Hong Kong | Pequim apoia condenação de Jimmy Lai e rejeita ingerências externas

Pequim expressou ontem o seu “firme apoio” às autoridades de Hong Kong e rejeitou “ingerências externas”, após a condenação por crimes de segurança nacional do antigo magnata da comunicação social pró-democracia Jimmy Lai

 

“O Governo Central apoia firmemente a região administrativa especial na defesa da segurança nacional, em conformidade com a lei, e na repressão de actos criminosos que coloquem em perigo essa segurança”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, Guo Jiakun, em conferência de imprensa. “A China manifesta o seu forte descontentamento e firme oposição às calúnias e difamações descaradas por parte de alguns países contra o sistema judicial de Hong Kong”, acrescentou.

Jimmy Lai foi ontem considerado culpado de conluio com entidades estrangeiras ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020 e revista em 2024, em resposta aos protestos antigovernamentais, por vezes violentos, de 2019. O fundador do jornal Apple Daily, actualmente banido, foi ainda condenado por “publicações sediciosas” relativas a 161 artigos, incluindo editoriais assinados com o seu nome.

O Tribunal Superior de Hong Kong marcou para 12 de Janeiro uma audiência, com a duração máxima de quatro dias, onde a defesa de Lai, de 78 anos, poderá apresentar eventuais atenuantes, antes de a sentença ser conhecida. Os três crimes de que o cidadão britânico foi considerado culpado podem acarretar a pena de prisão perpétua.

Lai foi julgado por três juízes, incluindo a lusodescendente Susana D’Almada Remedios, escolhidos pelo Governo para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional imposta em 2020 por Pequim, para pôr fim à dissidência em Hong Kong.

“Não temos dúvidas de que [Lai] nunca se desviou da sua intenção de desestabilizar o Governo”, afirmou a juíza Esther Toh, ao ler parte da decisão, cujo documento completo tem 855 páginas. A magistrada disse que as provas demonstram que, ainda antes da aprovação da lei de segurança nacional, o magnata já tinha feito “convites constantes” aos Estados Unidos para ajudar a derrubar as autoridades chinesas, não apenas em Hong Kong.

O tribunal considerou que Lai era o cérebro de uma conspiração que procurava a queda do Partido Comunista Chinês, mesmo que isso significasse sacrificar o povo da China e de Hong Kong, acrescentou Toh.

Divisão da alegria

O líder do Governo de Hong Kong disse que se fez justiça ao condenar Jimmy Lai Chee-ying, o antigo magnata da comunicação social pró-democracia que acusou de “glorificar a violência”. “Lai há muito que explorava o seu meio de comunicação, o Apple Daily, para fomentar deliberadamente conflitos sociais, incitar a divisão e o ódio, glorificar a violência e pedir abertamente sanções estrangeiras contra a China e Hong Kong”, disse John Lee Ka-chiu aos jornalistas.

John Lee disse que o ex-magnata “prejudicou os interesses fundamentais da nação e o bem-estar dos residentes de Hong Kong. As suas acções foram vergonhosas e as suas intenções, maliciosas”. “A lei nunca permite que alguém – independentemente da profissão ou origem – prejudique abertamente o seu próprio país e os seus concidadãos em nome dos direitos humanos, da democracia e da liberdade”, afirmou John Lee.

O líder do Governo acrescentou que a decisão do Tribunal Superior de Hong Kong é apoiada por “provas irrefutáveis”, mas garantiu que o Governo irá analisar cuidadosamente a sentença antes de fazer mais comentários.

Durante o julgamento, que começou em Dezembro de 2023, Lai declarou-se inocente e afirmou nunca ter defendido o separatismo ou a resistência violenta. Também negou ter apelado a sanções ocidentais contra a China e Hong Kong. “Os valores fundamentais do Apple Daily são, na verdade, os valores fundamentais do povo de Hong Kong (…) [incluindo] o Estado de direito, a liberdade, a busca da democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de religião, a liberdade de reunião”, argumentou.

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