EventosLançado em Lisboa livro com poemas traduzidos de Han Shan Andreia Sofia Silva - 30 Set 2024 Acaba de ser editado, com a chancela da Grão-Falar, mais um livro de poesia chinesa traduzida. Trata-se de “Han Shan – Poemas”, com tradução, selecção, notas e prefácio de António Graça Abreu. O lançamento decorreu na última quinta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). O poeta Han Shan terá vivido no século VIII, mas, segundo o prefácio da obra, é um nome misterioso, provavelmente um pseudónimo, pois “ninguém sabe ao certo quem foi o poeta, quando viveu, ninguém sabe onde o encontrar”. “O seu nome, que significa ‘Montanha Fria’, corresponde por certo a um pseudónimo, e, por detrás destes dois caracteres, esconde-se um letrado estranho, evanescente, quase ignorado pelas muitas e desvairadas gentes que têm vivido debaixo do céu”, lê-se. Tendo em conta que, na China, “pelo menos desde o século II a.c. se acostumou a biografar os seus filósofos, poetas, letrados e mandarins, Han Shan acabou também por ser objecto de uma curiosa nota biográfica”, lê-se ainda no prefácio. “Pobre diabo com juízo” Han Shan foi, assim, uma figura que despertou alguma estranheza. Graça Abreu, ao traduzir palavras de Liu Qiuyin, Governador de Taizhou, um mandarim dos séculos VIII ou IX, revela um “testemunho com múltiplos detalhes sobre a figura excêntrica de Han Shan, um pobre diabo com juízo que habitava as montanhas Tiantai”, que, com referências actuais, “não é longe da actual cidade de Linhai, no nordeste da província de Zhejiang”. O poeta “deve ter tido uma vida longa”, vivido “em datas incertas entre os anos de 650 e 850”. “Se a vida de Han Shan se prolongou até 780, o poeta poderá ter conhecido e convivido com alguns dos maiores poetas da China de sempre, homens como Wang Wei, Li Bai e Du Fu”, descreve-se ainda. Ainda no prefácio, é referido que Han Shan era, até há bem pouco tempo, “completamente desconhecido em Portugal, o que de resto acontecia com quase todos os poetas chineses”, apesar de “Macau e de uma continuada presença portuguesa de quatrocentos e cinquenta anos em terras da China”. O livro, com cerca de 160 páginas, inclui dezenas de poemas de Han Shan, que escreveu versos como “Habito a montanha, / Ninguém me conhece. / Entre nuvens brancas, / O silêncio, sempre o silêncio”.