Andreia Sofia Silva Eventos Manchete24 de Junho | Efeméride celebrada em todo o mundo com actividades O 24 de Junho de 1622, data da célebre batalha que protegeu o território da invasão dos holandeses, será celebrada não só em Macau como nas várias Casas de Macau em todo o mundo onde existe a presença de uma diáspora macaense. Debates, uma missa e um encontro de motas são algumas das actividades na agenda O Instituto Internacional de Macau (IIM) promove, em parceria com uma série de associações ligadas à diáspora macaense em todo o mundo, uma série de actividades de celebração do 24 de Junho de 1622, data em que Macau, com administração portuguesa, conseguiu defender-se da tentativa de invasão dos holandeses. Nesse dia será realizada, na sede do IIM, uma palestra onde se explica o significado e importância históricos da data, com a presença de vários oradores, nomeadamente Agnes Lam, directora do Centro de Estudos da Universidade de Macau, Sit Kai Sin, director do Museu Marítimo de Macau, Matias Lao Hon Pong, presidente da Associação dos Embaixadores do Património de Macau e ainda de André Ritchie, arquitecto e presidente da Direcção da Halftone. O evento, que se realiza a partir das 14h30, será conduzido em cantonense e português, contando ainda com a projecção de vídeos sobre o tema. Um deles é da autoria do IIM e conta com testemunhos de individualidades em Macau, nomeadamente Jorge Rangel, presidente do IIM, e na diáspora macaense, tal como Maria Roliz, do Club Lusitano de Califórnia, Stuart Braga e Henry D´Assumpção, descendentes de famílias tradicionais macaenses. Inclui-se ainda a exibição de um outro vídeo com a versão em cantonense da Associação dos Antigos Alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco, coordenado pelo seu presidente, José Basto da Silva e com a colaboração da Fundação Rui Cunha, com a versão portuguesa já produzida e divulgada no ano passado. No dia 24 de Junho, às 17h30, decorre uma Missa de Acção de Graças na Igreja de São Domingos conduzida pelo Padre Daniel Ribeiro. Comida festiva A Casa de Portugal em Macau (CPM) junta-se também à celebração da efeméride com a produção de um folheto trilingue com a explicação do acontecimento, que também estará disponível na Casa de Vidro, na Praça do Tap Seac, a par de eventos diversos naquelas instalações. A Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia em Macau (APDCGM), que celebra o sétimo aniversário de existência, vai promover um encontro de motas. No dia 24 de Junho decorre, assim, um tributo ao Circuito da Guia, que este ano celebra os seus 70 anos da sua existência, e do próprio Grande Prémio de Macau. O encontro de motas acontece a partir das 9h30 com ponto de encontro previsto na pit lane do edifício do Grande Prémio de Macau. Haverá ainda um programa gastronómico especialmente criado para celebrar a data, que também é a Festa de São João Baptista. Assim, os restaurantes Mariazinha e Tromba Rija têm menus específicos para esta efeméride. Por esse mundo fora onde vivem macaenses emigrados há também um rol de actividades em jeito de celebração, e que arrancam antes do dia 24. É o caso do “Convívio dedicado ao Dia de São João”, promovido a 18 de Junho pela Casa de Macau na Austrália, enquanto em Hong Kong a “Festa de São João” decorre no Salão Nobre de Camões no Club Lusitano de Hong Kong no dia 23. No dia 24 de Junho a Casa de Macau em Portugal promove uma missa campal e um Chá Gordo nas instalações com música e convívio. Nos EUA, no mesmo dia, a Casa de Macau nos E.U.A., Club Lusitano de Califórnia e a União Macaense Americana (UMA) organizam também uma missa e um convívio no Centro Cultural de Macau em Fremont. No Canadá, acontece o “Dia de Macau” a 24 com a realização de uma missa e uma sessão convívio organizada pela Casa de Macau no Canadá, sediada em Toronto. No Brasil, haverá lugar, no dia 25, a um convívio na Casa de Macau no Rio de Janeiro.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeComunidades Macaenses | Encontro afinal pode acontecer este ano Os organizadores do Encontro das Comunidades Macaenses estão a negociar com a Fundação Macau os trâmites da concessão de subsídio para a realização do evento este ano. José Luís Sales Marques confirma que o processo “teve um novo desenvolvimento” Afinal existe a possibilidade do Encontro das Comunidades Macaenses venha a acontecer em Macau este ano. A informação foi divulgada junto dos sócios da Casa de Macau em Lisboa através de email, ao qual o HM teve acesso. “Foi a Casa de Macau em Lisboa informada pelo Conselho das Comunidades Macaenses, da apresentação, junto da Fundação Macau (FM), da candidatura para a possível concretização do Encontro das Comunidades Macaenses no corrente ano, ficando a aguardar a sua aprovação e as datas da concretização, para de imediato se dar início a todo o processo de inscrição.” Ao HM, José Sales Marques, presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses, pouco adiantou, tendo dito apenas que “o processo [de pedido de subsídio à FM] teve um novo desenvolvimento” desde as últimas notícias, que davam conta que este ano não haveria Encontro. “Estou esperançado num bom desenlace” do processo, acrescentou apenas Sales Marques. Um “caso especial” O Encontro das Comunidades Macaenses é uma das poucas oportunidades que a comunidade local tem de se juntar com a diáspora, reunindo macaenses da velha e nova geração. Por norma, acontecem passeios por Macau e várias actividades focadas, essencialmente, na área da cultura. O último Encontro aconteceu em 2019, antes da pandemia, tendo reunido 1.313 pessoas, com 974 pessoas oriundas das comunidades macaenses espalhadas pelo mundo. Habitualmente, o evento ocorre de três em três anos, mas em 2022 não havia condições para o organizar no território devido às restrições pandémicas. Ao jornal Ponto Final, em Maio, Sales Marques explicou a questão burocrática com a FM que iria impedir a realização do evento este ano. “Houve sempre apoio do Governo a esta iniciativa e julgo que continua a existir esta intenção. Mas talvez ainda não seja possível conceder esse apoio porque a economia de Macau só agora começou a recuperar.” Pedir subsídio para a realização do Encontro é encarado pela FM como “um caso especial”, sendo que este pedido “não se enquadra nos actuais esquemas de apoio”, não existindo um formulário próprio, disse Sales Marques na altura. Este disse mesmo ao jornal “não ser viável apontarmos [a realização do encontro das comunidades macaenses] para este ano, na medida em que ainda há toda uma programação que é necessário fazer”, indicou. O caso parece ter agora mudado de figura, com as novas conversações com a FM.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTurismo | Governo espera média diária de 60 mil turistas Macau espera receber nos próximos meses uma média diária de visitantes superior a 60 mil turistas, o que para Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, é um sinal de estabilidade. Também o número de viajantes internacionais tem aumentado, face ao primeiro trimestre. Autoridade de Aviação Civil está confiante no aumento de voos e turistas de outros países Helena de Senna Fernandes, directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), disse ontem que Macau pode atingir um cenário de relativa “estabilidade” esperando, para os próximos meses, uma média diária de cerca de 60 mil visitantes. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a responsável adiantou que, nos últimos dias, o território tem registado uma média diária de visitantes internacionais que varia entre os três mil e cinco mil, superior à registada no primeiro trimestre do ano, sendo que os fins-de-semana são as alturas da semana que atraem mais visitantes. A responsável destacou também a crescente reabertura de voos asiáticos com ligação a Macau. Actualmente, o território opera 21 voos todas as semanas de e para a Tailândia, estando prevista a reabertura de uma rota com a zona de Chiang Mai em Julho. Helena de Senna Fernandes lembrou, por exemplo, o regresso de voos com a Coreia do Sul, o que poderá contribuir para aumentar o número de turistas internacionais. Sobre a situação dos hotéis e da mão-de-obra disponível, a directora da DST referiu que antes da Semana Dourada do 1º de Maio cerca de dois mil quartos não tinham condições de receber hóspedes por falta de trabalhadores, mas que essa situação tem vindo a “melhorar significativamente”. Helena de Senna Fernandes acredita que este será um problema “temporário”, uma vez que o Governo tem promovido sessões de emparelhamento de emprego juntamente com as operadoras de jogo. A responsável falou no âmbito da apresentação da 11.ª Expo de Turismo de Macau. Madeira e afins Neste sentido, a Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau (MITE), que decorre entre 30 de Junho e 2 de Julho, vai ser este ano reforçada, com a presença de um pavilhão da ilha da Madeira. “Além do pavilhão de Portugal, a ilha da Madeira também vai ter o seu pavilhão e (…) os elementos da lusofonia, na verdade, são mais do que nos anos anteriores. Isto porque este ano fizemos alguns ajustes e vamos manter os elementos de Portugal e dos países de língua portuguesa”, disse Helena de Senna Fernandes. Na 11.ª edição da exposição, que decorre no Venetian, “além da sua participação oficial”, a Madeira vai estar representada pelo sector empresarial, adiantou a responsável, notando também a presença no evento do Fórum Macau. De Portugal deve chegar ainda um representante do Turismo, uma delegação “de cerca de 15 pessoas” da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), e um chefe de cozinha de Santa Maria da Feira, “cidade [criativa] da gastronomia da UNESCO em Portugal”. Com o tema “MITE [na sigla em inglês] a ligar ao mundo”, esta edição da exposição “irá abrir um novo capítulo”, com a “abertura total de Macau ao exterior e a entrada de visitantes dos quatro cantos do mundo”. Para a edição de 2023 o orçamento aumentou 23%, totalizando 31,8 milhões de patacas, das quais 5,9 milhões são suportadas pelo Governo. Quanto à estimativa de visitantes, Senna Fernandes apontou para o número da edição passada, que “foram cerca de 30 mil”. “Vamos ter como base este número”, sublinhou. Com uma área de exposição de 23 mil metros quadrados e cerca de 870 ‘stands’, a Expo apresenta seis “grandes destaques”, salientando-se a criação, pela primeira vez, de um pavilhão ‘1+4’, que fará a promoção das “quatro principais indústrias prioritárias de Macau”. Uma reunião internacional de cidades criativas de gastronomia, o estabelecimento de uma adega “para estimular as vendas dos expositores oriundos do Interior da China, Hong Kong e Macau no setor do vinho” e um pavilhão da criatividade, para promover marcas de Macau, são outros dos destaques. Com Lusa AACM | Esperados mais visitantes internacionais A possibilidade do aumento do turismo internacional foi destacada por Pun Wa Kin, presidente da Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM), numa resposta a uma interpelação do deputado Ho Ion Sang sobre os projectos de expansão do aeroporto. “Com o aumento contínuo do número de visitantes e a retoma das viagens dos residentes de Macau para o exterior, a AACM espera que o número de passageiros aéreos possa recuperar gradualmente para níveis pré-pandemia e que as companhias aéreas locais e estrangeiras possam aproveitar plenamente os recursos aéreos de Macau no futuro para desenvolver mais rotas internacionais de e para Macau e aumentar a frequência de voos.” Quanto à nova “Lei de Actividade de Aviação Civil”, que termina com o exclusivo do monopólio da Air Macau, “está concluída a sua elaboração”, estando a ser negociados pelos “sectores de turismo e de aviação diferentes projectos de cooperação, incluindo a realização de actividades de promoção turística no exterior, o aperfeiçoamento contínuo das instalações turísticas e de entretenimento, o lançamento de programas de incentivo aos turistas, entre outros”, rematou Pun Wa Kin.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCaso Nam Van | Governo reage a críticas da empresa sobre decisão judicial Decisão judicial na primeira instância confirmou a perda de 16 terrenos pela Sociedade de Empreendimentos Nam Van, que ontem se queixou do desfecho em conferência de imprensa. Governo reagiu dizendo que as terras não foram desenvolvidas no prazo de 25 anos e que não deve haver pressão sobre os tribunais A Sociedade de Empreendimentos Nam Van viu recentemente uma decisão judicial na primeira instância dar razão ao Governo no caso dos 16 terrenos concessionados na zona da Baía da Praia Grande que não foram desenvolvidos no prazo previsto de 25 anos. Recorde-se que esse prazo chegou ao fim em 2016, mas só em Maio de 2018 é que o fim da concessão foi oficializado com a publicação do despacho em Boletim Oficial (BO). Na altura, a Nam Van acusou o Governo de nunca responder em tempo útil aos planos de desenvolvimento e de ter levado ao adiamento de decisões sobre os terrenos, tendo recorrido judicialmente da decisão das autoridades que anulou a concessão das terras. Tendo em conta a mais recente decisão desfavorável à empresa, a Nam Van organizou ontem uma conferência de imprensa onde apontou o dedo à justiça. Segundo a TDM Rádio Macau, o processo sentou no banco dos réus empresários da antiga empresa concessionária e antigos dirigentes das Obras Públicos, tendo sido condenados alguns empresários. Os advogados de defesa decidiram recorrer da decisão, “mas o Tribunal de Segunda Instância ainda não se pronunciou”. A verdade é que a conferência de imprensa espoletou uma reacção do Governo, que ontem declarou que “o concessionário de alguns terrenos não conseguiu desenvolver os projectos dentro do prazo de concessão provisória de 25 anos”. Neste processo a Nam Van “apresentou a impugnação [da decisão do fim da concessão]”, mas “foi reconhecida a legalidade da decisão do Governo e negado provimento ao recurso interposto pelo concessionário”. O Governo entende que “os tribunais exercem o poder judicial de forma independente e nos termos da lei, não podendo ninguém, por qualquer forma, exercer pressão sobre os mesmos, com a intenção de interferir no processo judicial”. Milhões ao ar Em Maio de 2018 a Nam Van alegou que, durante anos, teve de esperar pelo desenvolvimento do plano urbanístico do Fecho da Baía da Praia Grande para poder desenvolver os projectos, sendo que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) poucas respostas deu ao longo do processo. Jorge Neto Valente, ex-presidente da Associação de Advogados de Macau e ligado à Nam Van, disse na altura que a empresa investiu muitos milhões em infra-estruturas de higiene urbana como contrapartida do contrato de concessão dos terrenos. “Conheço a história da Nam Van desde o princípio e as pessoas hoje não têm muitas memórias, não sabem qual era o estado da Baía da Praia Grande. Os esgotos eram despejados para lá, havia lodo e mau cheiro. Hoje temos melhor qualidade de vida nessa zona, porque a Nam Van fez as infra-estruturas, tirou o lodo, levou os canos para a estação de tratamento e fez os lagos. Hoje temos melhores condições porque a Nam Van investiu não como benemérita, mas como contrapartida. À Administração interessava resolver a questão da Baía da Praia Grande, foi resolvida, e o desenvolvimento ficou para depois”, lembrou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaZona de Cooperação | Pedida clarificação para exercer na área da saúde A deputada Ella Lei entende, numa interpelação escrita, que devem ser clarificadas as regras para o exercício dos profissionais de saúde e farmacêuticos por parte de residentes na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, a fim de assegurar um desenvolvimento saudável do sector na região O comité permanente da Assembleia Popular Municipal de Zhuhai aprovou, no início do mês, dois novos regulamentos que permitem o exercício das carreiras médicas por parte dos residentes de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, que entram em vigor a 1 de Agosto. No entanto, a deputada Ella Lei considera que é ainda preciso clarificar mais as regras para um pleno desenvolvimento do sector da saúde entre ambas as regiões. Em causa, estão os diplomas “Regulamento sobre a gestão do exercício da profissão dos profissionais de saúde da RAEM na Zona de Cooperação Aprofundada” e “Regulamento sobre a gestão de registo do exercício da profissão dos técnicos farmacêuticos da RAEM nas unidades de venda a retalho de produtos farmacêuticos na Zona de Cooperação Aprofundada”. Ambos vão ajudar, na visão da deputada, “a expandir o mercado de emprego e o desenvolvimento do pessoal médico de Macau e a ajudar a desenvolver o sector da saúde” do território. Ella Lei aponta que “alguns profissionais médicos têm interesse em trabalhar na Zona de Cooperação”, mas “devido às diferenças de sistema entre as duas regiões, algumas pessoas têm dúvidas relativamente aos métodos de trabalho, sobretudo quanto à tabela salarial e regime de segurança social, férias e licenças sem vencimento, sem esquecer o modelo de pagamento de impostos”. Por outro lado, “não estão ainda esclarecidos os requisitos para o exercício da profissão médica [em Hengqin], esperando-se que o Governo consulte as opiniões do sector e reflicta sobre as propostas apresentadas, formulando políticas específicas”, escreveu a deputada. Questões e mais questões Ella Lei coloca mais interrogações sobre a garantia dos direitos dos trabalhadores da área da saúde tendo em conta a existência de legislações diferentes, pedindo que as autoridades “apoiem o sector no esclarecimento das referidas questões”. “Quais os requisitos específicos para que o pessoal médico se submeta a acções de formação regulares e a uma avaliação contínua da prática médica? Os créditos obtidos com as acções de formação serão reconhecidos nas duas regiões? Quem se inscrever para trabalhar na Zona de Cooperação poderá continuar a exercer em Macau? Como será o regime de seguro para os prestadores dos cuidados de saúde?”, questionou. Relativamente à área da medicina tradicional chinesa (MTC), Ella Lei diz que há “profissionais preocupados” com a forma como será feita a ligação com a prática da medicina dita ocidental, pois médicos de MTC podem trabalhar na Zona de Cooperação caso tenham mais de cinco anos de prática em Macau. “Serão promovidas condições para, no futuro, os médicos que exerçam medicina ocidental possam candidatar-se a trabalhar em clínicas e hospitais na Zona de Cooperação, caso haja condições suficientes para tal?”, inquiriu ainda.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Esculturas de Tchusca Songo para ver a partir de quinta-feira A galeria da Creative Macau acolhe, entre esta quinta-feira e 15 de Julho, uma exposição de esculturas da artista angolana Tchusca Songo, intitulada “Rainbow in Disguise”. Trata-se de peças feitas a partir de objectos encontrados na praia de Hac-Sá, em Coloane, perdidos em contexto de tufões Intitulada “Rainbow in Disguise”, a nova exposição da artista angolana Tchusca Songo apresenta-se ao público de Macau a partir da próxima quinta-feira na Creative Macau. As esculturas que se revelam nesta mostra nascem de um conceito de reciclagem e reutilização, uma vez que Tchusca criou as suas obras a partir de objectos encontrados na praia de Hac-Sá, nomeadamente plástico, garrafas, sapatos e outros bens deixados por residentes e turistas. Incluem-se ainda no rol de materiais usados pela artista as redes de pesca ou a esferovite. Grande parte destes materiais surgem na praia devido aos tufões que assolam o território ou que simplesmente são deixados no areal. “Transformo estes materiais em objectos de arte chamando a atenção para as ideias de ‘Reutilizar, Reciclar e Reduzir’, três acções que são ainda um tema muito obscuro em Macau”, defendeu a artista. O trabalho de Tchusca Songo foi apresentado numa mostra organizada neste ano lectivo na Escola Internacional de Macau, intitulada “O teu desperdício é a minha inspiração”. “Um dos trabalhos expostos não tinha título e era uma instalação feita com brinquedos que recolhi quase diariamente na praia de Hac-Sá. Para dar um nome ao trabalho, foi organizado um concurso entre os estudantes no qual eu participei. Cada estudante podia dar um nome, e mais de 200 alunos participaram. A parte importante [deste processo] foi fazer os alunos parar por um momento e fazer com que percebessem o que estava verdadeiramente à sua frente – plástico abandonado na praia de Hac-Sá.” Um dos alunos, de nome Kuai Sang, apresentou o nome “Rainbow in Disguise”, que daria origem a esta exposição na Creative Macau. Envolvimento na comunidade Nascida na cidade de Cabinda, em Angola, em 1978, a artista veio para Macau em 2006, onde se licenciou em Design de Produto na Universidade de São José em 2012. Desde então que reside e trabalha no território, tendo participado em exposições com obras feitas com diversos materiais, fotografia e joalharia, entre outros. Em 2018, o seu trabalho foi especialmente notado por parte do júri da exposição “Anno Cannis”, que contou com a presença de diversos artistas locais. Também aí as temáticas do ambiente e da reciclagem do lixo foram predominantes nos trabalhos apresentados. Desde então que a artista tem sido convidada por associações locais para desenvolver trabalhos dentro do mesmo tema para diversas actividades e exposições.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFundo do Desporto deu dinheiro a associações de forma discricionária O Comissariado de Auditoria (CA) divulgou, também esta sexta-feira, um outro relatório sobre a atribuição de subsídios pelo Fundo do Desporto (FD) a 57 associações locais, entre 2018 e 2021, para a prática de eventos desportivos, no valor total de 137 milhões de patacas. Verificou-se, assim, que o FD não fez um “controlo eficaz da concessão de apoios financeiros”, tendo ocorrido “uma enorme discricionariedade na condução dos procedimentos de apoio financeiro, tendo havido casos em que foram atribuídos apoios financeiros a mais”. O FD, segundo o CA, “não elaborou regras para orientar os procedimentos de atribuição dos apoios”, tendo-se verificado uma situação de “laxismo nos trabalhos de fiscalização” devido “à passividade do pessoal dirigente” do FD e “deficiência dos mecanismos de controlo, que deviam ter sido aprovados pelo órgão competente”. O CA exige que o FD faça as devidas correcções de procedimentos, uma vez que “serão realizados grandes eventos desportivos em Macau”, detendo, neste contexto, “uma posição de enorme responsabilidade”. Em resposta, o FD refere respeitar o conteúdo do relatório, prometendo rever procedimentos de atribuição de dinheiros públicos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEstação Elevatória no Porto Interior deixará de dar resposta, diz relatório O Comissariado de Auditoria considera que a Estação Elevatória do Norte do Porto Interior “deixará de dar resposta” na prevenção de inundações, lamentando o ineficaz gasto de dinheiros públicos, os atrasos, as falhas de comunicação e ausência de rigor da parte do Governo Construir a Estação Elevatória do Norte do Porto Interior para travar as inundações, constantes na zona, custou aos cofres públicos mais de 109 mil milhões de patacas. No entanto, a infra-estrutura “certamente veio aliviar o problema das inundações no Porto Interior”, mas trata-se de “um alívio de curta duração, pois, a longo prazo, deixará de dar resposta”. Esta é uma das conclusões do relatório do Comissariado de Auditoria (CA) sobre o processo de construção da Estação Elevatória, divulgado na sexta-feira. A obra em questão começou a ser pensada pelo então Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), hoje Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), em 2010. Contudo, houve atrasos no projecto e só em Maio de 2018 se deu a abertura do concurso público. A obra ficou concluída em 2021 e, mesmo assim, não conseguiu evitar a ocorrência de inundações a 1 de Junho desse ano. O IAM analisou as razões para tal, concluindo que “os níveis estabelecidos para activar e desactivar as bombas não estavam devidamente ajustados”, além de que “a rede de drenagem antiga não tinha capacidade para aguentar o volume de água gerado pelos aguaceiros”, tendo ocorrido “acumulação de águas vindas de outras zonas”. O CA apurou ainda que “na fase inicial dos aguaceiros – quando a precipitação era fraca – a velocidade de escoamento das águas para a box-culvert era mais baixa do que a velocidade da condução destas à rede de drenagem”. Além disso, na fase em que “as águas não tinham ainda atingido o cimo da box-culvert, já o pavimento estava inundado”. Perante este facto, o CA lamenta os gastos de dinheiro público, pois “projectos de infra-estruturas implicam avultados investimentos” e “a ocupação prolongada da via pública, causando impacto no quotidiano da população”. “As referidas infra-estruturas complementares apenas ajudam a aliviar os problemas a curto prazo, mas não a longo prazo, por outras palavras, esta rede não vai ser capaz de fazer face às necessidades que advirão com o desenvolvimento dessa zona”, lê-se ainda. No total, entre 2008 e 2020 o Governo gastou 1,47 mil milhões de patacas com a prevenção e controlo das inundações na zona do Porto Interior. Falta de consensos O relatório descreve ainda falhas no diálogo entre o então IACM e a então Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), hoje Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP). Na prática, o IACM não pediu parecer à DSSOPT, apresentando o projecto de construção da Estação Elevatória apenas para aprovação e falhando na apresentação de documentação que servia de prova aos atrasos na obra. O CA aponta que cabia à DSSOPT avaliar o período de retorno da rede de drenagem nesta infra-estrutura. Este organismo, “apesar de ter conhecimento, em 2012 e 2017, através de dois relatórios, de que era recomendável a adopção do período de retorno de 20 anos para a rede de drenagem do Porto Interior, além de não ter remetido os referidos relatórios ao IACM, também não apresentou qualquer opinião sobre a adopção do período de retorno de 10 anos para a rede de drenagem aquando da apreciação posterior do projecto”. O relatório acusa, portanto, os dois organismos de não projectarem a obra “de forma rigorosa”, pois, em conjunto com o Instituto Cultural, foram necessários “vários anos para chegar a um consenso sobre a localização da obra”, o que “afectou o cumprimento dos prazos inicialmente previstos, impediu que o problema das inundações fosse solucionado de forma célere e afectou o alcance dos resultados pretendidos com a obra”. Houve, assim, “falta de cooperação e comunicação entre o IACM e a DSSOPT, e falta de coordenação e zelo na concepção da obra”. Promessas e justificações A DSOP disse, entretanto, “respeitar” o conteúdo do relatório, prometendo “reforçar a comunicação e coordenação interdepartamental, cumprir as suas atribuições de forma prudente e promover activamente os trabalhos de gestão cooperativa entre os serviços”. Sobre a prevenção de inundações, a DSOP referiu apenas que têm sido seguidos os padrões definidos no “Plano decenal de prevenção e redução de desastres em Macau (2019-2028)”. Por sua vez, o IAM explicou que a Estação Elevatória foi projectada “com base na intensidade de precipitação de uma ocorrência para o período de 10 anos, tendo em conta a quantidade de água pluvial que podia ser recolhida naquela zona”. O organismo rejeita falhas na eficácia, apontando que a infra-estrutura de box-culvert e a estação elevatória de água pluvial “têm uma capacidade de drenagem superior a uma ocorrência para o período de 10 anos, pelo que podem responder eficazmente às necessidades da zona em termos de drenagem em dias de chuva ou em dias de chuva intensa”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEleições | Lançada petição para facilitar voto na diáspora A “Também Somos Portugueses – Associação Cívica” acaba de lançar uma petição que reforça duas exigências antigas às autoridades portuguesas: a opção do voto online não presencial e a adopção do voto postal e presencial em todas as eleições portuguesas, bem como o aumento do número de deputados pelos Círculos da Europa e Fora da Europa Chama-se “Para que todos contem – Para que os cidadãos portugueses no estrangeiro tenham voz” e é mais uma petição lançada pela “Também Somos Portugueses (TSP) – Associação Cívica” que chama novamente a atenção para a dificuldade que muitos portugueses sentem em exercer o direito de voto nos países ou regiões onde se encontram emigrados, pelo facto de não existir ainda o voto online. Além da TSP, esta petição é também promovida pelo GRI-DPA – Grupo de Reflexão e Intervenção – Diáspora Portuguesa na Alemanha e Movimento Sinergias da Diáspora. A petição e recolha de assinaturas é dirigida à Assembleia da República em Portugal. Assim, a petição apela às autoridades portuguesas que seja adoptada a “opção de voto online não presencial, voto postal e voto presencial em todas as eleições”, além de exigir “o aumento do número de deputados representando os cidadãos portugueses no estrangeiro”, nomeadamente pelos círculos da Europa e Fora da Europa na Assembleia da República. Isto porque, segundo o texto da petição, “a proporcionalidade entre o número de eleitores e de deputados, um dos fundamentos da democracia, exige o aumento do número de deputados representando os cidadãos portugueses no estrangeiro”. O documento alerta também para o facto de “o voto presencial continuar a ser a única alternativa para a maioria das eleições”, apesar do “problema da distância aos locais de voto, que podem estar a milhares de quilómetros ou mesmo noutro país ou continente”. Assim sendo, “o voto online não presencial, que é defendido pela maioria dos cidadãos portugueses no estrangeiro, contribuiria para resolver os problemas supracitados. Porém, continua sem ser testado, quanto mais implementado”. Questões consulares A petição alerta ainda para os problemas nas infra-estruturas consulares em todo o mundo. No caso de Macau, não existem vagas disponíveis para renovação do passaporte ou cartão de cidadão até final do ano. “Continuamos com consulados sem recursos suficientes para atendimentos com prazos razoáveis, e com um ensino da língua e cultura portuguesas que tem sido, para os nossos compatriotas, dispendioso e insuficiente. Milhões continuam sem serem contados como cidadãos portugueses. Continuamos a enfrentar todo o tipo de obstáculos para podermos votar, das distâncias aos métodos ineficazes”, aponta a petição. A fim de recolher as assinaturas dos portugueses espalhados pelo mundo, existem várias formas de submissão do documento. A petição pode ser assinada online, digitalizada e enviada para o email contacto@tambemsomosportugueses.org ou para a TSP, na morada “Rua Cidade de Malange, 178, r/c C, 1800-101 Lisboa, Portugal”.
Andreia Sofia Silva Eventos“Home Staycation” é a obra que artistas locais levam à quadrienal de Praga A Quadrienal de Praga foi ontem inaugurada e decorre até 18 de Junho com um programa que inclui uma representação de Macau intitulada “Home Staycation”, uma criação dos cenógrafos Kaby Chan Ka In e Tcalu Teng Ka Man, a partir da experiência durante a pandemia de covid-19. Segundo o website do evento, a instalação “Home Staycation” é uma gaiola de grandes dimensões equipada com monitores que pretendem lembrar ao público os dias de confinamento. O projecto visa “explorar a forma como as pessoas lidaram com a experiência de ver o mundo a mudar de uma experiência corporal para outra virtual”, propondo “um espaço para o isolamento e a imaginação”. Pretende-se também mostrar as mudanças de percepção em relação ao mundo que ocorreram em cada um de nós nos últimos três anos, ocorrendo uma “virtualização” dessa percepção graças aos avanços da tecnologia. Esta instalação tem como curadora Mirabella Lao Chi Wai, tendo sido desenvolvida por uma equipa criativa composta por sete pessoas. A organização esteve a cargo da Associação de Gestão de Palco e Tecnologia [Stage Management and Technology Association]. Minutos e visões De Portugal chega o projecto de Ângela Rocha, “Metade dos Minutos” e uma mostra de Rita Lopes Alves, dos Artistas Unidos. A Quadrienal de Praga de ‘Design’ de Performance e Espaço existe desde 1967 e tem por objectivo “apresentar os melhores trabalhos de cenografia com uma ênfase na autossuficiência deste campo artístico”. No projecto “Metade dos minutos” a cenógrafa Ângela Rocha criou um labirinto, que permite ao visitante explorar o tacto, sentido que nos últimos anos “está a ser esquecido”. Antes de se entrar, literalmente, no labirinto, há uma espécie de antecâmara que poderia ser um escritório ou um espaço de trabalho numa qualquer divisão, com uma cadeira, uma secretária e um candeeiro. “Para avançarmos para um futuro tínhamos que analisar o presente. Por isso, era importante materializar, de alguma forma, esta ideia mais premente da saída da pandemia. Fez-me sentido que fosse uma textura mais agressiva e que criasse uma distância entre nós e os objetos. É um espaço que temos alguma relação com ele, mas que foi absorvido por esta textura criada por alfinetes. Que nos atrai, mas que sentimos que temos que mexer com algum cuidado”, explicou Ângela Rocha. Com Lusa
Andreia Sofia Silva EventosLivraria Portuguesa | Livro sobre letras como expressão artística apresentado hoje De uma conversa ocorrida em São Paulo, Brasil, 2018, nasceu a obra “A letra como elemento de expressão artística: Das artes plásticas à poesia visual”, de Cláudio Rocha e Flávio Tonetti, que será apresentado hoje na Livraria Portuguesa. A ideia é mostrar que o desenho de letras em livros, cartazes e outros formatos é, ao mesmo tempo, uma forma de expressão artística, transmitindo percepções e mensagens ao leitor Sempre que lemos uma palavra ou uma frase não é apenas a mensagem que lá está numa determinada língua, mas também uma expressão artística espelhada na forma como as letras foram desenhadas. Um jornal com determinado design de letras transmite uma determinada ideia ou conceito, tal como cartões de contactos, convites ou currículos. A fim de chamar a atenção para o lado artístico da letra desenhada, é lançado hoje, às 18h30, o livro “A letra como elemento de expressão artística: Das artes plásticas à poesia visual”, da autoria do académico Flávio Tonetti, actualmente a fazer uma investigação de pós-doutoramento na Universidade de Macau, e Cláudio Rocha, artista visual, tipógrafo e type designer. Esta obra nasce de uma conversa entre os dois autores decorrida em 2018 na Casateliê em São Paulo, Brasil, reproduzida, com as devidas correcções e alterações, nas páginas do livro. “O nosso livro e a nossa conversa contribuem para que as pessoas possam apreciar essa experiência estética acessível a todo o mundo”, contou ao HM Flávio Tonnetti. “Gravei, na altura, o encontro e decidimos transcrever a conversa visando estabelecer um texto que apresentasse novamente as imagens e as discussões sobre elas. Quisemos manter o sabor da oralidade, porque é um livro pensado para que outras pessoas se aproximem do campo da tipografia, do ‘type design’ e do uso das letras como matéria formal para as artes plásticas. Exploramos um pouco como é que esse conhecimento se espalha e revela em outras linguagens. Quisemos criar uma linha narrativa mostrando para um público em geral como é que podemos ver a letra como forma e não apenas como conteúdo”, acrescentou. Ao longo da história têm sido vários os exemplos do desenho de letras, que foi evoluindo à medida que evoluíam as próprias expressões artísticas. Temos, por exemplo, um lado mais clássico e pesado da letra aquando do surgimento da impressão em papel, para mais tarde, no século XX, encontrarmos letras despojadas de floreados em áreas como a publicidade, por exemplo. Comic e Times New Roman Na era digital surgiu o desenho de letras para o uso em computadores. Flávio Tonnetti dá exemplos de letras que fazem parte do nosso dia-a-dia e da percepção que elas criam em nós, como é o caso do estilo “Times New Roman”, “uma letra desenvolvida para ser impressa num papel cinza de baixa qualidade, que não reflecte tanto a luz e que tem rugosidade”. “Hoje em dia usamos essa letra para imprimir em papel liso, cem por cento branco, e a impressão que temos é que a letra não é bonita o bastante, e isso acontece porque ela não foi desenhada para esse suporte”, adiantou. Há ainda o caso da “Comic Sans”, desenhada “por um artista e designer muito importante para banda desenhada”. “Um acaso da história fez com que ela tenha sido incorporada no pacote de fontes do Microsoft Word e se popularizou muitíssimo. Todos a usam, sobretudo quando fazem convites para festas de crianças, por exemplo.” Tonnetti explica que, com este livro, a ideia é que “as pessoas passem a olhar o desenho das letras como uma obra de arte”, incluindo quando lêem mensagens urbanas ou cartazes nas ruas. No caso de Macau e Hong Kong, essa experiência ganha uma outra dimensão, graças à existência dos néons e caracteres chineses. “Estar em Macau fez com que eu tenha passado a ter um campo de apreciação mais aberto [das mensagens e letras nas ruas]. A escrita chinesa sempre foi compreendida como um gesto artístico. A caligrafia sempre foi a arte dos bem-educados, os poetas caligrafam, os artistas, as autoridades. Então as letras sempre foram entendidas como um símbolo de beleza. [Ver caligrafia] sempre foi um acto contemplativo”, adiantou o académico. O lugar da publicidade Cláudio Rocha fala da evolução histórica no desenho da letra. A maior mudança surgiu com a Revolução Industrial, “porque antes disso a palavra impressa e a forma das letras eram orientadas para a produção do livro”. Depois surge a publicidade a muito produtos de consumo, o que criou “um novo aspecto a letras que precisavam de ser vistas, mais do que serem lidas”. Surgiram, assim, “os cartazes, uma comunicação à distância, com apelo emocional e publicitário”. “Criou-se uma nova categoria de letras com mais personalidade, porque antes havia o pensamento de que as letras não deveriam chamar a atenção para si mesmas. Abriu-se aí uma nova perspectiva”, frisou o co-autor ao HM. Mais tarde “as vanguardas europeias começaram a perceber na palavra um recurso expressivo, ao serviço da arte e da poesia, os primeiros elementos da poesia visual, com os ‘ready-mades’ do Marcel Duchamp”. Em Itália, há o exemplo dos futuristas, que criaram um movimento filosófico em torno da palavra livre. Depois, “o resto é história”, assume Cláudio Rocha. “As editoras começaram a valorizar o livro como objecto, produzindo letras específicas para os próprios livros. Chegamos à era digital onde o recurso de criar letras permitiu que os designers criassem as suas próprias letras sem depender dos que vendiam para as indústrias gráficas. O próprio designer passou a ser o autor.” Para Cláudio Rocha, apresentar este livro em Macau constitui “um desafio”, levando o co-autor a pensar nas “diferenças em termos da estrutura da escrita, porque na China a escrita é ideogramática, então a estrutura é completamente diferente”. “Escrevemos, no Ocidente, com a escrita romana, temos o grafema que representa o fonema, o que não ocorre no idioma chinês. A beleza, a complexidade e a estrutura do idioma chinês, com signos, faz com que quem não entenda chinês seja obrigado a olhar para as palavras como imagens.” À semelhança do que afirma Flávio Tonnetti, Cláudio Rocha entende que a caligrafia “é considerada, na China, como uma forma de arte, tão valorizada como a pintura ou gravura, o que não acontece no Ocidente, onde a escrita e a tipografia têm um carácter utilitário”. Desta forma, “apresentando o livro em Macau para um público que já sabe a diferença na forma de tratar a escrita, pode ser o início de uma boa reflexão”.
Andreia Sofia Silva SociedadeImobiliário | Conselho de Consumidores lança alerta O Conselho de Consumidores (CC) emitiu ontem um alerta sobre alguns negócios de pré-venda de imóveis no interior da China sem exigência do pagamento do capital de entrada na concessão de crédito ou onde se pede uma “entrada em sentido contrário”, algo que pode ser ilegal. As autoridades chinesas já emitiram avisos, sendo que o CC apela aos residentes que pretendam comprar casas no interior da China para “conhecer os diplomas legais e procurar esclarecimentos em caso de dúvidas ou desconhecimento”. Assim, um negócio dentro dos contornos legais implica que os imóveis tenham cinco licenças quanto ao uso de terrenos do Estado ou uma certidão de propriedade do imóvel, autorizações do planeamento de terrenos para construção, para o planeamento e execução de obras. O imóvel deve ter ainda uma licença de pré-venda de habitações comercializáveis, devendo-se também verificar “as informações ligadas ao promotor de empreendimento, o destino do terreno dos imóveis, o estado de venda e a área das fracções”. O CC explica que a legislação em vigor nas duas regiões não permite a concessão de crédito sem o pagamento de um montante de capital como entrada.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaZona A | Trânsito e densidade populacional preocupa CPU O Conselho do Planeamento Urbanístico reuniu ontem para analisar o relatório de consulta pública sobre o desenvolvimento da região Este-2 da Zona A dos Novos Aterros. As preocupações dos membros residem na capacidade de resposta em matéria de trânsito e densidade populacional. Pareceres escritos devem ser entregues até ao dia 6 de Julho Terminada a consulta pública sobre o “Projecto do plano de pormenor da Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Este – 2” sobre a Zona A dos Novos Aterros, foi a vez de ontem serem ouvidos os membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) sobre a matéria, cerca de uma semana depois de terem aprovado as plantas de condições urbanísticas para a mesma zona. Mais uma vez o trânsito e a densidade populacional, tendo em conta que são esperadas 96 mil pessoas para a Zona A dos Novos Aterros, foram as grandes preocupações demonstradas. Um dos membros, de apelido Teng, lembrou que a actual densidade populacional em Macau é de 20 mil pessoas por quilómetro quadrado, sendo que a Zona A terá uma densidade três vezes superior. “Este plano de pormenor tem de abordar melhor a questão de como vamos criar comunidades com boas condições de habitabilidade.” Também Vong Kock Kei, membro do CPU, falou da futura densidade populacional da zona, pedindo que sejam criados mais postos de trabalho. “Será que é possível criar mais oportunidades para as pessoas poderem trabalhar no bairro onde moram?”, questionou. O trânsito, sobretudo na ligação com os acessos à zona norte da península, foi um assunto bastante abordado. Christine Choi, presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, questionou até que ponto este plano dá resposta às futuras mudanças sociais. “Fala-se aqui em 40 por cento de zona arborizada, mas está concentrada numa só zona. Quais os critérios para que haja uma situação ideal em matéria de mobilidade suave e transportes? A longo prazo precisamos que haja uma proporção definida de vias pedonais e para veículos.” Outro membro, apontou que “a questão do trânsito na zona norte é muito complicada, pois temos uma elevada densidade populacional”, com cruzamento de muitos acessos viários. Plano com respostas Numa década, a densidade populacional aumentou de 18.454 pessoas por quilómetro quadrado para 20.645 em 2021. No entanto, a zona norte da península é das mais povoadas de todo o território. Um membro do Governo garantiu que a deslocação da população para a Zona A vai “servir para atenuar a densidade populacional da península”. Quanto ao trânsito, um membro da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) adiantou que haverá tempo “para concretizar o plano passo a passo”, prevendo-se a construção de novos acessos à Zona A nos próximos meses. No entanto, “precisamos de mais tempo, e só depois da quarta ligação entre Macau e a Taipa o trânsito vai melhorar substancialmente”. Relativamente à ponte HKZM, todos os dias saem de Macau cerca de quatro mil veículos na hora de ponta, disse o mesmo responsável, que desdramatizou o cenário de críticas. “O fluxo pode ser maior nas horas de ponta, em zonas como a Rotunda da Amizade, mas não dura muitas horas.” O responsável da consultora que realizou o estudo do planeamento para a zona Este-2 disse que se assumiu “uma posição cautelosa”, tendo em conta que “96 mil são muitas pessoas”. “Há capacidade de resposta mediante o actual planeamento do trânsito”, disse. A ideia geral deste plano é criar, mediante seis objectivos, “uma cidade com boas condições de habitabilidade, equipamentos aperfeiçoados para o bem-estar da população e criar uma zona comercial à entrada” da Zona A. Pretende-se ainda fomentar o desenvolvimento de pequenas e médias empresas. Os membros do CPU podem agora entregar as suas opiniões por escrito até 6 de Julho, sendo que no dia 27 será entregue um relatório final, com estas posições e as da população, ao Chefe do Executivo, publicando-se depois o plano pormenor em regulamento administrativo.
Andreia Sofia Silva EventosColeccionismo | Peças de três residentes expostas na Taipa A Associação Cultural Vila da Taipa recebe hoje e até ao dia 28 de Julho a exposição “Show-off”, composta pelas colecções pessoais de três residentes, nomeadamente Francisco Ricarte, Frederico Rato e Konstantin Bessmertny. Pinturas de Marc Chagall, livros antigos sobre Napoleão Bonaparte ou fotografias de Fan Ho poderão ser vistas pelo público Hoje é inaugurada uma exposição diferente das que habitualmente se organizam em Macau. Isto porque a Associação Cultural Vila da Taipa decidiu apresentar, até ao dia 28 de Julho, as colecções pessoais de três residentes com profissões distintas, mas que têm a mesma paixão de coleccionar diversos objectos artísticos, desde pinturas, livros ou fotografias. A curadoria cabe a João Ó, arquitecto, que escolheu mostrar as peças da colecção pessoal de Francisco Ricarte, arquitecto e fotógrafo, Frederico Rato, advogado, e Konstantin Bessmertny, reconhecido pintor de origem russa radicado em Macau há décadas. Assim, o público poderá ver livros antigos sobre Napoleão Bonaparte ou serigrafias de Marc Chagall. Ao HM, João Ó explicou que estas três pessoas têm em comum “o fio condutor que é viverem em Macau e coleccionarem a partir daqui para o mundo”, sendo interessante “ver a disparidade do coleccionismo de cada um”. João Ó entende que “a colecção define o coleccionador”. Francisco Ricarte só colecciona fotografia e tem cerca de dois mil livros “bem organizados e catalogados”. Já Frederico Rato “interessa-se muito por tudo o que seja de Macau, pinturas ou cartografias antigas”, revelando-se também a enorme paixão pelo trabalho de Marc Chagall. “Apesar de serem coisas quase impossíveis de adquirir, às vezes [Frederico Rato] lá consegue arranjar umas serigrafias em exposições internacionais para onde viaja de propósito.” No caso de Konstantin Bessmertny, o interesse de João Ó residiu “em perceber o que um artista colecciona”. “Veio a verificar-se o que já pensava: ele colecciona coisas que o inspiram para os quadros. Vamos mostrar uma série de livros antigos sobre Napoleão e Josefina [de Beauharnais] e um catálogo da Harrod’s para mulheres de 1903, com chapéus com penugem e os vestuários. São registos visuais onde se inspirou para pintar os quadros.” Bessmertny “vai expor parte da colecção dos livros, o que é óptimo para quem gosta das suas obras, pois pode folheá-los e perceber onde ele se inspira para fazer os quadros”, frisou o curador. “Olhar ao contrário” Com este projecto João Ó quis variar “um pouco do mote habitual do que é uma exposição, que expõe sempre obras inéditas de artistas”. Acima de tudo, o curador quis perceber a interacção entre a ideia da visão pessoal que tem um coleccionador e o desejo dos artistas de serem coleccionados por quem ama a sua arte. “Tem uma certa piada ver o olhar ao contrário, e surgem várias questões: quem é que colecciona, porque é que o faz, como começou, quais os interesses habituais do coleccionador, além de motivos pessoais e profissionais. Uma grande pergunta existencial que também se pode colocar é o que se vai fazer na posteridade com essa colecção pessoal, pois os herdeiros podem não ter interesse em mantê-la, pois trata-se de um gosto pessoal.” Em Macau não existe ainda uma grande tradição de coleccionismo, ao contrário da China, onde a arte é cada vez mais vista como um investimento, e em Hong Kong, que acolhe eventos internacionais como a Art Basel. Esta mostra quer também potenciar o interesse dos residentes para esta questão. “Pode-se questionar porque é que existem tão poucos coleccionadores em Macau. Conheço alguns, todos portugueses, e sei que coleccionam porque têm interesse. Existe uma cultura ocidental e europeia de coleccionar, mas no fundo expor essa visão é importante para que a população local chinesa possa perceber e potenciar um pouco a vontade de coleccionar.” João Ó assume que gostava que Macau seguisse o rumo das regiões vizinhas. “Mas antes de existir um grande investimento penso que os pequenos coleccionadores também têm de se abrir a essa visão, pois não falamos de investimentos corporativos, como os casinos, que o fazem porque têm um fundo de maneio maior.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeÁgua | DSAMA promete manter preços Susana Wong, directora da Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água, assegura que não haverá um aumento das tarifas de água este ano tendo em conta a permanência de um cenário de recuperação económica e a capacidade financeira dos residentes Macau está ainda a recuperar da crise económica gerada pela covid-19 e, a pensar nisso, não haverá, para já, um aumento do preço da água para os consumidores. A garantia foi dada ontem por Susana Wong, directora da Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água, que, segundo o jornal Ou Mun, disse não haver um calendário para a actualização das tarifas em virtude da actual situação económica e capacidade financeira das famílias. A responsável adiantou que a última actualização de preços das tarifas foi feita em 2016 e que, no caso do interior da China, registaram-se vários aumentos no preço da água fornecida a Macau, sendo o preço actual de 2,59 renminbis por metro cúbico. Prevê-se que este ano o valor aumente cerca de sete por cento. Susana Wong lembrou que, com base no Acordo de Fornecimento de Água Guangdong-Macau, o preço da água fornecida a Macau é alterado a cada três anos com base no Índice de Preços do Consumidor registado nos últimos três anos em relação ao período de alteração. Por sua vez, as autoridades de Macau concedem anualmente cerca de 200 milhões de patacas em subsídios destinados às famílias e comerciantes para as ajudar a suportar os custos do consumo. Torneiras abertas Kuan Sio Peng, directora-executiva da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM, ou Macao Water), indicou que o fornecimento de água ao território nos últimos cinco meses aumentou 2,3 por cento em termos anuais. A responsável deu como exemplo o dia 31 de Maio como sendo o de maior consumo, com cerca de 290 mil metros cúbicos atingidos. Os números, devem-se ao aumento das actividades comerciais, o que levou a uma subida do consumo em quatro por cento, mas registou-se também uma quebra no consumo doméstico, que pode ser explicado por um crescimento das viagens dos residentes para o exterior. Para este ano, Kuan Sio Peng prevê que o volume total de abastecimento aumente entre quatro a cinco por cento, verificando-se ainda uma grande diferença face ao volume de água consumido no período antes da pandemia. Apesar dos empreendimentos de jogo serem os grandes consumidores no território, Kuan Sio Peng alertou para o facto de as pequenas e médias empresas dos bairros comunitários não terem ainda recuperado o volume de negócio para os níveis pré-pandemia, o que pode levar a um aumento do consumo. Todas estas declarações foram proferidas no âmbito da realização da reunião do Grupo de Ligação ao Cliente da Macao Water.
Andreia Sofia Silva PolíticaMacau cria cursos pré-universitários de quatro anos em português O Governo vai criar um curso de formação em língua portuguesa destinado a alunos do ensino secundário, com a duração de quatro anos, a fim de que os estudantes nativos de chinês possam ter uma melhor capacidade linguística para estudarem no ensino superior em Portugal. “Verificámos que alguns alunos quando vão para Portugal têm um conhecimento insuficiente da língua. Isto constitui uma pressão para eles, porque têm boas notas nas várias disciplinas, mas, não dominando a língua, é sempre um desafio”, disse ontem a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, numa sessão plenária na Assembleia Legislativa (AL) em resposta a interpelações orais dos deputados. Kong Chi Meng, director da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), explicou que a ideia é que os alunos tenham um maior domínio do português antes de frequentarem os cursos. No entanto, a DSEDJ propõe uma colaboração com o Instituto Português do Oriente (IPOR), enviando alunos do ciclo para que frequentem cursos de português após as aulas. Cursos fechados Kong Chi Meng frisou também que foram assinados protocolos com duas universidades portuguesas, nomeadamente a Universidade Católica Portuguesa (UCP) e a Universidade do Porto (UP) para que os alunos reforcem o seu nível de português antes de entrarem nas licenciaturas escolhidas. “Já assinamos alguns protocolos com a UCP, que vai criar cursos de Verão de quatro ou cinco semanas para que os estudantes possam aprender a língua. Depois de frequentarem os cursos os alunos podem ter mais bases linguísticas.” Também a UP vai criar formações pré-universitárias específicas para os estudantes de Macau. O representante da DSEDJ lembrou ainda a oferta de bolsas de estudo que proporcionam a oportunidade de estudar em Portugal. No debate na AL, o deputado José Pereira Coutinho alertou para o facto de a Universidade Politécnica de Macau (UPM) não abrir, no próximo ano lectivo, alguns cursos de português. “Parece-me que no próximo ano lectivo a UPM vai acabar com alguns cursos de português, e muitos professores, sabendo disto, já estão à procura de emprego na Universidade de Macau. Investiram tantos recursos e porque é que a UPM não continua a investir nesse trabalho? O Governo deve coordenar e não pode haver uma desarticulação no desenvolvimento de políticas.” A secretária disse não ter conhecimento dessa matéria. “Não tenho ainda informações, e cada vez que reunimos com o reitor tentamos envidar esforços para desenvolver a organização de cursos de português.”
Andreia Sofia Silva Eventos10 de Junho | Joaquim Franco apresenta “Sem Título” na Casa Garden “Sem Título” [Untitled] é o nome da nova exposição do artista Joaquim Franco patente na Casa Garden, da Fundação Oriente, até ao dia 2 de Julho. Inserida no programa comemorativo do 10 de Junho, esta é uma mostra que apresenta novas obras do artista português, onde o abstracionismo é um ponto de partida Afastado das lides expositivas há alguns anos, Joaquim Franco embrenhou-se nas aulas de pintura, gravura e desenho que tem dado na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau (CPM). Até que surgiu agora um convite para expor na Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO) em Macau, no âmbito do programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. “Sem Título” [Untitled] é o nome da mostra que pode ser visitada até ao dia 2 de Julho e que constitui a oportunidade de ver novos trabalhos do artista português, radicado em Macau há vários anos. Ao HM, Joaquim Franco explicou que título da exposição “não poderia ser outro”, por pretender potenciar a liberdade de compreensão e imaginação do observador sobre cada trabalho seu. “Trata-se de uma mostra de arte abstracta. É interessante constatar que existe arte abstracta na história de arte há cerca de 100 anos e continuamos a assistir à incapacidade da leitura do abstracto. Não faz sentido hoje fazer o figurativo, pois vivemos na época das ‘selfies’. O título influencia a leitura, pelo que quis deixar o observador livre sem ser influenciado [externamente] ou influenciado por mim.” Em “Sem Título” há, no entanto, “duas ou três obras mais antigas” escolhidas por Joaquim Franco para quem se deparar, pela primeira vez, com o seu trabalho. Isso obrigou também ao artista a olhar para dentro, a tentar compreender-se. “Deste estudo começou o que chamaria de ‘nova fase’. Digamos que não existe uma temática, mas sim um redescobrir e uma evolução do que vinha fazendo. Esta exposição integra gravuras, homotipias, que são provas únicas, e pinturas em acrílico, óleo e colagem de papel de arroz.” Experiências na tela “Uma honra”. É desta forma que Joaquim Franco expressa o convite que lhe foi endereçado pela FO, primeiro na pessoa de Ana Paula Cleto, ex-dirigente, e depois no apoio dado por Catarina Cottinelli da Costa, actual delegada da FO no território. O facto de ser professor na CPM influencia o seu trabalho, mas Joaquim Franco assume que tudo o que lhe é exterior acaba por reflectir-se na tela. “Não me considero um professor, serei mais um artista que partilha a sua experiência e conhecimentos com as pessoas que frequentam os ateliers. Se isso influencia o meu trabalho, diria que toda a minha vivência o influencia.” “Color / Shape / Love” [Cor / Forma / Amor] foi uma das últimas mostras em nome individual que o artista apresentou em Macau, desta vez na AFA – Art for All Society, com curadoria de James Chu. Também aí a cor foi um ponto de partida, tal como o abstracionismo. “Ele [James Chu] escolheu este nome porque, na realidade, o meu trabalho está muito ligado com a cor. Falo muito do amor e da paz, e é essa a primeira leitura dos meus trabalhos”, disse na altura.
Andreia Sofia Silva SociedadeAMCM | Menos depósitos e empréstimos em Abril Dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) mostram que tanto depósitos como empréstimos registaram uma quebra em termos mensais em Abril. Relativamente aos depósitos dos residentes a quebra foi de 0,5 por cento face a Março, no valor total de 702,3 mil milhões de patacas. Maior quebra deu-se no montante dos depósitos dos trabalhadores não residentes, de 2,6 por cento, com um valor total de 291,4 mil milhões de patacas. Também os depósitos do sector público na banca caíram 3,7 por cento, tendo registado o valor total de 219,6 milhões de patacas. Estes valores resultam numa quebra de 1,6 por cento do total de depósitos recebidos pelos bancos. Já os empréstimos pedidos pelo sector privado baixaram 0,9 por cento, atingindo o valor total de 564,5 mil milhões de patacas. Já os empréstimos ao exterior registaram uma quebra de 4 por cento.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTurismo | Governo deve dialogar mais para prevenir crises Penny Wan, docente do Instituto de Formação Turística, defende que as autoridades e o sector do turismo devem trabalhar mais de forma conjunta, estabelecendo grupos de trabalho e planos para responder mais rapidamente a futuras crises. A recuperação do turismo é tema central de um debate hoje na Fundação Rui Cunha Uma das lições da pandemia foi a necessidade de aumentar o diálogo entre o Governo e o sector do turismo. A ideia é defendida por Penny Wan, docente do Instituto de Formação Turística (IFT), ao HM. Penny Wan é uma das oradoras do debate de hoje promovido pela Fundação Rui Cunha (FRC) e MBtv (Macau Business), a partir das 18h30, intitulado “Félix Renascida: Aproveitando ao Máximo o Regresso do Turismo”. “O Governo e a indústria aprenderam que têm de ter um diálogo mais frequente e uma maior coordenação, havendo a necessidade de criar grupos de trabalho para crises súbitas e inesperadas, devendo ser criados planos, políticas e estratégias para lidar com crises de forma mais rápida.” Para Penny Wan, não se pode ainda falar de uma recuperação plena do sector, “uma vez que os locais e as pequenas e médias empresas continuam a não conseguir colher proveitos suficientes” do melhor panorama económico. “Macau tem ainda um longo caminho a percorrer para uma plena recuperação. No entanto, está no bom caminho e a trabalhar em prol desse objectivo”, frisou. A docente do IFT defende que a pandemia “alterou a mentalidade” do sector, o que permitiu “o desenvolvimento mais criativo de novos produtos e estratégias, como a oferta de pacotes de descontos e programas turísticos para residentes e o trabalho conjunto com outras cidades da Grande Baía para atrair clientes”. Além disso, a indústria “tornou-se mais consciente da mudança de preferências e comportamentos, sobretudo no que diz respeito ao crescimento dos viajantes individuais e jovens, o que permitiu explorar novos nichos de mercado”. Graças à pandemia, houve “avanços tecnológicos, nomeadamente o uso de plataformas digitais para promover Macau na Grande Baía”. Novos tempos Luís Herédia, presidente da Associação de Hotéis de Macau, é outro dos oradores do debate de hoje. Ao HM, disse que “há sectores [turísticos] que precisam ainda de mais ajustamentos, pois têm novos trabalhadores e outros que regressaram, necessitando de mais tempo para providenciar mais e melhores serviços”. O turismo entrou “numa nova fase”, estando Macau a caminho de um “novo normal”. Mas será necessário um ano ou mais para que haja novos dados. Até lá, aponta Luís Herédia, é importante continuar a apostar na formação e na melhoria de infra-estruturas. “Queremos ter a capacidade para atrair os mercados internacionais, e para isso temos de providenciar serviços de qualidade em todos os segmentos, nomeadamente nos acessos à chegada [de Macau], nos postos de imigração, transportes, retalho, hotéis, restaurantes, museus. Macau tem um produto único e há novos elementos [turísticos] que estão a melhorar em termos de capacidade de fornecimento, enquanto outros precisam de mais tempo para se reabilitar”, rematou. O debate inclui ainda personalidades como Célia Lao, vice-presidente da Associação de Intercâmbio de Aeronáutica da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e Vinzenz Rosa de Pauli, presidente da SKAL International Macau.
Andreia Sofia Silva PolíticaEnsino | Esperados menos 500 alunos no ensino infantil O Governo estima que no próximo ano lectivo haja uma redução de 500 novos alunos matriculados no ensino infantil, mantendo-se uma “dimensão semelhante de turmas, através do ajuste das turmas reduzidas”. Na resposta da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, a uma interpelação oral do deputado Lam Lon Wai, foi ainda dito que no actual ano lectivo “a maioria das escolas conseguiu manter a dimensão das turmas”, sendo que em “apenas algumas delas registou uma redução do número de alunos devido à taxa de natalidade”. A governante disse ainda que tem havido um acompanhamento das consequências da baixa taxa de natalidade nas escolas e na dimensão das turmas, relativamente ao rácio professor/aluno. Nos últimos 20 anos Macau passou de 3.100 para 7.300 recém-nascidos, sendo que os nascimentos “estão, actualmente, em fase de declínio”, com uma consequente quebra no número de alunos da educação regular de cerca de 100 mil para cerca de 70 mil. No entanto, “gradualmente tem voltado a subir”, disse a secretária. Desde 2021 que tem ocorrido um ajustamento no tamanho de turmas nas escolas, sendo que nos anos lectivos de 2021/2022 e de 2022/2023 houve cerca de 5.500 alunos matriculados no ensino infantil, com 195 turmas.
Andreia Sofia Silva EventosClube Militar | Chefe Diogo Rocha lidera festival gastronómico O Clube Militar de Macau volta a organizar, a partir de quinta-feira, mais uma edição do habitual festival gastronómico, desta vez com a presença do chefe português Diogo Rocha, fundador do restaurante “Mesa Lemos” com o qual ganhou a primeira estrela Michelin em 2019 Regressa, na próxima quinta-feira, pela mão do Clube Militar de Macau, e pela primeira vez desde o fim da pandemia, o Festival de Gastronomia e vinhos de Portugal, liderado pelo chefe Diogo Rocha. O festival, entre os dias 8 e 18 deste mês, decorre no âmbito das comemorações dos 153 anos do Clube Militar e coincide ainda com as celebrações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Macau, indicou, em comunicado, divulgado na quinta-feira. Diogo Rocha conquistou a primeira estrela Michelin, em 2019, para o Mesa de Lemos, o primeiro espaço gastronómico do distrito de Viseu a obter esta distinção, que renovou em 2020, 2021 e 2022. No ano passado, o chefe recebeu a primeira estrela Verde, atribuída pelo Guia Michelin, uma distinção que premeia as melhores práticas de sustentabilidade na restauração. O lado sustentável da cozinha de Diogo Rocha nasce das suas raízes familiares, pois o chefe nasceu na aldeia de Urgeiriça, concelho de Nelas, distrito de Viseu, onde desde cedo se embrenhou na horta com os avós a cultivar hortícolas. Mais recentemente, o restaurante de Diogo Rocha ganhou o “Garfo de Ouro” atribuído, pelo oitavo ano consecutivo, pelo guia “Boa Cama, Boa Mesa” do semanário Expresso. Numa publicação na rede social Facebook, o chefe de cozinha escreveu que a distinção “deixa toda a nossa equipa cheia de orgulho e renova a responsabilidade de continuarmos a fazer mais e melhor”. “O nosso empenho na valorização dos produtos, produtores, região e país continua a ser o nosso foco e todos os reconhecimentos são a prova de que este é o caminho certo”, frisou. Pausa forçada O festival promovido pelo Clube Militar já se tornou uma tradição no território, permitindo, todos os anos, provar o que de melhor a gastronomia portuguesa de assinatura tem para oferecer. Em 2019 a iniciativa contou com a participação de uma equipa composta pelos irmãos Geadas, oriundos da região de Trás-os-Montes, a chefe Noélia Jerónimo, que possui um conhecido restaurante na zona de Tavira, Algarve, o “Noélia e Jerónimo” e ainda José Júlio Vintém, do Alentejo. O regresso do evento marca também o fim de um período difícil para o Clube Militar de Macau que, tal como grande parte das entidades do território, teve de se adaptar à nova realidade e reinventar para manter a essência que mantém há 153 anos. Em 2020, Manuel Geraldes, um dos membros da direcção do clube, disse à Lusa que este já passou por momentos “extremamente difíceis ao longo da sua História”, nomeadamente o edifício, “de grande e rara beleza”, que esteve prestes a fechar. O Clube Militar de Macau já “serviu de casa de refugiados” da guerra e de repartição de finanças, “mas sempre soube ressuscitar” e a assumir-se como ponto de encontro entre as comunidades locais e lusófonas, frisou o responsável. O ex-presidente da instituição privada, desde a sua fundação, admitiu “momentos menos felizes”, mas destacou sobretudo as “fases de grande glória”, que contam histórias de encontros de culturas, chinesa e portuguesa, das forças armadas com a sociedade civil.
Andreia Sofia Silva SociedadeMUST | Melhores alunos do país em Macau Decorreu no último sábado a cerimónia de graduação de 4.600 alunos de licenciatura na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). À TDM, Joseph Lee, presidente da MUST, disse esperar que, relativamente aos alunos naturais do interior da China, “os melhores dos melhores” possam ficar em Macau depois de acabarem os cursos, no âmbito da entrada em vigor da nova lei de captação de quadros qualificados a 1 de Julho, e que vai permitir que alunos de fora com visto de estudante fiquem em Macau a trabalhar com Bilhete de Identidade de Residente. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, discursou na cerimónia e chamou a atenção para este novo diploma. “O Governo vai lançar, este ano, um novo regime de captação de quadros qualificados”, além da criação de programas para quadros qualificados de elevada qualidade “para quadros altamente qualificados e para profissionais de nível avançado”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCineasta local teme controlo nos conteúdos cinematográficos Vincent Hoi, cineasta local, teme que o Governo venha a aumentar o controlo sobre conteúdos cinematográficos no contexto dos dois planos de subsídios à produção anunciados na última semana pelo Instituto Cultural (IC), cujas submissões têm de passar a respeitar a nova lei de segurança nacional, entre outros critérios. “Pelo que li nas notícias, preocupa-me as limitações em termos de conteúdos nos filmes realizados em Macau. É exigido que o conteúdo dos filmes [a concurso] não podem violar a segurança nacional, mas sabemos que hoje em dia o conceito de segurança nacional é ainda muito ‘abstracto’ e não sabemos quais são as linhas vermelhas”, disse ao HM. O realizador diz que as limitações podem, acima de tudo, “destruir a liberdade de criatividade”, ao pedirem que as empresas de filmagem subsidiadas transmitam uma imagem positiva do território. “Os filmes filmados em Macau só podem passar coisas boas de Macau, e parece que conteúdos negativos não serão permitidos no futuro”, frisou. Do positivismo Vincent Hoi entende que as maiores limitações podem focar-se nas empresas do estrangeiro que se candidatam a estes apoios, mas o realizador acredita que, no futuro, “os cineastas locais que quiserem pedir apoios ao Governo devem também assegurar que os conteúdos dos filmes respeitam a segurança nacional, devendo também mostrar uma imagem positiva de Macau”, rematou. Na última semana o IC anunciou, no âmbito de uma conferência de imprensa do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural, que este ano haverá dois planos de financiamento ao sector audiovisual, um para filmagens feitas em Macau, com um orçamento total de 12 milhões, com um limite individual de financiamento de dois milhões, e outro para a divulgação e distribuição dessas obras, com um orçamento de 2,5 milhões de patacas, 250 mil por pessoa. O orçamento global dos dois planos de financiamento é de 14,5 milhões de patacas. Hoi Kam Un, chefe do departamento do Fundo de Desenvolvimento da Cultura, adiantou que os conteúdos a concurso deverão respeitar questões como a segurança nacional e as crenças locais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConsulado | Rita Santos aponta o dedo a atraso na renovação de documentos Sem vagas para novas marcações até Outubro, o Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong está novamente a ser alvo de queixas. Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas, pede um maior contacto sobre esta matéria com Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas A falta de vagas para a renovação de documentos como o passaporte ou cartão de cidadão até ao final do ano está a gerar queixas junto do gabinete de atendimento ao cidadão de Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas. A informação consta numa mensagem enviada ao cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, onde se lê que os queixosos “referiram que, após o envio das fotocópias do cartão de cidadão ou passaporte, o sistema não permite o agendamento”. “Eu, pessoalmente, tentei entrar no sistema e verifiquei que as datas estão assinadas a vermelho até Dezembro do corrente ano, pelo que presumo que as marcações estão encerradas até esse mês. O sistema não permite a marcação nem para a renovação do cartão do cidadão nem do passaporte”, apontou. Assim, Rita Santos, que é presidente do conselho regional da Ásia e Oceânia do Conselho das Comunidades Portuguesas, pede que Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas seja informado de uma situação “que está a afectar negativamente a imagem dos serviços do consulado, sendo necessário encontrar soluções para remediar a actual situação”. Assumir o problema Há muito que o consulado enfrenta o problema da dificuldade ou mesmo impossibilidade de agendamento de vaga para renovação de documentos. Em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, publicadas na edição de quinta-feira, Alexandre Leitão disse que a lista de espera para renovação de passaportes e cartões de cidadão conta com cerca de 15 mil pessoas, com vagas preenchidas até Outubro. “Nós não temos capacidade para dar resposta a milhares – porque são milhares – de pedidos que estão em lista de espera. O canal corrente já está cheio até Outubro. Aumentámos o número de atendimentos diários em 30 por cento – eram 100, hoje são 130. Fazendo as contas, estamos a falar em muito mais de 10 mil em fila de espera, quase 15 mil pessoas”, afirmou. O consulado disponibiliza ainda um outro canal de agendamento, com um email próprio, para casos mais urgentes, onde ainda existem “algumas vagas”, apontou o cônsul. De frisar que Macau é um dos territórios ligados ao universo das comunidades portuguesas com mais utentes do consulado, tendo em conta o elevado número de membros da comunidade chinesa com passaporte português. Além disso, o consulado enfrenta problemas em matéria de recursos humanos dados os baixos salários que disponibiliza na hora do recrutamento.