China / ÁsiaTerras raras | China confirma suspensão de um ano às restrições Hoje Macau - 31 Out 202531 Out 2025 O encontro entre Xi e Trump na Coreia do Sul deu alguns frutos, mas matérias como o TikTok mantêm-se indefinidas A China anunciou ontem a suspensão, por um ano, das restrições às exportações de terras raras e outros materiais estratégicos, no seguimento de consensos alcançados com os Estados Unidos. As medidas em causa tinham sido adoptadas a 09 de Outubro, no contexto da guerra comercial entre os dois países, e abrangiam um grupo de minerais essenciais para indústrias como a electrónica, defesa ou veículos eléctricos, cujo processamento global é dominado pela China. Em resposta a esses entraves, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçara aplicar um novo imposto de 100 por cento sobre os produtos chineses a partir de 01 de Novembro, pressão que acabou por ser retirada após a cimeira com Xi Jinping. “A China suspenderá durante um ano a aplicação das medidas de controlo às exportações em causa, anunciadas a 09 de outubro, e irá estudar e aperfeiçoar planos específicos”, anunciou o Ministério do Comércio, em comunicado. Trump declarou ontem, após os encontros com o homólogo chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul, que foi alcançado um acordo para a suspensão, por parte de Pequim, das restrições à exportação de terras raras – materiais cruciais para a indústria mundial. Um entendimento sobre este ponto foi alcançado durante as conversações preparatórias entre negociadores norte-americanos e chineses, realizadas há alguns dias na Malásia, confirmou também o Ministério do Comércio chinês. A China é o maior produtor mundial de terras raras, elementos essenciais para sectores como o digital, a indústria automóvel, a energia e a defesa. Estas matérias-primas tornaram-se uma das principais frentes da actual confrontação comercial com os Estados Unidos e também motivo de fricção com Bruxelas. Promessas na agenda Donald Trump e Xi Jinping concluíram ontem uma reunião bilateral de cerca de duas horas numa base aérea em Busan, no sul da Coreia do Sul, marcada por promessas de cooperação, gestos de distensão na guerra comercial e um acordo para novo encontro em 2026. Trump anunciou que, na sequência da reunião, reduzirá de 20 por cento para 10 por cento as tarifas que impôs este ano à China em resposta ao seu papel no tráfico de fentanil. “Tivemos uma reunião incrível”, declarou o republicano, a bordo do Air Force One, já no regresso a Washington. “Acredito que vão ajudar-nos com o fentanil”, disse, referindo-se a compromissos assumidos por Pequim. Ainda segundo Trump, foi alcançado um acordo para que a China retome a compra de soja norte-americana, suspensa desde Maio no contexto da guerra comercial entre os dois países. A questão tem particular peso político para Trump, que conta com forte apoio no eleitorado rural dos EUA. O líder norte-americano adiantou ainda que voltará a reunir-se com Xi Jinping em Abril de 2026, desta vez em território chinês. A reunião decorreu numa base militar adjacente ao aeroporto internacional de Busan e contou com a presença de vários altos responsáveis norte-americanos, entre os quais o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o representante comercial Jamieson Greer e o embaixador dos EUA em Pequim, David Perdue. Trump e Xi saíram juntos do edifício onde decorreram as conversações, trocaram palavras à porta e despediram-se com um aperto de mão. Xi foi o primeiro a abandonar o local. O encontro entre os dois líderes decorreu à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), que começa oficialmente esta sexta-feira em Gyeongju, a cerca de 76 quilómetros de Busan. Xi permanecerá na Coreia do Sul para participar no evento, enquanto Trump regressa já hoje a Washington. Tarifas portuárias suspensas O Ministério do Comércio chinês anunciou ontem que China e Estados Unidos vão suspender por um ano as taxas portuárias aplicadas reciprocamente, após a reunião dos Presidentes Xi Jinping e Donald Trump, na Coreia do Sul. O Ministério indicou que Washington “vai suspender a aplicação das medidas adoptadas (…) dirigidas às indústrias naval e logística da China”, que, por sua vez, fará o mesmo com as taxas impostas em retaliação aos navios norte-americanos, de acordo com um comunicado. Desde 14 de Outubro, a China impunha uma tarifa portuária sobre embarcações dos Estados Unidos, em resposta às medidas adoptadas no mesmo dia por Washington contra navios de propriedade, bandeira ou construção chinesa. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês anunciou também que ambos os países chegaram a um consenso sobre a cooperação na luta contra as drogas, a ampliação do comércio de bens agrícolas e a gestão de casos individuais relacionados com várias empresas, sem especificar quais. TikTok por resolver A reunião de ontem entre os Presidentes dos Estados Unidos e da China terminou sem acordo sobre a propriedade da rede social TikTok. “A China trabalhará com os EUA para resolver adequadamente as questões relacionadas com o TikTok”, declarou o Ministério do Comércio chinês depois do encontro, sem dar detalhes sobre qualquer avanço quanto ao futuro da popular aplicação de partilha de vídeos nos Estados Unidos. A administração de Donald Trump indicou que um entendimento com Pequim podia estar próximo, permitindo que o TikTok continuasse a operar no país. A intenção de Trump é permitir que um consórcio de investidores liderado por empresas norte-americanas adquira a aplicação à ByteDance, operação que exige também o aval de Pequim. Para Bonnie Glaser, directora do programa Indo-Pacífico no German Marshall Fund, o TikTok “não é uma prioridade para [o Presidente chinês] Xi Jinping”. Em conferência de imprensa esta semana, Glaser afirmou: “A China está satisfeita por deixar Trump declarar que chegou a um acordo. A questão é saber se esse acordo protegerá efectivamente os dados dos norte-americanos”. Consenso sobre fentanil e soja China e Estados Unidos alcançaram um consenso sobre cooperação antidroga e ampliação do comércio de bens agrícolas, anunciou ontem o Ministério do Comércio chinês, depois da reunião entre os Presidentes dos dois países. Um porta-voz do Ministério indicou que o acordo inclui também a “gestão de casos individuais envolvendo determinadas empresas”, sem especificar quais, pode ler-se num comunicado divulgado no portal da instituição. O fentanil e o comércio agrícola têm sido dois dos pontos de discórdia no actual mandato de Trump. O Presidente americano garantiu que Xi Jinping se comprometeu a reforçar os controlos sobre o fentanil, cuja produção, segundo Washington, é feita por cartéis mexicanos a partir de precursores químicos originários da China. Quanto ao comércio agrícola, Trump afirmou ter sido alcançado um acordo para a retoma imediata das compras chinesas de soja norte-americana, suspensas desde Maio no contexto da guerra comercial impulsionada pelo republicano. “Grandes, enormes quantidades de soja serão compradas de imediato. O Presidente Xi autorizou isso ontem [quarta-feira], e agradeço-lhe muito”, declarou Trump.