Gaza | Médicos Sem Fronteiras retoma parcialmente actividade

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou ontem que retomou parcialmente a actividade na cidade de Gaza, ao abrigo do acordo de cessar-fogo entre o movimento islamita palestiniano Hamas e o Governo de Israel.

A MSF, que suspendeu as suas actividades na cidade de Gaza a 24 de Setembro, devido aos constantes bombardeamentos e ao avanço dos tanques israelitas, antes da assinatura da trégua, precisou ontem que a prioridade é atender as centenas de pessoas que regressaram ao norte do enclave palestiniano.

As equipas da organização não-governamental (ONG) trataram mais de 500 doentes, a maioria dos quais com traumatismos, desde que, a 15 de Outubro, reabriram a sua clínica na capital da Faixa de Gaza.

Da mesma forma, retomaram o transporte de água em camiões-cisterna e conseguiram fornecer entre 90 e 120 metros cúbicos de água por dia a até 14 pontos de distribuição. A ONG, que continua a prestar apoio à distância à maternidade Al-Helu e ao hospital Al-Shifa, informou também que está a avaliar “o possível aumento das actividades das suas equipas em função da situação de segurança” na cidade de Gaza.

A MSF estimou ontem mesmo em 15.600 os doentes que aguardam na Faixa de Gaza para serem quanto antes transportados para o exterior, para receberem tratamento médico, e advertiu de que o cessar-fogo “não põe fim ao sofrimento extremo dos palestinianos” no enclave.

Números do horror

Israel e o Hamas anunciaram na noite de 08 de Outubro um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após negociações indirctas mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.

Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do Exército israelita para a denominada “linha amarela” demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns vivos em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.

O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de Outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.

A retaliação de Israel fez pelo menos 68.229 mortos – entre os quais mais de 20.000 crianças – e de 170.369 feridos, na maioria civis – não só vítimas de fogo israelita, mas também de fome -, segundo números ontem actualizados (já com vítimas registadas após a entrada em vigor do cessar-fogo) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

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