EventosFAM | Portugal representado com espectáculo “Bate Fado” Hoje Macau - 12 Mar 2025 Foi ontem apresentado o cartaz de mais uma edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca em Abril, e que traz o espectáculo “Bate Fado” em representação da cultura portuguesa. Destaque ainda para mais uma produção teatral em patuá dos Doci Papiaçam di Macau, com “Cuza Tá Rena?”, que olha para a singularidade do território O espectáculo “Bate Fado”, da dupla portuguesa de coreógrafos Jonas & Lander, é um dos destaques da 35.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca no final de Abril, foi ontem anunciado. A presidente do Instituto Cultural de Macau (ICM) justificou o convite à dupla Jonas Lopes e Lander Patrick com a vontade de “incluir actividades ou grupos com características especiais”. “Nós conhecemos o fado e temos promovido espetáculos de fado”, disse Leong Wai Man, numa conferência de imprensa. A dirigente recordou as noites de fado com cantores portugueses, realizadas no Teatro D. Pedro V, na primeira metade de 2024, assim como a colaboração entre a fadista Mariza e a Orquestra Chinesa de Macau, na última edição do Festival Internacional de Música da região. “Esperamos que seja algo novo, uma vez que não é só fado, é uma performance corporal, que funde o canto e a dança”, sublinhou Leong. Durante a apresentação do programa do FAM, o ICM disse que “Bate Fado”, marcado para 17 de Maio, “combina a música emotiva com o sapateado, evocando antigas tabernas de Lisboa”. Num vídeo exibido durante a apresentação, a dupla Jonas & Lander disse que o espectáculo “resgata as extintas danças do fado” e sublinhou que irá ainda orientar um workshop para bailarinos e outro para famílias com crianças entre os 8 e os 12 anos. “Bate Fado” vai também fazer parte de uma mostra de espectáculos ao ar livre, de entrada gratuita, nos dias 16, 17 e 18 de Maio, no Jardim do Mercado de Iao Hon, cujo programa inclui também a associação Casa de Portugal em Macau. Em 2023, Jonas Lopes disse à Lusa que “Bate Fado” pretende recuperar a tradição oitocentista do fado batido, que consistia em ritmicamente seguir o compasso da melodia fadista, batendo um dos pés ou os dois ao mesmo tempo, possivelmente com uma coreografia. Com um orçamento de 23,4 milhões de patacas, menos seis por cento do que em 2024, o FAM vai apresentar, entre 25 de Abril e 31 de Maio, 15 espectáculos e 33 actividades de ópera, dança, música e artes teatrais, num programa que inclui sete grupos locais. No dia 24 de Maio o pequeno auditório do Centro Cultural de Macau recebe “A Batida do Xamã”, do grupo TAGO e direcção e coreografia de Soo-Ho Kook. Trata-se de um espectáculo com a “brisa fresca e jovem dos ritmos tradicionais” da Coreia do Sul, que se afasta da música pop. “A Batida do Xamã é uma magistral demonstração de precisão e movimento, uma representação de rituais antigos com um apelativo toque contemporâneo”, lê-se no programa. Nos dias 17 e 18 de Maio apresenta-se “Kiki, a Aprendiz de Feiticeira – O Musical”, com dramaturgia de Kouki Kishimoto. Este musical estreou em 2017 e desde então que já subiu ao palco mais de 70 vezes no Japão, tendo “um elenco jovem e enérgico”. Esta é a “primeira digressão fora de casa” do grupo, descreve-se no cartaz. Mais patuá Como é tradição, os Dóci Papiaçám di Macau, encerram o festival com a peça “Cuza Tá Rena?” (Que se passa?), em patuá. O teatro neste crioulo de origem portuguesa faz parte da Lista de Património Cultural Imaterial Nacional chinesa desde 2021, sublinhou Leong Wai Man. À margem da apresentação, o encenador dos Dóci Papiaçam, Miguel Senna Fernandes, disse que a peça, com um centro de explicações como fundo, será “uma chamada de atenção” para a importância de “manter as características de origem de Macau”. O encenador recordou que, durante uma passagem pela região em Dezembro, o Presidente chinês, Xi Jinping, sublinhou que Macau é “o único local do mundo que tem como línguas oficiais o português e o chinês” e defendeu que a cidade tem de aproveitar “a sua singularidade”. Num discurso durante a tomada de posse do novo Governo local, Xi disse que Macau tem a “vantagem única de ser a mistura de diferentes culturas”, mas alertou que o território precisa de “uma atitude mais tolerante, mais aberta”. No último FAM, os Dóci Papiaçam foram apanhados de surpresa quando, pela primeira vez, as autoridades locais pediram o guião da peça antes desta estrear, dando como justificação a necessidade de fazer a classificação etária do espectáculo. Leong Wai Man garantiu que esta é “essencialmente a razão” pela qual o guião de todos os espectáculos apresentados ao público ao Macau é avaliado por uma comissão, para “saber se pode ser vista por miúdos e graúdos”.