Oficinas Navais | IA é protagonista em mostra de Cai Guo-Qiang

Chama-se “cAI™: Soul Scan” e é a exposição do artista Cai Guo-Qiang patente nas Oficinas Navais nº 1, na Barra. Aqui, a inteligência artificial é a protagonista deste projecto artístico feito a partir do modelo de IA com o nome “cAI™”. São 20 peças criadas através de IA, que revelam a crescente presença da tecnologia no panorama artístico

 

Cai Guo-Qiang, artista natural de Quangzhou, província de Fujian, e residente em Nova Iorque desde os anos 90, acaba de revelar em Macau um conjunto de peças que mostram como a tecnologia, nomeadamente a inteligência artificial (IA), estão cada vez mais de mãos dadas com a arte e produção artística.

A exposição “cAI ™: Soul Scan” pode ser vista na galeria das Oficinas Navais nº 1, na zona da Barra, até 1 de Junho do próximo ano, sendo um projecto apoiado pelo MGM. Segundo um comunicado, o cAI™ é um modelo de IA desenvolvido por Cai Guo-Qiang desde 2017 no seu estúdio. Pronuncia-se AI Cai e está ligado às áreas da filosofia e metodologia artística, “aprendendo profundamente com obras de arte, arquivos e áreas de interesse de Cai [o artista], como a cosmologia ou o mundo invisível”.

Estes trabalhos foram criados exclusivamente para Macau tendo por base “a profunda aprendizagem [por parte do artista] da rica história e cultura” do território. A mostra começa por uma introdução gerada pelo cAI™, seguindo-se a apresentação de pintura, em dois espaços com instalações interactivas.

Citado por um comunicado do MGM, Cai Guo-Qiang explicou que a ideia é tentar “interagir com a geração mais jovem, com um conteúdo e perspectivas orientadas para o futuro que se irão conectar ao passado e presente, e também com o velho e o jovem”. Acima de tudo, para o artista já é difícil “comunicar de formas tradicionais em lugares tradicionais”.

“Através da interação e participação do público, a exposição pretende convidar residentes e turistas a juntarem-se ao artista na exploração e interligação entre a IA e espiritualidade”, em que, “os participantes irão desbloquear e experimentar as possibilidades de uma dimensão alternativa”.

O modelo cAI™ é também um “pintor de pólvora”, que apresenta as suas obras nesta exposição, um “mestre de fogo de artifício” e um “adivinho”, sendo que o público irá interagir com estas duas vertentes do modelo de IA.

O cAI™ faz referência a “figuras históricas e contemporâneas que Cai Guo-Qiang admira, desenvolvendo mais de dez ‘personas’ diferentes, como Einstein, Nietzsche, Ptolomeu, um poeta chamado Vale, um louco chamado Psychic e até uma persona chamada Storm com tendências bipolares”. Essencialmente, o artista chinês visa, através da sua criação, criar um cenário movido a IA em que “estas diferentes personas se debatem entre si, formando uma comunidade livre e independente, impedindo que o cAI™ se torne demasiado semelhante ao Cai [o artista], como se tivesse apenas uma única persona”.

Outras obras

Esta não é a primeira vez que o artista chinês apresenta projectos artísticos com este modelo desenvolvido em IA. Em Dezembro do ano passado o cAI™ colaborou na obra “Mirage”, de Cai Guo-Qiang, presente no Museu de Arte Contemporânea de Quanzhou (QMoCA). Ainda este ano, mas em Agosto, o cAI™ gerou uma animação digital para “ressuscitar” os fogos de artifício diurnos não realizados de Cai Guo-Qiang para a “Ressurreição dos Jogos Olímpicos de Paris: Uma proposta para os Jogos Olímpicos de Paris de 2024”. O resultado foi um vídeo lançado como uma obra de arte digital.

Em Novembro o cAI™ actuou como directora visual e de cenografia da exposição Cartier organizada e comissariada pelo Museu de Xangai, concluindo o design sob a orientação de Cai e da sua equipa.

A mesma nota descreve que o cAI™ “não é apenas uma obra de arte de Cai, mas também o seu parceiro de diálogo e colaboração”, sendo que, no futuro, “poderá até criar arte por si só”. O artista chinês desenvolveu o “cAI™ Lab”, uma divisão central do estúdio do artista que usa este modelo “como uma plataforma para explorar aplicações pioneiras e originais de tecnologia de ponta nos campos criativos”.

Cai Guo-Qiang já realizou mais de 650 exposições e projectos em cinco continentes, incluindo 120 mostras a título individual, sendo que as suas maiores exposições passaram por espaços como o Metropolitan Museum of Art in New York, em 2006, ou uma mostra retrospectiva no Solomon R. Guggenheim Museum, também em Nova Iorque, apresentada dois anos depois.

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