EventosExposição | Artista local Cheong Kin Man apresenta nova mostra em Lisboa Andreia Sofia Silva - 4 Jun 2025 É um percurso criativo com várias localizações aquele que Cheong Kin Man e Marta Sala apresentam em Lisboa a partir de amanhã: primeiro, a mostra “As Espantosas e Curiosas Viagens”, para ver no Centro Científico e Cultural de Macau até 6 de Julho, cujo lançamento é antecedido de uma conversa com os artistas e um lançamento de livros. Depois, na sexta-feira, acontece outro debate no Goethe Institute Imagem de: Guillaume-Galante Há vários anos radicado em Berlim, Cheong Kin Man é um artista e antropólogo visual que nunca deixou a experimentação de lado. Agora, ao lado da também artista polaca Marta Sala, tem-se embrenhado em novos rumos artísticos, os quais, desta vez, desaguam em Lisboa. Tal acontece de múltiplas formas. Primeiro com a mostra “As Espantosas e Curiosas Viagens”, que estará patente no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) entre amanhã e 6 de Julho. Com curadoria de Lorena Tabares Salamanca, da Colômbia, a mostra constitui uma “exposição transcultural que cruza arte, antropologia visual e arquivos pessoais, reflectindo sobre deslocamentos, memória e linguagens”, com a assinatura de Cheong Kin Man, Marta Sale e Deborah Uhde, da Alemanha. O público pode ver “instalações imersivas, peças têxteis, vídeo e auto-etnografias que reconfiguram as relações entre viagem, história e conhecimento”, destaca uma nota de imprensa da Câmara Municipal da Polónia. Na sessão inaugural desta quinta-feira haverá ainda uma conversa com os artistas, que se repete na sexta-feira, mas desta vez na biblioteca do Goethe Institute, em Lisboa, às 18h. Aqui, em “Creating Connections”, decorre uma conversa com os três artistas de “As Espantosas e Curiosas Viagens”, tratando-se de “um encontro íntimo de cariz artístico, em que Deborah Uhde, bem como a dupla Marta Stanisława Sala e Cheong Kin Man, partilharão entre si — e com o público — reflexões sobre as suas práticas e experiências na criação de ligações interculturais através da arte, com destaque para os seus percursos em Berlim e os mais recentes livros de artista”. Estas iniciativas têm o apoio da Embaixada da Polónia em Portugal, do Ministério da Cultura e Património Nacional e do Instituto Adam Mickiewicz da Polónia. Contam ainda com a parceria da Câmara Municipal de Cracóvia e do Instituto Boym, igualmente da Polónia. Fusões e viagens A mostra que agora se apresenta no CCCM traz trabalhos da dupla Cheong Kin Man – Marta Sala, conhecida “pela fusão de tecido, vídeo e experimentações linguísticas”, na qual o público pode “embarcar numa viagem através de mundos paralelos e arquivos pessoais” baseados em três projectos multimédia, como é o caso de “A Bússula da Utopia”, “Apocalipses” e um novo ciclo de vídeos sobre a diáspora macaense. No caso de “A Bússola da Utopia”, trata-se de uma “instalação em bambu e tecido composta por 13 composições têxteis que materializam processos de descoberta cultural e aprendizagem mútua”, sendo que a obra se inspira na “Flora Sinensis” (1656), do jesuíta Miguel Boym, que estudou em Cracóvia; bem como “na musicalidade da poesia cantonense traduzida em formas cromáticas e em motivos auto-etnográficos associados à migração de uma família macaense e às viagens contemporâneas dos artistas”. Por sua vez, a série “Apocalipses”, apresentada pela primeira vez na Bienal de Macau em 2023, “combina texto, têxteis e vídeo numa narrativa de ficção científica”, sendo que o tecido “que integra esta ficção codifica episódios do arquivo familiar polaco, incluindo a migração através das fronteiras do século XX – de Vilnius às estepes da Mongólia e, posteriormente, à Polónia actual”. Destaque também para o facto de a exposição revelar “o projecto cinematográfico experimental baseado em entrevistas dentro da diáspora macaense”, levando o público até ao Brasil, “onde a nostalgia partilhada pela humanidade ecoa em traduções automáticas para diversas línguas”. Há ainda, associadas ao vídeo, a nova publicação intitulada “Entre-vista, Między-wizje. Roz-mowa, Des-locução”, que se apresenta “sob forma de flipbook com glossário luso-polaco, e que desconstrói um excerto da gravação para reflectir sobre cada palavra dita e os limites e possibilidades da tradução”. A sessão no CCCM desta quinta-feira começa com uma visita guiada pelos artistas às 17h, incluindo o lançamento de “Apocalipses”, um novo livro de artistas. No caso de Deborah Uhde, que acompanha a dupla de artistas de Macau e da Polónia, é uma cineasta e artista formada em belas-artes e humanidades, residindo em Berlim. Obteve o seu diploma na Universidade de Arte de Braunschweig (2009–2015). Possui formação em Filosofia, História da Arte e Jornalismo pela Universidade de Leipzig (2006–2009). O trabalho de Deborah foi reconhecido com várias bolsas e prémios. Novo livro A dupla Kin Man – Sala traz a Lisboa a nova edição do livro “Apocalipses”, e que inclui “uma colectânea de ideogramas ficcionais originalmente criada na Casa de Cracóvia em Nuremberga, a única instituição cultural do município de Cracóvia fora da Polónia”. Esta reedição conta agora com mais de 600 páginas e teve o apoio da Fundação Oriente. O livro de artistas foi originalmente encomendado para a Bienal de Macau em 2023, contendo “centenas de ideogramas com origem na exposição ‘De Copenhaga com Amor'”, realizada em Nuremberga em 2024, com o apoio da Fundação Oriente e das Câmaras Municipais de Cracóvia e Nuremberga.