EventosFRC | Antiguidades da Rota da Seda para ver até Fevereiro Hoje Macau - 21 Jan 2025 Luís Au, coleccionador de antiguidades, resolveu mostrar ao público, com a ajuda da Fundação Rui Cunha, algumas peças antigas do período da Rota da Seda Marítima. Dessa vontade nasceu a exposição “Crescent on the Sea”, que conta com 50 peças, como quadros, documentos ou peças de cerâmica que vão do século IV ao século XIX A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou esta terça-feira a Exposição de Antiguidades da Rota da Seda Marítima “Crescent on the Sea”, com peças do coleccionador Luis Au. Trata-se de uma mostra que apresenta um conjunto de cerca de 50 obras de arte, cerâmica, quadros, documentos e livros do século IV ao século XIX, sendo estes exemplos de objectos transportados ao longo dos percursos terrestres e marítimos da China continental. A exposição, que acontece graças à colaboração da família Au, que desde sempre coleccionou peças antigas, pretende também celebrar o 10º aniversário da inscrição do corredor terrestre da Rota da Seda entre Chang’an (antiga Xi’an) e Tianshan (cordilheira montanhosa que atravessa as fronteiras da China, Cazaquistão e Quirguistão) na Lista de Património Mundial da UNESCO em 2014. Além disso, a mostra, que fica patente na galeria da FRC até ao dia 8 de Fevereiro, celebra o 20º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na mesma Lista de Património Mundial da UNESCO em 2005. Um trabalho de vários anos Citado por um comunicado, Luís Au explicou que a sua família “começou a coleccionar antiguidades da China e de Portugal desde a década de 1950, devido à nossa grande paixão pelos estudos de história”. “Após um século de trabalho em Macau, uma cidade com uma combinação rica de cultura oriental e ocidental, a minha família, com formação cultural sino-portuguesa, dedicou-se a promover a educação sobre o património cultural de Macau para valorizar as relíquias e a herança local”, disse ainda. Quanto ao nome da mostra, “Crescent on the Sea” remete para o famoso lago em forma de crescente, um verdadeiro oásis rodeado por inúmeras dunas de areia em Dunhuang, província de Gansu, perto do deserto de Gobi. No prefácio da exposição, explica-se que “Dunhuang era um importante centro de antigas trocas comerciais da Rota da Seda, que atravessavam a massa terrestre euro-asiática do comércio leste-oeste”. Luís Au acrescenta, porém, que “na costa sudeste da China, existia também um “Crescente” no mar, uma área cheia de prosperidade e vibração ligada a cerca de cem outros portos ao longo da Rota da Seda Marítima”. “De Liujiagang (que é hoje Liuhe, na província de Suzhou) a Cantão, a área em forma de crescente centrada em Zayton (Quanzhou) foi um importante centro de construção naval e de desenvolvimento de tecnologias de navegação, durante a dinastia Song, e um dos maiores portos do mundo”, frisou. As Rotas da Seda serviram sobretudo para transportar matérias-primas, alimentos e bens de luxo. Algumas zonas tinham o monopólio de determinados materiais ou bens: principalmente a China, que abastecia a Ásia Central, a Ásia Ocidental e o mundo mediterrânico com seda, mas também porcelana, chá e especiarias. Muitos dos bens comerciais de elevado valor eram transportados – por animais de carga e embarcações fluviais – ao longo de grandes distâncias e diferentes comerciantes, entre os impérios chinês e romano, florescendo entre os séculos VI e XIV d.C. e mantendo-se em uso até ao século XVI. A Rota da Seda Marítima, ainda em processo de estudo e classificação pela UNESCO, desenvolveu-se entre os portos de Quanzhou, na província de Fujian, atribuído como ponto de partida deste circuito de navegação costeiro através do estreito de Taiwan, até ao porto de Ningbo, na província de Zhejiang, hoje um dos três portos de carga mais movimentados do mundo. Macau, com a sua localização geográfica favorável na costa sul da China, tornou-se a partir do século XVI um importante porto de comércio marítimo e um centro de exportação de produtos chineses para o mundo. A seda e a porcelana chinesas, entre outros produtos, eram reexportadas via Macau para o Japão, Sudeste Asiático, Europa e até América. Como tal, Macau desempenhou um papel vital no desenvolvimento da Rota da Seda Marítima, ajudando a expandir a rede comercial global e facilitando o intercâmbio cultural mútuo entre o Oriente e o Ocidente.