A parvoíce das presidenciais tão longe

Gouveia e Melo é o preferido dos portugueses

Portugal ainda não sabe se terá orçamento de Estado para 2005. Ninguém sabe se entramos numa crise política que nos leve, infelizmente, a novas eleições legislativas antecipadas. Ainda temos eleições autárquicas para o próximo ano e as eleições presidenciais serão somente em 2026. Neste sentido, não se entende a “loucura” de se andar constantemente a falar em nomes de candidatos a Presidente da República, incluindo sondagens contínuas. Ainda nem sabemos o que irá acontecer ao mundo com a escalada de violência no Médio Oriente, na Ucrânia-Rússia e quem será o novo presidente(a) nos Estados Unidos da América, uma eleição importantíssima para o futuro de todos nós. Permitam-me o aparte, mas se a vitória cair para as hostes de Trump, não temos dúvidas de que o fascismo regressará a muitos países e que durante quatro anos não serão respeitados os direitos humanos nos Estados Unidos.

As televisões, jornais e empresas de sondagens não cessam de falar em quem poderá ser o novo Presidente da República. Será porque estão fartos de Marcelo Rebelo de Sousa? O que se passa chega a ser caricato. Por exemplo, Marques Mendes é comentador na SIC e não cessa de dar a entender que não será candidato, quando se observa plenamente que o ex-líder do PSD quer é ser candidato a Presidente da República. Depois, vêm outros comentadores falar em Passos Coelho, um político de triste memória para todos os portugueses, especialmente para os pensionistas e reformados. Igualmente falam em André Ventura, o “hitlerzinho” português que até queria um referendo para expulsar os imigrantes de Portugal. O mais falado é, sem dúvida, Gouveia e Melo, o almirante que o ex-primeiro-ministro António Costa chamou para salvar milhares de portugueses durante a pandemia da Covid 19. E este facto foi importantíssimo para que os portugueses nunca mais tivessem esquecido Gouveia e Melo, apesar de parecer-nos que o povo anda com um pouco de nostalgia de Ramalho Eanes e consequentemente a preferir um militar no Palácio de Belém. Obviamente que neste estado de espírito para a escolha de um Chefe de Estado, o almirante Gouveia e Melo pedirá em Dezembro para passar à reserva. Nem aceitará um convite para Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Obviamente, segundo as nossas fontes, que Gouveia e Melo será um dos candidatos a Presidente da República. Obviamente que Gouveia e Melo já iniciou a preparação da sua máquina de “guerra” para quando chegar o tempo de campanha eleitoral. Obviamente que Gouveia e Melo tem apoios no Chega, no PSD, no CDS, no PS e até Francisco Louçã não irá esquecer que o seu pai era o comandante do navio de guerra que no dia 25 de Abril de 1974 se negou, em frente ao Terreiro do Paço, a disparar contra as tropas de Salgueiro Maia. Obviamente que o povo gosta de Gouveia e Melo e este militar poderá ter a maior vantagem no resultado final.

A surpresa maior está na propaganda balofa que o Presidente Marcelo anda a fazer contra o almirante Gouveia e Melo, ao ponto de lhe chamar populista, quando nunca vimos um português mais populista que Rebelo de Sousa. Tudo, para que o seu “querido” Marques Mendes fosse eleito Presidente. Nas últimas sondagens vindas a público, o país confirmou que não está virado para Marques Mendes, Passos Coelho, André Ventura ou mesmo para o socialista Mário Centeno, um político sem dignidade de Estado que passou directamente de ministro das Finanças para o maior “tacho” como governador do Banco de Portugal. Neste particular, o Partido Socialista sairá derrotado das eleições presidenciais caso não consiga convencer António Guterres a candidatar-se. E naturalmente, que não podemos esquecer que o PCP e o Bloco de Esquerda apresentarão os seus candidatos próprios.

Quanto à última sondagem divulgada, apresentou o almirante Gouveia e Melo como o preferido dos eleitores a longa distância do segundo. A sondagem deu como resultado, 21 por cento das intenções de voto para Gouveia e Melo, 14,7 para Passos Coelho, 10,6 para Marques Mendes, 8,8 para André Ventura, 8,3 para Mário Centeno, 7,9 para Ana Gomes e 5,0 para Augusto Santos Silva.

Tudo isto, acreditem, tem um pouco o sabor a absurdo. Quando as eleições presidenciais apenas terão lugar em 2026 confesso não entender a preocupação dos políticos e analistas políticos, vulgo comentadores de televisão, em andarem preocupados com os eventuais candidatos à Presidência de Portugal. Com a agravante de eventualmente acontecer até 2026 algumas surpresas. Quem não nos diz que o Partido Socialista consegue quase o impossível de trazer à baila António Costa, este sim um candidato ganhador. Os políticos deviam preocupar-se com o presente, com o Orçamento de Estado para 2025 quando se adivinha uma ruptura completa entre o Governo e os socialistas. Montenegro já afirmou que não abdica do IRS Jovem e da baixa do IRC, dois pontos onde os socialistas estão completamente em desacordo. Montenegro já afirmou que não governará em duodécimos. Sendo assim, teremos uma crise política e, para mal de todo o povo, eleições legislativas antecipadas. Um cenário altamente gravoso para a economia do país e para a redução do investimento estrangeiro num quadro de instabilidade.

Obviamente que não somos parvos e que já vimos há muito tempo que Montenegro pretende imitar em tudo Cavaco Silva e que, neste sentido, pretende eleições antecipadas, convencido que obterá uma maioria absoluta roubando grande parte do eleitorado do Chega, partido que está em decadência. Ao fim e ao cabo, Portugal apenas tem de mostrar ao mundo que o descontentamento popular irá ser resolvido com bom senso e união de esforços. Caso contrário, iremos sem dúvida para o abismo.

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