RAEM, 25 anos | Lançado livro com testemunhos “incontornáveis e poderosos”

Foi ontem lançado, em Lisboa, na Biblioteca das Galveias, o livro “Macau entre Portugal e a China – 25 testemunhos”, com coordenação de Maria do Carmo Figueiredo, antiga presidente da Teledifusão de Macau. Eis uma oportunidade para recordar palavras sobre Macau de personalidades como Ana Paula Laborinho, José Garcia Leandro, antigo governador, ou Carlos Monjardino

 

A coordenadora do livro “Macau entre Portugal e a China – 25 testemunhos” disse à Lusa que a obra conta com testemunhos “incontornáveis e poderosos” sobre a transferência de administração portuguesa de Macau para a China.

“Pensei que era importante ter um livro que falasse de Macau e procurei 25 testemunhos inéditos para assinalar a data”, refere Maria do Carmo Figueiredo, jurista, que relembra que dia 20 de Dezembro se assinalam os 25 anos da transferência da administração portuguesa de Macau para a República Popular da China, nos termos da Declaração Conjunta, assinada em Abril de 1987, em Pequim.

A antiga presidente da TDM (Teledifusão de Macau), que escolheu as 25 personalidades que colaboram nesta obra, destaca os testemunhos de três protagonistas da história. São eles, os antigos Presidentes António Ramalho Eanes, Aníbal Cavaco e Silva e do último Governador de Macau, Vasco Rocha Vieira.

“A forma como decorreram as negociações e o conteúdo do acordo foram um exemplo para a comunidade internacional”, escreve Aníbal Cavaco Silva, ex-Presidente português (2006-2016) e primeiro ministro, que assinou em Pequim a Declaração Conjunta entre Portugal e a China. No seu testemunho, Cavaco Silva, acrescenta, ainda, que “foi um bom acordo, que salvaguardou direitos políticos, económicos, religiosos, sociais e laborais dos habitantes de Macau”.

Para António Ramalho Eanes, Presidente entre 1976 e 1986, “o acordo conseguido em conformidade com o princípio ‘Um país, dois sistemas’ honrou a República Popular da China, respeitou a dignidade de Portugal e salvaguardou os interesses de Macau.”

Por outro lado, é destacado pelo General Vasco Rocha Vieira, último Governador de Macau, que ” a localização linguística e o trabalho desenvolvido no sentido de afirmar o bilinguismo em Macau esteve diretamente relacionado com a localização das leis” e, acrescenta, que “a preservação da identidade de Macau era um objetivo estratégico quando se refletia sobre o processo de transição a longo prazo”.

Uma espécie de dicionário

Neste livro, de 302 páginas, que constitui “um dicionário de pessoas e factos”, é possível o leitor ficar a conhecer “o encontro entre o Ocidente e o Oriente, as conversações e as negociações para a transferência de poderes, a gestão de Macau após o 25 de Abril e no período de transição, o impacto na educação, na cultura, na vida económica, financeira e social, na comunicação social em língua portuguesa, na ponte Portugal- China-Países de língua oficial portuguesa, na preservação do legado luso em Macau e do legado de Macau em Portugal e na permanência da Igreja Católica em Macau”.

Sobre este último aspecto, escreve a coordenadora sobre “a importante” referência no testemunho de padre Peter Stilwell ao Presidente Mário Soares, “que sempre encorajou a Igreja Católica a retomar o ensino superior em Macau”.

Maria do Carmo Figueiredo destaca, também, o testemunho “notável” do embaixador Pedro Catarino, representante da República há mais de dez anos na Região Autónoma dos Açores e o primeiro chefe da parte portuguesa no Grupo de Ligação Conjunto entre Portugal e a China.

Por último, a coordenadora destacou o contributo de todos aqueles que tornaram possível esta obra, citando vários nomes, entre eles, os de jornalistas.

Além dos cinco testemunhos referidos anteriormente, colaboraram nesta obra, Adriano Jordão, Ana Paula Laborinho, António Caeiro, António Noronha, Carlos Cid Álvares, Carlos Monjardino, Eduardo Marçal Grilo, Gilberto Lopes, João Charters de Almeida, Joaquim Chito Rodrigues, Jorge Rangel, Jorge Silva, José Avillez, José Garcia Leandro, José Rocha Dinis, José Rodrigues dos Santos, Maria Alexandra Costa Gomes, Maria Celeste Hagatong, Pedro Pauleta e Rui Martins.

O livro tem a chancela da Âncora editora e foi apresentado por António Vitorino, figura histórica do Partido Socialista e ligado à última administração portuguesa de Macau.

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