Eventos MancheteRAEM 25 anos | Galeria dos Governadores inaugurada em Lisboa Andreia Sofia Silva - 19 Dez 2024 Durante 25 anos, 41 retratos de governadores portugueses de Macau estiveram fechados ao público. Vindos do Palácio da Praia Grande, foram alvo de restauro e vão agora integrar a Galeria dos Governadores. A mostra permanente, patente no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, é apoiada pela Fundação Jorge Álvares Ferreira do Amaral, Eduardo Augusto Marques, José Carlos da Maia, Garcia Leandro e Rocha Vieira, são alguns dos políticos que governaram Macau ao longo dos séculos de Administração portuguesa e que passam agora a integrar a “Galeria dos Governadores”. A exposição permanente reúne 41 retratos que vieram do Palácio da Praia Grande por altura da transição, em 1999, e que se mantiveram fechados ao público durante 25 anos. Agora, com o apoio da Fundação Jorge Álvares (FJA), os quadros foram restaurados e serão agora expostos ao público no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, com curadoria e pesquisa histórica de Alfredo Gomes Dias. Assim, o público poderá conhecer mais informações sobre os governadores portugueses que administraram Macau entre os anos de 1846 e 1999, reagrupados em cinco secções, nomeadamente “A refundação de Macau (1846-1886)”, de João Maria Ferreira do Amaral a Thomaz de Sousa Rosa; “O fim das monarquias imperiais (1886-1910), de Firmino José da Costa a Eduardo Augusto Marques; “Entre duas guerras no mundo (1914-1946), de José Carlos da Maia a Gabriel Maurício Teixeira”, “Os desafios do pós-guerra (1947-1974), de Albano Rodrigues da Fonseca a José Manuel Nobre de Carvalho; e, finalmente, “Os caminhos da Transição (1974-1999), de José Eduardo Garcia Leandro a Vasco Rocha Vieira. Ana Costa e José Ribeiro Tavares são os arquitectos responsáveis pelo novo espaço expositivo. Maria Celeste Hagatong, presidente da FJA, destaca que visitar esta galeria vai permitir ter “uma perspectiva da história de Macau”. “A galeria era um projecto que estava na mente de todos os nossos curadores, no sentido de termos um sítio para a exposição dos retratos dos governadores que vieram do Palácio da Praia Grande para Lisboa. Pretendemos ter uma história do que é Macau e percorrê-la através desses retratos. Achamos que vai ser uma coisa que vai prestigiar o CCCM”, declarou, lamentando o grande atraso na concretização da iniciativa. “Tenho pena que o investimento não tenha sido feito há mais anos, sobretudo aquando do começo da fundação, há 25 anos, quando estavam ainda vivos oito governadores. Hoje restam apenas dois. Mas tivemos o cuidado de convidar grande parte dos descendentes dos governadores para estarem presentes na abertura da galeria”, destacou ao HM. Bom ponto de partida Ao HM, o académico Alfredo Gomes Dias explica o processo de organização histórica destas imagens, que “dão conta dos traços que caracterizaram a actividade de cada um dos governadores, centrando-se em duas áreas fundamentais: as iniciativas direccionadas para a Administração do território e o contributo para a história das relações luso-chinesas”. “Trata-se de um período de cerca de um século e meio, a segunda metade do século XIX e o século XX, ao longo do qual a história de Macau conheceu diferentes conjunturas internas e externas. Com esta galeria é possível perceber de que modo evoluiu a presença portuguesa no sul da China, num pequeno território, e o contributo de cada Governador para que a presença portuguesa em Macau se mantivesse até 1999”, destacou ainda. Para Alfredo Gomes Dias, a galeria representa “um excelente ponto de partida e de chegada para quem a visita”, a fim de “motivar os visitantes a quererem saber mais sobre a actividade dos governadores”, além de oferecer “um retrato global da história de Macau, num período particularmente relevante para quem quer compreender a realidade actual de Macau, marcada por um quadro sociocultural muito singular”. No que diz respeito aos textos que acompanham os quadros, “tentou-se que tivessem, simultaneamente, uma leitura autónoma e uma leitura transversal, evolutiva, que desse unidade a cada uma das secções e à galeria no seu todo”. “Optou-se que todos os textos teriam sensivelmente a mesma dimensão, reconhecendo que cada governador, na sua época e independentemente do tempo que durou a sua governação, deu o seu contributo para preservar a presença da Administração Portuguesa em Macau”, acrescentou Alfredo Gomes Dias. O académico também lamenta que o projecto só agora veja a luz do dia. “Temos de reconhecer que 25 anos foi um longo tempo de espera. Sabemos que as organizações têm as suas dinâmicas, além de que os quadros tiveram de ser recuperados. É, sem dúvida, uma excelente forma de assinalar o 25º aniversário da cerimónia da transferência da Administração de Macau em 20 de Dezembro de 1999”, rematou.