Ministros dos países do sudeste asiático reunidos no Laos

Os chefes da defesa dos países do sudeste asiático iniciaram ontem uma reunião de dois dias no Laos, numa altura de tensões marítimas na região e de escalada da guerra na Ucrânia e no Médio Oriente.

O encontro entre os ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que inclui o Myanmar, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Filipinas, Tailândia, Singapura e Vietname, deve contar com a presença dos seus homólogos norte-americanos e chineses Lloyd Austin e Dong Jun, respectivamente.

As tensões no sudeste asiático, em particular a guerra civil no Myanmar, que se prolonga há mais de três anos, e as disputas territoriais no mar do Sul da China, entre Pequim e os países vizinhos, deverão estar no centro das discussões.

A China, que reivindica a quase totalidade do mar do Sul da China, uma via estratégica para o comércio mundial, disputa territórios com países como a Malásia, o Brunei, o Vietname e as Filipinas, tendo-se registado nos últimos meses vários episódios de confrontos entre navios chineses e, sobretudo, filipinos.

O mar do Sul da China é uma das questões que opõem a China aos Estados Unidos, que não têm reivindicações territoriais na região, mas têm um acordo de defesa mútua com as Filipinas e um interesse em defender a livre circulação nos mares estratégicos.

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, participará no Laos na reunião prevista para hoje com os parceiros da ASEAN, depois de ter visitado a Austrália e as Filipinas, onde prometeu “apoio contínuo” à defesa do país insular.

Austin enviou uma mensagem de tranquilidade antes do regresso à Casa Branca de Donald Trump, que exige maior autonomia aos países aliados em questões de segurança, o que suscitou preocupações na região, cuja defesa continua a depender largamente de Washington.

O ministro da Defesa da China, Dong Jun, também é esperado no Laos e, segundo a imprensa indiana e japonesa, deverá encontrar-se com os seus homólogos Rajnath Singh e Nakatani Gen, num período de tensões territoriais históricas entre a China e os dois países.

À margem das questões regionais, os conflitos na Ucrânia, em Gaza e no Líbano deverão dominar as reuniões e encontros bilaterais, numa altura de escalada. China e EUA mantêm também posições antagónicas nestas questões.

Mundo em jogo

O Presidente russo, Vladimir Putin, parceiro do líder chinês, Xi Jinping, aprovou na terça-feira uma doutrina nuclear que permite responder com armas nucleares a ataques convencionais que ameacem a soberania da Bielorrússia e da Rússia, que ainda não confirmou se vai enviar o seu ministro da Defesa, Andrei Belousov, ao Laos.

A decisão surge depois de a imprensa internacional ter noticiado que os EUA autorizaram a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance para defender as suas posições na região russa de Kursk, onde Moscovo está a ser assistida por soldados da Coreia do Norte, no âmbito de uma aproximação entre Moscovo e Pyongyang.

O exército israelita intensificou também nos últimos dias os seus ataques a Gaza e ao Líbano na sua guerra contra o Hamas e o Hezbollah.

Enquanto a China apela a um cessar-fogo, defende a solução dos dois Estados e critica o apoio dos EUA a Israel como um exemplo da “duplicidade de critérios” do Ocidente, Washington espera que Pequim exerça mais pressão sobre o seu parceiro Irão, que está por trás do chamado “Eixo da Resistência”, que inclui o Hezbollah e o Hamas.

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