Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Kim pede preparação “para guerra a sério” O líder da Coreia do Norte pediu a soldados do país que se preparem “para uma guerra a sério”, durante um exercício de tiro de artilharia que presenciou, informou ontem a imprensa oficial norte-coreana. Fotos divulgadas pela agência de notícias KCNA mostram Kim Jong-un, vestido com um fato preto, a dirigir-se a soldados de uniforme. Outras imagens mostram Kim a observar atentamente um exercício de tiro de artilharia ao lado de vários líderes militares norte-coreanos. A sessão de tiro decorreu na quarta-feira, num local não revelado. Imagens divulgadas pela agência mostraram ainda projécteis a serem disparados em direcção ao mar. Durante a visita, Kim discursou para os soldados norte-coreanos, a quem pediu para se prepararem “para uma guerra a sério” e para serem capazes de “destruir o inimigo em todas as batalhas”, de acordo com a KCNA. Esta visita acontece depois de um contingente norte-coreano ter participado em combates contra as forças ucranianas na região russa de Kursk, parcialmente ocupada pelas tropas de Kiev desde o Verão de 2024 e que a Rússia anunciou ter retomado totalmente no final de Abril.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Nove mortos e 14 feridos por ataques aéreos cambojanos Os ataques aéreos cambojanos mataram nove pessoas, incluindo uma criança de oito anos, e feriram 14, informou ontem o exército tailandês, no dia em que se intensificou o conflito entre os dois países Nove pessoas morreram e 14 ficaram feridas na Tailândia na sequência da ofensiva de ataques aéreos cambojanos. Segundo o exército tailandês, uma das vítimas mortais foi uma criança de 14 anos. A Tailândia afirmou ter lançado ataques aéreos contra dois alvos militares no Camboja, enquanto os soldados cambojanos dispararam vários foguetes contra território tailandês. Seis pessoas foram mortas num ataques perto de um posto de abastecimento de combustível na província de Sisaket (nordeste), duas na província de Surin (nordeste) e uma na província de Ubon Ratchathani (nordeste). As autoridades tailandesas anunciaram o encerramento total de todas as passagens fronteiriças terrestres com o Camboja, após confrontos entre os dois exércitos em várias áreas que separam estes países vizinhos. O nível de segurança nas passagens fronteiriças foi elevado para o 4 — o máximo —, o que constitui um encerramento completo, disse, em conferência de imprensa o porta-voz do centro tailandês que monitoriza a situação na fronteira com o Camboja, o almirante Surasant Kongsiri. “Dada a situação actual, é necessário que a Tailândia feche as barreiras nas passagens fronteiriças para proteger a nossa soberania, integridade territorial e a segurança das pessoas nas zonas fronteiriças”, disse, na mesma ocasião, o porta-voz dos Negócios Estrangeiros do centro, Maratee Nalita. Terra cobiçada Desde o final de Junho, a Tailândia implementou restrições de acesso em todos os postos fronteiriços ao longo dos mais de 800 quilómetros de fronteira que partilha com o Camboja, permitindo a entrada apenas por motivos humanitários, de saúde ou educação. O encerramento total acontece após os confrontos de ontem entre os exércitos tailandês e cambojano numa zona fronteiriça disputada, segundo indicaram os dois lados, que se acusam mutuamente de iniciar o conflito após semanas de tensão. Entretanto, o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, solicitou ontem uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. “Considerando as recentes agressões extremamente graves da Tailândia, que ameaçaram gravemente a paz e a estabilidade na região, peço sinceramente que convoque uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para pôr fim à agressão da Tailândia”, escreveu Hun Manet numa carta dirigida ao presidente do Conselho de Segurança, Asim Iftikhar Ahmad. O conflito de longa data entre os dois países reacendeu-se a 28 de Maio, após um confronto entre os dois exércitos em torno de uma zona fronteiriça não demarcada reivindicada pelas duas nações, que resultou na morte de um soldado cambojano. A Embaixada da Tailândia no Camboja solicitou ontem aos cidadãos tailandeses que abandonem o país vizinho, após os confrontos e dada a possibilidade de os ataques “continuarem e espalharem-se”. A tensão territorial tem sido geralmente abordada diplomaticamente, embora entre 2008 e 2011, cerca de 30 pessoas tenham morrido em confrontos militares entre os dois países num território adjacente ao templo hindu de Preah Vihear.
Hoje Macau China / ÁsiaChina-UE | Compromisso para reforçar esforços contra alterações climáticas China e União Europeia (UE) comprometeram-se ontem a reforçar os esforços conjuntos no combate às alterações climáticas, segundo um comunicado divulgado no âmbito da 25.ª cimeira bilateral, realizada em Pequim. “O aquecimento global é tradicionalmente uma área de convergência entre Bruxelas e Pequim”, refere o texto, sublinhando a intenção de acelerar uma acção climática “rápida, em grande escala e a todos os níveis”. A UE pretende atingir a neutralidade carbónica até 2050, enquanto a China, maior emissora mundial de gases com efeito de estufa, comprometeu-se com esse objectivo até 2060. Apesar das tensões bilaterais, ambas as partes acordaram reforçar a cooperação em áreas como a transição energética, adaptação às alterações climáticas, controlo das emissões de metano, mercados de carbono e tecnologias verdes e de baixo carbono. O comunicado apela ainda ao alargamento global das energias renováveis e à facilitação do acesso a tecnologias ecológicas, sector no qual a China é líder mundial, incluindo em veículos eléctricos e painéis solares. Segundo David Waskow, do centro de reflexão World Resources Institute (WRI), esta declaração envia “um sinal importante de que a cooperação climática pode superar as tensões geopolíticas”. Já Yao Zhe, representante da organização ambiental Greenpeace, alerta que “é agora preciso passar à prática”.
Hoje Macau China / ÁsiaMongólia Interior | Seis estudantes morrem em visita a mina Seis estudantes universitários morreram após caírem num tanque de flotação durante uma visita académica a uma unidade de processamento de minerais na região autónoma chinesa da Mongólia Interior, informaram ontem as autoridades locais. O acidente ocorreu na quarta-feira, por volta das 10h20, quando uma grelha metálica cedeu sob o peso do grupo, provocando a queda dos alunos num tanque com lamas industriais, na planta de concentração de cobre e molibdénio de Wunugetushan, operada pela Inner Mongolia Mining, subsidiária do grupo estatal China National Gold. Apesar das operações de resgate, os seis estudantes – todos no terceiro ano da Universidade do Nordeste, em Shenyang – foram declarados mortos no local. Um professor que acompanhava a visita ficou ferido, segundo as autoridades locais. “Investigações preliminares indicam que a grelha se partiu durante a visita, provocando a queda acidental”, afirmou um responsável citado pelo portal Jimu News. As dimensões do tanque não foram divulgadas. O reservatório continha uma mistura espessa de água, minerais moídos e reagentes químicos que, segundo especialistas ouvidos pela imprensa chinesa, torna a sobrevivência “praticamente impossível”. O acidente ocorreu apenas dez dias após a empresa ter realizado uma reunião sobre segurança laboral, segundo uma publicação de 16 de Julho na sua conta oficial na plataforma WeChat, onde destacava protocolos “rigorosos” e a meta de “zero acidentes” para 2024. A planta é considerada uma das primeiras na China a operar com sistemas de flotação de grande capacidade, segundo um artigo técnico publicado em 2011.
Hoje Macau China / ÁsiaAntónio Costa pede à China que use influência para pôr fim à guerra na Ucrânia O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu ontem uma relação mais equilibrada com a China e pediu a Pequim que use a sua influência para pôr fim à guerra na Ucrânia, numa cimeira marcada por tensões comerciais. Num encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, parte da 25ª cimeira bilateral entre a União Europeia (UE) e a China, Costa afirmou que, passados 50 anos sobre o estabelecimento de relações diplomáticas, os laços económicos e humanos entre ambas as partes “cresceram exponencialmente, trazendo prosperidade para os dois lados”. “Como parceiros comerciais de peso, as nossas economias e sociedades tornaram-se estreitamente interligadas. A UE e a China também cooperam no avanço da agenda ambiental multilateral”, sublinhou. “Queremos trabalhar para garantir que a nossa relação económica seja equilibrada, recíproca e mutuamente benéfica. O comércio entre a UE e a China tornou-se crescentemente assimétrico e isso não é sustentável”, alertou Costa, ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Segundo dados chineses, as exportações da China para a UE cresceram 7 por cento no primeiro semestre do ano, enquanto as importações provenientes do bloco europeu caíram 6 por cento, agravando o défice comercial europeu, que ultrapassa actualmente os 300 mil milhões de euros. Tom conciliador António Costa reforçou também as preocupações da UE em relação ao apoio chinês à Rússia, apelando a Li Qiang para que, enquanto membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, use a sua influência para pôr fim à guerra na Ucrânia. “Temos um interesse comum em manter relações construtivas e estáveis. Mas para isso é preciso que a China desempenhe um papel activo em prol da paz e da estabilidade internacional”, afirmou. A China tem evitado condenar a invasão russa e é acusada por Bruxelas e Washington de apoiar indirectamente Moscovo com exportações de bens de uso duplo civil e militar. Na véspera da cimeira, Pequim criticou as sanções europeias contra dois bancos chineses por alegadas ligações ao comércio com a Rússia. Apesar das divergências, Costa frisou que a UE está “comprometida em aprofundar a parceria bilateral e em trabalhar com boa-fé e honestidade para enfrentar os desafios globais”, numa base de respeito mútuo, reciprocidade e compromisso com a ordem internacional baseada em regras.
Hoje Macau China / ÁsiaUnião Europeia | Xi Jinping pede renovação estratégica de relações O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem a uma renovação estratégica nas relações com a União Europeia, durante uma cimeira em Pequim marcada por crescentes tensões comerciais, tecnológicas e geopolíticas entre os dois blocos A reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, decorreu no Grande Palácio do Povo, no âmbito da 25.ª cimeira China-UE, que assinala o 50.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Bruxelas e Pequim. Segundo Xi, ao longo das últimas cinco décadas, os laços sino-europeus produziram “resultados frutíferos” e beneficiaram ambas as partes e o mundo. O líder chinês defendeu que, perante “uma situação internacional mais desafiadora e complexa”, a China e a UE devem reforçar a comunicação, fomentar a confiança e aprofundar a cooperação, contribuindo com mais estabilidade e previsibilidade para o mundo. “Devemos procurar convergências, mesmo mantendo divergências, e persistir na abertura e no benefício mútuo”, afirmou, sublinhando a importância de promover um relacionamento bilateral “que continue a crescer na direcção correcta” e que possa projectar-se para os próximos 50 anos “ainda mais brilhantes”. Apesar da retórica diplomática, analistas e fontes europeias advertiram que a cimeira ocorre num clima de desconfiança mútua e com expectativas limitadas de resultados concretos. O grupo de reflexão (‘think tank’) Bruegel classificou o encontro como uma “não-cimeira”, devido ao impasse persistente nas principais áreas de discórdia. Entre os temas centrais estão o desequilíbrio comercial – com um défice europeu superior a 300 mil milhões de euros – e o acesso a matérias-primas críticas, como as terras raras, sujeitas a restrições de exportação por parte da China. A UE acusa Pequim de distorcer os mercados ao subsidiar fortemente a sua indústria, sobretudo no sector dos veículos eléctricos, cujas exportações a preços abaixo dos praticados por fabricantes europeus levaram Bruxelas a impor tarifas adicionais entre 17 e 45,3 por cento. Outros focos Outro foco de tensão reside no apoio chinês à Rússia. Em Junho, Von der Leyen acusou Pequim de alimentar a economia de guerra russa com apoio “incondicional” a Moscovo. De acordo com o South China Morning Post, jornal de Hong Kong, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, terá alertado interlocutores europeus de que um eventual colapso russo desviaria o foco estratégico dos Estados Unidos para o Indo-Pacífico – algo que a China pretende evitar. Diplomatas europeus citados pela revista Politico acusam ainda Pequim de tentar dividir o bloco comunitário, privilegiando relações bilaterais com países como a Alemanha ou a França, em detrimento de uma abordagem unificada. Já a publicação The Diplomat observa que o simbolismo do 50.º aniversário contrasta com a realidade actual: “A cimeira deverá apenas confirmar quão distantes estão os valores e interesses de ambas as partes.”
Hoje Macau Via do MeioO Budismo na História da China Por Mario Poceski O budismo na China tem uma história notavelmente longa e complexa. Ao longo dos últimos dois milénios, a tradição budista exerceu uma grande influência em praticamente todas as facetas da vida religiosa chinesa, tanto a nível popular como de elite. Além disso, o budismo deixou impactos multifacetados e duradouros noutros aspectos da civilização chinesa, incluindo a história, a sociedade, as artes e a cultura. No processo de sua transmissão, aculturação e crescimento na China, o budismo passou por extensas mudanças e múltiplas adaptações. Como resultado do prolongado encontro com as tradições chinesas, as crenças, doutrinas, práticas e instituições budistas sofreram transformações de grande alcance, mesmo que, na sua maioria, mantivessem um sentido de identidade com a religião budista mais alargada que teve origem na Índia. Este processo de sinicação resultou na formação de uma tradição budista rica e diversificada que é quintessencialmente chinesa. O impacto destes desenvolvimentos também se fez sentir para além das fronteiras da China, uma vez que as formas chinesas de budismo foram transmitidas a outras partes da Ásia Oriental e do Sudeste Asiático que tradicionalmente se encontravam sob a esfera de influência cultural e política da China, nomeadamente a Coreia, o Japão e o Vietname. Consequentemente, o budismo chinês tem constituído tradicionalmente o núcleo de uma variedade de budismo pan-oriental asiático, e a familiaridade com os modelos e desenvolvimentos chineses é essencial para compreender as ricas heranças budistas de outros países da região. Introdução inicial do Budismo na China Os registos históricos chineses contêm uma série de referências dispersas sobre a introdução inicial do budismo na China, embora a sua veracidade possa ser posta em dúvida. Na verdade, não sabemos realmente quando o budismo “entrou” pela primeira vez na China; de qualquer forma, essa é uma noção problemática que pressupõe um único ponto de entrada oficialmente sancionado. Talvez o relato quase histórico mais conhecido desse género seja a história frequentemente citada sobre o sonho do Imperador Ming (r. 58-75 d.C.) acerca de uma divindade estrangeira mistificadora com tons dourados, que um dos conselheiros da corte identificou como sendo o Buda. Em resposta, diz-se que o intrigado imperador enviou uma expedição ao Ocidente em busca da divindade. A expedição terá trazido a primeira escritura budista a entrar na China, a Escritura em Quarenta e Duas Secções (Sishier zhang jing, que alguns estudiosos acreditam ser um texto apócrifo composto na China). De acordo com versões posteriores da história, a expedição enviada pelo Imperador Ming trouxe também dois monges budistas para Luoyang, a capital da China na altura. Em resposta, o imperador ordenou a construção do primeiro mosteiro budista, que foi mosteiro budista, que recebeu o nome de Mosteiro do Cavalo Branco (Ch’en 1964: 29-31; Zürcher 2007: 22). Embora esta história possa ser apócrifa, exemplifica uma tendência predominante para se concentrar na introdução “oficial” do budismo, que está ligada ao Estado chinês e ao seu governante. Tais associações tinham um valor propagandístico óbvio para a comunidade budista nascente no início da China medieval, uma vez que ajudavam a legitimar a nova religião. O tipo de estratégia de legitimação exemplificado pelas histórias contadas nas crónicas oficiais foi muitas vezes acompanhado de uma propensão para fazer recuar no tempo a chegada do budismo a solo chinês. Dadas as tendências chinesas predominantes para exaltar a antiguidade e evocar o passado historicizado, esta abordagem ajudou a melhorar as percepções públicas do budismo. Essas tendências são evidentes em duas lendas que atrasam a cronologia da chegada inicial do budismo e o ligam a monarcas famosos. A primeira lenda descreve a chegada de monges budistas à corte de Qin Shihuangdi (221-210 a.C.), o famoso primeiro imperador que uniu a China num único império (Zürcher 2007: 19-20; Ch’en 1964: 28). A segunda lenda estabelece uma ligação entre o rei Aśoka (r. 268-232 a.C.), o famoso monarca indiano que se celebrizou pelo seu generoso patrocínio do budismo, e a chegada de missionários budistas à China. Além disso, outra lenda frequentemente citada, mencionada em Hou han shu (História dos Han Posteriores), situa a chegada do Budismo à corte chinesa em 2 a.C.; neste caso, o primeiro transmissor foi um enviado da Ásia Central do reino de Yuezhi, que se situava em Bactria (Ch’en 1964: 31-32). Apesar das incertezas que ainda persistem quanto à fiabilidade histórica dos acontecimentos específicos descritos nestes relatos, podemos afirmar que o budismo já tinha pelo menos alguma presença na China durante o primeiro século da Era Comum. Existe mesmo a possibilidade de alguns budistas terem entrado na China mais cedo. A principal via de transmissão era a bem conhecida rede de rotas comerciais, normalmente designada por Rota da Seda, que se estendia desde a capital chinesa Chang’an até ao Mediterrâneo, ligando assim a China à Ásia Central, ao Sul da Ásia e ao Médio Oriente. O crescimento inicial do budismo esteve assim ligado ao comércio de longa distância, tendo a diplomacia também desempenhado um papel importante. Isto estava em sintonia com um padrão global significativo, uma vez que a disseminação do comércio ao longo da Rota da Seda estava intimamente relacionada com a transmissão e expansão de uma variedade de religiões, embora a guerra e os realinhamentos políticos também pudessem ter impactos notáveis. Nessa altura, impulsionado pelo seu carácter missionário, o budismo estava no bom caminho para se tornar uma religião pan-asiática, com um apelo universal e uma capacidade de transcender as fronteiras étnicas, linguísticas e culturais estabelecidas. A maioria dos primeiros monges e leigos budistas que entraram na China vieram com caravanas de mercadores da Ásia Central, uma área onde o budismo já tinha estabelecido uma forte presença. Consequentemente, embora a transmissão do budismo possa ser vista como o principal elemento de um intercâmbio cultural em grande escala que ligou a China e a Índia – duas grandes civilizações com longas histórias e culturas sofisticadas – os kushans, os sogdianos e outros centro-asiáticos foram também importantes actores históricos e intermediários fundamentais (ver o capítulo de Mariko Walter neste volume). Consequentemente, as listas de notáveis missionários budistas deste período são dominadas por monges da Ásia Central. Exemplos bem conhecidos dessa tendência são An Shigao (ativo por volta de 148-180), um parta que produziu as primeiras traduções de uma variedade de escrituras e estabeleceu padrões preliminares de tradução, e Lokak ema (n. 147?), um cita que alcançou grande aclamação pelas traduções de uma série de importantes textos Mahāyāna, incluindo as primeiras escrituras que pertenciam ao corpus da perfeição da sabedoria (ver Zürcher 2007: 32-36). No início, a maioria dos seguidores do Budismo eram presumivelmente imigrantes da Ásia Central. No entanto, desde cedo, a religião estrangeira atraiu também a atenção dos chineses nativos, um número crescente dos quais se inspirou nos seus ensinamentos e se sentiu atraído pelos seus rituais. À medida que os missionários estrangeiros introduziam uma variedade de doutrinas, práticas, textos e tradições budistas, os chineses faziam esforços concertados para se adaptarem à nova religião e compreenderem os seus elementos essenciais. Normalmente, os conceitos e ensinamentos budistas eram interpretados em termos de valores religiosos nativos e de estruturas intelectuais estabelecidas, e esta situação manteve-se durante um longo período. No final da dinastia Han, em 220, já havia uma série de estabelecimentos budistas em várias partes da China, e o cenário estava montado para o crescimento exponencial do budismo ao longo dos vários reinos e impérios que se ergueram e caíram durante o Período da Desunião (220-589). O colapso do domínio imperial da dinastia Han deu lugar a uma situação sociopolítica lânguida, marcada por um sentimento generalizado de fragmentação e pela emergência de múltiplos centros de poder político. As circunstâncias instáveis criaram também um clima de abertura intelectual e religiosa a novas ideias, que contribuiu para atenuar um sentimento persistente de superioridade cultural chinesa e de preconceito etnocêntrico. Este tipo de sentimentos foi acompanhado de um maior ceticismo em relação aos valores normativos e aos paradigmas sociorreligiosos de longa data. A longo prazo, a situação um tanto ou quanto lúbrica e imprevisível beneficiou provavelmente o crescimento do budismo. Crescimento durante o período de divisão Durante o Período da Divisão (também conhecido como Dinastias do Norte e do Sul), o crescimento do Budismo e a sua penetração na sociedade chinesa continuaram a um ritmo constante. No século VI, que marcou o fim deste período frequentemente turbulento mas também fascinante, o budismo tinha-se estabelecido como a tradição religiosa dominante na maior parte do reino chinês, concretizando assim um processo histórico prolongado a que Erik Zürcher chamou a conquista budista da China (Zürcher 2007). Numerosos seguidores e simpatizantes do budismo podiam ser encontrados entre os membros de todos os estratos da sociedade chinesa, desde os camponeses pobres até aos imperadores. As ideias e os artigos de fé budistas, incluindo as noções prevalecentes sobre renascimento, lei cármica, graça salvífica e perfetibilidade humana, passaram a permear a cultura chinesa e a influenciar a vida do povo chinês, mesmo quando este não subscrevia formalmente a fé budista. Durante este período, o budismo tornou-se também uma força dominante na vida intelectual e exerceu uma grande influência na sensibilidade estética e nas criações artísticas. Entre as recordações duradouras do extraordinário fervor religioso do período estão os objectos de arte budista que sobreviveram, muitos deles atualmente nas colecções de vários museus na Ásia, Europa e América. Existem também os notáveis complexos de santuários rupestres de Yun’gang e Longmen, que foram inicialmente construídos durante a dinastia Wei do Norte. A ordem monástica, que incluía tanto monges como monjas, também cresceu exponencialmente, com efeitos notáveis na economia chinesa (Gernet 1995: 3-25). Estes desenvolvimentos reflectiram-se na dimensão e esplendor arquitetónico dos principais mosteiros, especialmente os situados nas capitais das principais dinastias (por exemplo, Luoyang), que não eram muito diferentes dos palácios imperiais (ver Yang 1984). À medida que uma vasta gama de textos e ensinamentos budistas foi introduzida na China, os budistas chineses mostraram desde cedo uma clara preferência pela tradição Mahāyāna. Com o estabelecimento de um tipo inclusivo e eclético de Mahāyāna como a corrente principal do Budismo, os seus ideais centrais e crenças fundamentais tornaram-se parte integrante da paisagem religiosa chinesa. Isso incluiu a exultação do ideal do bodhisattva, especialmente a sua virtude central de compaixão universal, bem como a fé numa multiplicidade de Budas supremamente sábios e compassivos que se manifestam numa multiplicidade de mundos através de um cosmos infinito, repleto de virtudes sublimes e poderes inspiradores. O crescimento bem-sucedido do budismo baseou-se, em grande parte, no apelo considerável de seus ensinamentos, rituais e práticas, que surgiram numa profusão muitas vezes desconcertante de formas e variedades. Incluíam rituais solenes de arrependimento e outras cerimónias religiosas que eram frequentemente encenadas em grande escala, juntamente com raras reflexões filosóficas sobre a natureza da realidade. Havia também vários tipos de práticas devocionais, técnicas contemporâneas e observâncias éticas. O budismo também provou ser útil como instrumento de legitimação política, especialmente para os governantes das dinastias do norte, a maioria dos quais não eram chineses nativos. Para os Tuoba Wei e outras tribos governantes do norte, o ethos universalista do budismo era apelativo, pelo menos em parte, devido à sua utilidade sociopolítica, especialmente tendo em conta os desafios que tinham de enfrentar quando governavam populações étnica e culturalmente diversas. Exemplos impressionantes da estreita relação entre o budismo e o Estado eram as identificações ocasionais do imperador com o Buda (McNair 2007: 7-30). Para além disso, a fragmentação política desta época fomentou o aparecimento de variações regionais notáveis no seio do budismo chinês. Os estudiosos contrastam tipicamente o estilo de budismo do norte, com a sua ênfase na taumaturgia, ascetismo, envolvimento político e prática cúltica, com o tipo de budismo supostamente mais suave que prevalecia no sul, pelo menos entre as elites aristocráticas que se deleitavam com discussões intelectuais abstrusas, em grande medida inspiradas pela perfeição da literatura sapiencial (Ch’en 1964: 121-83). No entanto, o meio budista meridional não era de modo algum avesso à mistura entre religião e política. Por exemplo, deu origem ao mais famoso (ou notório) monarca budista da história chinesa: O Imperador Wu da Dinastia Liang (r. 502-549), conhecido pelas suas demonstrações públicas de piedade budista e pelo seu extravagante patrocínio de monges e mosteiros. Os variados elementos novos trazidos pelo budismo enriqueceram e alargaram os contornos da vida religiosa e cultural chinesa. Ao mesmo tempo, certos aspectos do budismo evocaram comparações ou analogias com elementos das tradições religiosas nativas, especialmente as do taoísmo. Após o seu surgimento inicial como religião organizada durante o segundo século da Era Comum, o taoísmo experimentou um desenvolvimento substancial durante o período de divisão, que em muitos casos se cruzou com o crescimento do budismo. Muitos chineses ignoraram as caraterísticas únicas ou as fronteiras distintas que separavam as duas religiões – especialmente a nível popular – o que inicialmente facilitou a aceitação e assimilação do budismo. Com o tempo, a relação entre os dois tornou-se cada vez mais complexa. De um modo geral, esta relação era de complementaridade, pois havia numerosos casos de influências e interações mútuas, mas também havia tensões e contestações, que giravam frequentemente em torno de competições contínuas pelo patrocínio (para as ligações rituais e textuais, ver Mollier 2008). (continua)
Hoje Macau EventosCURB | Eduardo Leal e António Leong distinguidos em concurso Já são conhecidos os vencedores da edição deste ano do concurso de fotografia arquitectónica promovido pelo CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo. O primeiro lugar foi arrecadado por Wong Chi Hin, seguindo-se Lei Heong Ieong no segundo lugar e, em terceiro, Eduardo Leal, fotojornalista português radicado em Macau. Estes foram os vencedores na categoria “Grupo Aberto”. Eduardo Leal ganhou ainda uma menção honrosa por outra imagem sem título, juntamente com Wong Cheng Chon, e António Leong, distinguido aqui duas vezes com as imagens “Inside Out of Penha” e “The Staircase”, entre outros fotógrafos. Na categoria “Grupo de Estudantes” destaca-se a vitória de Chong Man Hin. Segundo um comunicado do CURB, as fotografias distinguidas celebram “o ambiente interior construído da cidade”, apuradas de um total de 338 fotografias enviadas por 149 participantes. “Os trabalhos enviados foram avaliados por um painel de jurados experientes que selecionaram as melhores fotografias para o tema deste ano, considerando a sua qualidade artística e técnica e a originalidade da visão”, é referido. Esta edição do concurso, a quarta, teve como tema “Inside Out”, convidando os participantes “a olhar para além e a entrar no ambiente construído de Macau, para descobrir e capturar as qualidades e a beleza raramente vista da arquitectura de dentro para fora”. A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar na Ponte 9 – Plataforma Criativa, na Rua das Lorchas Ponte n.º 9, 3.º andar, no dia 9 de Agosto, às 17h00, onde serão expostas as obras distinguidas. A exposição estará aberta ao público até 29 de Agosto, de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h30 às 18h30. O CURB revelou ainda que o concurso de fotografia decorre “com sucesso” há quatro anos, atraindo um total de 688 participantes e 1.611 inscrições.
Hoje Macau SociedadeContrafação | Autoridades fazem rusga em loja As autoridades realizaram uma rusga numa loja na Avenida Horta e Costa, na quarta-Feira, que levou à apreensão de 155 peças de roupa e malas contrafeitas. O balanço da operação foi feito ontem numa conferência de imprensa, que apenas foi divulgada em língua chinesa. De acordo com a informação oficial, citada pelo jornal Ou Mun, a operação enquadrou-se dentro do mecanismo de cooperação Cantão-Hong Kong-Macau da Propriedade Industrial. Em causa está o facto da loja disponibilizar roupas de marca a preços acessíveis, embora os Serviços de Alfândega tenham definido as imitações como “de baixa qualidade”. Se fossem vendidos ao preço dos produtos que imitavam, as peças de roupa e as malas estariam avaliadas em 2,39 milhões de patacas. O caso resultou na detenção de uma mulher com 47 anos, não-residente, responsável pela venda dos produtos. De acordo com os Serviços de Alfândega, nesta fase as autoridades ainda estão a tentar apurar a identidade dos fornecedores dos produtos assim como do proprietário da loja na Avenida Horta e Costa. A venda dos produtos em causa constitui uma infracção ao regime jurídico da propriedade industrial. Para os infractores nestes casos está prevista uma punição que pode chegar a seis meses de prisão ou uma pena de multa dos 30 aos 90 dias. Segundo o jornal Ou Mun, na apresentação dos resultados da rusga, os Serviços de Alfândega insistiram que não vão poupar esforços a “combater proactivamente as infracções ao regime jurídico da propriedade intelectual”. No entanto, foi deixado também o apelo que os titulares dos direitos de propriedade industrial cooperem para apresentar queixa.
Hoje Macau Manchete SociedadeJogo | Lucro da Macau Sands caiu 13% no segundo trimestre A empresa responsável pelos casinos Venetian, Parisian e Londoner fechou o segundo trimestre com lucros de 214 milhões de dólares. Apesar da redução face ao ano passado, os responsáveis do grupo sublinham o compromisso de investimento na RAEM A operadora de casinos em Macau Sands China anunciou ontem lucros de 214 milhões de dólares americanos no segundo trimestre, uma queda de 13 por cento em relação ao mesmo período de 2024. A Sands China já tinha registado uma queda homóloga de 32 por cento no lucro do primeiro trimestre. Isto depois de ter terminado 2024 com lucros de 1,05 mil milhões de dólares, um aumento de 50,9 por cento. Pelo contrário, as receitas dos cinco casinos da empresa em Macau subiram 2,5 por cento entre Abril e Junho, para 1,8 mil milhões de dólares. Com as receitas a subir, a Sands China registou lucros operacionais de 566 milhões de dólares no segundo trimestre de 2025, uma subida de 0,9 por cento em termos anuais. Robert Goldstein, o presidente da empresa-mãe da Sands China, a norte-americana Las Vegas Sands (LVS), apontou como meta para os casinos em Macau lucros operacionais entre 600 e 650 milhões de dólares por trimestre. De acordo com um comunicado da Sands China, Goldstein disse ainda, numa teleconferência com investidores, que a meta anual, até 2027, é de lucros operacionais de entre 2,6 e 2,7 mil milhões de dólares. De acordo com dados oficiais, a indústria do jogo em Macau registou receitas totais de 61,1 mil milhões de patacas entre Abril e Junho, mais 8,3 por cento do que no mesmo período de 2024. Compromisso longo Ainda assim, Goldstein recordou que a Sands China tem um “compromisso de uma década de fazer investimentos que aumentem o apelo do turismo de negócios e lazer de Macau e apoiem o seu desenvolvimento como um centro mundial de turismo”. A empresa é uma das seis concessionárias de casinos que operam no território e cujo contrato de concessão, válido por dez anos, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2023. Na altura, as seis operadoras comprometeram-se a investir “mais de 100 mil milhões de patacas” em elementos não ligados ao jogo. A Sands anunciou “um jardim de Inverno icónico” com 50 mil metros quadrados. “Continuamos entusiasmados com as nossas oportunidades de alcançar um crescimento líder na indústria, tanto em Macau como em Singapura, nos próximos anos”, notou Goldstein. A Sands China fez investimentos totais no valor de 286 milhões de dólares entre Abril e Junho, incluindo 138 milhões de dólares em Macau. A maioria do dinheiro foi para remodelar o empreendimento integrado hotel-casino Londoner Macao, uma parceria com o antigo futebolista britânico David Beckham. A remodelação ficou pronta em meados de Abril, a tempo da chamada ‘semana dourada’ de 1 de Maio, um período de feriados na China continental e uma época alta para o turismo em Macau.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Inflação acelerou para 0,25% em Junho A inflação em Macau acelerou em Junho, num mês em que também no Interior da China o índice de preços no consumidor voltou a subir, após quatro meses consecutivos de descidas, foi ontem anunciado. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 0,25 por cento em Junho, em termos homólogos, mais rápido do que o valor registado em Maio (0,19 por cento), e o valor mais elevado desde Janeiro (0,57 por cento), segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). De acordo com os dados oficiais, a aceleração da inflação deve-se em parte ao custo das refeições adquiridas fora de casa, que subiu 1,39 por cento, e da alimentação, com o preço de produtos como o pão e biscoitos a aumentar 2,11 por cento. Os gastos com rendas ou hipotecas de apartamentos subiram 0,93 e 0,52 por cento, respectivamente, depois de a Autoridade Monetária de Macau ter aprovado três descidas da taxa de juro nos últimos três meses de 2024.
Hoje Macau PolíticaObras Públicas | Concurso público recebe 23 propostas A Obras Públicas receberam 23 propostas no âmbito do concurso público para a construção de um aterro e diques no Aterro para Resíduos de Materiais de Construção. A abertura pública das propostas decorreu ontem de manhã na sede da Direcção de Serviços de Obras Públicas (DSOP). De acordo com o jornal Ou Mun, as propostas tinham um prazo máximo de 270 dias, e vão ser avaliadas com base no preço, que conta 50 por cento para a decisão do vencedor do concurso, prazo de execução (20 por cento), experiência e qualidade em obras (20 por cento) e o programa de execução (10 por cento). Não havia limitações ao nível do preço exigido. No caso de mais do que uma proposta obter a pontuação mais elevada, vigora o critério do preço. As propostas exigiam uma caução provisória de 1,6 milhões de patacas.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Anulada proibição de casas de banho para pessoas transgénero Um juiz de Hong Kong decidiu ontem anular os regulamentos que criminalizavam o uso de casas de banho públicas por pessoas transgénero de acordo com a sua identidade de género, considerando que violam o princípio da igualdade. O juiz Russell Coleman deu provimento ao pedido de revisão judicial interposto por K, um homem trans que nasceu mulher, sustentando que as normas em vigor representam uma “intrusão desproporcionada e desnecessária nos direitos à privacidade e à igualdade”. Apesar da decisão, o magistrado suspendeu por um ano a anulação formal dos regulamentos, dando tempo ao Governo local para decidir se pretende adoptar um novo enquadramento legal para resolver a situação. A actual legislação apenas permite que crianças com menos de cinco anos, acompanhadas por um adulto do sexo oposto, entrem numa casa de banho destinada a outro género. A violação da norma é punível com uma multa de até 2.000 dólares de Hong Kong. K, diagnosticado com disforia de género, apresentou a queixa em 2022, alegando que a proibição de utilizar casas de banho públicas masculinas violava os seus direitos constitucionais, ao impedi-lo de viver plenamente de acordo com a sua identidade de género. A decisão representa mais um avanço nos direitos da comunidade LGBTQ+ na região administrativa especial chinesa, que tem revisto algumas políticas após vitórias judiciais de activistas. Em 2023, o mais alto tribunal de Hong Kong decidiu que a realização de cirurgia de reatribuição de sexo não devia ser obrigatória para alterar o género nos documentos oficiais. No ano seguinte, o Governo actualizou a política, permitindo a mudança de género nos cartões de identidade sem cirurgia completa, desde que os requerentes cumpram determinadas condições médicas, como tratamento hormonal contínuo durante pelo menos dois anos e remoção parcial de órgãos sexuais.
Hoje Macau China / ÁsiaSurto de chikungunya em Foshan já ultrapassa 2.500 casos As autoridades sanitárias da cidade de Foshan, na província chinesa de Guangdong (sudeste), estão a tentar conter um surto de febre chikungunya que já registou 2.658 casos, todos considerados leves, informou ontem a imprensa local. O surto foi detetado a 08 de Julho através dos sistemas de vigilância locais, o que levou à activação imediata de um plano de resposta por parte das autoridades de saúde municipais. A febre chikungunya é uma doença viral causada por um vírus homónimo, transmitido principalmente por mosquitos. Os sintomas mais comuns incluem febre elevada, dores articulares intensas, fadiga e erupções cutâneas. Com uma população de cerca de 7,4 milhões de habitantes, Foshan designou 53 hospitais como centros de tratamento e disponibilizou mais de 3.600 camas com proteção contra mosquitos, segundo a televisão estatal CCTV. Além disso, 35 hospitais da cidade receberam autorização para realizar testes PCR específicos para deteção do vírus. Os casos suspeitos que resultem positivos vão ser internados com o objectivo de evitar a propagação do surto. O aumento de infeções ocorre durante a época de calor e chuvas no sul da China, condições propícias à proliferação de mosquitos transmissores da doença. Da prevenção Na sequência da propagação do vírus no sudeste do país, as autoridades sanitárias de Pequim recomendaram esta semana o reforço das medidas de prevenção e apelaram à população para reduzir a exposição a picadas, através do uso de roupa que cubra a pele, aplicação de repelente e eliminação de criadouros de larvas. O período de incubação da febre chikungunya varia geralmente entre dois e quatro dias, podendo prolongar-se até uma semana. A doença manifesta-se de forma súbita, com febre, inflamação articular e erupções cutâneas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou esta terça-feira para a adopção de medidas preventivas para evitar surtos de grande escala semelhantes aos registados há cerca de 20 anos em ilhas do Índico como Mayotte, Reunião ou Maurícia, que acabaram por levar à propagação da doença para países vizinhos como Madagáscar, Somália ou Quénia.
Hoje Macau EventosCotai | Rapper chinês Yitai Wang apresenta último álbum no Galaxy “Love Me Later” é o nome do último disco de Yitai Wang, rapper chinês, e também o nome do espectáculo que tem subido aos palcos nos últimos tempos integrado na digressão do músico. Macau também está na agenda e acolhe, este domingo, o concerto de Yitai Wang na G Box do Galaxy Macau Este domingo é dia de estreia para o rapper chinês Yitai Wang, que pela primeira vez sobe a um palco de Macau para apresentar a sua música. O concerto “Love Me Later” acontece no espaço G Box do Galaxy Macau a partir das 20h e traz ao público local a oportunidade de ouvir os mais recentes êxitos do artista que começou a sua carreira no grupo de Chengdu CDC. Depois, a partir de 2018, Yitai Wang embarcou numa carreira a solo, acabando no top seis dos músicos mais importantes do “The Rap of China”. Seguiu-se a participacão em programas musicais na China como “I’m CZR” e “Me to Us”. “Love Me Later”, que dá nome a este espectáculo no Cotai, é o terceiro álbum de estúdio do artista e inclui faixas como “Time To Be A Man”, “Wake Up”, “Rich Forever”, “Do It Like This” ou “Where to Go”. De frisar que, antes da estreia do músico em Macau, o rapper passou por Hong Kong com a mesma digressão em Abril, tendo actuado no Macpherson Stadium. Viagem sentimental Segundo a apresentação do álbum “Love Me Later” na plataforma de streaming Apple Music, este é um trabalho discográfico que “apresenta um conceito abrangente e uma lista de colaboradores internacionais”, revelando a forma como o músico embarcou “numa jornada pelo tempo e emoções”. Na mesma descrição, o artista confessa que quando se começa a ouvir o álbum “pode começar a sentir-se um pouco deprimido”, mas que depois surge uma mistura de experiências e emoções transmitidas através da música. “De repente começo a fazer uma perspectiva de experiências passadas, com laivos que levaram à construção de algo com confiança. Na música ‘Where To Go’ já não estou preocupado com o que possa vir a acontecer, e na segunda parte do álbum já olho essencialmente para o futuro”, descreveu. Este trabalho foi escrito e produzido ao longo de dois anos em Los Angeles, contando com colaborações de artistas como Masiwei, rapper de Chengdu e ainda dois rappers americanos, o que demonstra os passos de Yitai Wang na internacionalização da sua carreira. Este trabalhou também, neste último álbum, com o produtor premiado Myles William, que deambula pelas sonoridades do trap beat. O portal RADII descreve o artista de Chengdu, Sichuan, como um dos principais nomes do rap chinês actual, que descobriu “o talento para o hip hop por acaso”, depois de ter estudado piano. “Estava a tentar fazer rap com as músicas do Eminem e os meus amigos disseram: ‘Uau, você fez muito bem’. Então pensei: ‘Eu consigo fazer rap’, e comecei a tentar escrever as minhas próprias letras”, descreveu, segundo o mesmo portal.
Hoje Macau China / ÁsiaUNESCO | Pequim critica a saída dos EUA e questiona que seja gesto responsável A China criticou ontem a decisão dos Estados Unidos de abandonarem a UNESCO, considerando-a indigna de “um país grande e responsável”, e pediu um compromisso com o multilateralismo e os princípios da Carta das Nações Unidas. “Os Estados Unidos têm acumulado, há muito tempo, pagamentos em atraso das suas contribuições como membro da UNESCO”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, lamentando o novo anúncio de retirada feito por Washington esta semana. “A China sempre apoiou firmemente o trabalho da UNESCO”, sublinhou Guo, destacando a missão da organização em “promover a cooperação internacional em educação, ciência e cultura, fortalecer o entendimento entre civilizações e salvaguardar a paz mundial”. No contexto das comemorações do 80.º aniversário da fundação das Nações Unidas, o diplomata apelou a todos os países para que “reafirmem o seu compromisso com o multilateralismo” e apoiem um sistema internacional com a ONU no centro, “baseado no direito internacional e nos princípios da Carta das Nações Unidas”. O Governo de Donald Trump anunciou que os EUA abandonarão formalmente a UNESCO a 31 de Dezembro de 2026, alegando que a permanência na organização “já não serve os interesses nacionais”. Washington acusa a agência de promover uma “agenda globalista” e critica a decisão de aceitar a Palestina como Estado-membro. A República Popular da China é membro da UNESCO desde 1971, ano da sua entrada na ONU, e ocupa actualmente um assento no Conselho Executivo da agência (2021–2025). Nos últimos anos, a China tornou-se um dos principais contribuintes financeiros da UNESCO e acolhe vários centros ligados à organização, nas áreas da educação, património e ciência.
Hoje Macau Via do MeioContos tradicionais chineses recontados por Lin Yutang O Homem que vendia fantasmas (Do “Soushenchi”, século IV) Quando Sung Tingpo, de Nanyang, era ainda rapaz estava passeando certa noite quando encontrou-se com uma fantasma. Perguntou à aparição quem era e ela respondeu que era uma fantasma. – “Quem és tu?” perguntou por sua vez a fantasma. Tingpo mentiu e respondeu – “Eu também sou um fantasma.” A fantasma então quis saber para onde ele ia e Tingpo informou – “Estou a caminho para a cidade de Wanshih.” – “Também vou para lá,” afirmou a aparição. Assim puseram-se a caminhar juntos. Após uma milha, se tanto, a fantasma disse que era estupidez estarem andando ambos quando um podia carregar o outro, por turnos. – “óptima idéia,” achou Tingpo. A fantasma pôs Tingpo às costas e depois de ter andado uma milha disse – “Tu és pesado demais para um fantasma. Tens certeza de que és mesmo um fantasma ?” Tingpo explicou que ainda era um fantasma novo e que, por conseguinte, ainda pesava um pouco. Tingpo, por sua vez, pôs-se a carregar a fantasma, mas ela era tão leve que tinha a impressão de não estar a carregar nada. Assim foram caminhando, revezando-se, até que Tingpo perguntou à companheira qual era a coisa que metia mais medo aos fantasmas. – “Os fantasmas têm um medo horrível da saliva humana”, foi a resposta. Lá foram andando, andando, até que chegaram a um rio. Tingpo deixou que a fantasma fosse adiante e observou que ela não fazia barulho algum ao nadar, mas quando ele entrou n’água, o fantasma ouviu o estalar na água e pediu-lhe uma explicação. Tingpo explicou novamente – “Não se surpreenda, pois ainda sou muito novo e não estou ainda acostumado a atravessar uma corrente.” No momento em que se aproximavam da cidade, Tingpo começou a carregar a fantasma nas costas apertando-a fortemente. A fantasma pôs-se a gritar e a chorar lutando para apear-se, porém Tingpo apertou-a com mais força ainda. Ao chegar às ruas da cidade, soltou-o e a fantasma se transformou num bode. Tingpo cuspiu no animal para que ele não pudesse transformar-se outra vez, vendeu-o por mil e quinhentos sapecas e foi para casa. Eis a razão do ditado de Shih Tsung: “Tingpo vendeu um fantasma por mil e quinhentos sapecas.” É Maravilhoso ficar bêbado (Do “Soushenchi”, século IV) Ti Xi era um nativo de Chungshan e sabia fazer “vinho de mil dias”, capaz de manter um homem embriagado durante mil dias. Havia um homem no mesmo distrito chamado Xuan Shih que desejou provar o vinho em sua casa. No dia seguinte ele foi ver Ti Xi e pediu-lhe um trago; este último respondeu – “Meu vinho ainda não está completamente fermentado e não ouso oferecê-lo.” – “Quero prová-lo assim mesmo”, disse Xuan. Ti Xi não pôde dizer “não” e deu- lhe um copo. – “é delicioso,” observou Xuan, “quero outro copo.” – “Deve ir para casa agora,” replicou Ti Xi. “Volte outro dia. Só esse copo o embebedará por mil dias.” Xuan saiu parecendo um tanto tonto e ao chegar em casa morreu sob a influência do vinho. A família jamais desconfiou de nada: chorou-o e enterrou-o. Após três anos, Ti Hsi disse para consigo mesmo – “Xuan a esta hora já deve estar acordado. Preciso ir vê-lo.” Quando chegou à casa de Xuan perguntou se este estava. A família surpreendeu-se muito e disse – “Morreu há muito. Até já tiramos o luto.” Ti Xi ficou aflito e disse – “O quê! Foi efeito do meu maravilhoso vinho, capaz de embebedar um homem por mil dias. Ele deve estar a acordar agora mesmo.” Deu, então, ordens para que a família de Xuan abrisse o sepulcro e o caixão para ver o que tinha acontecido. Ergueu-se uma nuvem de vapores da tumba, nuvem que se elevou até os céus e em seguida procederam a abertura do caixão. Quando a tampa foi retirada, viram o homem “morto” abrir os olhos, bocejar e dizer – “Oh! como é delicioso ficar bêbado!” Depois perguntou a Ti Xi – “Que vinho é esse que tu fazes? Um só copo produziu esse efeito. Acabo de acordar. Que horas são?” As pessoas que estavam perto riram muito à custa dele mas, devido a forte exalação da tumba, cheiro intenso que lhes entrou pelas narinas, todos ficaram bêbados por três meses. É bom não ter cabeça (Do “Luyichi”, século IX) No tempo de Han Wuti (140-87 A. C.), Chia Yung de Qangwu servia como magistrado em Yüchang. Um dia saiu para dar combate a bandidos. Foi ferido e teve a cabeça decepada. Mesmo assim, o corpo montou a cavalo e voltou ao campo. Os soldados, e o povo que ali estava, ficaram admirados e Yung falou pelo peito – “Fui derrotado pelos bandidos e eles cortaram-me a cabeça. Digam-me francamente se é melhor ter cabeça ou ficar sem cabeça ?” Os homens lamentaram-no e disseram – “É melhor ter cabeça.” E Yung replicou – “Não penso assim. Andar sem cabeça também é bom.” Como a língua sobreviveu aos dentes (Liu Hsiang) Zhang Zhuang estava doente e Lao Zi veio visitá-lo. Este disse a Zhang Zhuang: – Estás muito doente. Não tens nada que dizer ao teu discípulo? – Ainda que não me pergutasses, eu ia dizer-te – replicou Zhang – sabes porque uma pessoa não deve descer do carro quando chega à aldeia? – Não significa este costume que as pessoas não devem esquecer sua terra de origem?- replicou Lao Zi. – Ah, sim… Mas deixe-me perguntar outra coisa; sabes porque uma pessoa deve correr ao passar debaixo de uma árvore alta? -Significa que se deve respeitar os mais velhos, disse Lao Zi. – Ah, sim…então Zhang Zhuang escancarou a boca e mostrou sua língua para Lao Zi, pedindo que ele olhasse bem lá dentro, dizendo: o que você vê agora? – A sua língua, mestre – disse Lao Zi. – Os meus dentes estão aí? – perguntou o velho. – Não – replicou Lao Zi. – E sabes porquê? – perguntou Zhang Zhuang? – Não durou a língua mais tempo por ser flexível? E não caíram os dentes por serem mais duros? – retorquiu Lao Zi. -Ah, sim… disse Zhang Zhuang – acabas de aprender o Tao. Não tenho mais nada te ensinar. A Coruja e a Codorniz (Liu Hsiang) Uma coruja em viagem encontrou com uma codorniz, e esta perguntou: “para onde vais, coruja”? A coruja respondeu: “vou para oeste, pois as pessoas da aldeia reclamam muito do meu piar”. Disse-lhe então a Codorniz: “aceite uma sugestão: muda o teu pio ou vão te odiar onde quier que vás”. O cego e o sol (De Su Dongpo) Era uma vez um cego de nascença. Nunca tinha visto o sol e perguntava às pessoas como era. Alguém lhe disse: “é como uma bandeja de latão”, e quando o cego, um dia, deu com uma bandeja pendurada, ouviu o som de metal e guardou-o como recordação do sol. Um dia, porém, tocaram sinos de bronze e o cego pensou que era o sol. Até que alguém lhe disse: “a luz do sol, na verdade, é como uma vela”. Um dia, o cego apalpou uma vela e pensou que esta era a forma do sol. Assim, um dia encontrou um pedaço de bambu no chão e pensou tratar-se do sol. O Sol é muito diferente do sino ou do bambu, mas o cego não pode ver isso porque nunca viu o sol. O Tao é mais difícil de ver do que o sol e por isso os homens são como o cego. Ainda que façam comparações, exemplos e tratados, o Tao será como o sol para o cego, parecido com uma bandeja, com um sino ou um bambu. Sempre imaginaremos uma coisa, esquecendo outra. Assim, os homens afastam-se cada vez mais da verdade, dando-lhe aparências através de nomes. Todos estes enganos são tentativas de compreender o Tao.
Hoje Macau PolíticaCrime | Detida por suspeita de troca ilegal de dinheiro Uma mulher foi detida no exterior de um hotel no Cotai, depois de ter sido interceptada pela Polícia Judiciária (PJ) a mexer no telemóvel com dois jogadores. O caso foi revelado ontem pelas autoridades e aconteceu na manhã de segunda-feira. Numa patrulha de rotina, os agentes acharam estranho a mulher estar a mexer no telemóvel de outro homem, ao mesmo tempo que no seu telemóvel surgia um código QR. Por isso, decidiram avançar e interceptar as três pessoas. A mulher recusou dar qualquer explicação aos agentes. No entanto, os dois jogadores, do Interior, confessaram que estavam a tentar trocar dinheiro. A mulher ia entregar 30 mil dólares de Hong Kong para receber 28,200 yuan. No âmbito das detenções, foram também apreendidos 25.900 dólares de Hong Kong dos homens, que se acredita resultem do crime. Com a mulher, foram apreendidos 160 mil dólares de Hong Kong, 60 mil renminbis, um telemóvel e um carregador. O caso foi encaminhado para o Ministério Público. Burla | Investimento leva a perda de 170 mil renminbis Uma mulher local foi burlada em cerca de 170 mil renminbis, depois de ter acreditado que estava a investir em ouro. O caso foi divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ) e citado pelo jornal Ou Mun, mas ainda não foi feita qualquer detenção. A idosa explicou que depois de conhecer um homem através da Internet, este lhe apresentou uma plataforma para investir em ouro. Esse homem não só convenceu a mulher a investir, como lhe indicou como devia actuar para assegurar que ia ganhar mais dinheiro. Enganada, a 17 de Junho, a mulher aceitou enviar 170 mil renminbis para uma conta bancária indicada pelo homem. Mais recentemente, na terça-feira, como a aplicação apresentava um lucro de 600 mil renminbis resultado do investimento, a mulher decidiu levantar o dinheiro. Todavia, os fundos ficaram bloqueados, e o serviço a clientes pediu um pagamento de 600 mil renminbis para que o dinheiro fosse levantado. A mulher percebeu assim que tinha sido burlada e apresentou queixa. Trânsito | Cai de mota e é detido por conduzir bêbedo Um residente foi detido pelas autoridades depois de ter sofrido um acidente de mota e se ter lesionado numa das mãos. O caso aconteceu na Estrada do Canal dos Patos no sábado. As autoridades foram chamadas ao local depois do acidente ter sido denunciado, por volta das 5h50. Todavia, depois de prestarem os primeiros socorros ao jovem de 24 anos, que apresentava queimaduras numa das mãos, as autoridades verificaram que este tinha cheirava a álcool. Por isso, pediram ao rapaz a fazer o teste do balão, com o resultado a indicar 1,99 gramas de álcool por litro de sangue. Após ter sido interrogado pelas autoridades, o jovem confessou ter estado a beber com amigos durante umas horas no outro lado da fronteira. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, para investigação.
Hoje Macau Manchete SociedadeReserva Financeira | Saldo ultrapassa os 640 mil milhões No passado mês de Maio, o saldo da reserva financeira da RAEM atingiu as 640,5 mil milhões de patacas. Desde o início do ano, a reserva financeira cresceu 24,2 mil milhões de patacas. Só em Maio, o aumento foi de cerca de 8 mil milhões O saldo da reserva financeira de Macau chegou no final de Maio a 640,5 mil milhões de patacas, segundo dados partilhados ontem no Boletim Oficial pela Autoridades Monetárias de Macau (AMCM). Nos primeiros cinco meses deste ano, a reserva cresceu 24,2 mil milhões de patacas, com o mês de Maio a “contribuir” cerca de 8 mil milhões de patacas, superando a tendência verificada em Abril, com um crescimento mensal de 1,2 por cento. De acordo com o balanço publicado ontem pela AMCM, a reserva está no nível mais alto desde Dezembro de 2021, quando atingiu 643,2 mil milhões de patacas. Ainda assim, permanece longe do recorde histórico de 663,6 mil milhões de patacas, atingido no final de Fevereiro de 2021, apesar de o território estar em plena pandemia de covid-19. Recorde-se que a reserva tinha registado em 2024 o melhor ano desde a pandemia de covid-19, após ganhar 35,7 mil milhões de patacas, o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas. Os dados da AMCM revelam também que entre Janeiro e Maio deste ano, as aplicações da Reserva Financeira renderam aos cofres da RAEM 16,7 mil milhões de patacas em receitas. No final de Maio, o valor da reserva extraordinária fixou-se em 459,65 mil milhões de patacas, enquanto a reserva básica registou 164,2 mil milhões de patacas. Pano de fundo O orçamento inicial do território para 2025 prevê uma subida de 7 por cento nas despesas totais, para 109,4 mil milhões de patacas. Porém, a Assembleia Legislativa aprovou na especialidade no dia 9 de Julho a alteração ao orçamento, que incluiu um aumento extra de 2,86 mil milhões de patacas nas despesas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por 265,5 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados, depósitos e contas correntes no valor de 254,3 mil milhões de patacas e até títulos de crédito no montante de 116,6 mil milhões de patacas. No ano passado, os investimentos renderam à reserva financeira quase 31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,3 por cento, disse a AMCM no final de Fevereiro.
Hoje Macau SociedadeChikungunya | SS revelam segundo caso importado Os Serviços de Saúde (SS) registaram o segundo caso importado de Febre de Chikungunya, que foi detectado numa turista vindo da Província de Cantão. A ocorrência foi divulgada ontem através de um comunicado. “O caso foi diagnosticado numa mulher de 33 anos de idade, turista, que reside no Distrito de Nanhai da Cidade Foshan da Província de Guangdong. Ao meio-dia de segunda-feira, a doente entrou em Macau, e manifestou, à tarde, sintomas como febre e erupções cutâneas. Recorreu, naquele dia, ao Hospital Kiang Wu para tratamento médico”, contaram as autoridades. “Na terça-feira, o Laboratório de Saúde Pública confirmou a presença do vírus de Chikungunya. Actualmente, a doente encontra-se em estado estável, os indivíduos com quem coabita e viajava não apresentaram nenhuns sintomas de indisposição”, foi acrescentado. De acordo com o histórico de viagem da turista, assim como a data de manifestação de sintomas e os resultados dos exames laboratoriais efectuados, o caso foi classificado como importado, em vez de local. “Os Serviços de Saúde irão enviar pessoal para proceder à inspecção da fonte de proliferação no seu local de alojamento e nas proximidades dos principais locais de actividade em Macau, com vista a reforçar a eliminação de águas estagnadas nas zonas circundantes e a organizar a eliminação preventiva de mosquitos, de acordo com a situação”, foi prometido. De acordo com os SS, a febre chikungunya é uma doença viral, transmitida por mosquitos do género Aedes, principalmente os das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Hoje Macau PolíticaMP | Serviço laboral junto do TJB muda de localização O Ministério Público (MP) anunciou que o serviço junto do Tribunal Judicial de Base (em matéria laboral) passou desde ontem a funcionar no 4.º andar do edifício The Macau Square, na Avenida do Infante D. Henrique. Anteriormente, este serviço já se encontrava neste edifício, mas era prestado no 15.º andar. Em relação ao serviço junto do Tribunal Judicial de Base (em matéria civil), que é prestado no mesmo edifício, o MP esclarece que não houve alterações e vai continuar no 3.º andar. O MP explicou as alterações ao nível do serviço em matéria laboral com o objectivo de “melhor cumprir as funções do Ministério Público e facilitar os serviços face aos cidadãos”. “O Ministério Público tem-se empenhado na salvaguarda dos direitos e interesses dos trabalhadores, cabendo-lhe, nos termos das disposições legais, exercer o patrocínio oficioso dos trabalhadores e seus familiares, nomeadamente na fase contenciosa das acções emergentes de acidentes de trabalho ou doenças profissionais”, sublinhou. “Em caso de conflito de interesses entre várias partes, o Ministério Público patrocina prioritariamente os trabalhadores e seus familiares na defesa dos seus direitos e interesses conforme a lei”, foi acrescentado.
Hoje Macau PolíticaQuadros Qualificados | Vice-presidente da FAOM escolhido O vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e candidato a deputado, Kong Ioi Fai, foi nomeado por Sam Hou Fai membro da Comissão de Desenvolvimento de Quadros Qualificados. A nomeação foi divulgada ontem através do Boletim Oficial. Além de vice-presidente da FAOM e membro do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social, Kong Ioi Fai é candidato à Assembleia Legislativa pelo sufrágio indirecto, num dos únicos dois lugares contestados na eleição realizada entre os membros das diferentes associações. Além de Kong, foram nomeados como novos membros da Comissão de Desenvolvimento de Quadros Qualificados, como parte das individualidades ou profissionais de reconhecido mérito, Hon Chi Tin, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Kwan Fung, professor na Universidade de Macau, e Lam I Leng, vice-chefe executiva no Banco da China. Em termos das individualidades ou profissionais de reconhecido mérito, Sam Hou Fai optou por renovar o mandato a 13 dos membros actuais que incluem vários académicos como Liu Jun, reitor da Universidade Cidade de Macau, Hu Yuanjia, académico ligado à área da farmacêutica da Universidade de Macau ou Joseph Lee Hun Wei, reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia.
Hoje Macau China / ÁsiaCrianças japonesas juntam-se a Portugal para proteger o oceano Dezenas de crianças japonesas juntaram-se ontem, na Expo2025, em Osaka, a um apelo para proteger os mares, que o Oceanário de Lisboa quer levar à cimeira da ONU sobre mudanças climáticas, em Novembro, no Brasil. “Querem ser embaixadores dos oceanos aqui no Japão?”, perguntou, no Pavilhão de Portugal, a bióloga marinha Natacha Moreira, da Fundação Oceano Azul, aos alunos de duas turmas de uma escola de Osaka. A resposta positiva veio num coro uníssono de 40 vozes, os primeiros jovens japoneses a assinar a Mini 30X30, “uma onda” lançada pela Oceano Azul e pelo Oceanário, em apoio da meta mundial de proteger 30 por cento do oceano até 2030. O director de Educação do Oceanário, Diogo Geraldes, disse à Lusa que uma primeira carta foi entregue durante a terceira Conferência do Oceano da ONU, que decorreu em Nice, França, em Junho. Uma nova versão do documento será entregue na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que decorre em Novembro em Belém, capital do estado do Pará, no norte do Brasil. O apelo já reuniu o apoio de 9.500 jovens de 27 países, mas na Ásia ainda só tinha contribuições de escolas da Malásia e de Timor-Leste. O Oceanário preparou materiais sobre o Mini 30X30 em japonês especialmente para a Expo, que já existiam em português, espanhol, francês e inglês. Antes de votarem unanimemente a favor do apelo, os jovens japoneses testaram as experiências interativas do Oceanário numa das duas salas multiúsos do Pavilhão de Portugal, cujo tema é “Oceano: Diálogo Azul”. Com história “O Oceanário de Lisboa é, em Portugal, a instituição com mais pergaminhos e experiência em literacia azul. Há mais de 25 anos que ensina professores e alunos a ter uma relação mais sustentável com o mar”, disse à Lusa o administrador executivo da Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha. Uma experiência que levou o Oceanário e a Oceano Azul, com o apoio da Direcção-Geral da Educação, a desenvolver o programa Educar para uma Geração Azul, que promove a literacia do oceano entre os alunos dos 6 aos 10 anos. Diogo Geraldes explicou que começaram pelo primeiro ciclo porque “é mais fácil dar formação aos professores, que muitas vezes são os mesmos do primeiro ao quarto ano”. Durante cinco anos, o projecto deu formação a 1.300 professores numa fase-piloto que decorreu nos municípios de Albufeira, Cascais, Mafra, Moura, Nazaré, Peniche, Silves, Sintra e na região autónoma dos Açores. Após o fim desta fase, em Maio de 2024, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação decidiu alargar o programa a todas as escolas primárias do país e de incluir o oceano no currículo. Tiago Pitta e Cunha disse que o objectivo é “educar a geração mais consciente de toda a União Europeia no que toca à ligação dos humanos com o oceano”. “Conseguiríamos, no fundo, ser um pouco, como os nórdicos foram para o ambiente [terrestre] a partir dos anos 70, os cidadãos portugueses seriam para o azul”, explicou o especialista. Criada em 2017 pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos, que inclui no seu património o Oceanário de Lisboa, a Oceano Azul é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objecto contribuir para a conservação e utilização sustentável dos oceanos.
Hoje Macau Eventos“Art Macao” | Galeria HWA apresenta trabalho de Zhang Zhanzhan A “Art Macao – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” chegou à cidade e com ela várias iniciativas culturais. Uma delas é a nova exposição patente na Galeria HWA, no Lisboeta Macau, que revela o trabalho do artista Zhang Zhanzhan. “Hi, Luck!” fica patente até Setembro É em torno da temática da sorte que gira a nova exposição da Galeria HWA, patente no Lisboeta Macau. “Hi, Luck!”, com trabalhos de Zhang Zhanzhan, integra a edição deste ano da “Art Macao: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” e fica disponível para visitas do público até Setembro. Segundo uma nota oficial sobre o evento, esta exposição realiza-se em parceria com a ArtDeport e apresenta o trabalho do conhecido artista contemporâneo chinês. Esta é uma das “exposições colaterais” da bienal, que tem como tema “Ei, o que o traz aqui?”, explorando as ideias de “ver, aproveitar e abraçar a sorte da arte que transforma o caos da vida de uma forma significativa”. Segundo a mesma nota, o artista “é conhecido pela sua profundidade filosófica e visão inovadora”, sendo que as colecções e exposições que tem realizado em toda a Ásia “são observações da vida quotidiana com contemplação existencial, mostrando a fusão característica de Zhang entre brilhantismo visual e ressonância intelectual para apresentar a sorte como uma experiência humana significativa”. Para aí virado Segundo a página oficial da “Art Macao”, Zhang Zhanzhan acredita que “a sorte não é um presente fortuito, mas uma disposição de espírito marcada por uma consciência aguçada, uma busca activa e um acolhimento sincero na vida quotidiana.” Desta forma, as obras presentes na Galeria HWA “capturam fragmentos do tempo, guiando-o a ‘ver a sorte’ — o brilho subtil na neblina matinal”, ou ainda a “agarrar a sorte”, explorando a ideia de um “voo em encontros fugazes”, ou ainda a “abraçar a sorte”, em que o público pode, ao visualizar os trabalhos artísticos, “entrelançar o calor da vida numa ressonância harmoniosa com o mundo”. Assim, nesta exposição, “a arte serve como uma lanterna, iluminando o significado no caos e explorando, em conjunto, a verdadeira essência da sorte”. Zhang Zhanzhan nasceu em Hebei, em 1982, tendo-se formado na Escola de Belas Artes da Universidade de Artes de Nanjing em 2008. Uma das exposições mais recentes que realizou foi em 2023, com o nome “Out Of This World”, patente no Museu de Arte Contemporânea de Yinchuan. No ano anterior, o artista estreou “Post-me Generation: How to Write About Young Artists”, em Pequim. No ano passado, e também em Pequim, Zhang Zhanzhan realizou “You’re Always on My Mind” no conhecido Distrito de Arte 798 de Pequim.