SociedadeNeto Valente teme que comunidade portuguesa perca influência Hoje Macau - 11 Jun 2025 Ouvido pela TDM Rádio Macau, Jorge Neto Valente, advogado e presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) disse que é “altura de nos interrogarmos quanto tempo será necessário para a influência dos portugueses desaparecer por completo [em Macau]”. Estas palavras foram proferidas tendo em conta as crescentes dificuldades para a obtenção da residência, apesar de, segundo a Lei Básica, os cidadãos com nacionalidade portuguesa terem direito à residência. Neto Valente falou à rádio no contexto das celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. “Para a cultura portuguesa não há melhor do que ter portugueses. Quando nós estamos a assistir à saída de alguns portugueses, ao desaparecimento [deles] por emigração ou por falecimento de portugueses que não são substituídos porque a dificuldade de trazer portugueses para Macau tem vindo a aumentar, é altura de nos interrogarmos quanto tempo será necessário para a influência dos portugueses desaparecer por completo”, referiu. Para o ex-presidente da Associação dos Advogados de Macau, “não são os chineses que aprendem português e muito bem, e são pessoas válidas, talentosas, mas não são eles que vão trazer a cultura, que vão promover a cultura portuguesa em Macau”, referindo que tudo depende da “decisão política” de definir o futuro deste panorama. Desta forma, Neto Valente pede uma “visão”, que se trace um “caminho óbvio”, pois, caso contrário, “Macau vai-se diluindo, perde a sua identidade, deixa de ser Macau”. Este disse ainda acreditar que haverá, da parte das autoridades, “discernimento suficiente e visão”. Faltam qualificados Também ouvida pela TDM Rádio Macau, Maria Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, frisou que “desde que se começou a enfrentar essa nova situação que me tem preocupado muito, e cada vez me preocupa mais” a crescente saída de portugueses e a não renovação da comunidade. “Como se fazem omeletes sem ovos?”, questionou, salientando como é que Macau pode “ser um ponto de difusão da língua portuguesa e um polo de diferença, como a China quer, se não tiver os ingredientes necessários para essa afirmação?”. E deixa um exemplo concreto da falta de técnicos para a Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal, sentida com a saída de portugueses. “Tem saído muita gente qualificada e sentimos essa falta ao nível das muitas actividades que realizamos. Há profissões que não são académicas, e dou um exemplo: preciso de técnicos que saibam mexer nos fornos de cerâmica”, disse.