Economia | Injectados 110.000 milhões de dólares face a guerra comercial

O objectivo das autoridades chinesas visa reduzir o impacto da disputa comercial com os norte-americanos e ao mesmo tempo fortalecer o desenvolvimento económico

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China anunciou que vai reduzir o dinheiro de reserva dos bancos comerciais, permitindo libertar 110.000 milhões de dólares norte-americanos em crédito, e atenuar o impacto da guerra comercial com Washington.

O Banco do Povo (banco central) indicou, no domingo, que vai cortar o coeficiente de reservas obrigatórias em 1%, a partir de 15 de outubro, para garantir um “crescimento razoável do crédito” e impulsionar o desenvolvimento económico.

Analistas consideraram que a decisão constitui um sinal de crescente preocupação de Pequim em relação ao impacto na economia doméstica das disputas comerciais com os Estados Unidos.

“Este é um sinal de flexibilização da política monetária que visa contrariar [os efeitos] da guerra comercial EUA/China, e mostra a determinação de Pequim em manter o ritmo de crescimento [económico]”, afirmou, em comunicado, Liao Qun, economista sénior do China Citic Bank.

O investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais Zhang Ming considerou, em comunicado, que a medida do banco central é uma resposta de Pequim à desaceleração económica, relativamente às disputas comerciais.

“O aprofundamento das disputas comerciais com os EUA vai reduzir o peso do comércio externo no crescimento”, considerou.

Vários indicadores económicos apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia chinesa.

Em queda

Em Setembro, a actividade da indústria manufactureira da China caiu para o nível mais baixo desde Fevereiro, perante a queda das encomendas para exportação e da produção e inventário.

No turismo, os gastos nos primeiros quatro dias da ‘semana dourada’ aumentaram 8,1%, em termos homólogos, depois de, no ano passado, terem crescido 21%, segundo dados oficiais.

E desde o início das disputas comerciais entre Washington e Pequim, a bolsa de Xangai caiu mais de 20%.

A redução nas taxas de reserva obrigatórias, pela quarta vez este ano, contrasta também com a política monetária dos EUA.

No final de Setembro, a Reserva Federal (Fed) norte-americana subiu as taxas de juro em 25 pontos base, no terceiro aumento desde o início do ano, para o nível mais alto da última década.

O economista do banco francês Natixis, em Hong Kong, Xu Jianwei afirmou que o Governo chinês não tem outra opção a não ser adoptar uma política monetária diferente dos EUA.

“Numa guerra comercial, a economia chinesa vai enfrentar mais dificuldades, face à menor confiança dos investidores (…) a China tem que injectar mais liquidez [na economia]”, afirmou.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas do país asiático. Pequim retaliou com taxas sobre bens norte-americanos.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

9 Out 2018

Interpol | Pequim acusa ex-presidente de ter recebido subornos

A viagem de Meng Hongwei à China em Setembro deste ano revelou-se fatal para o ex-presidente da instituição de cooperação policial. O antigo vice-ministro da Segurança Pública de Pequim está detido pela prática de alegados actos de corrupção que colocaram em “perigo” o partido

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da República Popular da China acusaram o ex-presidente da Interpol Meng Hongwei de ter recebido subornos, poucas horas depois de terem confirmado que se encontrava detido por alegada “violação da legislação estatal”.

A Comissão Central de Inspecção Disciplinar do Partido Comunista – entidade responsável pelas investigações de corrupção – informou no domingo através de um breve comunicado publicado nos jornais locais, que Meng Honngwei tinha sido acusado de “violação da legislação” do Estado.

O ministro da Segurança Pública, Zhao Kezhi, convocou ontem responsáveis do Partido Comunista para comunicar a acusação contra Meng que “aceitou subornos” e “violou a lei”.

O Comité do Partido Comunista da República Popular da China mostrou “apoio unânime” à investigação e “à luta anticorrupção liderada pelo presidente Xi Jinping”.

As autoridades chinesas destacaram também que os actos de alegada corrupção cometidos por Meng puseram em “perigo” de forma “grave” o partido e a polícia e acrescentaram que vai ser formado um grupo de trabalho para perseguir todos os “alegados cúmplices” do ex-presidente da Interpol.

Os delitos de corrupção não foram especificados.

Meng, 64 anos, foi vice-ministro da Segurança Pública do Governo de Pequim até Novembro de 2016, altura em que foi nomeado para o cargo de presidente da Interpol.

Sem regresso

A família de Meng Hongwei tinha denunciado o desaparecimento do ex-presidente da Interpol logo após uma deslocação à República Popular da China, no passado dia 25 de Setembro.

No sábado, o secretário-geral da Interpol, o alemão Jurgen Stock pediu a Pequim para “clarificar a situação” do presidente da organização.

Entretanto, no domingo a Interpol anunciava que tinha recebido a renúncia do presidente da organização “com efeito imediato”.

A mulher do ex-presidente da Interpol, Grace Meng, que tinha denunciado junto da polícia francesa o “desaparecimento preocupante” do marido disse durante o fim de semana aos jornalistas de Lyon, cidade francesa onde está instalada a sede da Interpol, que o marido se “encontrava em perigo”.

A Interpol, organização de cooperação policial, é constituída por 192 países.

9 Out 2018

Pequim e Luanda vão acabar com dupla tributação nas transacções comerciais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngola e China Pequim e Luanda vão assinar um acordo que evita a dupla tributação nas transacções comerciais durante a visita oficial que o Presidente angolano, João Lourenço, efectua hoje e amanhã a Pequim, anunciou ontem fonte oficial.

Fonte da Casa Civil do Presidente da República de Angola indicou que os dois países deverão assinar um conjunto de acordos bilaterais, mas não adiantou quais, desconhecendo-se o ponto de situação das negociações para um novo pacote de empréstimo chinês avaliado em 11.700 milhões de dólares.

Segundo a Casa Civil do Presidente da República, durante a visita, João Lourenço tem na agenda desta terça-feira, primeiro dia, encontros com Xi Jinping e com o primeiro-ministro, Li Keqiang, bem como com outros altos dirigentes governamentais.

João Lourenço, que deixou Luanda no sábado, é acompanhado por uma delegação de alto nível, composta por dois ministros de Estado, Manuel Nunes Júnior, do Desenvolvimento Económico e Social, e Frederico dos Santos Cardoso, chefe da Casa Civil do Presidente da República, bem como o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano.

Na delegação estão também os ministros das Relações Exteriores, Manuel Augusto, das Finanças, Archer Mangueira, Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, e Energia e Águas, João Baptista Borges.

Ao longo da última década, a China alcançou uma posição proeminente na economia de Angola, com as relações sino-angolanas a caracterizarem-se, por um lado, pela crescente procura chinesa por petróleo e por recursos financeiros e, por outro, pela necessidade de reconstrução e pela produção do crude do país.

9 Out 2018

Tabaco | Mais de 4000 multados até Setembro por fumar em locais proibidos

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre Janeiro e Setembro, 4.131 pessoas foram multadas por fumarem em locais proibidos, ou seja, menos 1.231 do que em igual período do ano passado, indicaram ontem os Serviços de Saúde. Nos primeiros nove meses do ano foram ainda sinalizados 13 casos referentes a ilegalidades nos rótulos dos produtos de tabaco e quatro relacionados a venda de produtos de tabaco em prateleiras visíveis ao público.

Segundo o mesmo organismo, nos primeiros nove meses do ano foram realizadas 259.445 inspecções a estabelecimentos, o que perfaz uma média diária de 950, mais 9.165 em termos anuais homólogos. Dois terços das multas foram aplicadas a turistas (2.728), enquanto 1.285 (ou 31,1 por cento) envolveram residentes e os remanescentes 118 diziam respeito a trabalhadores não residentes (2,9 por cento). A esmagadora maioria das infracções foi cometida por homens.

Três em cada dez infracções tiveram lugar nos casinos (1.253), seguindo-se os parques/jardins e zonas de lazer com 510 (12,3 por cento) e o aeroporto foram sinalizados 427 casos (10,3 por cento). De acordo com os Serviços de Saúde, em 101 casos foi necessário o apoio das forças de segurança.

9 Out 2018

“Viagem Oriental” a partir de hoje no Jardim de Lou Lim Iok

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exposição fotográfica “Viagem Oriental”, organizada pela realizadora de origem goesa Nalini Elvino de Sousa, regressa a Macau pelas mãos da Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa.

A mostra, que abre hoje ao público, tem inauguração oficial marcada para o próximo dia 14, no Pavilhão Chun Chou Tong do Jardim de Lou Lim Iok, e fica patente até ao dia 18.

Para a exposição foram seleccionadas 20 fotografias do livro homónimo, apresentado em 2016 na Escola Portuguesa de Macau, que faz um levantamento de peças decorativas e de colecção oriundas de Macau e que ainda hoje habitam as casas senhoriais goesas. “Estes objectos ajudam a divulgar a herança dos séculos de intenso intercâmbio cultural e comercial entre as duas regiões e a exposição serve de mote a uma palestra com Nalini Elvino de Sousa”, refere a organização em comunicado.

A conversa sobre as ligações entre Goa e Macau, sobre o que uniu as duas regiões e as novas pontes que poderão ser criadas, decorre dia 14, data escolhida também para a inauguração da exposição fotográfica. A cerimónia oficial está marcada para as 16 horas, enquanto a tertúlia decorre entre as 17 e as 19 horas.

Recordações distantes

O livro, e consequente exposição, tiveram origem numa competição de fotografia, através da qual se seguiram os vestígios já ténues dos vasos de porcelana, dos potes azuis, das figuras chinesas, dos serviços de chá guardados nas prateleiras dos enormes armários, normalmente com um lugar de destaque nas casas senhoriais de Goa. As imagens que vão estar expostas em Macau foram tiradas dentro dessas casas, cujos proprietários aceitaram abrir as suas portas ao concurso fotográfico.

Ainda no âmbito da vinda de Nalini Elvino de Sousa até Macau, será organizado um workshop de dança “Vauraddi Xetkamti”, na qual se utilizam cascas de coco como instrumento ritmico. Esta dança está intimamente ligada aos kunbis, gente que se dedica ao trabalho agrícola, cultivando várzeas e subindo coqueiros. A iniciativa vai ter lugar nos dias 17 e 18 de Outubro, no exterior do  Pavilhão Chun Chou Tong do Jardim de Lou Lim Iok, às 17.45h e desdobra-se em duas sessões de 60 minutos cada para um máximo de 20 participantes por aula.

De origem goesa, Nalini Elvino de Sousa nasceu em Lisboa e mudou para Goa onde vive há 19 anos. Realizou, apresentou e produziu mais de 100 documentários para a série “Contacto Goa” que foram transmitidos na RTPi e RTP Africa. É, actualmente, responsável pelo programa “Hora dos Portugueses” na Índia, transmitido na RTPi e RTP1. Produz ainda curtas-metragens e outros documentários através da sua produtora Lotus Film & TV Production.

Nalini Sousa dirige igualmente a ONG Communicare Trust que ensina a comunicar em diversas línguas, incluindo a portuguesa, e organiza eventos relacionados.

9 Out 2018

Imprensa | Ou Mun lança hoje jornal destinado a estudantes

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ai ser hoje lançado um novo jornal destinado aos estudantes com o objectivo de desenvolver hábitos de leitura e escrita. A nova publicação da Ou Mun, o maior jornal de Macau em língua chinesa, vai sair às terças-feiras.

Denominado Ou Iat Hok Sang Pou (tradução fonética) visa oferecer uma plataforma mais diversificada aos alunos para que obtenham conhecimentos fora das aulas, conheçam a sociedade e desenvolvam a capacidade de pensar independentemente.

Lio Chi Heng, subeditora do Ou Mun, indicou que o novo jornal vai cobrir temáticas como vida escolar, história, ciência e tecnologia, educação familiar e cultura e arte.       

9 Out 2018

Ensino Superior | Reitores da China e de Portugal visitam Macau no final do mês

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]eitores de instituições do ensino superior da China e de Portugal vão reunir-se em Macau nos próximos dias 26 e 27. Segundo anunciou ontem o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), trata-se do primeiro fórum de reitores das instituições do ensino superior da China e de países de língua Portuguesa subordinada à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

Em comunicado, o organismo indica que o evento vai contar com mais de cem especialistas, estudiosos e representantes das instituições de ensino superior, das entidades de formação de língua portuguesa e dos serviços relacionados de Macau, Hong Kong e China, bem como dos países de língua portuguesa. O objectivo da iniciativa – organizada pelo GAES, Universidade de Macau e Universidade de São José – passa por explorar as perspectivas e as oportunidades de desenvolvimento do ensino superior ao abrigo da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O papel de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ para os países de língua portuguesa” e o desenvolvimento e oportunidades do ensino superior no contexto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau figuram entre os temas a abordar. Na cimeira de reitores discutir-se-á o intercâmbio de estudantes, docentes e investigadores das instituições do ensino superior da Grande Baía e os países de língua portuguesa, bem como a cooperação em matéria de investigação científica e inovação.

9 Out 2018

Inundações | Pedidos corredores para atenuar subida das águas

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]g Kuok Cheong pede ao Governo que estude a possibilidade de construir corredores junto às zonas ribeirinhas de modo a prevenir inundações. Em interpelação escrita, o deputado pró-democrata recorda a passagem do tufão Hato pelo território.

As inundações do ano passado geraram opiniões a favor da construção de infra-estruturas junto das áreas marítimas de forma a mitigar estragos. Mas, além de prevenir inundações, este tipo de estrutura pode ainda servir como passeio e acesso de veículos, refere. Neste sentido, o deputado quer saber se o Governo tenciona construir corredores de diferentes níveis junto às zonas marítimas.

Por outro lado, Ng questiona o Executivo sobre a hipótese de utilizar um corredor deste tipo para servir de linha de metro capaz de fazer a ligação entre a Barra e outras zonas do território.

9 Out 2018

Metro Ligeiro | Pereira Coutinho quer garantias sobre segurança da Ponte Sai Van

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Pereira Coutinho pretende saber que estudos e garantias foram dadas pela empresa fornecedora para que o Metro Ligeiro possa circular na Ponte Sai Van. Numa interpelação escrita enviada ao Governo, o legislador pergunta ainda se foram efectuadas obras de melhoramento necessárias para a circulação no tabuleiro inferior, incluindo para garantir a segurança dos veículos e motas.

“Quais os parâmetros internacionais que vão ser utilizados para garantir a segurança do Metro Ligeiro na circulação do tabuleiro inferior da Ponte Sai Van e mesmo na mesma ponte?”, questiona Pereira Coutinho.

Na missiva, o deputado recorda uma resposta, que lhe foi dada em 2010 a propósito do mesmo tema, pelo ex-coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) que indicava que, no contrato de adjudicação do fornecimento do sistema e material circulante da primeira fase do Metro Ligeiro, se exigia à empresa adjudicatária a contratação de uma equipa de especialistas em pontes para proceder a uma avaliação integral e aprofundada sobre a segurança da circulação das carruagens na Ponte Sai Van.

9 Out 2018

Brasil/Eleições: Analista alerta para aproximação de Bolsonaro a Taiwan

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m analista político brasileiro radicado na China avisou que a proximidade do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro a Taiwan pode afetar as relações entre o Brasil e Pequim.
Uma visita a Taipé em fevereiro passado de Bolsonaro, favorito na segunda volta presidencial, resultou num protesto formal da diplomacia chinesa e o seu programa de governo refere Taiwan como um país por quatro vezes.

“É importante que Bolsonaro tenha consciência de que o princípio ‘Uma só China’ é soberano e inegociável para Pequim”, afirma José Medeiros da Silva, doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, na costa leste da China.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo nacionalista chinês depois de os comunistas tomarem o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

O princípio ‘Uma só China’ [visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território] é considerado pelas autoridades chinesas como um pré-requisito e base política para manter relações diplomáticas com outros países.

“Se Bolsonaro decidir tratar Taiwan como um país, não há dúvida que haverá um rompimento, não apenas diplomático, mas também comercial, em todas as dimensões”, afirma Medeiros da Silva. “A China não negoceia esse princípio”, realça.

O ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, revelou, em março passado, uma carta de protesto enviada pela embaixada chinesa em Brasília à Executiva Nacional dos Democratas, na qual as autoridades chinesas afirmam encarar a visita de Bolsonaro a Taipé com “profunda preocupação e indignação”.

Na mesma nota, a embaixada chinesa considerou a viagem uma “afronta à soberania e integridade territorial da China”, que “causa eventuais turbulências na Parceria Estratégica Global China-Brasil, na qual o intercâmbio partidário exerce um papel imprescindível”. Durante a visita a Taiwan, Bolsonaro reuniu com membros do governo taiwanês.

José Medeiros da Silva considera, no entanto, que Bolsonaro não reconhecerá Taiwan como um país caso for eleito, apontando a importância do mercado chinês para a economia brasileira.

“Parte da base de apoio que deverá conduzir à sua eleição está ligada ao agronegócio, que é o grande exportador para a China, e ao setor mineiro”, refere.

“Num momento de crise económica, puxar para si uma crise diplomática dessas proporções, não faria muito sentido”, defende.

Desde da ascensão ao poder em Taiwan, em maio de 2016, da presidente Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista, pró-independência, um total de cinco países romperam relações com Taipé, incluindo São Tomé e Príncipe, passando a reconhecer Pequim como o único governo de toda a China.

A ilha tem atualmente relações diplomáticas com apenas 17 países em todo o mundo.

Os países da União Europeia mantêm relações não oficiais a nível governamental com Taiwan. Em Portugal, funciona um Centro Cultural e Económico de Taipé.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o principal investidor externo no país sul-americano.

Em 2017, o comércio entre o Brasil e a China atingiu 87,53 mil milhões de dólares, uma subida homóloga de 29,55%. A China vendeu bens no valor de 29,23 mil milhões de dólares e importou mercadorias no montante de 58,30 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais chineses divulgados pelo Fórum de Macau.

As exportações brasileiras para o país asiático são compostas, sobretudo, por petróleo, soja e minério de ferro.

Jair Bolsonaro venceu as eleições presidenciais brasileiras deste domingo, com 46,7% dos votos, seguido de Fernando Haddad (PT), com 28,37%, resultado que ditou a necessidade de uma segunda volta entre os dois candidatos, já que nenhum obteve mais de 50%.

A decisão sobre o sucessor de Michel Temer como 38.º Presidente da República Federativa do Brasil fica assim adiada para 28 de outubro.

9 Out 2018

Ministro da Cultura realça sentido ético da existência em Saramago

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, evocou hoje José Saramago em Coimbra e realçou que o Nobel da Literatura português “nunca perdeu o sentido ético” da existência humana.

O autor de “Memorial do Convento”, na sua opinião, “nunca deixou cair esta profunda exigência moral de justiça”.

Distinguido há 20 anos com o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago é “uma figura de escritor que se impõe por essa exigência ética que atravessa toda a sua obra”, sublinhou.

Luís Filipe Castro Mendes intervinha na abertura do congresso internacional “José Saramago: 20 anos com o Prémio Nobel”, promovido pela Universidade de Coimbra (UC), que decorre até quarta-feira no Convento de São Francisco, na margem esquerda do rio Mondego.

José Saramago “é um escritor que trabalha profundamente a sua escrita”, afirmou o ministro da Cultura, para frisar que o escritor possui “uma obra escrita trabalhada com suor”.

8 Out 2018

Músicos britânicos alertam Theresa May para risco que sector corre com o ‘Brexit’

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]úsicos britânicos como Ed Sheeran ou Rita Ora alertaram a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, para o risco que o setor musical corre se Inglaterra sair da União Europeia sem um acordo bilateral, noticiou ontem o The Observer.

O alerta consta de uma carta enviada à chefe do Governo britânico e que é subscrita por Damon Albarn, Brian Eno, Sting, Jarvis Cocker, Simon Rattle e Paul Simon, entre outros.

A missiva foi promovida por Bob Geldof, para quem “um ‘brexit’ falido” silenciará a “vasta voz” do setor musical britânico, confinando-o a “uma jaula cultural autoerigida”.

Os subscritores da missiva assinalam que sair da União Europeia (UE) sem acordo ou com um mau acordo afetaria as vendas e os direitos de autor e restringiria as possibilidades de promover digressões ou concertos, o que representaria um prejuízo para o setor musical de perto de 4.400 milhões de libras (5.000 milhões de euros) por ano.

Segundo o jornal, Bob Geldof, ex-vocalista dos Boomtown Rats, fez circular a carta, intitulada “Rumo a uma segunda votação”, pelos seus contactos com base nos princípios defendidos por personalidades da classe política e da sociedade civil que reclamam uma segunda consulta popular para que se definam os termos do ‘brexit’ (a saída do Reino Unido da União Europeia).

8 Out 2018

Investimento chinês captado através dos vistos ‘gold’ cai 24% até Agosto e o de origem turca mais que duplica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] investimento chinês captado através dos vistos ‘gold’ caiu 24% entre Janeiro e Agosto em termos homólogos, para 194,3 milhões de euros, enquanto o de origem turca mais que duplicou para 69,4 milhões de euros.

De acordo com os dados fornecidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), nos primeiros oito meses do ano foram atribuídos 348 autorizações de residência para atividade de investimento (ARI) a cidadãos de nacionalidade chinesa, num total de 194,3 milhões de euros, uma redução de 24% face a igual período de 2017.

Nos primeiros oito meses do ano passado, foram concedidos 450 vistos ‘gold’ a cidadãos de nacionalidade chinesa, num total de 256,5 milhões de euros.

A China, a par do Brasil, África do Sul, Rússia e Turquia, é uma das cinco nacionalidades com maior expressividade no âmbito da concessão de vistos ‘dourados’, como também são conhecidos estes instrumentos de captação de investimento.

O investimento turco em Portugal tem vindo a aumentar, tendo o valor mais do que duplicado (148%) nos primeiros oito meses do ano, face ao período homólogo de 2017, para 69,4 milhões de euros (129 ARI).

No caso do Brasil, até Agosto foram concedidos 108 ARI, num total de 86,7 milhões de euros, menos 41,8% que um ano antes.

O investimento proveniente de África do Sul recuou 47% para 22,8 milhões de euros, tendo sido concedidos 41 ARI.

Também o investimento oriundo da Rússia recuou até agosto – redução de 202% -, para 20,3 milhões de euros e 32 ARI.

No ano passado, o número de ARI atribuídos a cidadãos de nacionalidade russa tinha sido igual – 32 -, mas o valor do investimento superior (28 milhões de euros).

O investimento captado através dos vistos ‘gold’ subiu 33% em agosto, face a igual período de 2017, para 45,7 milhões de euros e aumentou 75% face a julho.

Em termos acumulados – desde que os vistos ‘gold’ começaram a ser atribuídos, em 08 de outubro de 2012, até agosto último –, o investimento total captado ascende a 3.967.108.844,37 euros, dos quais 370.144.760,19 euros por via da transferência de capital e 3.596.964.084,18 euros pela aquisição de bens imóveis.

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 6.498 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017 e 945 em 2018.

Em termos acumulados, foram concedidos 6.141 vistos pelo requisito da aquisição de bens imóveis, 345 por transferência de capital, e 12 pela criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.

A China lidera a lista de ARI atribuídas (3.936 até Agosto), seguida do Brasil (581), África do Sul (259), Turquia (236) e Rússia (227).

8 Out 2018

Obra do compositor Lopes-Graça digitalizada até junho de 2019

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]odas as partituras de Fernando Lopes-Graça (1906-1994), algumas delas inéditas, estarão totalmente digitalizadas no final do primeiro semestre do próximo ano, disse à agência Lusa o presidente da Fundação D. Luís I.

Salvato Teles de Menezes é o presidente da Fundação que tutela a programação da Casa Verdades Faria-Museu da Música Portuguesa (MMP), no Monte Estoril, em Cascais, entidade à guarda da qual Lopes-Graça deixou todo o seu espólio.

“Nós prevemos que a digitalização de todas as partituras esteja concluída em junho do próximo ano, e depois cria-se um ‘link’ ao ‘site’ da Biblioteca Nacional [de Portugal], possibilitando que todas as pessoas, especialmente os investigadores, tenham acesso às partituras”, disse Salvato Teles de Menezes, em entrevista à agência Lusa.

O responsável referiu que “as partituras levantam questões, relacionadas com as diferentes versões feitas pelo próprio Lopes-Graça”, mas, garantiu que “tudo irá lá ficar”, digitalizado.

Uma das dificuldades da digitalização é facto de o compositor, quando dava por terminada uma obra, “passava a partitura em papel vegetal”.

O processo de digitalização vai ser “acelerado”, garantiu o presidente da Fundação D. Luís I, referindo que todo o investimento, “que não é particularmente oneroso… de uns milhares de euros” é da Câmara de Cascais.

Teles de Menezes revelou que o processo de digitalização das partituras começou por iniciativa do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que foi instado, “por várias personalidades”, para a disponibilização do material de composição de Fernando Lopes-Graça, autor de sinfonias, música de câmara, coral, para piano e harmonização de centenas de canções populares dos repertórios europeu e americano.

“O resto [do material do acervo documental de Lopes-Graça] virá a seguir”, garantiu Salvato Teles de Menezes.

O responsável sublinhou que este processo visa também “preservar a documentação, evitando o seu desgaste pelo manuseamento”.

A digitalização da obra musical disponibiliza o seu acesso e a sua transcrição em partitura “o que, do ponto de vista da revisão, pressupõe a fixação do texto original, até porque cada compositor tem uma gramática própria”, disse, por seu turno, a coordenadora do MMP, Conceição Correia.

O compositor Sérgio Azevedo, que foi aluno de Lopes-Graça, é um dos revisores da obra do compositor tomarense.

Conceição Correia realçou que, “além da edição das partituras, é essencial fazê-las circular”. Aliás, “foi uma dificuldade com a qual se debateu o próprio Lopes-Graça, tendo muitas partituras circulado em ‘helicópias’”, feitas pelo próprio compositor, que “eram as chamadas edições do Lopes-Graça”.

Em entrevista à agência Lusa, a coordenadora do MMP, Conceição Correia, realçou a vastidão do espólio do compositor, natural de Tomar, revelando que “ainda há muitos inéditos”.

“A obra é vasta e, apesar de estar toda catalogada, é ainda desconhecida na sua totalidade, e vai revelar muitas surpresas durante muitos anos”, disse a responsável.

Quanto aos inéditos, Conceição Correia disse que estes “vão surgindo através das edições e dos estudos de investigação de quem se dedica à obras de Lopes-Graça, e as põe à vista”.

Segundo a responsável, “há obras musicais que nunca foram gravadas, e outras que só tiveram uma primeira audição”, caso das mornas cabo-verdianas, que foram estreadas em 1981, nas Caldas da Rainha, pela pianista Olga Prats e cujas partituras são apresentadas no dia 08 de dezembro, na Casa Verdades de Faria-MMP, por Edward Luiz Ayres d’Abreu.

À apresentação, no âmbito do ciclo “Escutar Lopes-Graça”, que se inicia no sábado, segue-se um recital pelo pianista Duarte Pereira Martins, com um programa que inclui peças de Óscar da Silva e Eurico Thomaz de Lima, além das Mornas, de Lopes-Graça.

Conceição Correia afirmou que “o trabalho de digitalização das partituras está já em curso”, referindo que muitas composições de Lopes-Graça mantêm-se no manuscrito original, não estando editadas e muitas nem gravadas.

“Para a maioria das pessoas há uma porção da obra de Lopes-Graça que não está ainda vulgarizada”, disse Conceição Correia, realçando que tem havido um “interesse crescente pela obra” do autor do “Requiem à Memória das Vítimas do Fascismo” (1979).

“Há cada vez mais estudantes a trabalhar sobre a obra de Lopes-Graça, quer a nível nacional quer internacional”, facto que não é alheio “à atividade regular do MMP de tratamento e divulgação da obra”, nomeadamente através de um ‘site’, que “desperta interesse” e do catálogo editado em 1997, que, “pela primeira vez, deu a noção de conjunto da obra”.

Conceição Correia referiu que a obra de Lopes-Graça tem “interessado muitos estudantes brasileiros”. O compositor deslocou-se várias vezes ao Brasil, a primeira vez, em 1958, e “manteve contactos e correspondência”.

Nos Estados Unidos, a sua obra coral é tema de uma tese de doutoramento. O compositor norte-americano, diretor coral e investigador Gregory W. Brown, da Universidade da Geórgia, está a trabalhar numa tese em Artes Musicais, que se intitula “The ‘Canções Regionais Portuguesas’ of Fernando Lopes-Graça (1906-1994): Methods and significance of the adaptation of folk materials into the coral médium”.

Por outro lado, “em Portugal, aprendemos a olhar de outra forma para a música portuguesa, em que, até meados do século passado, se menosprezava um pouco o repertório nacional”, e daí “uma maior procura por um dos nossos compositores de excelência”.

A edição de partituras “é vital”, sublinhou Conceição Correia, que apelou à colaboração da sociedade civil, “através de parcerias e apoios”.

Além das partituras, o MMP projeta digitalizar também os vários ensaios, textos e críticas de autoria de Lopes-Graça, além do material que o compositor guardou sobre referências escritas às suas peças.

8 Out 2018

Ministério da Cultura espanhol prepara dupla homenagem a Montserrat Caballé em Madrid e Barcelona

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério da Cultura espanhol propôs à família de Montserrat Caballé a celebração em Madrid e Barcelona de uma dupla homenagem à soprano, que morreu no sábado aos 85 anos.

O ministro da Cultura, José Guirao, tomou esta iniciativa junto da família da estrela de ópera durante sua visita ao local onde o corpo da cantora se encontra em câmara ardente.

Depois de cumprimentar e conversar com a família durante 45 minutos, Guirao disse, em declarações aos jornalistas, que a filha de Caballé, Montserrat Martí, foi recetiva à proposta de a sua mãe ser objeto de uma dupla homenagem.

Em princípio, a homenagem poderia ser realizada no Gran Teatre del Liceu, em Barcelona, e no Teatro de la Zarzuela ou no Teatro Real, em Madrid.

Destacando a importância da figura de Caballé, descrevendo-a como “uma mulher única e uma voz perfeita”, Guirao disse que “tem sido emocionante ver nestas últimas horas como os grandes teatros em todo o mundo e os meios de comunicação internacionais se lembraram dela “.

Montserrat Caballé morreu na madrugada de sábado, no Hospital de Sant Pau, em Barcelona, e o funeral realiza-se, na segunda-feira, às 12:00, para o cemitério de Barcelona.

8 Out 2018

Atestados falsos | Serviços de Saúde sem denúncias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde indicaram não ter recebido denúncias sobre os casos recentemente descobertos pela Polícia Judiciária (PJ) de emissão de atestados falsos por farmácias (ocidentais e chinesas) com o objectivo de defraudar companhias de seguros.

Em comunicado, o organismo diz estar atento e adverte que, além da responsabilidade criminal em que incorre o proprietário ou o pessoal administrativo, essas práticas podem resultar no cancelamento da licença do estabelecimento. Em comunicado, os Serviços de Saúde alertam ainda que os utentes que utilizam atestados ou certificados médicos falsos também incorrem na prática de crime.

8 Out 2018

IPM | Alunos de português aumentam 66,7 por cento

Han Lili, nova directora da Escola Superior de Línguas e Tradução do Instituto Politécnico de Macau, destaca o aumento do número de alunos na licenciatura em português, apesar de continuar a não dar resposta à procura de quadros qualificados. Neste ano lectivo, os estudantes de português são já cerca de 500

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de alunos de português no Instituto Politécnico de Macau (IPM) cresceu 66,7 por cento em três anos, um aumento que, mesmo assim, não consegue responder à procura, indicam números daquele organismo avançados à Lusa.

“Podemos ver esta tendência”, de crescimento, afirmou à Lusa a nova directora da Escola Superior de Línguas e Tradução (ESLT) do IPM, Han Lili, apontando para a necessidade de mais “cursos de português que possibilitem o aprofundamento dos conhecimentos da língua e da cultura dos países de expressão portuguesa”.

De acordo com os dados disponibilizados à Lusa, no ano lectivo 2016/2017 cerca de 300 alunos estavam a aprender português naquele instituto. Em 2017/2018 o número subiu para 350 devido ao “arranque do novo Curso de Licenciatura em Português e mais uma turma de licenciatura em tradução chinês-português”, disse a responsável. Neste ano lectivo, os estudantes de português são já cerca de 500.

Han Lili, que assumiu as novas funções no dia 16 de Agosto, explicou que uma das principais razões para o crescimento do número de estudantes de português neste ano lectivo tem que ver “com o arranque do novo curso de licenciatura em ensino de língua chinesa como língua estrangeira”.

O número de vagas disponíveis por ano para os cursos de português aumentou 50 por cento face aos últimos dois anos, em comparação com o ano lectivo de 2016/2017. Este ano havia 150 vagas para 800 candidaturas.

“Para ir ao encontro da procura cada vez maior dos talentos bilingues (chinês-português) qualificados pelo mercado, o IPM tem disponibilizado uma oferta diversificada dos cursos associados à aprendizagem de português”, argumentou a directora da ESLT.

Han Lili afirmou ainda que têm sido criados novos cursos, “nomeadamente o curso de relações comerciais China-Países lusófonos, curso de licenciatura em ensino de língua chinesa como língua estrangeira e o curso de português”.

“O curso centenário de tradução chinês/português do IPM continua a ser o curso com mais candidaturas”, assumiu. Esta escola “é uma família de verdadeira convivência cultural, com professores e alunos de diferentes origens culturais e linguísticas”, apontou.

Aposta nos PALOP

Os alunos dos países de língua portuguesa que estão a aprender chinês no IPM também registou um crescimento exponencial: aumentou cerca de três vezes em tantos anos.

“A partir do ano lectivo 2016/2017 começamos a recrutar alunos dos países de língua portuguesa de Cabo Verde, Angola, Moçambique, Portugal e Brasil, que vêm estudar chinês”, explicou a responsável.

Em 2016/2017 havia 23 alunos lusófonos a estudar chinês. No ano lectivo que começou em Setembro deste ano esse número aumentou para 70.

“Actualmente, temos três turmas. Está previsto, no plano de estudo, um ano de intercâmbio em Pequim, para aperfeiçoar a sua proficiência em chinês”, disse.

Ao número de alunos lusófonos a aprender chinês que frequentam o ESLT acresce-se todos os anos mais 25 alunos, uma turma do curso de tradução chinês-português do Instituto Politécnico de Leiria (IPL). “São alunos em mobilidade que vêm principalmente aperfeiçoar o chinês e as competências de tradução e interpretação”, explicou Han Lili.

A directora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Instituto Politécnico de Leiria, Sandrina Milhano, enfatizou a importância desta “oportunidade absolutamente única” para os alunos do IPL, que durante “dois anos têm contacto com a língua e com a cultura chinesa”, uma mais valia para “entenderem não só a tradução, mas também a interpretação”.

“Os alunos fazem dois anos em Portugal e dois anos na China”, um em Macau no IPM e outro na Universidade de Língua e Cultura de Pequim, explicou à Lusa Sandrina Milhano, afirmando ainda que estas parcerias envolvem reciprocidade. Cerca de 35 alunos do IPM estão a estudar este ano no IPL.

A parceria não se estende somente aos alunos, há também intercâmbio de professores que vão ensinar para os diferentes institutos. “Há o envio de professores de Macau para Leiria e de Leira para Macau e também de Pequim”, disse.

Sandrina Milhano acrescentou que existe “um conjunto de protocolos estabelecidos que já remontam há cerca de 13 anos”, entre o IPL e o IPM, como por exemplo a publicação de artigos e manuais escolares em conjunto.

Também Han Lili defendeu, como uma das suas principais apostas, a elaboração de “manuais que se destinam aos estudantes estrangeiros na aprendizagem de chinês, bem como manuais em relação a tradução e interpretação”.

Por fim, Sandrina Milhano apontou que a procura do curso de tradução no IPL tem aumentado. Este ano cerca de 116 pessoas tentaram entrar no curso, em 1.ª fase, mas só 25 é que conseguiram.

8 Out 2018

Diplomacia | Pompeo diz que houve “progressos” com Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse ontem que houve “progressos” na reunião que teve com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, em Pyongyang, para acelerar a desnuclearização.

Mike Pompeo falava já em Seul, no âmbito de uma visita que está a realizar à Ásia e que deverá, igualmente, levá-lo ao Japão e à China.

“Fizemos uma boa viagem para Pyongyang para nos encontramos com o presidente Kim”, declarou Mike Pompeo na rede social Twitter, depois de se ter encontrado com o líder norte-coreano durante quase duas horas.

“Continuamos a progredir em relação aos acordos obtidos na cimeira de Singapura, em Junho último, entre Kim Jong Un e o presidente norte-americano, Donald Trump”, acrescentou, agradecendo depois ao dirigente por o terem recebido, bem como à sua equipa.

Esta é a quarta viagem do secretário de Estado norte-americano à Coreia do Norte enquanto parece tomar forma um acordo entre os dois países.

Ao falar para o chefe da diplomacia norte-americana, através de um intérprete, Kim Jong Un disse ter-se tratado de “um bom encontro”, segundo escreve a agência de notícias AFP.

“Tratou-se de um bom encontro que promete um bom futuro (…) para os dois países”, frisou.

Pontos de vista

Numa visita anterior, realizada em Julho, Mike Pompeo também considerara ter havido progressos nas negociações com a Coreia do Norte, em contraste com as declarações de Pyongyang, que denunciou os “métodos criminosos” dos norte-americanos, acusando-os de exigirem o desarmamento unilateral da Coreia do Norte sem qualquer concessão.

Também um responsável norte-americano considerou a visita de ontem melhor do que a última, não deixando, porém, de referir que “o caminho ainda será longo”.

Sem que se conhecesse o conteúdo das reuniões, Mike Pompeo referira, na sua conta no Twitter, que visava “honrar os compromissos” assumidos anteriormente pelos dirigentes dos dois países.

No avião para Tóquio, Mike Pompeo explicara aos jornalistas que o objetivo do encontro era “construir confiança suficiente” para a Coreia do Norte avançar em direção à paz.

“E também organizaremos a próxima reunião”, referiu, defendendo a necessidade de desenvolver esforços no sentido de fixarem data e local para o próximo encontro.

Até ao momento, nenhum Presidente norte-americano visitou a Coreia do Norte, um país que, segundo os defensores dos Direitos Humanos, continua a ser um dos mais repressivos do mundo.

Donald Trump cancelou uma visita do chefe da diplomacia dos EUA a Pyongyang por ter considerado os progressos nas negociações insuficientes, mas, em Setembro, afirmou ter-se “apaixonado” pelo dirigente norte-coreano.

Washington e Pyongyang mantiveram a importância do acordo de Singapura, enquanto os Estados Unidos defendem a manutenção das sanções se a Coreia não proceder à “desnuclearização total e completamente verificada”.

A visita do diplomata norte-americano a Tóquio no sábado visava tranquilizar o aliado japonês e incluí-lo no processo de negociações.

O Japão defende que a Coreia do Norte seja tratada de forma dura e insiste na continuação da pressão sobre este país, embora, em Setembro, o primeiro-ministro japonês tenha mostrado abertura para se encontrar com Kim Jong-un.

8 Out 2018

CTCC | Rodolfo Ávila leva pontos de Wuhan

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar dos precalços, o piloto português de Macau, Rodolfo Ávila, concluiu a corrida do circuito citadino de Wuhan em 6º lugar. Segue agora para o Circuito de Xangai Tianma no final do mês
 

Depois de ter conquistado a pole-position nas duas provas anteriores, em Xangai Tianma e Ningbo, Ávila voltou a segurar, em Wuhan, um lugar na primeira linha da grelha de partida, tendo apenas sido superado na qualificação que determinou a ordem de partida para a corrida de sábado pelo tri-campeão do Campeonato Britânico de Carros de Turismo (BTCC), o inglês Colin Turkington. 

Contudo, na tarde de sábado, no momento do arranque, o trabalho do português na qualificação ficou comprometido ao perder posições nos primeiros metros da corrida. “Tanto eu, como o Colin, tivemos problemas no arranque e fomos ultrapassados pelos carros que partiram atrás de nós. Depois um KIA tocou-me logo na primeira volta. Como já não bastasse, na segunda volta, outro KIA acertou-me na traseira e ambos fomos obrigados a desistir. O piloto pediu-me desculpa, mas o mal já estava feito e fiquei desiludido por terminar assim uma corrida em que sabia que tinha andamento para terminar nos lugares do pódio”, explicou o piloto em comunicado.

De trás para a frente

Para a segunda corrida do fim-de-semana, Rodolfo Ávila largou da 15ª posição da grelha de partida e, a exemplo do que tem acontecido por diversas vezes esta temporada, fez uma corrida de trás para a frente. “Sobrevivendo às agressivas lutas do meio do pelotão, o piloto português de Macau aproveitou todas as oportunidades para subir lugares acabando por ver a bandeira de xadrez na sexta posição”, aponta a mesma fonte.

“Consegui passar vários adversários logo na primeira volta, aproveitei alguns toques entre pilotos para ganhar posições. Podia ter arriscado mais no final da corrida e talvez acabar em quinto, mas não quis arriscar mais e não acabar a corrida. A prioridade da equipa não é a classificação de pilotos, mas sim a classificação de construtores, portanto, depois do que aconteceu no sábado, terminar esta corrida era o mais importante para mim”, concluiu Ávila que ocupa a quinta posição no Campeonato de Pilotos.

Quando ainda faltam disputar dois eventos até ao final da temporada de 2018 do Campeonato da China de Carros de Turismo, as corridas regressam no fim-de-semana de 27 e 28 de Outubro, com uma jornada dupla no Circuito de Xangai Tianma.

8 Out 2018

Hotel Estoril | Scott Chiang não vai recorrer da decisão do TJB

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista Scott Chiang não vai apresentar recurso da decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB) que o condenou ao pagamento de uma multa no valor de três mil patacas pelo crime de introdução em lugar vedado ao público.

O processo refere-se a uma manifestação em que Chiang e Alin Lam colocaram uma faixa no interior do Hotel Estoril. Scott Chiang adiantou à Rádio Macau que não irá contestar a decisão judicial, apesar de ter admitido que a acusação não tinha fundamento e que estaria a ser usada como retaliação política e para “reprimir vozes indesejadas”.

8 Out 2018

Imprensa | Hong Kong à defesa por recusar renovar visto a jornalista

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap] ictor Mallet, de 58 anos, e vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong, que acolheu uma palestra  de  Andy Chan, activista pró-independência do território, viu negada a renovação do seu visto. Representantes americanos e britânicos criticam em uníssono a decisão. O Governo local defende-se alegando que ninguém pode interferir nas resoluções das autoridades da RAEHK

O Governo de Hong Kong defendeu-se ontem das críticas recebidas por parte do Reino Unido e dos EUA depois das autoridades do território terem recusado renovar o visto de trabalho de um jornalista do Financial Times.

“Nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir nas decisões tomadas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong sobre questões de vistos”, afirmaram as autoridades, citadas pela agência de notícias estatal Xinhua.

Hong Kong respondeu assim às críticas dos Reino Unido e dos EUA, que exigiram “explicações urgentes” às autoridades daquele território.

“Pedimos ao governo de Hong Kong que dê uma explicação urgente”, apontou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, em comunicado, no sábado.

“O alto grau de autonomia e liberdade de imprensa de Hong Kong está no centro do seu estilo de vida e deve ser plenamente respeitado”, acrescentaram as autoridades.

O consulado dos Estados Unidos em Hong Kong descreveu a medida tomada contra o jornalista Victor Mallet como “particularmente preocupante”.

O Financial Times revelou na sexta-feira que Hong Kong recusou renovar o visto de trabalho a Victor Mallet, que realizou, em Agosto, uma palestra de um activista pró-independência daquele território.

Clube de combate

Mallet, um experiente jornalista que assumiu a vice-presidência Clube de Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong (FCC, sigla em inglês), desencadeou forte controvérsia com o antigo chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa Leung Chun-ying depois de o clube ter decidido organizar uma palestra com Andy Chan, líder do Partido Nacional de Hong Kong, pró-independência.

O FCC recusou ceder ao pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês de cancelar a palestra, reiterando como prioridade a defesa da liberdade de expressão.

Este pedido, o primeiro deste tipo desde 1997, data da transferência de soberania do Reino Unido para a China e surge numa altura em que Pequim continua a reforçar o domínio sobre Hong Kong que, ao abrigo da lei básica local, goza de liberdade de expressão e poder judicial independente.

O partido foi ilegalizado a 24 de Setembro passado, numa decisão sem precedentes anunciada pelo secretário para a Segurança, John Lee Ka-chiu.

Victor Mallet, de 58 anos, é jornalista há mais de três décadas na Ásia, Europa, Médio Oriente e África.

8 Out 2018

Angola | PR na China a negociar empréstimos de 10 mil milhões  de euros

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap] oão Lourenço regressa a Pequim para negociar um pacote de novos empréstimos que visam financiar projectos que vão do novo Aeroporto, à marginal de Corimba, em Luanda, ou ainda a construção da base da Academia Naval, em Kalunga

O Presidente angolano, João Lourenço, efectua esta terça e quarta-feira uma visita de Estado à China, onde esteve há cerca de mês e meio, enquanto tenta fechar empréstimos de Pequim avaliados em cerca de 10.000 milhões de euros.

O montante em negociação junto de parceiros internacionais (China e Europa), segundo noticiou a Lusa em Maio último, citando fonte governamental, poderá ascender a de 16.500 milhões de euros em linhas de financiamento para projectos no país. Contudo, a maior parte será oriunda de instituições bancárias chinesas.

Cerca de 40 dias depois de ter participado, em Pequim, na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África, João Lourenço regressa assim ao país, enquanto tenta chegar a um acordo nas negociações que decorrem há vários meses.

A 1 deste mês, fonte da Casa Civil do Presidente da República angolano adiantou que João Lourenço será acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, e pelo Governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano.

Em Pequim, acrescentou a fonte, o Presidente angolano será recebido pelo homólogo da China, com quem esteve reunido a 4 de Setembro passado, à margem da cimeira, em que manifestou a Xi Jinping o desejo de ver aumentado o investimento direto de empresas chinesas na produção de bens de amplo consumo.

Em Setembro, durante a estada em Pequim, o Presidente angolano adiantou que o investimento pode ser feito através do estabelecimento de parcerias “mutuamente vantajosas” com empresários angolanos, na partilha de tecnologia e de conhecimento científico e na formação de quadros angolanos.

Para assegurar o êxito dos programas bilaterais de cooperação, o chefe de Estado angolano defendeu o estabelecimento de “mecanismos práticos que possibilitem o acesso aos recursos financeiros necessários para o sucesso das medidas de políticas estabelecidas pelas nações africanas”.

João Lourenço considerou também “necessário” que as instituições bancárias africanas e da China desempenhem um papel importante, “com o objectivo de tornarem real a vontade política de ambos os lados” em proporcionar os recursos e desenvolver projetos que garantam um desenvolvimento que se revele “mutuamente vantajoso”.

Durante a visita de João Lourenço, porém, não foi possível concluírem-se as negociações para a definição de um quadro geral de cooperação financeira bilateral, que ficaram então adiadas para fins de Setembro e, agora, para a visita do Presidente angolano.

“É possível que este acordo (sobre a definição do quadro geral de cooperação financeira) seja assinado na China ainda este ano”, disse então Manuel Augusto, salientando que Pequim está disposta a financiar projectos em África, mas uma das contrapartidas é a transparência nos países que queiram concorrer a esse financiamento.

Obras gerais

A Lusa noticiou em Maio último que o Governo angolano está a negociar mais de 16.500 milhões de euros em linhas de financiamento internacionais para projectos no país, a maior parte junto de instituições da China.

De acordo com informação do Governo angolano enviada na altura a investidores internacionais, Angola está actualmente a negociar “várias novas facilidades de crédito”, algumas das quais em fase avançada de negociação.

É o caso de uma linha de financiamento em negociação com os chineses do ICBC (Banco Industrial e Comercial da China), para projetos de infraestrutura em Angola, avaliados em 11.700 milhões de dólares.

Tendo ainda o ICBC como angariador, agente e credor original, o Governo angolano, lê-se no documento, está “em vias de celebrar um contrato de empréstimo” de 1.281,9 milhões de dólares, para financiar até 85% do preço do contrato para a concepção, construção e fornecimento de equipamentos do Novo Aeroporto Internacional de Luanda, em construção por empresas chinesas nos arredores da capital.

Este empréstimo será por um período de 15 anos e inclui um período inicial de carência de 18 meses, durante o qual Angola não é obrigada a reembolsar o montante principal do empréstimo.

Através do banco estatal chinês que apoia as importações e exportações do país (China EximBank), Angola está a negociar um financiamento para a construção da marginal de Corimba, em Luanda, de 690,2 milhões de dólares, para o sistema de transporte de eletricidade da barragem de Lauchimo, por 760,4 milhões de dólares, e para a construção da base da Academia Naval, em Kalunga, Porto Amboim, no valor de 1.100 milhões de dólares.

Só entre 2013 e final de 2017, dados do Governo angolano indicam que a dívida total de Angola à China – bilateral e aos bancos comerciais chineses – passou de 4.700 milhões de dólares para 21.500 milhões de dólares, equivalente a mais de 60% de toda a dívida contraída externamente pelo país.

Ainda sem estes acordos de financiamento fechados, o Governo angolano estima fechar 2018 com um endividamento público de 77.300 milhões de dólares, equivalente a 70,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para este ano, excluindo a dívida da petrolífera estatal Sonangol.

8 Out 2018

Brasil/Eleições: Resultado final dá 46% dos votos a Bolsonaro e 29% para Haddad

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) irão defrontar-se na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras no dia 28 deste mês, tendo cada um obtido 46% e 29% dos votos, respectivamente.

Com 99% das secções de voto apuradas, Jair Bolsonaro conquistou o voto de cerca de 49 milhões de brasileiros, seguido por Haddad que chegou perto dos 30 milhões, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começaram a ser divulgados às 19h00.

Ainda de acordo com os dados praticamente finais do TSE, em terceiro lugar ficou o candidato Ciro Gomes (PDT) com 12% dos votos válidos do eleitorado, o que correspondeu a cerca de 13 milhões de votos.

Como nenhum candidato atingiu na votação deste domingo a marca de 50% dos votos válidos, o próximo Presidente da República do Brasil será eleito na segunda volta, a decorrer dentro de três semanas, a 28 de outubro.

Os últimos números foram divulgados perto das 22:15 (02:15 em Lisboa) e confirmaram a disputa final entre Jair Bolsonaro, o candidato da extrema-direita brasileira, e Fernando Haddad, que substituiu Lula da Silva na liderança da candidatura do PT (esquerda).

Neste domingo, 147 milhões de brasileiros foram às urnas para escolher um novo Presidente, membros do Parlamento (Câmara dos Deputados e Senado), além de governadores e legisladores regionais em todo o país.

Bolsonaro apela aos eleitores para não darem um “passo à esquerda” perante o “caos”

Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil está à beira do caos, apelando aos eleitores para não darem um “passo à esquerda”, numa referência a Fernando Haddad, seu opositor na segunda volta da corrida presidencial.

“O nosso país está à beira do caos, não podemos dar mais um passo à esquerda, o nosso passo agora é de centro-direita”, afirmou Jair Bolsonaro, numa mensagem na rede social Facebook, discurso menos agressivo do que o habitual, com referências às minorias sexuais, mulheres e moradores do país que costumam votar PT, como é o caso do Nordeste do país.

Agora, para a segunda volta, a 28 de outubro, “temos que unir os cacos que nos fez o governo da esquerda no passado, botando de um lado negros e brancos, jogando nordestinos contra sulistas, pais contra filhos, até mesmo quem tem opção sexual homo contra heteros”, acrescentou o candidato, que venceu a primeira volta da corrida eleitoral, disputada este domingo.

“Vamos colocar um ponto final nos activismos” e “desregulamentar muita coisa, desonerar a folha de pagamento” dos salários, afirmou Bolsonaro, num discurso de 15 minutos, em que elencou o poder económico do PT, que diz ter “bilhões para gastar” e o “controlo social” dos ‘media’ brasileiros.

“O que está em jogo é a nossa liberdade, é a manutenção da operação ‘Lava Jato’”, numa referência ao processo judicial que colocou na prisão Lula da Silva, antigo Presidente brasileiro, dirigente histórico do PT e primeira escolha do partido para estas eleições presidenciais.

“O nosso juiz Sérgio Moro não vai ser jogado na lata do lixo”, afirmou, acrescentando, sobre a corrupção no Brasil: “Vamos reduzi-la o máximo possível”.

Haddad diz que pacto constitucional está em causa na segunda volta

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Fernando Haddad, afirmou que na segunda volta das presidenciais brasileiras está em causa o pacto constitucional de 1988, que assinalou a normalização democrática do país.

Dentro de três semanas, na segunda volta, em que irá enfrentar o candidato populista de extrema-direita Jair Bolsonaro, Haddad considera que “há muita coisa em jogo, o próprio pacto da constituinte de 88 está hoje em jogo”.

“Vamos ser vitoriosos no segundo turno”, afirmou Fernando Haddad, admitindo que esta é uma “eleição muito diferente de todas” as anteriores.

Agora, “muito respeitosamente nós vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento”, disse Haddad, esperando que o seu opositor esteja disponível para debater, numa referência ao facto de Bolsonaro ter recusado participar no último debate televisivo.

“Não vou abrir mão dos meus valores” e o “segundo turno é uma oportunidade de ouro para discutir frente a frente”, afirmou.

Marina Silva e Geraldo Alckmin avaliam apoios para segunda volta

Os candidatos da Rede, Marina Silva, e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Geraldo Alckmin, à primeira volta das presidenciais brasileiras anunciam em breve as suas posições face à segunda volta, marcada para 28 de outubro.

Marina Silva, que partiu como uma das principais candidatas e acabou em nono lugar na primeira volta das presidenciais, disse no seu discurso após a divulgação dos resultados que ainda irá conversar com membros da Rede sobre qual a posição a adotar na segunda volta.

Já o candidato do PSDB (centro-direita) Geraldo Alckmin, que ficou em quarto lugar na primeira volta das presidenciais brasileiras, realizadas estes domingo, remeteu hoje para terça-feira uma decisão de apoio na segunda volta, que será disputada entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

“A executiva nacional em Brasília” do PSDB já foi agendada para terça-feira, onde será feita uma “avaliação do processo eleitoral e tomada uma posição quanto ao segundo turno”, afirmou.

A nossa convicção na essência do regime democrática não tem poder que não seja legitimado pelo voto e pela expressão popular”, acrescentou, mostrando ter uma “fé inquebrantável no Braisl, esse país maravilhoso”.

A candidata da Rede, Marina Silva (Rede) afirmou ainda que estará na oposição independentemente de quem seja o vencedor.

“Independentemente de quem seja o vencedor, nós estaremos na oposição. O Brasil vai precisar de uma oposição democrática. Podemos assegurar: estaremos na oposição porque é a única forma de quebrar o ciclo vicioso”, declarou.

Surpresas para governadores em São Paulo, Rio e Minas Gerais

Mudanças de última hora marcaram as eleições para os governos dos estados mais populosos do Brasil – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – que terão na segunda volta candidatos que não eram considerados favoritos.

Em São Paulo, a disputa será entre o candidato João Dória do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que teve 31,7% dos votos válidos e o candidato Márcio França do Partido Socialista Brasileiro, que obteve 21,53%.

França venceu uma das corridas mais apertadas destas eleições, superando o candidato Paulo Skaff do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), derrotado com 21,09% dos votos que apareceu em segundo lugar em todas as sondagens de intenção de voto antes das eleições.

No Rio de Janeiro o juiz Wilson Witzel do Partido Social Cristão (PSC) foi a grande surpresa da eleição regional.

Com uma campanha voltada para a crítica dos problemas de segurança pública do Rio de Janeiro e o apoio do presidenciável Jair Bolsonaro, Wilson Witzel chegou em primeiro lugar com 41,2% dos votos e superou o candidato que liderava as sondagens, o ex-prefeito da capital ‘carioca’ Eduardo Paes, do Democratas, que chegou à segunda volta com apenas 19,5% dos votos.

Em Minas Gerais, o PT foi afastado da liderança do governo estadual. O empresário Romeu Zema, do Partido Novo, que se candidatou pela primeira vez, liderou a votação com 42% dos votos contra Antonio Anastasia do PSDB, que aparecia na dianteira de todas as sondagens, obtendo 29% dos votos.

Também haverá uma segunda volta nos estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe.

Nas eleições de domingo, treze governadores regionais dos 27 estados brasileiros foram eleitos na primeira volta.

No estado do Acre foi eleito governador Gladson Cameli (Partido Progressista, PP), em Alagoas Renan Filho (MDB), no Paraná Ratinho Junior (Partido Social Democrático, PSD) e no Espírito Santo Renan Casagrande (PSB).

O novo governador de Goiás será Ronaldo Caiado do Democratas, em Mato Grosso está eleito Mauro Mendes também do Democratas, na Paraíba João Azevedo do PSB e no Tocantins Mauro Carlesse do Partido Humanista da Solidariedade (PHS).

Rui Costa do Partido dos Trabalhadores (PT) irá governar por mais quatro anos o estado da Bahia, Camilo Santana do PT foi reeleito no Ceará, Flavio Dino do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi reeleito no Maranhão, o governador do Piauí Wellington Dias (PT) acabou por ser reeleito, assim como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

8 Out 2018

China é a melhor parceira que Angola pode ter nesta fase, diz economista 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] economista angolano Manuel Alves da Rocha defende que a China, na atual fase de crise económica em Angola, é o “melhor parceiro que o país pode ter”, por não seguir os condicionalismos económicos impostos, por exemplo, pela Europa.

Numa entrevista à agência Lusa, em Luanda, o também investigador e professor da Universidade Católica de Angola, de 71 anos, salientou que a cooperação com o Ocidente, nomeadamente financeira, foi sempre toldada por condicionalismos do ponto de vista político, aspetos que, realçou, “a China não coloca”.

“Tenho tido uma apreciação relativamente crítica sobre a ligação à China. Mas, nesta fase, não só para Angola, mas também para África – a China tem muito dinheiro, sobretudo nas linhas de crédito, nos financiamentos e, eventualmente, no investimento privado chinês em Angola – é a melhor parceira que Angola pode ter”, disse.

“Há condicionalismos que muitos países europeus colocam nas linhas de crédito e nos financiamentos que concedem. São sempre com alguma condicionalidade política: Há uns resultados preliminares da estratégia de João Lourenço nos domínios da transparência e do combate à corrupção e isso pode ser bom”, acrescentou o também diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica, orgão criado em 2002.

Alves da Rocha lembrou que a China é o maior credor de Angola e que, atualmente, tem em cima da mesa a negociação de mais uma linha de crédito – que ronda os 10 mil milhões de euros -, razão que leva, de novo, o Presidente angolano, João Lourenço, a Pequim, depois da presença em setembro na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África.

O economista angolano, no entanto, não isenta de críticas a cooperação financeira chinesa e muito menos a definição, escolha e implementação de projetos financiados pela linha de crédito da China, “que não tem sido a melhor”.

“Temos problemas em várias vias rodoviárias, construídas com base nos créditos da China, que já estão a ser reconstruídas seis, sete ou oito anos depois, quando estas infraestruturas têm uma vida económica média útil de 20, 25 ou 30 anos. Significa que estamos a duplicar investimentos públicos, estamos a diminuir a sua rendibilidade económica e social e a criar mais dívida, a aumentar a dívida externa do país”, criticou.

Para Alves da Rocha, porém, a “culpa” é também de Angola, que não fez uma fiscalização correta, permitindo que a escolha das empresas que devem executar as obras seja feita pela China – “temos obras chinesas de fraca qualidade, mas temos obras chinesas de elevada qualidade”.

“Tem de haver aqui um espaço de negociação para tornar os financiamentos chineses mais úteis e, do ponto de vista económico, mais rentáveis”, sugeriu, lembrando que o Governo do Presidente angolano tem, pelo meio, “muitos desafios” pela frente.

Questionado pela Lusa sobre quais os principais desafios, Alves da Rocha salientou três, que passam por questões políticas, económicas e financeiras.

“Tem, em primeiro lugar, uma questão política. Não sei se a sua eleição política, com a sua eleição para a liderança do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no Congresso Extraordinário, a 08 de setembro], acabará por organizar um partido mais unido e unificado, de modo a que tenha uma participação na condução dos destinos do país”, referiu.

Como segundo desafio, acrescentou, João Lourenço tem um problema económico -“não vejo como vai ser ultrapassado” -, uma vez que Angola vive, desde 2009, problemas de consolidação do crescimento económico.

“2009 foi o início de um período em que a dinâmica de crescimento de Angola diminuiu significativamente, comparado com o período que se costuma chamar a ‘mini idade de ouro do crescimento económico de Angola’ e, consultando o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN – 2018/2022), tenho algumas reservas sobre se de facto se será o instrumento ou abordagem para se ultrapassar os problemas económicos”, questionou.

“O PDN conta com nove eixos estratégicos de desenvolvimento, em que cada eixo tem uma série de políticas para serem executadas. Cada política tem uma série de objetivos e há um conjunto variado de ações, ou seja, trata-se de um PDN cujos resultados ficam quem das nossas expectativas. Tanta política, tantos eixos estratégicos para, no fim, para Angola rubricar uma taxa média anual do crescimento do PIB até 2022 de 3%”, criticou.

Sublinhando desconhecer “quanto vai tudo custar”, Alves da Rocha lembrou que a implementação de um plano “tem custos diretos para o governo e custos de oportunidade para a economia”.

Em terceiro lugar há o problema financeiro, pois Angola “está com dificuldades financeiras a vários níveis”.

“O país, a própria economia, tem problemas de divisas, as finanças públicas têm problemas de receitas. Apesar do preço do petróleo estar a aumentar, há aqui um problema de ligação às quantidades produzidas. Pode ser que esta situação se venha a alterar a partir de 2020 ou 2021, quando os engulhos sobre a produção serão resolvidos. Mas, até lá, o problema permanece. Temos tentado resolver o problema financeiro, o problema dos défices, através de empréstimos, nomeadamente externos, desta maneira”, disse.

“São muitos desafios, mas creio que João Lourenço contará, não sei se durante todo o tempo da sua legislatura, com o apoio do partido e o apoio das organizações da sociedade civil, que veem João Lourenço como uma esperança de mudança, de colocar o país nos trilhos corretos”, concluiu.

Natural de Malanje, onde nasceu a 26 de agosto de 1957, Manuel José Alves da Rocha é professor Associado da Universidade Católica de Angola, onde leciona as cadeiras de Finanças Públicas e Integração Económica.

Alves da Rocha é escritor assíduo de artigos de opinião em alguns órgãos de comunicação social angolanos e estrangeiros e autor de cerca de duas dezenas de livros sobre a temática direta ou indiretamente associada à vida económica em Angola.

O economista é ainda membro da Academia de Ciências de Lisboa (Académico Correspondente), da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Senado da Universidade Católica de Angola, da Ordem dos Economistas Portugueses, da Associação Angolana de Economistas, da Canadian Association of African Studies (desde 1998), entre outros.

7 Out 2018