A sessão plenária anual do Congresso Nacional Popular e do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, realizada em Pequim, terminou recentemente. Uma das principais preocupações dos representantes de Macau foi a “integração de Macau e Hengqin”. Passo a transcrever um excerto de uma conversa que ouvi enquanto tomava o pequeno almoço, “Vais comprar um apartamento em Hengqin?” “Não, se quisesse uma casa comprava em Zhuhai, porque fica mais perto de Macau”.
Viver em Hengqin tem certamente as suas vantagens. Muitos estudantes vindos da China que estudam nas universidades de Macau vivem em Hengqin e apanham o autocarro para a Taipa todos os dias. Há também muitos residentes e pessoas recém-chegadas a viver em Hengqin por motivos relacionados com o trabalho ou com a escola dos filhos.
Mas mesmo que os cheguem a viver em Hengqin, que tem uma área de 106,46 quilómetros quadrados, 100.000 pessoas, ou mesmo mais de 200.000, ainda assim não é muito. Na altura em que as fracções habitacionais do “Novo Bairro de Macau” ficaram à venda, havia muitas restrições, que foram sendo levantadas ao longo do tempo sob a alegação de “mudanças de políticas em consonância com o desenvolvimento”. Mas, no fundo, são “políticas que cedem à realidade”. Na verdade, quer se trate de política ou de economia, o sentido prático impõe-se.
Não me oponho à melhoria do enquadramento legal que visa a “integração de Macau e Hengqin,” já que é necessário esclarecer a diferença entre “Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” e “Zona Nova de Hengqin”. Se pensarmos nos esforços que estão a ser desenvolvidos para a “integração de Macau e Hengqin,” veremos que Macau tem desempenhado um papel mais activo do que a Província de Guangdong. No caso de Macau, sugiro que se permita a circulação em Hengqin de todo o tipo de veículos provenientes da cidade. No entanto, como é que Hengqin pode atrair residentes de Macau para lá viverem e contribuírem para o seu desenvolvimento se não existe sequer um parque de estacionamento público para os veículos de Macau no Posto Fronteiriço de Hengqin?
Se há quem questione que a política de “Circulação de Veículos de Macau na Província de Guangdong” já dificultou a sobrevivência das empresas da Zona Norte de Macau, então, se estes veículos forem autorizados a circular em Hengqin, isso não trará ainda mais consequências negativas para a economia de Macau? Na minha opinião, a introdução de reformas no sector comercial é apenas uma forma de sair da sua situação actual. É prioritário acabar com o monopólio do sector comercial, abrir a economia a mercados diferentes, desenvolver e utilizar tanto quanto possível os terrenos desocupados, ao mesmo tempo que se reduz o impacto negativo das “obras viárias” nas empresas e nos proprietários de lojas.
Por exemplo, o Jockey Clube de Macau está encerrado desde o ano passado e as pistas estão cobertas de relva. No entanto, O Governo de Macau não anunciou nenhum plano de desenvolvimento para o local, estando assim a desperdiçar-se recursos de valiosos. Talvez o Governo de Macau possa inspira-se na gestão operacional do “Kai Tak Sports Park” de Hong Kong.
Quanto a este assunto, o Executivo de Macau pode conceder a uma das seis empresas de resort e lazer integrados os direitos de desenvolvimento e gestão dos terrenos do Jockey Clube de Macau por um período de tempo determinado, o que pode, de certa forma, ajudar a criar uma nova zona comercial que atraia o consumo de mais turistas.
Também seria importante a criação de incentivos políticos e/ou a flexibilização das restrições às empresas para atrair comerciantes a instalarem-se nos bairros antigos e nos bairros comunitários espalhados pela cidade. Se olharmos para o “Reordenamento da Rua da Emenda e outras quatro ruas da Freguesia de Santo António” que se realizou há alguns anos, e compararmos o ambiente agitado que existia antes e depois do Reordenamento, torna-se evidente que as “ideias” que saem daqueles que “estão sentados nos seus gabinetes” têm de ser postas à prova para serem eficazes. Impormo-nos à realidade só resulta habitualmente em desastre.
A “integração de Hengqin e Macau” é um empreendimento ambicioso que a Pátria confiou a Macau. Antes de Hengqin estar oficialmente sob a jurisdição de Macau, o mais importante é preservar e desenvolver Macau.