O Governo de Macau diz estar a preparar os alunos, sistema de ensino e professores para a inteligência artificial, disponibilizando materiais didácticos nas escolas, aulas e organizando acções de formação. Deputados também querem iniciativas sobre inteligência artificial fora das escolas
As escolas e professores estão a preparar-se para a realidade da inteligência artificial (IA). Segundo as explicações da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, a Direcção dos Serviços para a Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) “tenciona fornecer conteúdos de IA ou relacionados com ciência e tecnologia, com uma duração média de 10 horas por ano lectivo, aos professores de informática e de 6 horas aos professores de outras disciplinas”, foi referido ontem em resposta a uma interpelação oral do deputado Lam Lon Wai. As primeiras acções decorreram já no actual ano lectivo.
Além disso, a secretária confirmou que as escolas podem aderir a manuais que incluem ensinamentos sobre a IA. “Foram introduzidos vários materiais didácticos de referência sobre IA do Interior da China para adopção nas escolas”, disse O Lam.
No ano passado, a DSEDJ juntou-se à South China Normal University para “estabelecer uma nova base de aprendizagem e intercâmbio com foco no ensino da IA”. Neste contexto, são disponibilizados “materiais didácticos desta instituição sobre a IA”, além de que estão previstos convites a “peritos e académicos do Interior da China para ministrar formação e apoio ao pessoal docente no desenvolvimento de actividades de ensino sobre IA”.
A nível legislativo, o Executivo diz ter feito as alterações necessárias para que a “programação e o ensino da IA passem a integrar os currículos das escolas primárias e secundárias”, pretendendo-se que “os conteúdos da IA possam ser integrados nas orientações curriculares das aulas de tecnologias de informação”. O Governo pretende fazer a “avaliação intercalar do planeamento do ensino não superior de Macau, para construir um sistema de suporte tecnológico inovador”, tendo em conta as “Linhas Gerais do Planeamento para a Construção de uma grande potência educativa (2024-2035)”.
O Lam indicou que, através do financiamento do Fundo Educativo, pretende-se a “optimização das instalações e os equipamentos das escolas” para melhorar o ensino da ciência e criar o projecto de “salas de aula com IA”.
Neste contexto, a DSEDJ lançou este ano o projecto piloto de “ensino inteligente”, ao qual aderiram 25 escolas. “A meta estabelecida é a disponibilização da plataforma a todas as escolas secundárias de Macau no ano lectivo de 2026/2027”, disse ontem a secretária.
IA para todos
Um dos intervenientes no debate de ontem foi o deputado Zheng Anting, que defendeu a parceria com operadoras de jogo para a criação de “aulas de IA” nos hotéis, em conjugação com os turistas que passam por esses espaços ou até mesmo nos bairros comunitários, “para que as populações tenham um maior contacto com a IA”. “Podemos desenvolver acções em parceria com as seis concessionárias, porque já têm visitantes”, acrescentou.
No tocante à relação da IA com a população e à promoção da literacia nesta área para adultos, um representante do Centro de Ciência de Macau disse que este espaço pode ser “uma sala de aula aberta para que, fora das escolas, possam ser fornecidos novos conhecimentos e cenários de aprendizagem da IA”.
“Vamos colaborar com mais empresas de tecnologia, pois queremos ter mais recursos tecnológicos para suportar esta formação científica. O Centro de Ciência vai criar diferentes medidas para melhorar a literacia digital da população introduzindo a IA, e assim poderemos generalizar a educação quanto à IA para toda a sociedade. A evolução da IA tem sido rápida e vamos convidar especialistas para partilhar as técnicas mais avançadas e tendências de emprego nesta área, no intuito de criar uma plataforma de formação na área da IA”, disse.
O responsável afirmou que “os trabalhadores por turnos poderão aceder a este tipo de recursos”. O Lam assegurou que o futuro passa pela “generalização da educação sobre a IA para os residentes” e, para isso, o Governo vai “dialogar com associações para que essas medidas tenham um maior efeito”.