Seul | Maior crescimento económico dos últimos dois anos

A economia da Coreia do Sul cresceu 1,3 por cento no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o período anterior, o valor mais elevado desde o final de 2021, disse ontem o banco central. Num comunicado, o Banco da Coreia (BoK) justifica o aumento do produto interno bruto (PIB) com a força das exportações e à recuperação dos gastos das famílias e do investimento na construção civil.

A quarta maior economia da Ásia cresceu duas vezes mais depressa do que no último trimestre de 2023, quando registou uma expansão de 0,6 por cento, e atingiu o valor mais elevado desde que subiu 1,4 por cento, entre Setembro e Dezembro de 2021.

Em termos anuais, o PIB da Coreia do Sul aumentou 3,4 por cento no primeiro trimestre do ano, muito acima da subida anual de 2,2 por cento registada nos últimos três meses de 2023.

No ano passado, a economia sul-coreana cresceu 1,4 por cento, a taxa mais baixa dos últimos três anos, devido ao abrandamento das exportações, causado por políticas monetárias restritivas em grande parte do mundo. As exportações, um dos pilares do PIB da Coreia do Sul, cresceram 0,9 por cento no primeiro trimestre, impulsionadas pelos telemóveis, enquanto as importações baixaram 0,7 por cento devido uma queda no equipamento eletrónico.

O investimento na construção aumentou 2,7 por cento, em contraste com a queda de 4,5 por cento no último trimestre de 2023, e o consumo privado subiu 0,8 por cento, face ao crescimento de 0,2 por cento dos três meses anteriores. O investimento público cresceu 0,7 por cento, mais duas décimas do que no período entre Setembro e Dezembro, enquanto o investimento das empresas diminuiu 0,8 por cento devido a cortes no equipamento de transporte.

26 Abr 2024

Casa Garden | Lançamento em Maio de livro que compara Macau, Índia e Timor

O livro “Macau, Índia e Urbanismo de Timor – Continuidade e Ruptura na Implantação do Planeamento Urbano entre 1934 e 1974”, da autoria de Sérgio Barreiros Proença, será lançado na Casa Garden no próximo dia 3 de Maio, a partir das 18h30, tratando-se de uma iniciativa promovida pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo.

Segundo um comunicado da organização, este livro proporciona “uma perspectiva única sobre o desenvolvimento do planeamento urbano de Macau, Goa e Timor”, apresentando a análise sobre o “rico arquivo de planos urbanísticos destes três territórios”.

A obra nasce de um projecto de investigação financiado pelo próprio CURB, Fundação Macau e CIAUD – Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design, ligado à Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Este projecto, realizado com base nos planos de urbanização das antigas províncias ultramarinas portuguesas, dos anos 1937 a 1974, foi também financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo coordenação da académica Maria Clara Mendes.

Sérgio Barreiros Proença é licenciado em Arquitectura, Planeamento Urbano e Territorial pela antiga Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, actualmente Universidade de Lisboa. Tem ainda um mestrado em Cultura Arquitectónica Moderna e Contemporânea e um doutoramento em Urbanismo. É ainda docente nesta área.

O CURB é uma instituição sem fins lucrativos estabelecida em Macau para promover a investigação, educação, produção e disseminação do conhecimento em arquitectura, urbanismo e cultura urbana.

26 Abr 2024

Blinken aborda práticas comerciais em reuniões em Xangai

O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, abordou ontem, em Xangai, junto de funcionários do governo da “capital” económica da China, o que os Estados Unidos consideram ser práticas comerciais chinesas injustas.

Blinken reuniu-se com o principal responsável da cidade, o secretário local do Partido Comunista, Chen Jining, e “manifestou a sua preocupação com as políticas comerciais [chinesas] e as práticas económicas não mercantis”, afirmou o Departamento de Estado, em comunicado.

Blinken sublinhou que os Estados Unidos procuram uma concorrência económica saudável com a China e “condições equitativas para os trabalhadores e as empresas norte-americanas que operam” no país asiático. “As duas partes reafirmaram a importância dos laços entre os povos dos Estados Unidos e [da China], incluindo a expansão dos intercâmbios entre estudantes, académicos e empresários”, acrescentou.

Blinken chegou a Xangai na quarta-feira, pouco antes de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinar um pacote de ajuda externa de 95 mil milhões de dólares que contém vários elementos susceptíveis de desagradar a Pequim, incluindo 8 mil milhões de dólares para Taiwan.

Em busca de compromissos

Pequim tem-se insurgido contra a assistência dos EUA a Taiwan e condenou imediatamente a ajuda como uma provocação perigosa. Também se opõe fortemente aos esforços para forçar a venda do TikTok, a plataforma de partilha de vídeos detida por uma empresa chinesa.

“Penso que é importante sublinhar o valor – na verdade, a necessidade – de um compromisso directo, de falarmos uns com os outros, de expormos as nossas diferenças, que são reais, e de procurarmos ultrapassá-las”, disse Blinken a Chen.

“Temos uma obrigação para com o nosso povo, e mesmo uma obrigação para com o mundo, de gerir de forma responsável as relações entre os nossos dois países”, afirmou. “É essa a obrigação que temos e que levamos muito a sério”. Chen disse esperar que Blinken obtenha uma “profunda impressão e compreensão” de Xangai, uma cidade repleta de arranha-céus, portos e mais de 25 milhões de pessoas que é um íman para jovens ambiciosos da China e do estrangeiro.

Pouco após a sua chegada, Blinken assistiu a um jogo de basquetebol entre os Shanghai Sharks e os Zhejiang Golden Bulls, com a equipa da casa a perder nos últimos segundos por 121-120. Com a corrida presidencial norte-americana a aquecer, não é claro quais as ramificações que uma vitória de Joe Biden ou do antigo Presidente Donald Trump poderá ter para as relações.

26 Abr 2024

Concerto | Trio Mark Leung e músicos locais amanhã na FRC

É já amanhã que a galeria da Fundação Rui Cunha acolhe mais um espectáculo de jazz. Os protagonistas são o Trio Mark Leung, composto por músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos e colaboradores da Associação de Promoção de Jazz de Macau. Este é mais um evento incluído na série de espectáculos “Saturday Nigh Jazz” e serve de celebração aos 12 anos da FRC

 

Escreve-se amanhã mais um capítulo na história da iniciativa “Saturday Night Jazz”, criada pela Fundação Rui Cunha (FRC) para promover a música que se faz a nível local e também regional. A partir das 21h é possível ouvir composições de jazz tocadas pelo Trio Mark Leung, com músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos da Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA, na sigla inglesa), presença habitual na FRC na realização deste tipo de iniciativas.

O concerto serve para celebrar o 12.º ano da FRC, um projecto que nasceu da mente do advogado Rui Cunha para promover a cultura local, mas também a dinamização do Direito de Macau.

O Trio Mark Leung adoptou o nome do seu guitarrista, que se junta ao baterista Felix Leung e ao baixista Kiu Fung Lee. Mark Leung esteve em Macau em Março do ano passado, quando apresentou o seu projecto mais regular, o “Olá Jazz Guys”.

O guitarrista fundou a “Olá School of Music” para desenvolver estudos de performance e educação musical no território vizinho, sendo também fundador da Free Music Association (FMA).

Mark Leung é ainda membro da Sociedade de Compositores e Autores de Hong Kong (CASH), além de ser considerado “um velho amigo” da MJPA, tendo inclusivamente estudado em Portugal com o músico de jazz Zé Eduardo, nome também habitual na cena local do jazz.

Segunda parte local

Se o espectáculo abre com o Trio Mark Leung, encerra com músicos de Macau e habituais colaboradores da MJPA, nomeadamente o guitarrista Mars Lei, seu presidente e nome habitual nestas iniciativas. Segundo a FRC, “os habituais artistas residentes irão tocar clássicos do jazz com a ajuda dos colegas de Hong Kong”.

Desde 2014 que o evento “Saturday Night Jazz” é organizado pela FRC em parceria com a associação, que é formada “por amantes de jazz que regularmente tocam, ensinam e exploram os vários estilos deste género musical, no âmbito de múltiplos projectos vocacionados para a juventude”.

26 Abr 2024

DST | Destacados pontos turísticos na zona norte

A fim de dar resposta à quebra de consumo registada pelos espaços comerciais e restaurantes da zona norte, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) criou um roteiro para novos pontos fotográficos nesta zona da península, a pensar na chegada dos feriados do 1.º de Maio, Dia do Trabalhador.

Este organismo aponta, em comunicado, que os turistas podem explorar as zonas de lazer da Pérola Oriental e do bairro do Fai Chi Kei onde foram colocadas as instalações “Descontrai-te, Diverte-te Macau!”, com a figura “PIGPI” e ainda a “Trendy Tour of Macao”. Além disso, aos fins-de-semana realizam-se espectáculos interactivos de “flash mob” e danças integrados no programa de encontro com a mascote da DST “Mak Mak”.

A DST diz estar ainda a realizar diversos trabalhos para dar resposta ao aumento do número de visitantes nos feriados de 1 a 5 de Maio, nomeadamente através da “promoção através de vários canais, o reforço da comunicação com os operadores turísticos e a realização de inspecções interdepartamentais”.

A ideia é “assegurar a qualidade dos serviços turísticos” e mostrar a quem vem de fora a “diversidade do ‘Turismo +’, de modo a aproveitar as festividades importantes, promovendo-se o turismo e a economia da cidade”.

Outro destaque dado pela DST é a nova exposição da LEGO no Museu do Grande Prémio, que estará aberto nos feriados. A mostra apresenta o modelo de um carro de fórmula 3 feito com legos, na escala 1:1. Será dada continuidade ao passeio de autocarro “Explorar o Circuito da Guia”, com duas sessões diárias entre os dias 1 e 5 de Maio, às 12h e 14h30.

Serão ainda lançados em Maio programas que visam o aumento do turismo nos bairros comunitários, nomeadamente “Passeios pela Rua da Praia do Manduco”, “Visita Guiada Modernizada à Cultura de Kun Iam” e ainda “Macau Full of Fun – Visitas guias às zonas comunitárias”.

26 Abr 2024

DSAL | Três feiras de emprego no início de Maio com 436 vagas

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) vai organizar três feiras de emprego na primeira quinzena para irá disponibilizar 436 vagas para trabalhos de segurança, limpeza, venda a retalho em supermercados e hotelaria. As inscrições para as feiras de emprego abrem hoje, às 09h e encerram ao meio-dia de 2 de Maio.

A primeira sessão de emparelhamento está marcada para a manhã de 3 de Maio, no Edifício da FAOM na Rua da Ribeira do Patane, nº 2-6, onde os candidatos terão à disposição 124 vagas de emprego para os sectores da segurança e limpeza. Os cargos oferecidos são gerente de operações, gerente do departamento de segurança, gerente do departamento de limpeza, chefe de segurança, empregado administrativo do departamento de segurança, guarda de segurança do edifício residencial, agente de segurança do aeroporto, guarda de segurança e empregado de limpeza.

Na parte da tarde, será a vez dos sectores de venda a retalho em supermercados e de produtos alimentares, com 121 vagas para empregado de loja, arrumador de prateleiras, operador de caixa, preparador de produtos aquáticos e cortador de carnes.

No dia 6 de Maio, é a vez do sector da hotelaria oferecer 191 vagas de emprego numa sessão que decorre no 7.º andar do Hotel Grand Lisboa Macau. As vagas são para gerente de restaurante, gerente de segurança e higiene alimentar, supervisor de restauração, cozinheiro-chefe, escanção, cozinheiro e empregado de restauração.

26 Abr 2024

Obras | Inspecções a 449 estaleiros resultam em cinco multas

Entre os dias 12 e 22 de Março, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) enviou pessoal a 449 estaleiros ou locais de obras em Macau para “visitas inspectivas regulares de segurança e saúde ocupacional”.

Durante estas inspecções, foram emitidas um total de 48 recomendações de melhoria e aplicadas multas em cinco situações consideradas inseguras. A DSAL acrescentou que as multas envolveram situações como “falta de medidas de protecção colectiva nos trabalhos em altura e o uso inseguro da electricidade, tendo ainda emitido ordens de suspensão e de melhoramento a dois estaleiros onde encontrou risco de segurança e saúde ocupacional”.

Além disso, desde que passou a ser obrigatória licença para técnico superior de segurança e técnico de segurança na construção civil, a 14 de Março de 2023, até Março deste ano, foram aprovadas 799 licenças para técnico superior de segurança e 1 273 licenças para técnico de segurança na construção civil.

Num comunicado emitido ontem, a DSAL deu conta também da estatística de conflitos laborais em que interveio no primeiro trimestre deste ano, com “um total de 29 visitas inspectivas a 28 estaleiros de obra de grande envergadura, tendo sido obtidas 110 informações e acompanhadas de imediato as questões laborais encontradas”.

26 Abr 2024

Obras de Ding Li na galeria Humarish Club até Maio

A galeria Humarish Club, no empreendimento Lisboeta Macau, acolhe até ao dia 17 de Maio a exposição “La Dolce Vita” [A Vida é Bela] do artista chinês Ding Li, sendo esta a primeira vez que este revela a sua obra ao público local.

A exposição, realizada em parceria com a galeria Madein, apresenta obras que são uma espécie de retratos de figuras, com o artista a apresentar uma nova visão sobre “cenas do quotidiano através de pinceladas intrincadas”, criando “linhas de textura metálicas” e “texturas metálicas”, explica a organização em comunicado.

Ding Li apresenta, em “La Dolce Vita”, uma “linguagem visual profunda que estimula a contemplação e a exploração da criação artística por parte do público”.

Com esta mostra, o Humarish Club diz querer “enriquecer a diversidade do panorama cultural e artístico de Macau através da apresentação de obras de arte com características pessoais distintas, mostrando a integração da tecnologia digital e da pintura tradicional”, além de reflectir “a tendência da integração interdisciplinar”.

De Xangai a Paris

Nascido em Xangai em 1979, Ding Li formou-se em artes Academia de Belas Artes de Paris, França (École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris). O artista dedica-se também à fotografia, onde explora “formas concisas e temas proeminentes, adoptando uma linguagem estilizada e madura aos seus temas e objectos”.

Ding Li acaba por centrar muito do seu trabalho em retratos de busto de uma ou várias pessoas, bem como paisagens, variando entre a pintura e a criação de imagens. O processo de criação artística funciona como um enfrentar “dos efeitos subsequentes desta tensão constante”.

Segundo a organização da mostra, o artista destaca “a natureza construída da imagem, deixando em aberto a possibilidade de resultados inesperados” para quem vê o seu trabalho. As suas pinturas “atraem a atenção do espectador não só pelo prazer que despertam as cores vivas e linhas curvas, mas também pelas mensagens e emoções incertas que transmitem”.

O artista baseia-se ainda em “experiências repetidas com o objectivo de definir uma expressão pura própria” no meio artística. Ding Li explora a pintura feita a partir de características materiais e apresenta uma nova linguagem visual através da reconstrução de tintas a óleo, tintas em spray, pincéis e molduras.

A mais recente exposição do artista foi apresentada no Museu de Arte de Guangdong, em Cantão, no ano passado, integrada no evento “Symphony of All the Changes: The 7th Guangzhou Triennial”.

25 Abr 2024

Casa de Vidro | Imagens do 25 de Abril para ver até 19 de Maio

Está patente na Casa de Vidro do Tap Seac, até ao dia 19 de Maio, a mostra “50 Passos para a Liberdade: Portugal da Ditadura ao 25 de Abril”. Esta exposição é organizada pela Casa de Portugal em Macau e cedida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.

Na mostra retrata-se “os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos depois do seu derrube, abrangendo o intervalo temporal entre Setembro de 1968 e Julho de 1974, com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa”. É feita uma divisão em quatro núcleos centrais, nomeadamente “Um regime à beira do fim”, “O derrube da ditadura”, “O dia inicial inteiro e limpo”, com referência ao célebre poema de Sophia de Mello Breyner, e ainda “Os primeiros dias em liberdade”. Esta exposição é itinerante e contém conteúdos em várias línguas para se adaptar aos vários países e regiões onde estará presente, sendo uma iniciativa com a colaboração do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua (Camões – IP).

A historiadora Maria Inácia Rezola, comissária das celebrações do 25 de Abril em Portugal, adiantou à Lusa que “o ponto inicial é a célebre queda da cadeira de Oliveira Salazar”, explicando que a exposição percorre depois “alguns dos acontecimentos centrais do marcelismo, enfatizando questões como a luta dos movimentos de libertação africanos, as lutas sindicais e a luta dos católicos progressistas”.

A mostra analisa “a conspiração dos capitães e a preparação do 25 de Abril e do programa do MFA [Movimento das Forças Armadas]”, adiantou a comissária, vincando que a exposição dedica “um espaço muito particular ao próprio dia 25 de Abril” e conclui, no quarto núcleo, “retratando o que foram os primeiros momentos vividos em liberdade”.

Nomeadamente, acrescentou, abordando “a conquista da liberdade de expressão e a conquista do salário mínimo nacional, culminando todas estas novidades com a aprovação, a 27 de Julho de 1974, da lei 7/74, pela qual, finalmente, Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e à independência”.

25 Abr 2024

Pequim | Salão automóvel arranca em período de ascensão dos fabricantes

Os fabricantes mundiais de automóveis e novas empresas no segmento eléctrico revelaram ontem novos modelos e conceitos no maior salão automóvel da China, que se está a assumir como um importante concorrente das marcas tradicionais.

A Toyota e a Nissan anunciaram acordos com as principais empresas tecnológicas chinesas, numa altura em que se esforçam por satisfazer a procura dos clientes pela incorporação de serviços digitais e sistemas de inteligência artificial nos automóveis, incluindo funcionalidades de condução autónoma.

Os veículos eléctricos representaram cerca de um quarto de todas as vendas de automóveis na China, no ano passado.

O maior fabricante de veículos eléctricos da China, a BYD, apresentou dois automóveis que podem funcionar apenas com electricidade ou como híbridos e um SUV híbrido todo-o-terreno da sua marca de luxo Yangwang na gama de mais de 1 milhão de yuan.

“Os veículos eléctricos chineses, representados pelas séries Qin e Han [da BYD], conseguiram substituir em grande escala os automóveis tradicionais a combustível, e esta tendência é irreversível”, afirmou Lu Tian, chefe de vendas dos modelos Dynasty da BYD.

Um executivo da Chery, um fabricante chinês mais tradicional, apresentou uma perspectiva mais moderada. Li Xueyong, um director-geral adjunto, afirmou que a empresa prevê um futuro com 40 por cento de veículos a combustível, 30 por cento de híbridos e 30 por cento de eléctricos. A empresa planeia desenvolver automóveis movidos a combustível e a novas energias.

A BYD tem-se expandido rapidamente para os mercados estrangeiros, incluindo em Portugal.

O grupo está a construir uma fábrica no Brasil no local de uma antiga fábrica da Ford que fechou quando o fabricante norte-americano deixou o país. Duas outras montadoras chinesas, incluindo a Chery, já têm fábricas no Brasil.

A BYD foi responsável por 41 por cento das vendas de veículos eléctricos no Brasil nos primeiros três meses deste ano, embora o número total ainda seja relativamente baixo.

Corrida europeia

Os fabricantes chineses também estão a fazer incursões na Europa, o que suscita a preocupação de que possa constituir uma ameaça para os fabricantes de automóveis e os postos de trabalho europeus.

A União Europeia está a ponderar a possibilidade de impor taxas alfandegárias punitivas aos veículos eléctricos fabricados na China devido aos subsídios governamentais que impulsionaram o crescimento da indústria.

A proliferação de fabricantes de veículos eléctricos, incentivada por benefícios fiscais e subsídios à energia verde, deu origem a uma feroz guerra de preços que deverá conduzir a um abanão e à consolidação do sector nos próximos anos.

Para os fabricantes estrangeiros, a ascensão dos concorrentes chineses desafiou-os a acelerar o desenvolvimento de novos modelos de automóveis elétricos para se manterem competitivos.

“Em nenhuma outra região do mundo a transformação da indústria automóvel é tão rápida como na China”, afirmou Oliver Blume, Diretor Executivo da construtora alemã Volkswagen, num evento no salão automóvel.

“Este mercado tornou-se uma espécie de ‘ginásio’ para nós”, afirmou. “Temos de trabalhar mais e mais depressa para o manter”, observou.

A Nissan quer assinar um memorando de entendimento com a tecnológica chinesa Baidu. O presidente da empresa, Makoto Uchida, disse que a Nissan precisa de satisfazer as necessidades dos clientes chineses e a velocidade a que o mercado está a mudar. “Se não conseguirmos responder nestes dois aspetos, será muito difícil manter o nosso negócio na China”, afirmou.

A Toyota anunciou uma parceria com a tecnológica chinesa Tencent. As marcas norte-americanas presentes no salão incluíram a Lincoln, a Cadillac, a Buick e a Chevrolet. A Ford apresentou um visual musculado ligado à sua história, contando a história do Mustang e do Bronco – que descreveu como um “veículo utilitário desportivo” quando foi lançado em 1966 – e mostrando as versões mais recentes desses modelos.

25 Abr 2024

ONU lança em Macau rede para desenvolvimento responsável e sustentável da IA

A Universidade das Nações Unidas (UNU) lançou hoje, em Macau, uma rede para o desenvolvimento responsável e sustentável da Inteligência Artificial (IA), que pretende apresentar propostas à cimeira do futuro, prevista em setembro. “Queremos criar uma plataforma global que pense, planeie e atue em conjunto nas questões que a IA levanta, com o setor privado, governamental, sociedade civil e comunidade em geral”, disse o reitor da UNU, Tshilidzi Marwala.

“Os problemas que a IA coloca atualmente são grandes” e, por isso, há que “juntar todos aqueles setores da sociedade para pensar, planear e atuar em conjunto”, salientou o sul-africano.

Mais de 120 oradores de cerca de 30 países debateram, na conferência organizada pelo Instituto das Nações Unidas no território, desenvolvimento sustentável e responsável da IA, bem como perigos e desafios.

Sob o tema “IA para todos: Colmatar as diferenças e construir um futuro sustentável”, três vertentes estiveram em foco: acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), governança futura da IA e desenvolvimento das capacidades com uma IA inclusiva, equitativa e justa.

Na abertura, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura disse que Macau quer receber “talentos e peritos das áreas científicas e tecnológicas de todo o mundo para virem para a RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] no intuito de iniciarem e desenvolverem os seus negócios”, depois de as autoridades terem destacado a indústria de “tecnologia de ponta” como uma das quatro principais indústrias locais, incluindo a IA, como as prioridades de desenvolvimento para os próximos cinco anos.

Nesse sentido, Elsie Ao referiu a implementação de várias políticas como o lançamento do programa de captação de quadros qualificados no âmbito da indústria de tecnologia de ponta, no âmbito da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

“A RAEM também se concentra no empenho da construção de um ‘Centro de Intercâmbio e Cooperação de Ciência e Tecnologia entre a China e os Países de Língua Portuguesa’ para atrair projetos de inovação científica e tecnológica nacionais e estrangeiros para se estabelecerem na RAEM, na Zona de Cooperação Aprofundada e na Grande Baía”, indicou.

A cimeira do futuro deverá decorrer na sede da ONU, em Nova Iorque, e é mais um dos esforços do secretário-geral para colocar a Agenda 2030 e os 17 ODS “no caminho certo”.

25 Abr 2024

25 Abril | A revolução que passou despercebida em Macau e que chegou através de um cantor

Quando há 50 anos Portugal saiu à rua para celebrar o fim da ditadura, foi um músico do regime que revelou a novidade em Macau, onde o alcance do Estado Novo não se sentia da mesma forma.

Rui de Mascarenhas atuava no Mermaid, um clube noturno no Hotel Lisboa, em Macau, quando a Revolução dos Cravos derrubou a ditadura a mais de dez mil quilómetros. E foi através deste “cantor do regime”, nascido em Moçambique, que a notícia chegou ao centro do poder do território, conta à Lusa o investigador da história de Macau João Guedes.

Mascarenhas deu a novidade ao então diretor da Emissora de Radiodifusão de Macau (atual Rádio Macau) Alberto Alecrim, que a transmitiu ao governador José Nobre de Carvalho. Só mais tarde a informação da liberdade chegou a todos, através de um noticiário da rádio britânica BBC, “retransmitido pelas estações de rádio de Hong Kong”.

Esta é a “história corrente” de como abril de 1974 alcançou Macau. Mas e como é que a notícia foi comunicada a Mascarenhas?

“Eu só vejo uma hipótese que é a seguinte: ninguém tinha telefones para ligar para Lisboa, a não ser a tropa. Terá ido aos correios telefonar para alguém?”, sugere.

Nobre de Carvalho abandonou o posto nesse mesmo ano, mas não imediatamente após Abril, “ao contrário dos outros governadores das colónias”, provavelmente pelo caráter “não extremista” e por não ter sido “ostensivamente defensor de Salazar”, analisa o investigador.

Mas este facto é também reflexo das raras transformações produzidas no imediato pela revolução em Macau. Não mudou nada no dia seguinte, “nem nos muitos dias seguintes”, declara João Guedes, até porque “Portugal estava tão longe, e os problemas que preocupavam Macau e que deram origem à Revolução de Abril não se sentiram de forma alguma” na cidade.

“Alegria zero, porque ninguém sabia o que se queria, o que é que era a democracia e essas coisas. Os chavões daquele tempo [do Estado Novo] eram quase desconhecidos aqui e, portanto, isto era a China, não tinha nada a ver com a propaganda salazarista”, diz Guedes, salientando que alguns investigadores são unânimes em dizer que Macau foi sempre “uma colónia muito especial, porque tinha sempre um governo português de Macau e um governo sombra chinês de Macau”.

Sinal também de que os tentáculos da ditadura nem sempre se estenderam ao território foram as barreiras criadas à polícia política portuguesa. Conta João Guedes que Macau foi o único território ultramarino onde não existiu PIDE.

Mas anos antes desse Abril, deu-se uma tentativa de abrir uma delegação em Macau. “Não fazia sentido que houvesse em todos os outros lados e não houvesse em Macau e de maneira que [Portugal] mandou dois ou três agentes da PIDE para cá. Quando chegaram a Hong Kong, foram recebidos no [antigo] aeroporto de Kai Tak por oficiais da polícia (…) que lhes disseram ‘os senhores não são bem-vindos a Macau e têm de embarcar de novo rumo a Portugal, porque a China não vos deixa entrar em Macau'”, conta.

Mais tarde, já com o novo governador José Garcia Leandro, também militar, sinais de maior abertura sentiram-se na região, embora Guedes sublinhe que “não se ganhou democracia nenhuma”, apenas se “distendeu um pouco a asfixia política”.

Dois anos depois, em 1976, a criação do Estatuto Orgânico de Macau atribuiu mais poderes ao governador e levou à remodelação da Assembleia Legislativa, com mais membros, mas permanecendo uma minoria o número de eleitos por sufrágio direto.

Alguns destes episódios são abordados por João Guedes no documentário “25 de Abril: A Revolução a Partir de Macau”, exibido na terça-feira no Consulado-Geral de Portugal em Macau.

25 Abr 2024

Bruxelas | Pequim acusa UE de proteccionismo

A China acusou ontem a União Europeia de proteccionismo, depois de Bruxelas ter anunciado uma investigação sobre os contratos públicos chineses para a compra de dispositivos médicos, por suspeita de práticas discriminatórias contra produtos europeus.

“A UE apresenta-se sempre como o mercado mais aberto do mundo, mas tudo o que o mundo exterior pode ver é que está a caminhar gradualmente para o proteccionismo”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

Bruxelas declarou ontem que suspeita que a China favorece os fornecedores locais no mercado dos dispositivos médicos, nomeadamente através da sua política de “comprar na China”, de acordo com o aviso de abertura do inquérito publicado no boletim oficial da UE. Se estas alegadas medidas discriminatórias não cessarem, o procedimento permitirá à UE penalizar as empresas chinesas nos concursos europeus.

“Exortamos a Europa a cumprir a sua promessa de abertura dos mercados e de concorrência leal, a respeitar as regras da Organização Mundial do Comércio e a deixar de utilizar o mais pequeno pretexto para suprimir e restringir” o acesso das empresas chinesas, insistiu Wang.

“A UE tem utilizado frequentemente os seus instrumentos comerciais e as suas medidas de ajuda ao comércio, mas estas apenas enviam sinais proteccionistas, visam as empresas chinesas e prejudicam a imagem da UE”, afirmou. O inquérito terá agora de apurar os factos no prazo de nove meses.

25 Abr 2024

Livraria Portuguesa | Livro sobre empreendedorismo lançado amanhã

É já esta sexta-feira, a partir das 18h30, que será lançado na Livraria Portuguesa a obra “Jornada do Empreendedorismo”, da autoria de Marcos Barbosa Rodrigues e Luís Rasquilha. A apresentação caberá a José Alves, director da Faculdade de Gestão da Universidade Cidade de Macau.

Marcos Barbosa Rodrigues é, segundo uma nota da Livraria Portuguesa, um “empreendedor visionário com uma larga experiência no mundo executivo e empresarial”, sendo formado em Empreendedorismo e Gestão da Inovação pela Universidade Católica Portuguesa. O co-autor deste livro é actualmente CEO da Polis CV e presidente do Conselho Superior das Câmaras de Comércio e Turismo de Cabo Verde.

Esta obra explora a área do empreendedorismo, explicando aos leitores que se trata de “muito mais do que criar um negócio”, mas também de “um estado de espírito, uma forma de encarar desafios, olhar possibilidades onde outros vêem obstáculos e transformar paixões em empreendimentos prósperos”.

Desta forma, o livro “mergulha nas raízes do empreendedorismo, explorando as suas origens históricas e o crescimento no mundo contemporâneo”. Os autores revelam histórias de empreendedores e desvendam “os elementos-chave” desta área, “desde a identificação de oportunidades até à construção de uma empresa e sua gestão do negócio”. Esta obra apresenta-se como um “convite para a transformação num agente de mudança” e a possibilidade de “abraçar o espírito empreendedor e transformar as suas aspirações em realidade”.

25 Abr 2024

China | Criadas regras para jogos de futebol internacionais para evitar “publicidade enganosa”

A Associação de Futebol da China (CFA) publicou ontem regulamentos mais rigorosos para a organização de jogos internacionais no país, na sequência do descontentamento entre os adeptos chineses suscitados pelos casos de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

Os novos regulamentos, que visam acabar com a “desorganização e a publicidade enganosa”, obrigam os organizadores a divulgarem publicamente as condições de participação dos jogadores utilizados como chamariz, antes da venda dos bilhetes.

As regras proíbem também os organizadores de prepararem e participarem em jogos internacionais sem autorização da CFA e punem os infractores com a proibição de registar eventos semelhantes durante, pelo menos, dois anos. Os regulamentos estabelecem igualmente requisitos mais rigorosos no que se refere à apresentação da documentação pré – evento.

Os organizadores devem agora apresentar com 80 e 60 dias de antecedência os planos dos eventos, as confirmações da FIFA, os acordos com equipas estrangeiras e as listas do pessoal estrangeiro envolvido. A CFA também baniu a publicidade que confirme o jogo antes da aprovação do organismo internacional e exigiu que os organizadores melhorem as condições de venda de bilhetes.

Lesões e desilusões

Em Novembro, a digressão do clube norte-americano Inter Miami na China, que contava com a presença do argentino Messi e dos espanhóis Sergio Busquets e Jordi Alba, entre outros jogadores de renome internacional, foi cancelada apenas quatro dias antes do primeiro jogo no país.

Mais recentemente, em Fevereiro, a presença de Messi e do uruguaio Luis Suárez foi anunciada para outro amigável do Inter Miami em Hong Kong, mas nenhum dos jogadores entrou em campo devido a lesão, provocando a ira dos adeptos.

Em Janeiro, o jogo que o Al-Nassr, da Arábia Saudita, iria disputar na cidade de Shenzhen, no sul da China, com a presença de Cristiano Ronaldo, também foi cancelado devido à lesão do craque português nos dias que antecederam o encontro.

Após a publicação dos novos regulamentos, os utilizadores da rede social Weibo rapidamente apelidaram as regras de “Cláusula Messi”, em referência à ausência do vencedor do Campeonato do Mundo no amigável na antiga colónia britânica.

25 Abr 2024

Abril de novo, com a força da luta e da memória: um cheirinho de Primavera e uma Revolução que sai à rua

Texto de Ana Saldanha

Depois da fome, da guerra

da prisão e da tortura

vi abrir-se a minha terra

como um cravo de ternura.

Vi nas ruas da cidade

o coração do meu povo

gaivota da liberdade

voando num Tejo novo.

(…)

(Portugal Resuscitado, José CarlosAry dos Santos)

A 25 de Abril de 1974 uma Revolução poria, finalmente, fim a 48 anos de opressão, de tortura e de perseguição a todas as vozes que condenassem e lutassem contra um Estado ditatorial que, durante quase meio século, faria proliferar, em Portugal, a miséria, a fome, a emigração, o medo e que, desde 1961, numa violenta guerra colonial, levaria à morte de, aproximadamente, 10.000 jovens portugueses (excluindo feridos, mutilados, deficientes fisicos e 100.000 jovens que voltariam da guerra com stress pós-tráumatico). Refiram-se, em paralelo, as atrocidades e violências cometidas pelo fascismo português, por via do domínio militar e político-económico – não apenas durante a guerra (num momento em que formas de extrema violência são postas em prática), mas durante todo o processo de colonização -, assim como as políticas de violência, legalmente consagradas, a subalternidade, social e política, e o subdesenvolvimento crónico a que estavam votados os povos colonizados – os quais (em particular, de Angola, Mocambique, Guiné-Bissau e Cabo-Verde) levariam avante, a partir dos anos 1960, uma justa luta armada pela indepêndencia e pela libertação nacional, contra o colonialismo.

Em plena Primavera, a 25 de Abril de 1974, cravos inundariam as ruas de Lisboa e a Revolução tomaria o seu nome. Chico Buarque marcaria este momento histórico na MPB graças às suas duas versões de Tanto Mar – a primeira, em 1975, e a segunda, em 1978 -, num momento em que a oposição à ditadura militar, no Brasil, encontrava uma esperança de mudança num cheirinho a alecrim do lado de lá do Atlântico.

De 1926 a 1974: 48 anos de ditadura em Portugal

A ditadura portuguesa inicia-se com um golpe de Estado militar, em 28 de Maio de 1926. Desde então, e até 1933, Portugal viveu um período durante o qual foram suprimidos liberdades e direitos fundamentais, mas sem que, contudo, se institucionalizasse uma nova estrutura de Estado, a qual apenas ocorreria em 1933, com a aprovação de uma nova Constituição.

Entre 1926 e 1933, António de Oliveira Salazar (que havia sido nomeado Ministro das Finanças, em 1928, e que se tornara, em 1932, Presidente do Conselho de Ministros) seria, já então, uma peça fundamental da engrenagem ditatorial. Com efeito, seria com o seu impulso que, passo a passo, a engrenagem e política ditatoriais, que mais tarde seriam consagradas na Constituição de 1933, tomariam forma: a censura, a polícia política, a propaganda e as leis repressivas. A aprovação, em 1933, de uma nova Constituição, vai, assim, estabelecer os princípios constitucionais que darão livre azo à atividade totalitária e repressiva estatal, criando o Estado Corporativo. A nova Constituição instaura a censura, proíbe os partidos políticos, as associações sindicais e as associações secretas, cria a PVDE (Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado) – polícia política -, proíbe as oposições e impõe o partido único. É, igualmente, esta mesma Constituição que coloca as mulheres num plano socio-jurídico inferior ao dos homens, o qual, segundo aquele texto, se justificaria pela “sua natureza e (…) bem da família”. Com efeito, segundo a legislação em força, então, em Portugal, o marido era considerado o chefe de família, as mulheres não tinham direito de voto, não podiam exercer nenhum cargo político e tinham um acesso restrito a determinadas profissões, enquanto em outras profissões (como no ensino ou na enfermagem) se limitava a possibilidade de casamento, apenas, com homens com um salário superior ao seu. Por outro lado, também na educação dos filhos a mulher tinha a sua acção limitada, sendo subalternazido o seu papel relativamente ao do pai. No seguimento da Concordata, assinada com a Igreja Católica, em 1944, o divórcio era, igualmente, proibido, pelo que todas as crianças que nascessem de uma relação, posterior à do primeiro casamento, eram consideradas ilegítimas.

Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, Salazar, numa hábil manobra política, declara, na Conferência da União Nacional (partido político fundado em 1930 e único partido constitucionalmente autorizado, desde 1933), estar aberto à colaboração de todos os portugueses, enquanto Marcelo Caetano declara que “na União Nacional cabem portugueses de todas as tendências”. Encetando uma manobra propagandística, Salazar, no plano externo, talvez temendo pelo futuro da própria ordem ditatorial, celebra os serviços prestados por Portugal aos Aliados e avulta a sua acção em prol da vitória daqueles, pretendendo fazer esquecer o apoio que dera aos regimes nazi-fascista alemão e fascista italiano – quando apoiou, por exemplo, a invasão e a ocupação da Checoslováquia ou quando louvou a preparação da Alemanha para a guerra (a quem vendera volfrâmio e outros géneros).

A comunidade internacional ocidental, por seu lado, temendo o avanço e a influência dos Partidos Comunistas, nomeadamente, na Península Ibérica, continuava, ainda que de forma, por vezes, dissimulada, a apoiar a ditadura portuguesa, fazendo crer que as manobras propagandísticas do governo liderado por Salazar eram suficientes para demonstrar a existência de uma democracia em Portugal.

Entretanto, a pobreza e a miséria alastravam-se: estima-se que, em 1973, 43% da população portuguesa vivesse em situação de pobreza relativa e que cerca de 25,7% fosse analfabeta (sendo a percentagem daqueles que não sabiam ler nem escrever maior no caso das mulheres – 31% – do que no caso dos homens – 19.7%). Segundo dados de 1970, 88% da população portuguesa, com mais de 10 anos tinha, apenas, o ensino primário, sendo que, da população com mais de 15 anos, apenas 2,4% tinha o ensino médio ou superior. Por outro lado, nos vinte anos que precederam a Revolução Portuguesa, 1,6 milhões de portugueses tinha emigrado, em busca de melhores condições de vida e de trabalho. A mortalidade infantil atingia os 44.8 por mil, 20% dos partos não tinham assistência e a esperança de vida, depois do primeiro ano de idade, era de 67 anos, para os homens, e de 73 anos, para as mulheres.

A luta pela independência das colónias e a formação do MFA

A luta pela libertação do jugo colonialista, no seio das colónias portuguesas, seria fomentada pelo fim da Segunda Guerra Mundial e pela independência alcançada por muitas colónias que haviam estado sob a dominação de Estados europeus. Com efeito, até aos anos 50 – sem considerar os Estados coloniais nos quais colonialistas e colonizados partilhavam o mesmo espaço geográfico, como é o caso da Rodésia ou da África do Sul – apenas sete Estados africanos se encontravam formalmente independentes: a Libéria (1847), o Egito e a Etiópia (independentes desde 1945), o Sudão e a Tunísia (independentes desde 1956), o Gana e a Guiné-Conacri (independentes desde 1958). No entanto, é nos anos 60 que dezasseis colónias – que, na sua maioria, haviam estado sob dominação francesa – são declaradas independentes: Benim, Burkina Fasso, Camarões, Chade, Congo-Brazaville, Costa do Marfim, Gabão, Madagáscar, Mauritânia, Níger, Nigéria, República Centro-Africana, Togo e Zaire.

No que diz respeito às colónias portuguesas, a Índia não necessitou de uma organização armada e estruturada para combater o ocupante português. Durante vários anos, o governo de Jawaharlal Nehru tentou, sem sucesso, que os portugueses saíssem voluntariamente das colónias que ocupavam (Goa, Damão e Diu). Perante a continuada recusa portuguesa de o fazer, as tropas indianas invadiram e ocuparam, em dezembro de 1961, os três territórios, terminando, desta forma, com o Império Português das Índias. Por outro lado, é neste mesmo ano que se inicia a guerra colonial nas colónias portuguesas, em África. Começando em Angola, em fevereiro de 1961, a guerra estende-se à Guiné-Bissau e a Cabo Verde, em 1963, e a Moçambique, em 1964. Provavelmente ao contrário do que o fascismo português esperava, o início da guerra colonial permitiu o desenvolvimento de ações e de teorias anticolonialistas. A oposição à guerra colonial estendeu-se, assim, a diferentes sectores da população (inclusivamente, dentro da própria Igreja Católica), saindo dos centros de decisão do poder ditatorial e das cúpulas militares. Neste processo de luta contra a guerra foi, ainda, fundamental, a oposição que se gerou no interior das Forças Armadas.

Entretanto, em 1968, Salazar (que viria a morrer em 1970) é substituído por Marcelo Caetano na presidência do Conselho. Em 1974, uma crise económica instala-se em Portugal. Esta crise, assim como a incapacidade do fascismo em resolver os problemas económicos e sociais, o fracasso da manobra marcelista, o desgaste do regime, a guerra colonial, as divergências, a deserção e a emigração, possibilitaram a criação de uma situação propícia à derrubada da ditadura e à consequente eclosão de uma revolução.

Em 1973, um grupo de oficiais de carreira inicia um movimento corporativista que se amplifica gradualmente, transformando as reivindicações corporativistas iniciais numa vontade de mudança de regime. Será este movimento que conduzirá, no dia 25 de Abril de 1974, à eclosão de uma revolução.

O nascimento de uma Revolução

Na noite de 24 de Abril de 1974 é levado a cabo um levantamento militar pelo Movimento das Forças Armadas (MFA).

Às 22h55, é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, primeiro sinal do avanço das operações. Às 00h20, do dia 25 de Abril, os militares que ocupavam a rádio Renascença deram o segundo sinal, com a transmissão de Grândola Vila Morena, de José Afonso. Na Rádio Clube Português, às 4h, é lido o primeiro Comunicado do Movimento das Forças Armadas (MFA), no qual é feito um apelo à população de Lisboa para permanecer em casa. Porém, apesar deste pedido, forças populares juntaram-se ao levantamento militar, sendo, precisamente, o resultado desta união – levantamento militar e levantamento popular – que deu origem à Revolução.

Os capitães de Abril, organizados no MFA, dão, assim, a conhecer ao país os seus objetivos (sintetizados nos 3D’s – Democratização-Descolonização-Desenvolvimento): o fim da ditadura e o fim da guerra colonial, com a consequente e necessária construção de um Portugal democrático.

A democratização da sociedade iniciou-se de imediato: dissolução da ANP-Acção Nacional Popular (nome dado à União Nacional, por Marcello Caetano), extinção da PIDE (também rebaptizada por Marcelo Cateano como DGS), extinção da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa, abolição da censura e do exame prévio. De imediato, anunciam-se eleições livres e a convocação de uma Assembleia Constuituinte, a liberdade política de todos os portugueses, a regulamentação da actividade de partidos políticos, a liberdade de expressão e de pensamento sob qualquer forma, a amnistia de todos os prisioneiros políticos, a independência, a dignificação do poder judicial e a extinção dos Tribunais Plenários (nos quais haviam sido condenados muitos anti-fascistas, sem qualquer direito a defesa).

Sendo um momento de emancipação social, a herança do 25 de Abril permanece, não apenas na memória coletiva, mas, também (ou sobretudo), no plano sociopolítico. Assim sendo, a Constituição da República Portuguesa (CRP), aprovada em abril de 1976, consagra um novo modelo político, económico e social, estabelecendo, entre outros, que “a organização económico-social da República Portuguesa assenta no desenvolvimento das relações de produção socialistas”. Apesar das sete revisões constitucionais sofridas, elementos do seu histórico carácter progressista ainda sobrevivem. Perduram, igualmente, no Portugal de hoje, conquistas económicas, políticas e sociais, resultantes da Revolução de Abril e do primeiro texto da CRP aprovado, ainda que tenham sido e continuem a ser atacadas ostensivamente por uma política ao serviço de interesses económicos que subjazem a um modo de produção cujo carácter bárbaro e depredador cada vez mais se acentua.

As conquistas de Abril alargaram-se, assim, a vários âmbitos socio-políticos e económicos: a igualdade de direitos entre homerns e mulheres (o Art. 13 da CRP instituiu o princípio da igualdade de todos os cidadãos perante a lei), o direito à habitação para todos (à data da Revolução, 25% dos portugueses viviam em situações que não respeitavam as condições mínimas de conforto, salubridade e segurança, ou seja, cerca de 2 milhões de portugueses viviam em barracas ou em casas extremamente degradadas e insalubres), o direito à Educação, para todos, o direito à Saúde, universal e gratuito (após uma das setes revisões constitucionais a que foi sujeita, este direito passou a figurar como “tendencialmente gratuito”), o direito à greve, o direito à previdência na situação de desemprego, o direito a uma licença de maternidade de 90 dias, o direito ao divórcio nos casamentos católicos, o salário mínimo e a pensão social, o subsídio de desemprego, o subsídio de férias, o subsídio de Natal a pensionistas, o subsídio vitalício de protecção na velhice, entre outros.

Abril também nos trouxe a nacionalização da Banca, dos Seguros, da Electricidade, de Transportes ferroviários e marítimos, entre outros sectores básicos da economia (que, hoje, se encontram, na sua grande maioria, de novo privatizados e entregues a mãos predadoras, seja no plano nacional ou internacional), a gestão democrática das escolas, o controlo da produção (para impedir as então frequentes sabotagens económicas), a reforma agrária (que, a partir de 1977, com a aprovação da “Lei Barreto”, seria, gradualmente, conduzida ao seu fim), o reconhecimento da liberdade sindical ou o poder local democrático (que, ainda que parcialmente destruído, perdura como um espaço de exercício democrático e participativo).

As comemorações dos 50 anos de Abril são, pois, o festejo da liberdade e da força da resistência e luta, a memória de quem lutou na clandestinidade, sofreu ou morreu sob as torturas da polícia política, a lembrança da luta contra o colonialismo e contra a violência que lhe subjaz, a voz de uma esperança que, depois de 48 anos de repressão, viu, finalmente, um Portugal Novo erguer-se das cinzas do obscurantismo.

Fazer jus a Abril é, deste modo, reivindicar as conquistas e progressos a que Abril deu vida quando, então, se abrem “as portas da claridade / e a nossa gente invadiu / a sua própria cidade” (As Portas que Abril abriu, José CarlosAry dos Santos).

Viva o 25 de Abril! Fascismo, nunca mais!

25 Abr 2024

China / Laos | Operação conjunta detém 250 suspeitos de fraudes telefónica

As forças de segurança da China e Laos desmantelaram três grupos criminosos envolvidos em fraudes telefónicas transfronteiriças, o que resultou na detenção de 250 suspeitos chineses, informou ontem o Ministério da Segurança Pública chinês.

A colaboração entre as autoridades dos dois países foi intensificada depois de terem sido descobertas na China pistas que apontavam para a existência de redes no Laos. Os grupos criminosos alegadamente visavam cidadãos chineses através de burlas telefónicas que envolviam grandes somas de dinheiro.

Depois de verificar os factos e recolher provas, a polícia chinesa partilhou a informação com os homólogos do Laos, que actuaram para desmantelar os grupos criminosos, numa operação que resultou na apreensão de mais de mil telemóveis e computadores utilizados para cometer crimes.

Este tipo de cooperação entre Pequim e os países do Sudeste Asiático para combater as burlas informáticas e as fraudes telefónicas não é novo, especialmente em Myanmar, onde mais de 44.000 suspeitos de crimes informáticos foram detidos e transferidos para a China em 2023.

A grande proporção de suspeitos em Myanmar explica-se pela proliferação de centros de fraude ‘online’ nas zonas fronteiriças, na sequência do golpe de Estado de Fevereiro de 2021, que criou uma grande instabilidade no país e incentivou a actividade de todos os tipos de bandos de crime organizado.

De acordo com um relatório da ONU, pelo menos 120.000 pessoas estão detidas em centros no Myanmar, onde são obrigadas a praticar fraudes na Internet, enquanto no Camboja, outro epicentro destes crimes, o número é estimado em cerca de 100.000.

25 Abr 2024

Aviação | Air China retoma rotas para a América Latina

A Air China, companhia aérea de bandeira chinesa, vai relançar duas rotas para a América Latina, incluindo para o Brasil, e abrir dois novos destinos internacionais, para expandir a rede de voos. A partir de 28 de Abril, a companhia vai retomar as rotas Pequim–Madrid-São Paulo e Pequim–Madrid-Havana, ambas com duas frequências semanais de ida e volta, informou ontem a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Estes voos juntam-se à retoma de outras rotas para a Europa e América do Norte que a Air China tem efectuado nos últimos meses, num esforço para recuperar a normalidade após a pandemia de covid-19, que manteve as fronteiras do país praticamente fechadas durante três anos.

Para além da retoma na América Latina, a Air China também anunciou na terça-feira a abertura de duas novas rotas, a partir de Pequim, uma para Riade e outra para Daca. A rota para a capital da Arábia Saudita começa a operar a 6 de Maio, com três voos semanais de ida e volta, enquanto a conexão para a capital do Bangladesh vai ser inaugurada em Junho, com quatro frequências semanais. A Air China amplia assim a sua rede de voos para um total de 452 rotas, incluindo 112 rotas internacionais e regionais.

25 Abr 2024

Espaço | Nave tripulada Shenzhou-18 lançada hoje

A nave espacial Shenzhou-18 será lançada hoje com tripulação, a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, anunciou ontem a Agência Espacial de Missões Tripuladas da China (AEMT).

A tripulação Shenzhou-18 vai ser composta pelos astronautas chineses Ye Guangfu, designado comandante da missão, Li Cong e Li Guangsu, disse ontem a AEMT, em conferência de imprensa. Os astronautas planeiam realizar “duas a três actividades extra-veiculares e seis saídas de carga durante a sua estadia de seis meses em órbita”, revelou a agência.

Para além da missão tripulada, a Shenzhou-18 vai transportar equipamento experimental e amostras relacionadas para levar a cabo o primeiro projecto nacional de investigação ecológica aquática em órbita, segundo a agência. O projecto, centrado no peixe-zebra e na planta erva-do-peixe-dourado, visa estabelecer um ecossistema aquático estável e circulante no espaço, de acordo com a AEMT.

No mesmo anúncio, a agência informou que a China está a finalizar a selecção do quarto grupo de “taikonautas” (como são conhecidos os astronautas chineses), que serão responsáveis pelas próximas tarefas na estação espacial chinesa, denominada Tiangong (“Palácio Celestial”, em mandarim), e posteriormente pela realização de missões de pouso lunar no satélite da Terra.

A agência espacial chinesa disse também que vai acelerar a investigação e encorajar a participação de astronautas e turistas espaciais estrangeiros nos voos para a estação espacial.

Marca deixada

A tripulação da Shenzhou-17, composta por Tang Hongbo, Tang Shengjie e Jiang Xinlin, deverá regressar à Terra a 30 de Abril. A estação espacial chinesa deverá funcionar durante cerca de 15 anos em órbita, a cerca de 400 quilómetros acima da superfície terrestre.

Em 2024, é provável que se torne a única estação espacial do mundo, se for retirada este ano, como previsto, a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China foi impedida de aceder devido aos laços militares do programa espacial chinês.

Na última década, Pequim investiu fortemente no programa espacial e alcançou marcos importantes, como o pouso bem-sucedido de uma sonda no lado mais distante da lua em Janeiro de 2019, um feito que nenhum país tinha conseguido até à data.

25 Abr 2024

Burlas telefónicas | 37 casos resolvidos pelas polícias de Macau e Zhuhai

A Polícia Judiciária (PJ), em conjunto com as autoridades de Zhuhai, resolveu 37 casos de burlas telefónicas entre Setembro e Março, de acordo com Cheong Un Hong, responsável do Centro de Coordenação de Combate à Fraude da polícia.

Em declarações prestadas durante o programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, o responsável indicou que os 37 casos de burla envolveram 2 milhões de renminbis, dos quais 300 mil renminbis foram devolvidos às contas bancárias das vítimas.

Cheong Un Hong recordou igualmente que no último ano os casos de burla resultaram em perdas de 320 milhões de patacas, e que 90 por cento das burlas foram feitas através de telefone, com a promessa de investimentos falsos.

Para aumentar a sensibilização da população para a existência de burlas, a PJ lançou uma mini-aplicação no Wechat, a 9 de Abril, que avalia o grau de risco das hiperligações recebidas nas conversações.

Segundo Cheong Un Hong, desde o lançamento da aplicação, esta foi utilizada em média 1.700 vezes por semana. Destas utilizações, registaram-se 188 vezes em que a aplicação alertou os utilizadores para o facto de estarem diante hiperligações com alto risco. Além disso, a mini-aplicação resultou numa média de 60 denúncias por semana.

No programa, o responsável do Centro de Coordenação de Combate à Fraude da PJ, Cheong Un Hong, alertou ainda a população para o facto de ser cada vez mais frequente a utilização de inteligência artificial nas burlas cometidas no Interior. O alerta foi deixado apesar de ainda não se terem registados casos do género em Macau.

25 Abr 2024

CPSP | Detido por ejacular em passageira num autocarro

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) anunciou ter detido um homem que confessou ter ejaculado contra as calças de uma mulher no interior de um autocarro público.

De acordo com a informação citada pelo canal chinês da Rádio Macau, esta foi a terceira vez que o homem foi detido devido a crime sexuais, depois de, em 2016, ter sido detido por actos exibicionistas e, em 2018, condenado por um crime de importunação sexual.

O caso mais recente aconteceu na segunda-feira, quando a mulher se sentiu tocada por trás. Porém, não conseguiu confirmar o autor do toque devido à sobrelotação do autocarro, apesar de ter em vista um suspeito. Só passados alguns momentos, com o autocarro mais vazio, a vítima identificou um líquido “estranho” nas suas calças, motivo pelo qual apresentou queixa. O CPSP identificou o indivíduo em causa e procedeu à detenção. O suspeito admitiu a prática dos factos.

25 Abr 2024

Coloane | Registada nova infecção por Vibrio Vulnificus

Os Serviços de Saúde (SS) anunciaram ontem um novo caso de infecção pela bactéria Vibrio Vulnificus, que ocorreu a 19 de Abril na praia de Hac Sá. A infecção aconteceu quando a vítima, um homem de 74 anos, estava a nadar e picou o segundo dedo do pé esquerdo na barbatana de um peixe.

No mesmo dia, cerca das 17h, o doente apresentou sintomas como calafrios, febre, dores e inchaço na perna esquerda, tendo recorrido, a um hospital do Interior para tratamento médico.

Como o tratamento não produziu os efeitos o doente dirigiu-se, uns dias depois, ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário para ser novamente tratado. Nessa altura foi diagnosticado: “No dia 23, após análise laboratorial, foi confirmada a existência de Vibrio Vulnificus nas secreções da ferida [do dedo do pé]. Após o tratamento médico, a febre baixou e o doente encontra-se em estado clínico estável”, foi comunicado.

Segundo os SS, a Vibrio Vulnificus é uma bactéria que existe de forma natural em mar de águas quentes, mas que em caso de infecção, apesar de normalmente produzir sintomas mais ligeiros, pode resultar na amputação de membros ou na morte dos infectados.

Este é o segundo caso de infecção registada este mês, depois de um homem com 62 anos ter pedido a vida. A fonte desta infecção não foi confirmada, mas suspeita-se que se tenha ficado a dever ao consumo ou contacto com marisco.

25 Abr 2024

Direitos humanos | Governo repudia relatório de Washington

O Executivo declarou que o relatório sobre direitos humanos elaborado pelo Departamento de Estado norte-americano ignora a realidade e difama Macau. O documento aponta a incapacidade de mudar de Governo em “eleições livres”, a inexistência de sindicatos, entre outras situações

 

“O ‘Relatório sobre Práticas de Direitos Humanos por País relativo ao ano de 2023’, publicado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, ignora a realidade e difama Macau e a sua situação de direitos humanos, por essa razão, a RAEM manifesta o seu mais firme repúdio e oposição.” Foi desta forma que o Executivo liderado por Ho Iat Seng reagiu à publicação do documento elaborado pela Administração de Joe Biden à situação dos direitos humanos em Macau.

O relatório começa por referir não haver “mudanças significativas” na situação de Macau em 2023, mas aponta a incapacidade de mudar de Governo em “eleições livres”.

Num comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social (GCS), o Governo da RAEM refere que “desde o regresso à Pátria, Macau tem implementado de forma firme, plena e correctamente os princípios ‘um país, dois sistemas’”, assim como a Lei Básica. Como tal, o Executivo declara que “a economia alcançou um grande desenvolvimento, o bem-estar da população está totalmente garantido, os residentes gozam de amplos direitos e liberdades, o seu sucesso de desenvolvimento é amplamente elogiado pela comunidade internacional e altamente reconhecido pelos residentes da RAEM”.

Em relação à alteração à lei de defesa da segurança do Estado, o Governo afirma que teve como referência “a experiência legislativa de outras jurisdições, tendo em conta plenamente a tradição jurídica e as condições sociais reais de Macau”, cumprindo “rigorosamente as convenções internacionais dos direitos humanos”.

Quanto ao regime eleitoral, é defendido que o seu aperfeiçoamento é essencial para implementar o princípio “Macau governado por patriotas”, que o Governo afirma ter “amplo apoio da população local”.

No final, o Executivo liderado por Ho Iat Seng pede aos EUA que “respeitem os factos objectivos, deixem de ter ‘dois pesos e duas medidas’ e ideias tendenciosas, e ajam em conformidade com os princípios do direito internacional e as normas básicas das relações internacionais, e parem de aproveitar os direitos humanos como pretexto para interferir nos assuntos internos da China, designadamente da RAEM”.

Sem fronteiras

No que diz respeito à liberdade de expressão, os autores do documento notam que o Governo da RAEM “restringiu significativamente” declarações públicas que “prejudicariam a ‘harmonia social’ ou que ‘colocariam em perigo’ o interesse nacional ou público”.

O relatório cita ainda a organização internacional Repórteres sem Fronteiras, crítica do âmbito de aplicação “alargado e extraterritorial” da nova lei de segurança nacional, que veio “aumentar a pressão sobre os jornalistas e ameaçar ainda mais o direito dos residentes à informação”.

Restrições também apontadas à reunião pacífica na RAEM, com o documento a mencionar defensores dos direitos civis “que criticaram as regras aparentemente arbitrárias”. O documento aponta a extinção em 2023 da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, organizadora durante mais de 30 anos de uma vigília em memória de Tiananmen, por “receio de perseguição política sob a nova lei de segurança nacional”.

A ausência de sufrágio universal é outro dos pontos a merecer atenção de Washington, com referência à limitação da população de “mudar o Governo através de eleições periódicas livres e justas”.

Neste capítulo, é feita alusão às eleições para a Assembleia Legislativa de 2021, em que “foram desqualificados pelo Governo todos os políticos pró-democracia”.

O relatório menciona ainda a falta de uma lei sindical no território. Os deputados de Macau aprovaram na semana passada legislação neste sentido, mas que deixa de fora a negociação colectiva e a greve. Ainda no capítulo laboral, é recordado que o salário mínimo não contempla as empregadas domésticas.

25 Abr 2024

Palestra sobre dietas e obesidade amanhã na FRC

Decorre amanhã, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), a palestra “Dietas para combater a Obesidade – Mitos e Estratégias”, com a presença da médica Paula Freitas, assistente graduada do serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto, e ainda professora auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Segundo um comunicado da FRC, a palestra pretende desmistificar algumas ideias pré-concebidas em torno da alimentação e obesidade. Paula Freitas refere, na mesma nota, que a obesidade pode ser considerada “uma doença crónica complexa, multifactorial e recidivante”, e que “qualquer intervenção a curto prazo, correcta ou incorrecta, não terá impacto a longo prazo e está votada ao insucesso, se a sua estratégia não for a modificação do estilo de vida de uma forma permanente”.

A profissional de saúde destaca ainda que a obesidade ou pré-obesidade são “doenças crónicas com impacto na saúde, qualidade de vida e mortalidade”, não sendo apenas problemas do ponto de vista estético.

Assim, “é de primordial importância que a pessoa com obesidade defina e tenha metas realistas no tratamento”, pois, caso contrário, “ficará frustrada, irá desistir e não perderá peso”.

Cada corpo é um corpo

Relativamente às chamadas dietas rápidas, Paula Freitas denota que “a pressa é inimiga da perfeição”, e que não há uma dieta milagrosa que funcione com todas as pessoas. Na verdade, uma dieta que promete perda de muito peso em pouco tempo “pode levar à interrupção de comportamentos saudáveis necessários, de forma prolongada e duradoira, para uma saudável perda de peso”.

Cortar nas proteínas, gorduras ou hidratos de carbono, ou optar por uma alimentação vegetariana, por exemplo, depende de cada pessoa e das doenças que possa ter, caso sejam do foro cardiovascular, diabetes ou colesterol aumentado.

A médica aconselha, assim, a que as pessoas façam “escolhas saudáveis todos os dias”. “Há que pôr fim aos mitos e às confabulações sobre dietas miraculosas. Devemos fazer escolhas alimentares saudáveis todos os dias e praticar exercício físico regularmente. Só deste modo, teremos uma vida saudável”, descreve.

24 Abr 2024