Osaka 2025 | Arquitecto japonês Kengo Kuma considera IA amiga da arquitectura

O arquitecto japonês Kengo Kuma afirma em entrevista à Lusa que quis mostrar a singularidade entre Portugal e o Japão no projecto do Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka e considera a IA (inteligência artificial) amiga da arquitectura.

Questionado sobre se a inteligência artificial (IA) é amiga ou inimiga da arquitetura, Kengo Kuma opta pela primeira opção. “Sim, é uma amiga”, até porque na verdade no processo de design “estamos a trabalhar com a IA”.

A inteligência artificial “é uma equipa muito forte entre nós” e “gostamos de trabalhar” com esta tecnologia, refere. “Quisemos mostrar a relação com o oceano em Portugal”, diz Kengo Kuma, quando questionado qual foi a inspiração do projecto. Portugal participa na Expo Osaka com o tema “Oceano, Diálogo Azul” e está situado na zona “Empowering Lives”, num lote com 1.836,75 metros quadrados, ficando perto do Pavilhão do Japão.

O projecto de Kengo Kuma expressa a dinâmica do momento oceânico, utilizando 9.972 cabos suspensos que pesam mais de 60 toneladas, e redes recicladas para criar um efeito perene e exposto aos elementos naturais como o sol e o vento, de acordo com a organização.

Ligações ao mar

A vida de Portugal e do Japão está “muito ligada com o oceano”, no sentido em que “comemos peixe, viajamos muito pelos oceanos e a história e a vida estão intimamente ligadas ao oceano”, acrescenta o arquitecto. Há esta “singularidade de Portugal e do Japão e queremos mostrar” essa semelhança entre os dois países.

O volume do Pavilhão de Portugal é caracterizado por uma instalação cénica que simboliza a praça superior suspensa como uma onda.

“Este design é muito, muito novo para a história da arte. Há muito tempo tentamos usar linhas como um recurso para a navegação. Com essas linhas, tentamos mostrar a beleza dos fenómenos naturais”, no mar “vemos a luz natural e a brisa”, explica.

“Tentámos trazer esse tipo de fenómeno natural para a Expo, talvez seja a primeira tentativa na história da Expo de trazer a própria natureza para o pavilhão”, sublinha o arquitecto. Sobre o que vai acontecer ao pavilhão depois de terminar a Expo, o arquitecto diz querer levar a diversidade do projecto (que inclui cabos de diversos diâmetros e comprimentos) para diferentes lugares.

“Quero levar essa diversidade para diferentes lugares” e “agora estamos a planear trabalhar com alguns artistas” sobre isso. Kengo Kuma adianta que o projecto do Matadouro, no Porto, está a concluir-se e que tem mais dois projectos em Portugal.

O arquitecto diz adorar o lado das grandes cidades em Portugal, mas também o lado montanhoso e o oceano do país. “Queremos desfrutar da diversidade de Portugal”, sublinha.

Criar memórias

Questionado como é que se pode tornar actualmente a arquitectura mais sustentável, Kengo Kuma considera que “o mais importante para a sustentabilidade é deixar a memória da arquitectura para sempre”. Ou seja, “a arquitectura, a vida, basicamente, não são tão permanentes”.

Contudo, “podemos deixar a memória da arquitectura para sempre, que é a conexão entre arquitectura e humanidade” e isso “é o mais importante para a sustentabilidade”, remata. Instado a comentar a polémica à volta da sua escolha para projectar o Pavilhão Português, o arquitecto salienta que tem um escritório internacional que trabalha em Portugal.

“Talvez seja por isso que fomos convidados”, conclui. Sobre os desafios que a arquitectura enfrenta actualmente, Kengo Kuma refere que o seu custo está a aumentar “drasticamente” e que todos querem reduzi-lo.

“Mas, ao mesmo tempo, as pessoas querem criar um novo monumento” para este pilar. “E o custo e a monumentalidade devem andar juntos” na actualidade. A Expo 2025 decorre desde 13 de Abril e vai até 13 de Outubro na ilha artificial de Yumeshima, localizada na orla de Osaka, Kansai, no Japão.

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