Manchete SociedadeSupermercados | Queixas de desafios sem precedentes João Luz e Nunu Wu - 4 Jun 2025 O encerramento de alguns supermercados em Macau são um sintoma dos problemas que o sector está a atravessar. O presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau aponta a mudança de padrões de consumo e o aumento de produtos chineses nas prateleiras das superfícies locais, devido aos preços mais caros dos bens importados Depois de terem passado por entre os pingos da chuva durante a pandemia, e mesmo aumentado a facturação, as grandes superfícies de supermercados de Macau atravessam agora um período de fracos negócios e “desafios sem precedentes”. O panorama de dificuldades foi descrito pelo presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau, Wong Man Wai. Recentemente, alguns supermercados encerraram, incluindo da cadeia Royal e Tai Fung, em locais como o Jardim Camões e na Areia Preta, com outras lojas a lançarem campanhas de descontos de liquidação total, dando a entender que podem também vir a encerrar. Na óptica de Wong Man Wai, este cenário irá obrigar as cadeias a pensar em fazer ajustes às suas operações para se adaptarem à mudança dos hábitos de consumo da população. Em declarações ao jornal Ou Mun, o dirigente associativo explicou que os consumidores não só compram menos, como são mais selectivos na escolha dos bens face ao “custo-benefício”. “No passado, as pessoas compravam mais produtos importados do estrangeiro, que eram mais caros, mas agora optam por mais produtos diversos do Interior da China”, indicou o dirigente, acrescentando que os preços de bens comprados ao estrangeiro torna-os “invendáveis”. Por essa razão, “as cadeias de supermercado não ousam importar em grande quantidade”. Os dois gumes Com o desaparecimento de produtos estrangeiros e proliferação de produtos nas prateleiras dos supermercados locais, Wong Man Wai refere que os consumidores podem ver esse ajuste como um incentivo a fazer compras em Zhuhai, já que vão comprar de qualquer das formas os mesmos produtos. O responsável salientou também o facto de as grandes cadeias de supermercado terem ficado de fora da campanha Grande Prémio do Consumo. Porém, nem só as lojas estão a sofrer o impacto da pouca confiança dos consumidores, também os fornecedores, especialmente os que operam fora das zonas mais turísticas, estão a sofrer com a redução de 30 por cento. Mas quem está a sofrer mais, segundo Wong Man Wai, são os pequenos e médios fornecedores, que enfrentam riscos de sobrevivência e quebras acentuadas de encomendas. Os custos elevados com recursos humanos e logística dos supermercados desde que começou a corrida aos serviços de entrega ao domicílio foram outros elementos destacados por Wong Man Wai, que coloca os supermercados numa posição difícil para competirem com plataformas de comércio electrónico do Interior da China. O dirigente mencionou também a possibilidade, que foi avançada por vários meios de comunicação, de abertura de um grande supermercado em Gongbei como a “gota d’água” para muitas superfícies em Macau, que podem fechar dentro de um ano.