China / ÁsiaForças armadas | EUA e China acordam abrir canais de comunicação Hoje Macau - 4 Nov 2025 O responsável chinês da pasta da Defesa, o almirante Dong Jun, e o da pasta da Guerra, o americano Pete Hegseth, encontraram-se para acertar agulhas sobre as relações entre os dois países no campo militar O secretário da Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou domingo que Washington e Pequim vão estabelecer canais de comunicação entre as forças armadas, acrescentando que as relações bilaterais entre os dois países “nunca estiveram melhores”. Hegseth disse que conversou com o seu homólogo chinês, o almirante Dong Jun, no sábado à noite, à margem de uma reunião de segurança regional, e que ambos concordaram que “a paz, a estabilidade e as boas relações são o melhor caminho para os dois grandes e fortes países”. As declarações de Hegseth, publicadas na rede social X, foram reveladas horas depois de ter exortado as nações do Sudeste Asiático a manterem-se firmes e a reforçarem as forças marítimas para combater as acções cada vez mais “desestabilizadoras” da China no Mar da China Meridional. “As reivindicações territoriais e marítimas da China no Mar da China Meridional vão contra os compromissos de resolver disputas pacificamente”, afirmou Hegseth numa reunião com os homólogos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) no sábado. “Buscamos a paz. Não buscamos conflitos. Mas devemos garantir que a China não esteja a tentar dominar-vos”, acrescentou. O Mar da China Meridional continua a ser um dos pontos mais voláteis da Ásia. Pequim reivindica quase toda a região, enquanto membros da ASEAN – nomeadamente as Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei – também reivindicam a soberania em áreas costeiras e várias ilhas. As Filipinas, um importante aliado dos Estados Unidos, têm protagonizado frequentes confrontos com as forças marítimas chinesas. Manila tem repetidamente apelado a uma resposta regional mais forte, mas a ASEAN tem tradicionalmente procurado equilibrar a cautela com os laços económicos com Pequim, o maior parceiro comercial da região. Hegseth disse na rede social X que conversou com o Presidente norte-americano, Donald Trump, e que ambos concordaram que “a relação entre os EUA e a China nunca esteve melhor”. Cravo e ferradura A reunião de Trump com o Presidente chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul na semana passada “deu o tom para uma paz e sucesso duradouros para os Estados Unidos e a China”, acrescentou o secretário da Guerra, que deixou domingo a Malásia rumo ao Vietname. As mensagens contrastantes — uma advertência severa na reunião da ASEAN seguida por uma linguagem conciliatória na internet — sublinham o esforço de Washington para equilibrar a dissuasão com a diplomacia, no quadro de tensões crescentes com Pequim. “Trata-se de controlo de danos. Mais importante ainda, reflecte duas correntes diferentes nas relações dos Estados Unidos com a China — uma que vê a China como uma ameaça e outra como um possível parceiro”, considera a analista política do Sudeste Asiático Bridget Welsh, citada pela agência Associated Press. Hegseth instou no sábado a ASEAN a acelerar a conclusão de um Código de Conduta, há muito adiado, que está a ser negociado com a China para reger o comportamento no mar. O governante norte-americano propôs ainda o desenvolvimento de sistemas compartilhados de vigilância marítima e resposta rápida para dissuadir provocações. Uma rede de “consciência compartilhada do domínio marítimo” garantiria que qualquer membro que enfrentasse “agressão e provocação não estivesse sozinho”, justificou. Hegseth saudou igualmente os planos para um exercício marítimo ASEAN-EUA em Dezembro destinado a fortalecer a coordenação regional e defender a liberdade de navegação. Ingerências rejeitadas A China rejeita as críticas dos Estados Unidos à sua conduta marítima, acusando Washington de interferir nos assuntos regionais e provocar tensões através da presença militar. Autoridades chinesas afirmam que as suas patrulhas e actividades martítimas são legais e visam manter a segurança no que consideram território chinês. As autoridades chinesas criticaram as Filipinas no sábado, que classificaram como um elemento “desordeiro”, depois de Manila ter realizado exercícios navais e aéreos com os Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia no Mar da China Meridional. O exercício de dois dias, que terminou na sexta-feira, foi o 12.º que as Filipinas afirmam ter realizado com nações parceiras desde o ano passado para proteger direitos nas águas disputadas. Tian Junli, porta-voz do Comando do Teatro Sul do Exército Popular de Libertação da China, disse que o exercício prejudicou gravemente a paz e a estabilidade regionais. “Isso prova ainda mais que as Filipinas são o causador de problemas na questão do Mar da China Meridional e um sabotador da estabilidade regional”, afirmou.