doca naval de Hudong-Zhonghua, a “casa” da maior construtora naval de defesa do estado chinês, a China State Shipbuilding Corp.

De regresso à base, depois do primeiro teste de mar, o Type 075 trazia a chaminé chamuscada por fumo, um detalhe na boa nova para o Exército de Libertação Popular que terá assim um novo trunfo pronto para ser usado.

Citado pelo China Daily, o analista militar Wu Peixin referiu que o facto de o baptismo do navio de guerra ter demorado 18 dias, antes de regressar ao porto de partida, deve significar que teve um bom desempenho nos muitos testes que terá realizado ao longo da jornada inaugural. Caso contrário, o exercício teria acabado muito mais cedo.

O Type 075 foi apenas uma das estrelas do exercício que continua, por exemplo, ao largo de Hainan até sábado. Importa referir que a ilha de Hainan, que fica cerca de 400 quilómetros de Macau, é local de “estacionamento” de um dos porta-aviões chineses.

Ao mesmo tempo que se desenrolavam os treinos militares ao largo da ilha, as autoridades da província de Guangdong montavam um cordão de segurança para controlar o tráfico marítimo.

Também no Mar Amarelo, ao largo de Lianyungang, uma área de mar ficou com acesso restrito durante os exercícios navais com fogo real. De acordo com o South China Morning Post, até 30 de Setembro estão previstos exercícios militares com fogo real no Golfo de Bohai.

Sinais de alerta

O conjunto de exercícios militares têm sido vistos por analistas internacionais e governos como um sinal forte de prontidão operacional para um confronto de larga escala com o Estados Unidos e Taiwan. Mesmo sem intenção de iniciar uma guerra, a altura escolhida, durante as convenções partidárias na corrida presidencial norte-americana, pode ser encarada como uma forma de demonstrar capacidade de mobilização de vários tipos de forças para múltiplos locais em simultâneo.

Importa referir também que estes exercícios acontecem apenas um mês depois de uma outra demonstração bélica de larga escala, incluindo manobras perto de Taiwan, na altura em que a região foi visitada pelo representante da saúde da Administração Trump, Alex Azar.

Além disso, em Julho, as forças armadas chinesas já haviam realizado exercícios, em particular de defesa aérea, nas mesmas regiões, mas separadamente, depois de manobras de dois porta-aviões norte-americanos no Mar do Sul da China.

Outra leitura, que vai para lá da reacção política com demonstrações de força, é a localização dos exercícios. Se a proximidade do Golfo de Bohai a Pequim indica uma postura militar meramente defensiva, os restantes teatros de operações podem ter diferentes leituras.

Nesse sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Delfin Lorenzana, declarou no domingo que os direitos históricos que a China alega na disputa do Recife de Scarborough não existem e que a China ocupa ilegalmente o disputado território, ao largo da maior ilha filipina Luzon. Lorenzana condenou particularmente a actuação da guarda costeira chinesa e de frotas piscatórias como actos de “confiscação ilegal”.

Resposta de Hanói

Também o Governo do Vietname condenou a presença de forças militares, em particular de bombardeiros, a sobrevoar as ilhas Paracel, um arquipélago praticamente equidistante entre os territórios chinês e vietnamita, com cerca de 130 pequenas ilhas de coral.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname comentou os exercícios chineses como actos que “comprometem a paz”. “O facto de terem sido enviados bombardeiros não só viola a soberania do Vietname como coloca em perigo a situação na região”, referiu o porta-voz do ministério, citado pela agência Reuters.

Espião espia espião

Ontem, de acordo com a agência Xinhua, Pequim acusou os Estados Unidos de enviarem um avião espião U-2 que terá “trespassado” uma zona proibida, para observar os exercícios conduzidos pelo Exército de Libertação Popular. O aparelho de reconhecimento a elevada altitude terá entrado no espaço aéreo chinês no teatro de operações do norte, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian. “A violação do espaço aéreo não só afectou severamente os normais exercícios e as actividades de treino, como também violou as regras de comportamento para a segurança aérea e marítima entre a China e os Estados Unidos e as práticas internacionais”, declarou Wu.

O porta-voz prossegui referindo que “a actuação norte-americana poderia facilmente ter resultado em maus julgamentos e mesmo acidentes”. Em comunicado enviado à CNN, a Força Aérea norte-americana do Pacífico confirmou o voo do U-2, mas negou ter violado qualquer regra.

“Um aparelho U-2 conduziu operações na área do Indo-Pacífico dentro leis internacionais aceites e de acordo com os regulamentos de voo. O pessoal das Forças Aéreas de Pacífico vai continuar a voar e a operar onde as leis internacionais permitirem, quando melhor achar”, lê-se no comunicado.

O U-2 é dos aviões mais antigos do inventário das Forças Armadas norte-americanas. O primeiro modelo foi desenvolvido nos anos 1950, durante a Guerra Fria, para espiar a expansão militar soviética, algo que os críticos da política internacional de Washington, inclusive Pequim, acusam estar de volta. Os modelos antigos conseguiam voar a altitudes fora do alcance das baterias antiaéreas.

Corrida às armas

Para gáudio das multinacionais de defesa, também do outro lado do espectro geopolítico se investem biliões em armamento.

Além da injecção financeira, categorizada na campanha eleitoral de Donald Trump como a reconstrução do exército, esta semana o Wall Street Journal publicou um editorial escrito por Mark Esper, secretário da Defesa. O governante referiu que em resposta à aposta militar de Pequim, os Estados Unidos estão a acelerar a Estratégia de Defesa Nacional.

Com o objectivo de modernizar e adaptar as forças armadas norte-americanas, a competição bélica da China é o pano de fundo para o vigoroso investimento militar.

“Para a liderança política chinesa, o poder militar é central para atingir os objectivos que pretendem. Entre estes objectivos mais proeminentes, destaca-se a remodelação da ordem internacional de formas que colocam em perigo regras globalmente aceites e que normalizam o autoritarismo. Este reordenamento oferece condições ao Partido Comunista Chinês para poder exercer coerção sobre outros países e infringir as suas soberanias”, escreveu o secretário da Defesa.

Na sequência deste jogo de pingue-pongue diplomático, o governante revelou que se prepara para visitar o Pacífico com reuniões marcadas com os líderes da região, parando no Havai, Palau e Guam.

A visita deverá ter na agenda a preparação da RIMPAC, o mega exercício militar naval, que acontece de dois em dois anos sob a batuta do Pentágono. O exercício deveria estar a realizar-se neste momento, mas foi sofrendo sucessivos atrasos devido à pandemia da covid-19.

27 Ago 2020

Trabalhos de resgate terminam em prédio desabado na Índia com 16 mortos

[dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate concluíram hoje os trabalhos de procura de sobreviventes entre os escombros do edifício que desabou na segunda-feira no oeste da Índia, causando 16 mortes e nove feridos.

“A operação de busca e resgate, que começou imediatamente depois do acidente” na tarde de segunda-feira na localidade de Mahad, no Estado de Maharashtra, foi hoje concluída, segundo o porta-voz da administração do distrito de Raigad, Manoj Shivaji Sanap, em declarações à agência espanhola Efe.

Esta manhã foi recuperado o último corpo dos escombros, de uma mulher de 63 anos, elevando o total de vítimas para 16 mortos e nove feridos, dos quais cinco já tiveram alta hospitalar, explicou o porta-voz.

Para trás ficaram os momentos de euforia como o que aconteceu na terça-feira, quando as equipas de resgate encontraram um menino de quatro anos vivo depois de passar 19 horas sob os escombros.

As causas do incidente estão ainda por apurar, embora o desmoronamento de edifícios seja comum na Índia durante a época das monções (de junho a setembro). As chuvas torrenciais afetam as fundações dos edifícios, deixando-os fragilizados.

O imóvel demorou dez anos a ser construído em fundações “instáveis”, declarou à cadeia de televisão TV9 Marathi, um antigo deputado de Mahad, Manik Motiram Jagtap. “[O edifício] desmoronou-se como um baralho de cartas. Foi assustador”, sublinhou.

As monções desempenham um papel central no sul da Ásia, nomeadamente na agricultura, mas provocam também numerosas mortes e semeiam a destruição em grande escala, entre inundações e desmoronamentos de edifícios. Desde o início do ano, as monções provocaram a morte a cerca de 1.200 pessoas, mais de 800 delas só na Índia.

26 Ago 2020

Hong Kong | Dois deputados pró-democracia detidos por participarem nos protestos de 2019

[dropcap]D[/dropcap]ois deputados pró-democracia de Hong Kong foram hoje detidos, acusados de participarem em protestos anti-governamentais no verão passado, numa operação em que foram detidas mais 14 pessoas, segundo a imprensa local.

Fonte policial ouvida pela agência de notícias France-Presse (AFP) confirmou a detenção dos deputados Lam Cheuk-ting e Ted Hui, bem como a de mais 14 pessoas, numa operação relacionada com as manifestações pró-democracia de julho de 2019.

Os dois deputados da oposição no Conselho Legislativo (LegCo) são conhecidos pelas críticas às autoridades chinesas e de Hong Kong, tendo Hui sido expulso do parlamento durante a discussão da polémica lei que criminalizou insultos ao hino chinês, no final de maio.

Numa publicação na página de Lam na rede social Facebook indica-se que foi detido por suspeitas de “ter participado num motim em 21 de julho” de 2019, sendo ainda acusado de obstrução à Justiça, de “causar distúrbios” e de participar na “destruição de propriedade pública”.

Nesse dia, o representante eleito e dezenas de manifestantes foram brutalmente atacados na cidade de Yuen Long por apoiantes do Governo, alguns dos quais suspeitos de pertencerem às tríades.

A polícia demorou a chegar e alguns agentes foram filmados a deixar partir os atacantes armados, um incidente que contribuiu para a desconfiança da população em relação às forças da ordem, durante os maiores protestos desde a transferência do território para a China, em 1997.

Para além dos dois deputados, pelo menos mais 14 pessoas foram igualmente detidas hoje, associadas aos protestos de 2019, segundo a estação de televisão local TVB e o jornal em língua inglesa South China Morning Post.

As detenções ocorrem duas semanas após o magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai e a activista Agnes Chow terem sido detidos, ao abrigo da polémica nova lei de segurança nacional imposta ao território por Pequim. Os detidos nessa altura, nove pessoas no total, foram mais tarde libertados sob caução.

A lei de segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos da cidade.

O documento entrou em vigor em 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

26 Ago 2020

Xi Jinping aposta no consumo interno face a “mudanças turbulentas” no ambiente externo

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, alertou que a China vai enfrentar um período de “mudanças turbulentas”, marcado por “maiores riscos externos”, pelo que vai apostar no fomento do consumo interno para sustentar o seu crescimento económico.

Xi, que participou na segunda-feira à noite num simpósio sobre o plano económico quinquenal a ser lançado pelo Partido Comunista Chinês (PCC) no próximo ano, disse que “a China deve estar preparada para o desafio”, face aos “ventos cada vez mais contrários no ambiente externo”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

O Presidente chinês frisou que “é preciso estabelecer um novo padrão de desenvolvimento”, que tenha o mercado interno “como base” e que permita que os mercados interno e externo se “reforcem”. “O mercado interno vai dominar o ciclo económico nacional no futuro”, disse, citado pela Xinhua.

Xi Jinping afirmou crer que a pandemia da covid-19 está a acelerar as mudanças “inéditas num século” e que a China deve “aproveitar as oportunidades” que surgirem.

A China vai assim tentar crescer através da inovação científica e tecnológica “independente” e investir no “desenvolvimento de tecnologias essenciais o mais rápido possível”.

Sobre a diplomacia, o chefe de Estado chinês indicou que a China “fará com que o seu estatuto continue a elevar-se na economia mundial”.

O país asiático enfrenta uma prolongada guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, à medida que a administração de Donald Trump procura reduzir a interdependência entre as duas maiores economias do mundo e conter a ascensão do país asiático.

A União Europeia afirmou também recentemente que a China não fez os avanços esperados desde a última cimeira, em 2019, para reduzir as barreiras no acesso ao seu mercado, o que afecta a Europa, o maior investidor estrangeiro e parceiro comercial do país asiático.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

26 Ago 2020

Equipas de resgate encontram criança com vida nos escombros de edifício que ruiu na Índia

[dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate retiraram esta terça-feira uma criança de 4 anos viva dos escombros do edifício que desabou na segunda-feira em Mahad, oeste da Índia, incidente que provocou a morte a pelo menos 13 pessoas.

De acordo com um vídeo consultado pela agência France-Presse (AFP), a multidão presente no local aplaudiu quando o menino foi retirado dos escombros e transportado para uma maca.

O edifício com 47 apartamentos que desabou na segunda-feira, provocou a morte a pelo menos 13 pessoas, explicitou o porta-voz da Força Nacional de Resposta e Desastres, Sachidanand Gawde. Pelo menos 60 pessoas poderão estar soterradas nos escombros deste prédio.

“Ninguém sabe exactamente quantas [pessoas] estão presas dentro” do prédio, disse à AFP um funcionário da polícia de Mahad, sob a condição de anonimato.

As autoridades temiam inicialmente que houvesse cerca de 200 pessoas soterradas, mas um balanço posterior reviu os números para cerca de 60. Vários residentes encontravam-se longe das habitações no momento do colapso do edifício.

26 Ago 2020

Operadora de restaurantes Burger King na China multada devido a ingredientes fora do prazo

[dropcap]A[/dropcap] operadora de seis restaurantes da cadeia Burger King no sul da China, que usou ingredientes fora de prazo, foi multada em mais de 400.000 dólares americanos, anunciou ontem um regulador chinês.

Um dos restaurantes na cidade de Nanchang, a capital da província de Jiangxi, foi criticado, em 16 de julho passado, num programa difundido pela televisão estatal chinesa e dedicado à proteção do consumidor. O Burger King pediu desculpa na altura e prometeu cooperar com a investigação.

Os restaurantes são operados por uma empresa local, que foi multada em 916.504 yuans, anunciou o Gabinete de Supervisão do Mercado de Nanchang. A agência também confiscou “receitas ilegais”, elevando o total para 2,8 milhões de yuan.

A segurança alimentar é um tema sensível na China, que nos últimos anos foi abalada por escândalos envolvendo leite contaminado, medicamentos e outros produtos falsos ou de má qualidade que resultaram na morte ou intoxicaram consumidores.

26 Ago 2020

Facebook contesta encerramento de grupo pró-democracia na Tailândia

[dropcap]O[/dropcap] Facebook vai contestar uma ordem do governo tailandês que o obrigou a encerrar um grupo muito popular dedicado ao movimento pró-democracia em curso no reino, declarou ontem a empresa norte-americana.

Uma crescente onda de manifestações alastrou-se no país do sudeste asiático desde Julho, contra o governo considerado ilegítimo, mas também contra a monarquia, assunto que até então era tabu.

O grupo “Royalist Marketplace”, criado em Abril, tinha mais de um milhão de membros quando o acesso foi bloqueado pelo Facebook na segunda-feira.

A rede social foi “forçada” a tomar essa decisão por ordem do governo tailandês, afirmou um porta-voz do Facebook à agência francesa France-Presse.

“[Pedidos como este] violam o direito internacional. Estamos a trabalhar para proteger e defender os direitos de todos os utilizadores da Internet e estamos a preparar-nos para contestar legalmente esse pedido”, acrescentou.

Pavin Chachavalpongpun, um activista tailandês exilado no Japão e moderador nesse grupo, disse à AFP que o mesmo permitiu “discussões reais” sobre a monarquia, o seu papel e caminhos para a reforma.

De acordo com Pavin, o encerramento do grupo mostra que o Facebook está a trabalhar para “promover o autoritarismo” na Tailândia e “aprovar as tácticas do Governo sobre censura de informações”.

É “um obstáculo ao processo de democratização na Tailândia, bem como à liberdade de expressão”, acrescentou.

Sem precedentes

Ontem de manhã, o advogado Anon Numpa, uma das principais figuras do movimento, foi preso pela terceira vez em poucas semanas.

Desde o início dos protestos, 11 activistas foram detidos por uma dúzia de motivos, incluindo sedição e violação da lei de emergência sanitária.

A monarquia é um assunto extremamente delicado na Tailândia, onde o rei e a sua família são protegidos por uma lei de difamação muito severa que pune com até 15 anos de prisão qualquer crítica.

Com uma fortuna estimada em 60 mil milhões de dólares, o monarca Maha Vajiralongkorn, conhecido como Rama X, trouxe mudanças sem precedentes na governação do país desde a sua ascensão ao trono, assumindo o controlo directo dos bens reais e colocando unidades do exército directamente sob o seu comando.

Manifestantes tailandeses, inspirados nos jovens de Hong Kong, atacam também o primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, um antigo chefe do exército que liderou um golpe de Estado em 2014 e permanece no poder após as eleições contestadas de 2019.

Os manifestantes exigem a sua renúncia, a dissolução do Parlamento e a reescrita da Constituição de 2017, que dá poderes muito amplos aos 250 senadores, todos eleitos pelo exército.

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso por parte do governo tailandês de “leis que violam os direitos” e a liberdade de expressão.

“O Facebook deve lutar contra as exigências do governo em todas as instâncias possíveis para proteger os direitos humanos do povo tailandês”, afirmou John Sifton, director da HRW para a Ásia.

Um pequeno protesto pró-monarquia ocorreu ontem em frente à embaixada japonesa em Banguecoque, para pedir a Tóquio que reenviasse Pavin para a Tailândia para ser julgado sob a lei de difamação real.

26 Ago 2020

Covid-19 | Hong Kong alivia medidas de distanciamento social após redução de casos

[dropcap]H[/dropcap]ong Kong anunciou hoje que irá aliviar algumas medidas de distanciamento social no final desta semana, permitindo que os cabeleireiros e cinemas reabram, na sequência da diminuição das infeções diárias por covid-19 na cidade.

Os restaurantes, até agora proibidos de fornecer serviços de jantar após as 18:00, terão permissão para atender clientes até as 21:00, já a partir de sexta-feira.

Negócios como cinemas, cabeleireiros e alguns locais de desporto ao ar livre poderão reabrir, e os residentes não serão obrigados a usar máscaras ao se exercitarem ao ar livre ou em parques rurais.

“Sob o novo normal, não é possível esperarmos até que não haja mais casos locais para relaxar as medidas de distanciamento social”, disse Sophia Chan, ministra da saúde de Hong Kong, citada pela agência de notícias Associated Press.

Hong Kong registou um aumento nas infecções por covid-19 em Julho, levando o governo a implementar medidas de distanciamento social mais rigorosas, que incluíam, por exemplo, limitar as reuniões públicas a duas pessoas.

Desde então, as infecções diminuíram gradualmente, com a cidade, localizada no sul da China, a registar apenas nove infecções na segunda-feira, a primeira vez em mais de um mês que os casos caíram para um dígito.

Hong Kong, que já registou 4.692 infecções, com 77 mortes, implementará testes comunitários voluntários e universais durante duas semanas a partir do início de setembro para detetar pacientes assintomáticos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

25 Ago 2020

Covid-19 | Coreia do Sul retoma ensino à distância para conter novos casos

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul ordenou hoje que todas as escolas em Seul e na sua região retomem o ensino à distância para conter a nova onda de casos de covid-19, segundo o Ministério da Educação.

O Governo sul-coreano obteve bons resultados na luta contra a covid-19 devido a uma ampla estratégia de triagem e rastreamento de contactos de pessoas infectadas, mas nas últimas semanas o país tem vindo a registar novos casos após o aparecimento de surtos, a maioria deles ligados a igrejas protestantes.

A Coreia do Sul registou hoje 280 novos casos de covid-19, elevando o número desde o início da epidemia para 17.945 pessoas infectadas. Este é o 12.º dia consecutivo com um número de contaminações superior a 100, após várias semanas durante as quais os números oscilaram entre 30 e 40. A maioria dos novos casos estão localizados na área da grande Seul, onde vive metade da população do país.

As autoridades anunciaram hoje que as aulas nas escolas em Seul e Incheon, bem como na província de Gyeonggi, perto da capital, serão dadas novamente online a partir de quarta-feira e até 11 de Setembro.

De acordo com o ministro da Educação, Yoo Eun-hae, foram registados casos de infecção em alunos e funcionários: “Quase 200 pessoas nas últimas duas semanas”, disse o ministro da Educação.

Os únicos alunos autorizados a continuar a ter aulas presenciais são os do ensino secundário, que deverão fazer exames no início de Dezembro. O Exército também intensificou as suas medidas, tornando obrigatório o uso de máscaras pelos soldados em público, dentro e fora de casa.

Na semana passada, medidas restritivas foram reforçadas em Seul e na sua região. Discotecas, museus, bares de karaoke estão fechados e estão proibidas grandes reuniões e cerimónias religiosas. Os jogos desportivos voltam a ser disputados à porta fechada.

As autoridades já ameaçaram que as regras podem vir a ser reforçadas, incluindo o encerramento de empresas, se o número de novos casos continuar a aumentar rapidamente.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

25 Ago 2020

China regista 14 casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou nas últimas 24 horas 14 casos da covid-19, todos oriundos do exterior, informaram as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos importados foram diagnosticados na cidade de Xangai e Tianjin e nas províncias de Sichuan, Guangdong, Shaanxi, Hebei e Liaoning.

As autoridades de saúde informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 36 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 386, incluindo dez em estado considerado grave.

Desde o início da pandemia, a China registou 84.981 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 812.268 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 12.370 permanecem sob observação.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

25 Ago 2020

Sobe para 15 o número de mortos e 75 feridos em duplo atentado nas Filipinas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 15 pessoas morreram e outras 75 ficaram feridas esta segunda-feira num atentado duplo na Ilha Jolo, reduto da organização ‘jihadista’ Abu Sayyaf, no sul das Filipinas.

Sete soldados, um polícia e seis civis, além da presumível bombista suicida – ainda por identificar – perderam a vida em duas explosões na mesma rua da cidade de Jolo, declarou o tenente-general Corleto Vinluan, à agência francesa France-Presse. Quarenta e oito civis, 21 soldados e seis polícias também ficaram feridos.

A primeira explosão ocorreu perto de um supermercado quando uma bomba caseira presa a uma moto foi detonada, segundo a mesma fonte.

Um soldado viu uma pessoa a estacionar o veículo junto a essa mercearia “onde havia muita gente”, particularmente militares, sublinhou por sua vez o tenente-coronel Ronaldo Mateo. O dispositivo explodiu quase imediatamente.

Enquanto a polícia tentava evacuar a zona, uma mulher fez-se explodir na mesma rua da primeira explosão.

Uma terceira bomba, que não chegou a explodir, foi encontrada num mercado da cidade de Jolo, que foi imediatamente isolada pelos militares e pela polícia.

Os atentados ainda não foram reivindicados, mas o exército responsabilizou um comandante do Abu Sayyaf, Mundi Sawadjaan.

Estes ataques ocorreram poucas semanas depois da prisão de um dos líderes da organização, Abduljihad Susukan, na ilha de Mindanao.

Desde então, as forças de segurança temiam ataques do Abu Sayyaf em retaliação. Susakan é acusado de 23 homicídios, cinco sequestros e seis tentativas de assassínio.

O porta-voz do Presidente filipino Rodrigo Duterte, Harry Roque, condenou os atos que classificou de “ataques vis”.

“Pedimos aos moradores de Jolo que fiquem atentos e avisem as forças de segurança caso avistem pessoas com comportamento suspeito ou objetos abandonados na área”, disse.

Os muçulmanos pegaram em armas na década de 1970 para exigir a autonomia ou independência do sul do arquipélago predominantemente muçulmano e a insurreição já provocou a morte de 150.000 pessoas.

O principal grupo rebelde, a Frente de Libertação Moro Islâmica, assinou um acordo de paz em 2014 com o Governo para conceder autonomia à minoria muçulmana em partes do Mindanao e nas ilhas do extremo sudoeste.

O processo de paz, que começou na década de 1990, não inclui todas as organizações islâmicas – incluindo as que juraram fidelidade ao grupo extremista Estado Islâmico.

A ilha de Jolo, de maioria muçulmana, é o bastião do grupo islamita Abu Sayyaf, considerado uma organização terrorista por Washington.

O grupo dividiu-se em diversas facções, algumas das quais juraram lealdade ao Estado Islâmico.

25 Ago 2020

Cidadão de Hong Kong regressado de Espanha é primeiro caso oficial de re-infecção mundial

[dropcap]U[/dropcap]m homem de 33 anos natural de Hong Kong será o primeiro caso oficial de re-infecção pelo novo coronavírus no mundo, segundo investigadores da Universidade de Hong Kong, citados ontem pelos ‘media’ desta região administrativa especial chinesa.

O doente em questão teve alta após ter sido declarado curado da doença covid-19 em Abril passado, mas no início deste mês o homem voltou a testar novamente positivo depois de ter regressado de uma viagem a Espanha, relatou a televisão pública local RTHK.

Inicialmente foi equacionado que este homem poderia ser um “portador persistente” do SARS-CoV-2, o novo coronavírus responsável pela doença covid-19, e como tal mantinha o agente infeccioso no seu organismo desde a altura em que foi infetado, segundo indicaram as autoridades sanitárias de Hong Kong.

No entanto, os investigadores da Universidade de Hong Kong afirmam agora que as sequências genéticas das estirpes do vírus contraídas pelo homem em abril e em agosto são “claramente diferentes”.

Esta descoberta poderá representar um revés para quem defende uma estratégia contra a atual pandemia sustentada na aquisição de uma presumível imunidade após a doença ser superada.

“Muitos acreditam que os doentes de covid-19 recuperados têm imunidade contra as re-infecções porque a maioria desenvolveu uma resposta sustentada em anticorpos neutralizantes em soro”, observou o estudo da Universidade de Hong Kong.

Os investigadores recordaram, no entanto, que “existem evidências de que alguns doentes apresentam níveis decrescentes de anticorpos passados poucos meses”. Este estudo foi aceite pela revista médica “Clinical Infectious Diseases”, publicada pela universidade britânica de Oxford.

De acordo com os investigadores da Universidade de Hong Kong, “o SARS-CoV-2 poderá persistir entre a população mundial, como é o caso de outros coronavírus humanos comuns associados a gripes e constipações, apesar de os doentes terem conseguido adquirir imunidade através de uma infecção natural”.

Como tal, os peritos recomendam que os doentes recuperados continuem a usar máscaras de protecção individual e a respeitarem as regras de distanciamento físico.

Da mesma forma, os especialistas frisam, e perante a potencial ausência de uma imunidade natural de longa duração, que os doentes recuperados também devem ser abrangidos por uma futura e eficaz vacina contra a covid-19.

“Como a imunidade pode durar pouco (…), também deve ser considerada a vacinação para aqueles que tiveram um episódio de infeção”, indicaram os especialistas.

Em meados de Julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou esperança de que os doentes de covid-19 recuperados pudessem manter um certo grau de imunidade durante vários meses.

A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em todo o mundo, desde Dezembro, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

25 Ago 2020

China | Campanha contra desperdício alimentar chega às redes sociais

Vídeos de pessoas a ingerir enormes quantidades de comida são o alvo mais recente da campanha chinesa de luta contra o desperdício alimentar. A política lançada por Xi Jinping deu azo a especulação quanto à capacidade para alimentar os 1,4 biliões de cidadãos, numa altura em que o país enfrenta desafios em múltiplas frentes como inundações, pandemia, pragas e tensões comerciais

 

[dropcap]O[/dropcap] que tem de apelativo ver alguém comer grandes quantidades de comida? A resposta pode cobrir um amplo leque de motivações psicológicas, mas não chega para explicar a popularidade imensa de alguns vloggers que ganham a vida a enfardar descomunais pratadas de comida.

Nascida há 35 anos em Fukuoka, Yuka Kinoshita é uma das youtubers mais populares do género, com quase 5,5 milhões de subscritores e mais de 2 biliões de visualizações. Apesar da figura elegante, os vídeos da japonesa documentam refeições que dão para alimentar uma família numerosa com muita fome, por vezes chegando às 23 mil calorias ingeridas. Por exemplo, no início do ano, mais de 1,5 milhões de pessoas viram Yuka mandar abaixo 200 peças de sushi, e quase 2 milhões assistiram à hercúlea tarefa de comer quatro quilos de salmão e um quilo de sopa miso.

Este fenómeno, que ganhou imensa popularidade nos últimos 10 anos, em particular na Ásia, dá pelo nome de mukbang, expressão nascida do coreano da conjugação das duas palavras “comer” e “transmitir”.

Além das críticas que apontam estes programas como a derradeira glorificação da bulimia, o mukbang ganhou recentemente um poderoso inimigo: o Governo chinês.

Tudo começou quando o Presidente chinês, Xi Jinping, declarou guerra ao desperdício alimentar. Estava dado o mote para o lançamento da campanha “prato limpo”, com o Presidente a detalhar que a pandemia de covid-19 “fez soar o alarme” para o desperdício de alimentos, acrescentando que a China deve manter atenta em relação a uma potencial crise de segurança alimentar.

Dieta na net

Das palavras à acção, vários meios de comunicação oficiais materializaram a condenação social dos autores deste tipo de conteúdo audiovisual. A CCTV transmitiu várias reportagens críticas sobre o mukbang e os seus protagonistas, e as próprias redes sociais chinesas entraram no jogo adicionando avisos para os internautas que procuram termos como “programa de comida” ou “comer em directo”.

A adaptação não se fez esperar, com vloggers e produtores de conteúdos a emitir avisos no Douyin, a versão chinesa do TikTok, para “aproveitar a comida”, “comer de forma apropriada” ou “estima a comida, recusa o desperdício, come com responsabilidade e leva uma vida saudável”.

As mensagens parecem anunciar o fim do festim deste tipo de canais na China, ou pelo menos nas redes sociais chinesas, uma vez que não surgem em aplicações fora do Continente, como a TikTok.

Em declarações à BBC, a analista de media chineses Kerry Allen explica que “há algum tempo que as redes sociais chinesas mostram nervosismo face à possibilidade de terem conteúdos que possam ser considerados como maus ou imorais pelo Estado”.

Porém, a analista refere que os receios não são unilaterais, e que também o Governo encara com algum cuidado as novas liberdades que advêm da hipótese de transmitir vídeo em directo, algo que as novas aplicações tornaram extremamente popular. Assim sendo, foi com naturalidade que surgiram regras rígidas de transmissão e publicação de vídeos, em particular vídeos na via pública, ou que aparentem ter conteúdo “sedutor”.

Aliás, foi a partir da fixação de parâmetros rígidos quanto ao conteúdo que começaram a surgir vídeos de pessoas a cantar ou a comer.

Resposta popular

Seguindo a máxima de quanto mais alto maior a queda, após a condenação pública os próprios espectadores começaram a reagir negativamente aos conteúdos, em particular às estrelas chinesas conhecidas como “reis do estômago grande”, que levam o conceito de refeição para o campo da proeza circense. Estes vídeos começaram a ser censurados com edições que impossibilitam o espectador de ver o que se passa.

A BBC relata que muitos destes vídeos foram a retirados pelos próprios autores, depois do ataque de internautas que aproveitaram a oportunidade para divulgar a identidade dos vloggers e envergonhá-los como desperdiçadores.

Porém, a condenação dos excessos não se fica pela internet. O The New York Times (NYT) relata outros exemplos de medidas que procuram combater o desperdício alimentar, como uma escola que fez depender a inscrição dos alunos com base no nível de comida desperdiçada na cantina, ou um restaurante colocou uma balança à entrada para tentar impedir algo contraproducente ao negócio: que o cliente não peça demasiada comida.

A disciplina gastronómica faz parte da imagem que o Partido Comunista da China tem cultivado do seu líder, Xi Jinping, um homem que luta oficialmente contra o excesso e a gula. “Cultivem hábitos de consumo frugais e promovam um ambiente social em que o desperdício é uma prática vergonhosa e a frugalidade é aplaudida”, referiu o Presidente chinês num artigo publicado no Diário do Povo.

Política e ecos

O artigo salienta que, “além da ser uma necessidade básica da população, a cultura gastronómica sempre foi muito importante para os chineses”. “Porém, à luz do forte desenvolvimento da indústria alimentar de hoje, o desperdício alimentar tornou-se proeminente”.

O jornal oficial descreve ainda que durante 2018, em média por cada refeição 93 gramas de alimento foram parar ao caixote do lixo, o que representou uma taxa de desperdício de 11,7 por cento. De acordo com um estudo da Academia Chinesa de Ciências e do Fundo Mundial da Vida Selvagem, citado pelo Diário do Povo, entre 2013 e 2015, os consumidores chineses desperdiçaram cerca de 18 milhões de toneladas de comida, o suficiente para alimentar, durante um ano, entre 30 a 50 milhões de pessoas.

É aqui que a política de Xi Jinping enfrenta um obstáculo cultural que ocupa o centro da mesa de qualquer jantar na China. A própria tradição dita que se peça comida em excesso e que o desperdício seja interpretado como demonstração de generosidade em relação a familiares, clientes, parceiros de negócios e convidados especiais.

A mensagem de combate ao desperdício tem sido transmitida de forma mais alargada, apontando no sentido da procura da autossuficiência alimentar principalmente face às disrupções comerciais resultantes do caos geopolítico e das tensões diplomáticas com os Estados Unidos, além das dificuldades trazidas pelas cheias e a pandemia, que podem mexer nas reservas de alimentos.

Tempos complicados

No mês de Julho, o preço dos alimentos na China subiu 13 por cento, em comparação com o período homólogo do ano passado, de acordo com as estatísticas oficiais. O preço da carne de porco, produto essencial, aumentou cerca de 85 por cento no mesmo período em análise, em parte devido ao efeito devastador que as cheias estão a ter nas rotas de abastecimento.

Segundo um relatório divulgado no Diário da Juventude Chinesa (China Youth Daily em inglês), agricultores da província central de Henan, região estratégica no que diz respeito à produção de cereais, admitiram armazenarem grande parte das colheitas deste ano na esperança que os preços aumentem.

É neste contexto que o curioso fenómeno de internet mukbang tem recuado, quase em vergonha, na China. A imagem de uma jovem a sorver quatro quilos de noodles é completamente oposta a esta citação sobre a campanha “prato limpo”, publicada no Diário do Povo: “No prato do jantar, todos os grãos são o resultado do trabalho árduo de alguém”.

Daí que se tenha tornado normal nos últimos dias expressões de arrependimentos dos “reis do estômago grande” chineses. O NYT cita uma autora chinesa que mudou o seu nome de “Big Stomach Mini”, ou mini estômago grande, para o mais austero cognome “Dimple Mini”, ou covinhas mini, numa retração.

A popular vlogger, que chegou a publicar um vídeo em que comeu um carneiro assado inteiro, postou um vídeo a apelar aos fãs que saboreassem todas as dentadas e que levassem para casa as sobras. O vídeo atraiu mensagens positivas de mais de 11 milhões de fãs. A vlogger acrescentou que “não há problema nenhum em apreciar delícias culinárias” e apelou aos fãs para não desperdiçarem ou incorrerem em comportamentos extravagantes.

25 Ago 2020

Covid-19 | China autorizou uso de potencial vacina desde Julho em funcionários hospitalares

[dropcap]A[/dropcap] China autorizou o uso de potenciais vacinas para a covid-19 em funcionários hospitalares, para “casos de emergência”, desde 22 de Julho passado, revelou hoje um alto responsável da Comissão de Saúde do país.

Em entrevista à televisão estatal CCTV, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Comissão de Saúde, Zheng Zhongwei, revelou que pessoal médico e funcionários das alfândegas foram vacinados.

“Estes grupos foram escolhidos porque têm maior exposição ao novo coronavírus. A maioria dos casos que a China agora regista são importados, então as autoridades fronteiriças são um grupo de alto risco também”, justiçou.

Zheng não detalhou quantas pessoas receberam injecções ou qual a vacina que foi administrada, entre aquelas que o país está a desenvolver. O mesmo responsável acrescentou que o programa de vacinação vai expandir-se para pessoas que trabalham nas indústrias dos transporte e serviços ou nos mercados de rua, para “criar uma barreira de imunidade”.

Zheng indicou que “as vacinas chinesas serão acessíveis ao público”, assim que estiverem prontas e que o preço poderá ser “ainda mais baixo” do que o anunciado, na semana passada, por Liu Jingzhen, o presidente da estatal China National Biotec Group, que faz parte do grupo Sinopharm- Pharmaceutical.

Liu disse que a vacina do grupo vai estar pronta “provavelmente em Dezembro”, a um preço inferior a 1.000 yuan, e que via começar a ser comercializada assim que for concluída a terceira fase de testes, nos Emirados Árabes Unidos.

Outra das vacinas em desenvolvimento pelo país, a do Instituto Científico Militar e da biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics, também está na terceira fase de testes, no Paquistão.

Segundo o jornal oficial China Daily, a China tem cinco vacinas candidatas que já passaram, pelo menos, na segunda fase de testes.

O período para uma vacina estar disponível para uso em massa é, por norma, de entre 12 a 18 meses, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Pequim acelerou o processo devido à emergência de saúde pública e tem permitido que algumas das fases de teste sejam realizadas em simultâneo.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infectou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

24 Ago 2020

Covid-19 | China regista 16 casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou, nas últimas 24 horas, 16 casos da covid-19, todos oriundos do exterior, informaram hoje as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos “importados” foram diagnosticados na cidade de Xangai e nas províncias de Fujian, Sichuan, Yunnan, Shanxi e Shandong.

As autoridades de saúde informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 30 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 215, incluindo dois em estado considerado grave.

Desde o início da pandemia, a China registou 84.967 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 811.824 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 13.220 permanecem sob observação.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infectou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

24 Ago 2020

Pelo menos cinco mortos e 17 feridos em ataque à bomba nas Filipinas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos cinco soldados morreram hoje e 17 outros militares e civis ficaram feridos num ataque à bomba numa cidade no sul das Filipinas, apesar da segurança reforçada motivada pelas ameaças do movimento extremista islâmico Abu Sayyaf.

O porta-voz militar regional, capitão Rex Payot, e a polícia disseram que as explosões danificaram lojas e dois camiões do exército em Jolo, na província de Sulu. Uma informação inicial indicava que a primeira bomba foi colocada numa motocicleta estacionada.

Uma segunda explosão foi ouvida na zona pouco depois, mas não ficou claro se causou mais vítimas ou danos no centro da cidade, que foi isolado por soldados e polícias. Dois oficiais militares disseram que cinco soldados do exército morreram na explosão inicial, mas não forneceram outros detalhes.

O ataque não foi reivindicado até ao momento, mas os militantes de Abu Sayyaf foram responsabilizados pela maioria dos atentados mortais em Sulu e nas províncias remotas, onde estão presentes.

Os militares estão a empreender uma ofensiva há meses contra o Abu Sayyaf, um grupo pequeno, mas violento, alinhado com o Estado Islâmico e colocado na lista negra dos Estados Unidos e das Filipinas por atentados, sequestros de resgate e decapitações.

24 Ago 2020

Malásia | Cientistas pretendem clonar rinoceronte de Sumatra

O último rinoceronte de Sumatra que vivia na Malásia morreu no ano passado, mas cientistas malaios procuram financiamento para recuperar a população da espécie usando uma técnica de clonagem de células-tronco num projecto pioneiro

 

[dropcap]”T[/dropcap]emos confiança na tecnologia para conseguir isso, mas precisamos de cinco milhões de ringgit (um milhão de euros). Estamos a procurar patrocinadores”, disse à agência de notícias EFE Muhammad Lokman, investigador da Universidade Islâmica Internacional da Malásia.

Após o seu desaparecimento na Malásia, apenas cerca de 80 rinocerontes de Sumatra (“Dicerorhinus sumatrensis”) permanecem na Indonésia e estão “perigo crítico” de extinção.

Lokman afirmou que já receberam cerca de um milhão de ringgit (cerca de 200 mil euros) do Governo da Malásia e preservaram tecidos vivos de diferentes órgãos como rins, fígado, pele ou coração dos últimos três espécimes de rinoceronte que morreram no país.

Uma equipa liderada por Lokman está a trabalhar para obter óvulos de um rinoceronte africano no zoológico de Kuala Lumpur com a intenção de fertilizá-los com células somáticas dos espécimes extintos. “Extraímos o núcleo dos óvulos e inserimos as células somáticas (dos rinocerontes extintos) para que no óvulo se desenvolva num embrião que possamos transferir para o útero de um animal substituto, que pode ser outra espécie de rinoceronte ou outro mamífero como um cavalo”, explicou Lokman. O objectivo é clonar pelo menos cinco ou seis exemplares para garantir a reabilitação da espécie na Malásia.

Dias contados

Esta técnica foi usada para clonar a ovelha Dolly, em 1997, mas é a primeira vez que foi aplicada para reviver espécimes extintos num determinado local.

O projecto de clonagem começou depois de Imam, o último rinoceronte de Sumatra na Malásia, ter morrido de cancro aos 25 anos em Novembro do ano passado. A morte de Imam, uma fêmea, na província malaia de Sabah, na ilha de Bornéu, chocou muitos malaios e a comunidade de cientistas e conservacionistas, depois de o último macho da espécie ter falecido seis meses antes.

Os últimos 80 exemplares desta espécie, a menor entre os rinocerontes, medindo até 1,3 metros de altura na cernelha, eram encontrados principalmente na ilha de Sumatra e, em menor extensão, na parte indonésia de Bornéu.

A Indonésia também abriga o rinoceronte de Java (“Rhinoceros sonicus”), a espécie de rinoceronte e provavelmente o mamífero mais ameaçado do mundo, com apenas 70 espécimes restantes na ilha de Java.

De acordo com a organização não-governamental Save the Rhino International, também existem cerca de 3.500 rinocerontes indianos na Ásia, enquanto que em África existem entre 5.300 e 5.600 rinocerontes pretos e entre 17.000 e 18.000 rinocerontes brancos.

As maiores ameaças aos rinocerontes são a caça furtiva – principalmente para recolher os seus chifres, muito procurados pelos consumidores da medicina tradicional -, bem como a perda de ‘habitat’ natural.

24 Ago 2020

Tecnologia | Utilizadores do WeChat nos EUA e TikTok processam Trump

Utilizadores do WeChat nos Estados Unidos estão a processar Donald Trump, numa tentativa de bloquear a ordem executiva que, segundo defendem, impediria o acesso à aplicação chinesa de mensagens extremamente popular nos EUA. Entretanto, a TikTok vai também avançar com uma queixa contra o Governo norte-americano

 

[dropcap]A[/dropcap] queixa, registada na sexta-feira em São Francisco, foi apresentada pela organização sem fins lucrativos “US WeChat Users Aliance” e várias outras pessoas que dizem confiar na aplicação para trabalhar ou manter contacto com familiares na China, garantindo que não são associados ao WeChat, nem à Tencent, multinacional chinesa que detém a aplicação.

Os utilizadores recorreram a um tribunal federal e pretendem impedir a ordem executiva de Trump, alegando que a mesma viola a liberdade de expressão dos utilizadores dos Estados Unidos, o livre exercício da religião e outros direitos constitucionais.

Em 6 de Agosto, Donald Trump assinou uma ordem executiva a proibir transações com os proprietários chineses do WeChat e de outro aplicativo de consumo popular, o TikTok, defendendo que ambos são uma ameaça à segurança nacional, política externa e economia norte-americanas. O chefe de Estado falou de uma “emergência nacional” e acusou a rede social TikTok de espionagem de utilizadores norte-americanos em nome de Pequim, num contexto de crescentes tensões comerciais e políticas com a China.
As ordens executivas devem entrar em vigor em 20 de Setembro, ou 45 dias a partir da data de emissão.

O tico e o teco

A aplicação chinesa de partilha de vídeos TikTok, acusada de espionagem pelo presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai avançar na próxima semana com uma queixa contra o Governo dos Estados Unidos.

“Para garantir que a lei é cumprida e que os nossos negócios e utilizadores são tratados de forma justa, não temos escolha a não ser contestar a ordem executiva (assinada pelo senhor Trump) através do sistema judicial”, afirmou o grupo, numa declaração enviada à agência de notícias francesa AFP.

Na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos disse apoiar uma oferta da Oracle para a compra do TikTok, apesar de estarem já em curso negociações com a Microsoft, segundo a Bloomberg.

Segundo a agência de notícias económicas, a empresa informática Oracle, cujo presidente, Larry Ellison, ofereceu milhões de dólares em fundos para a campanha presidencial de Trump, estará na corrida para a aquisição das actividades do TikTok nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

A administração Trump deu 90 dias ao grupo chinês proprietário do TikTok, ByteDance, para vender rapidamente as operações da rede nos Estados Unidos, sob pena de as bloquear no país.

24 Ago 2020

Hong Kong | Editores de livros escolares apagam conteúdos dos manuais

É já no próximo ano lectivo que os alunos terão acesso a manuais escolares em Hong Kong alvos de alterações, que passam pela eliminação de conteúdos relacionados com matérias de desobediência civil ou sufrágio universal. Tudo devido à implementação da nova lei de segurança nacional no território

 

[dropcap]A[/dropcap]s escolas secundárias de Hong Kong vão começar o próximo ano lectivo com manuais escolares revistos em que foram alterados ou eliminados temas como a desobediência civil ou o sufrágio universal, em aplicação da nova lei de segurança.

Os seis editores responsáveis pela maioria dos manuais utilizados na disciplina “Estudos Liberais” aceitaram submeter-se a um programa de revisão voluntário, efectuado pelas autoridades educativas locais, que resultou na supressão de conceitos democráticos como separação de poderes, noticiou ontem o diário em língua inglesa South China Morning Post.

A disciplina cobre seis tópicos, incluindo Hong Kong, China contemporânea e globalização, participação política, o sistema jurídico da cidade e a identidade dos seus residentes.

O agora eliminado princípio democrático de que os poderes executivo, legislativo e judicial devem funcionar de forma independente tinha sido objecto de críticas por parte de sectores pró-Pequim, incluindo do antigo líder do território Tung Chee-hwa, que no ano passado acusou o sistema educativo de Hong Kong de encorajar os jovens a participar nos protestos anti-governamentais.

Sobre a questão da desobediência civil, os novos textos enfatizam as consequências legais em que os participantes incorrem, enquanto o material gráfico que mostra manifestantes a segurar bandeiras ou a criticar Pequim desapareceu de alguns livros.

O conceito de “identidade” também foi alterado: enquanto nos livros anteriores os textos eram acompanhados de fotografias de cartazes com as palavras “Sou um ‘Hong-Konger'” e “Libertem a comunidade”, nas versões actuais as imagens foram substituídas.

As escolas podem escolher entre as ofertas dos editores ou utilizar o seu próprio material para ensinar a disciplina, que desde 2009 é obrigatória para os alunos do ensino secundário, visando “reforçar o seu pensamento crítico, alargar os seus conhecimentos gerais e aumentar a sua consciência dos problemas contemporâneos”.

Aplausos oficiais

O jornal estatal chinês Global Times aplaudiu ontem as mudanças, destacando que sublinham que “os manifestantes serão responsabilizados se abusarem da lei” e defendendo que “reforçam a identidade dos estudantes” como sendo “de Hong Kong e chineses”.

O jornal aponta o caso da editora Aristo Educational Press, que acusa de anteriormente fornecer “informação venenosa” e “pró-secessionista”, e que concordou com a revisão.

Em 6 de Julho, uma semana após a aprovação da polémica lei da segurança nacional imposta pela China ao território, o Governo de Hong Kong pediu às escolas que “examinassem o material didáctico, incluindo livros”, e “os retirassem” caso tivessem “conteúdos desactualizados ou provavelmente semelhantes aos quatro tipos de delitos” definidos pelo diploma.

A directiva enviada às escolas foi anunciada dois dias depois de as bibliotecas terem também sido avisadas para retirar das prateleiras obras susceptíveis de violar a lei da segurança nacional, incluindo de figuras do movimento pró-democracia, como o activista Joshua Wong ou a política Tanya Chan.

20 Ago 2020

EUA vão endurecer sanções contra gigante chinesa das telecomunicações Huawei

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos vão endurecer as sanções contra a gigante chinesa das telecomunicações Huawei e 38 subsidiárias para impedir o seu acesso a tecnologias norte-americanas, anunciou ontem o Departamento de Comércio dos EUA, em comunicado.

A administração dos Estados Unidos acusou a Huawei de usar as suas subsidiárias internacionais para contornar as sanções, referindo que o grupo representa um risco de segurança para o país devido aos seus laços com o Governo chinês, o que a Huawei nega.

A Huawei e as suas subsidiárias “intensificaram esforços para obter semicondutores de ponta desenvolvidos ou produzidos a partir de ‘software’ e tecnologias norte-americanas com vista a atingir objetivos políticos do Partido Comunista da China”, afirma o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, citado no comunicado.

Numa outra nota divulgada ontem, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acrescentou que a administração Trump vê a Huawei como “um braço armado da vigilância do Partido Comunista Chinês” e alega que as novas sanções visam “proteger a segurança nacional dos Estados Unidos, a privacidade dos cidadãos e a integridade das infraestruturas 5G face à influência nefasta de Pequim”.

Washington tem tentado impedir que a Huawei e outros fornecedores chineses dominem o mercado de telecomunicações e a rede 5G, tendo proibido, há um ano e meio, a venda de tecnologia ‘made in USA’ ao gigante chinês.

O conflito entre a China e os Estados Unidos tem aumentado desde que os dois países assinaram um acordo comercial histórico, em janeiro, para acalmar as relações.

“A China fez-nos coisas terríveis. Eles [responsáveis chineses] poderiam ter parado. Travaram essa doença, que eu chamo vírus chinês. Impediram que se propagasse na China, mas não nos Estados Unidos e no resto do mundo”, afirmou hoje o Presidente norte-americano, Donald Trump, referindo-se, numa entrevista dada à Fox News, à Huawei como “espiões”.

A administração Trump tem também pressionado os seus aliados para banirem os equipamentos da Huawei, acusando o grupo de partilhar dados com os serviços secretos do regime chinês e de colocar a sua tecnologia ao serviço da vigilância dos dissidentes e da repressão de um milhão de uigures.

O Reino Unido já proibiu a compra de novos equipamentos Huawei a partir de 31 de dezembro.

A Huawei foi a empresa que mais telemóveis vendeu, no segundo trimestre de 2020, em todo o mundo, segundo dados divulgados 3m 30 de julho pela analista de mercados Canalys, que considerou difícil o grupo chinês de telecomunicações manter aquela posição.

A Huawei registou uma queda homóloga de 5% nas vendas, para 55,8 milhões de dispositivos, mas o desempenho da rival direta, a Samsung, foi ainda pior: o conglomerado sul-coreano vendeu 53,7 milhões de dispositivos, ou seja, 30% a menos do que no mesmo período de 2019, mostra um relatório divulgado pela empresa de análise do mercado.

O grupo chinês de tecnologia tornou-se assim a primeira empresa a quebrar o duopólio entre Apple e Samsung no topo da lista de fornecedores globais de ‘smartphones’, segundo estimativas da Canalys.

As sanções dos Estados Unidos contra a empresa e a campanha internacional lançada por Washington, tentando convencer os seus aliados a excluírem a Huawei das redes de quinta geração (5G), pesaram nas suas vendas no exterior, que caíram 27%, entre abril e junho.

No entanto, durante o mesmo período, a Huawei vendeu 8% a mais na China, onde já controla mais de 70% do mercado de ‘smartphones’.

18 Ago 2020

Taiwan | Finalizado negócio para aquisição de aviões caça F-16 aos EUA

[dropcap]T[/dropcap]aiwan finalizou o contrato para uma grande encomenda de aviões caças F-16 à fabricante de aviões norte-americana Lockheed Martin, com um valor que pode atingir 52,4 mil milhões de euros em 10 anos, foi sábado anunciado.

O Pentágono revelou sábado o contrato, sem especificar o comprador dos aviões, mas uma fonte próxima do negócio confirmou à agência AFP que se trata de Taiwan.

Taiwan recebeu no ano passado luz verde de Washington para efectuar esta compra que lhe permitirá modernizar a sua defesa, anúncio que provocou descontentamento a Pequim.

A ilha já possui uma frota de caças F-16, adquirida em 1992, e o novo contrato cobre aeronaves mais recentes, equipadas com tecnologia e armamento moderno.

Taiwan pretende que o acordo atinja os 90 aparelhos, destacou o comunicado de imprensa do Pentágono.
A China considera Taiwan como parte do seu território. A ilha é governada por um regime rival que se refugiu naquele local após os comunistas terem tomado conta do território continental em 1949, no fim da guerra civil chinesa.

Já Washington, que em 1979 rompeu as relações diplomáticas com Taipé, reconhecendo Pequim como único representante da China, continua a ser agora o aliado mais poderoso da ilha e o seu principal fornecedor de armas.

Matéria ‘quente’

O contrato foi finalizado numa altura em que a autoridade da China sobre Hong Kong causa preocupação em Taiwan, que tem 23 milhões de habitantes.

O negócio acontece também dois dias após a visita inédita a Taiwan de um alto governante norte-americano, que provocou irritação em Pequim.
O secretário de Saúde e Serviços Humanos norte-americano, Alex Azar, iniciou a visita de mais alto nível a Taiwan por um funcionário norte-americano, desde 1979, quando Washington e Pequim estabeleceram relações diplomáticas.

Azar reuniu-se com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, a quem transmitiu uma “mensagem de firme apoio”, enviada pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Este é mais um assunto ‘quente’ entre norte-americanos e chineses, tal como muitos outros temas, como a pandemia, Hong Kong, direitos humanos, rivalidades comerciais ou tecnológicas.

A questão de Taiwan é vista por Pequim como a “mais sensível e importante” no seu relacionamento com os Estados Unidos.

17 Ago 2020

Xi Jinping ordena fim de banquetes tradicionais

[dropcap]B[/dropcap]anquetes sumptuosos, com inúmeros pratos, vão deixar de se realizar na China por ordem do Presidente, Xi Jinping, que considerou esta semana o desperdício de comida no país “chocante e preocupante”.

Conhecidos pela gastronomia e pelo bom apetite, os chineses terão de adoptar a austeridade, invertendo a tradição, que exige que sejam servidos à mesa tantos pratos quantos forem os convidados e mais um.
A nova regra estipula que seja servido um prato por convidado, menos um.
Várias associações profissionais do sector da restauração nas cidades de Pequim, Wuhan ou Xi’an estão a tentar impor este modelo. Os seus membros também são convidados a oferecer nos menus a possibilidade de encomendar pequenas porções, ou mesmo meias porções.
A iniciativa segue uma “instrução” emitida na terça-feira por Xi Jinping, que considerou “chocante e preocupante” o desperdício de alimentos pelos seus compatriotas.

“Apesar das boas colheitas que o nosso país consegue todos os anos, é necessário manter o sentido da crise em matéria de segurança alimentar”, alertou o chefe de Estado e secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

Num relatório de 2018, a Academia Chinesa de Ciências estimou a quantidade média de comida desperdiçada por pessoa em cada refeição em quase 100 gramas.

No final da refeição, a tradição chinesa exige que se deixe comida no prato, simbolizando assim que se comeu o suficiente.
Devido ao trepidante ritmo de desenvolvimento económico, a China passou de períodos de fome para um de consumo excessivo em poucas décadas.
Em 2015, a Academia de Ciências da Agricultura estimou em 35 milhões de toneladas a quantidade de alimentos desperdiçada todos os anos no país.

A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 mil milhões de pessoas.
As redes sociais assumiram a luta contra o desperdício.

As plataformas populares Douyin (ou TikTok, no exterior) e Kuaishou anunciaram que vão encerrar as contas dos utilizadores que se filmam a empanturrarem-se até ao extremo, um hábito conhecido pelo termo coreano ‘mukbang’.

Alguns internautas parecem duvidar dos resultados da nova política de austeridade.
“Devemos começar por mudar o nosso hábito nacional de exibicionismo”, observou um utilizador na rede social Weibo, o Twitter chinês. “Pensamos sempre ser desprestigiante pedir um único prato para duas pessoas”, apontou.

14 Ago 2020

Hong Kong | Associação de jornalistas estrangeiros denuncia problemas com vistos

Os jornalistas estrangeiros em Hong Kong estão a encontrar maiores dificuldades na renovação dos seus vistos. A denúncia de atrasos na concessão e renovação das autorizações é feita pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros que questiona as autoridades locais sobre a hipótese de os processos estarem agora a ser supervisionados por uma unidade de segurança nacional

 

[dropcap]O[/dropcap] Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC) denunciou atrasos na renovação ou concessão de vistos de imprensa estrangeira pelas autoridades locais após a aprovação da nova lei de segurança nacional, informaram os ‘media’ de Hong Kong.
Numa carta aberta ao director da Imigração de Hong Kong, Au Ka-wang, o FCC (na sigla em inglês), observou que “um novo procedimento poderia ter sido estabelecido” para o processamento de vistos para os ‘media’ internacionais na região semiautónoma.
A associação referiu que “houve numerosos relatos de atrasos na concessão ou renovação de vistos” e indicou que isso criou “sérias preocupações” entre os meios de comunicação e jornalistas “que têm o direito de operar livremente em Hong Kong”.
O documento questionou o chefe da Imigração se houve alguma mudança no tratamento dos pedidos e se agora estão a ser processados por uma “unidade de segurança nacional” do seu departamento, como afirmaram alguns meios de comunicação locais.
Além de pedir esclarecimentos sobre esta prática, o FCC exige garantias de que “o novo procedimento não restringirá a capacidade dos jornalistas de noticiarem livremente sobre Hong Kong e a China continental”.
A carta é assinada por Jodi Schneider, presidente do FCC, que explicou ontem à agência de notícias EFE que ainda não recebeu qualquer resposta das autoridades de imigração e que estão a exigir esclarecimentos porque “parece que estão realmente a modificar o processo” de concessão de vistos da imprensa estrangeira.

Troca de “mimos”

O artigo 9.º da nova lei de segurança nacional de Hong Kong, aprovada pela Assembleia Popular Nacional (ANP, Legislativo chinês) em 30 de Junho, apela especificamente para o fortalecimento da “supervisão e regulamentação” dos ‘media’ em questões relacionadas à segurança.
Au Ka-wang, além de chefe da Imigração, é membro do Comité para a Protecção da Segurança Nacional, criado em Julho sob a polémica nova lei.
O Comité, que responde perante o Governo central e está sob a sua supervisão, está encarregado de formular políticas para a segurança nacional e promover o desenvolvimento do sistema jurídico da cidade.
Em Fevereiro, Washington declarou que cinco veículos de comunicação estatais chineses nos Estados Unidos eram “agências controladas por Pequim”, tendo reduzido o número de jornalistas permitidos no país e a duração dos seus vistos.
Em seguida, Pequim expulsou três repórteres do Wall Street Journal após o jornal publicar um artigo de opinião intitulado “A China é o verdadeiro doente da Ásia”.
Passadas duas semanas, a China revogou ainda as credenciais de vários jornalistas norte-americanos do Times, Wall Street Journal e The Washington Post.
Em Julho, o jornal norte-americano The New York Times anunciou que iria transferir um terço de seus funcionários sediados em Hong Kong para Seul, depois de Hong Kong ter recusado renovar o visto do seu antigo correspondente Chris Buckley.

14 Ago 2020

Hong Kong | Jimmy Lai insta jornalistas a continuarem a lutar

O milionário, dono do jornal Apple Dail, foi esta terça-feira libertado, após ter sido detido na segunda-feira, numa acção levada a cabo pela polícia que resultou na detenção de dez pessoas ligadas a grupos de activistas pró-democracia

 

[dropcap]O[/dropcap] magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai, proprietário do jornal Apple Daily, alvo de buscas na segunda-feira, instou ontem os jornalistas a continuarem a lutar, um dia depois de ser libertado sob caução.
Lai, que tinha sido detido na segunda-feira por suspeita de conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da lei de segurança nacional, foi recebido com aplausos e ovações na redação do jornal, após 40 horas sob custódia policial.

“Continuemos a lutar!”, disse Lai aos jornalistas. “Temos o apoio dos habitantes de Hong Kong, não podemos abandoná-los”, instou Jimmy Lai, numa curta declaração transmitida em directo pelo jornal através das redes sociais.

Alvo de buscas por 200 agentes da polícia, na segunda-feira, o Apple Daily recebeu um forte apoio da população de Hong Kong, com filas a formarem-se de madrugada para comprar a publicação.

Jimmy Lai percorreu a redação do Apple Daily, debaixo dos aplausos dos funcionários.
No vídeo, transmitido em directo, o magnata, muito crítico de Pequim, pediu aos jornalistas que mantenham o tom que despertou a ira da China, mas reconheceu que está a tornar-se “cada vez mais difícil” gerir um grupo de imprensa em Hong Kong.

“Mas temos de continuar o nosso trabalho”, acrescentou. “Felizmente, não fui enviado para o continente [China continental]”, brincou, fazendo rir os jornalistas.

Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.

Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China.

As detenções e as buscas foram condenadas pela comunidade internacional, que receia o fim da liberdade de imprensa em Hong Kong, uma cidade que tem sido sede regional de órgãos de comunicação internacionais há décadas.

Outras detenções

Lai foi uma das dez pessoas detidas pela polícia na segunda-feira, numa grande acção de repressão contra o movimento pró-democracia, a maioria ligadas ao grupo mediático.

No mesmo dia, foi também detida a militante pró-democracia Agnes Chow, de 23 anos, que ajudou a fundar o partido Demosisto, ao lado de Joshua Wong, Nathan Law e de outros jovens activistas.

A jovem é uma das primeiras activistas do partido, entretanto extinto, a ser alvo da nova lei de segurança nacional.
Chow foi libertada sob caução esta madrugada, tendo ficado com o passaporte apreendido.

Ao sair da esquadra de polícia de Tai Po, Chow disse que a detenção faz parte de uma campanha de perseguição política.

“É muito claro que o governo está a utilizar a nova lei de segurança para reprimir os dissidentes políticos. Ainda não compreendo porque é que fui presa”, disse Chow, citada pelo site de notícias local Hong Kong Free Press.

13 Ago 2020