Saúde / IA | Projecto-piloto em Macau e Évora

Um projecto académico entre a Universidade de São José e a Universidade de Évora criou um sistema de inteligência artificial para ajudar profissionais de saúde a acelerar diagnósticos e terapias. O projecto deu origem a uma empresa, sediada no Alentejo, que pretende desenvolver um projecto-piloto em Portugal e Macau em 2026

 

Uma nova empresa tecnológica sediada em Évora quer criar um sistema de inteligência artificial (IA) que ajude profissionais de saúde a determinarem, de forma mais rápida, o diagnóstico e terapêutica dos doentes, revelou na terça-feira um dos responsáveis.

A empresa Trustworthy AI foi criada, este mês, por Paulo Quaresma e Vítor Nogueira, docentes do Departamento de Informática da Universidade de Évora, em conjunto com Jianbiao Dai, da Universidade de São José, em Macau.

“Não pretendemos, nem achamos que seja possível, nem desejável, nem vantajoso qualquer tipo de substituição” dos profissionais de saúde, mas será “um apoio à decisão”, afirmou à agência Lusa Paulo Quaresma.

Segundo o docente e sócio da empresa, o sistema de IA a desenvolver pela Trustworthy AI vai “ter a capacidade de explicar [aos profissionais de saúde] o porquê de chegar a uma determinada proposta diagnóstica ou terapêutica” de uma doente. O sistema de IA vai analisar “os sintomas, a história clínica, o contexto e todas as características” do doente e, depois, explicar a médicos ou enfermeiros, “com níveis de confiança, o porquê de estar a fazer a sugestão”, salientou.

Paulo Quaresma assinalou que a solução terá “o histórico de aprendizagem com muitas situações”, pelo que “pode até, eventualmente, alertar o profissional de saúde para situações que, no momento, podia não estar a ter em conta”. Com este sistema, “há a questão, claramente, de ganhar tempo e de também poder contribuir para melhorar a prestação de serviços de saúde”, considerou.

Olhos no futuro

De acordo com o responsável, o sistema, que pode constituir-se como um apoio aos profissionais de hospitais, centros de saúde e lares, baseia-se em metodologias de IA auditáveis, explicáveis e éticas para lhe conferir “um grau superior de confiança”. Ou seja, terá “a capacidade, por um lado, de começar por explicar exactamente o porquê de chegar a uma determinada geração de uma resposta” e de ser auditável para que “alguém externamente possa, com autorização, fazer uma auditoria para perceber e identificar exactamente todo esse processo”, explicou.

Já instalada num espaço no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), a Trustworthy AI está agora a trabalhar em processos de candidatura a financiamento comunitário do programa regional Alentejo 2030 e a apoios em Macau.

O docente e sócio realçou que a empresa pretende desenvolver, durante o próximo ano, um projecto-piloto no Alentejo e outro em Macau para testar e avaliar a solução, de forma a que, no final de 2026, possa ser alargado a outros locais.

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