Cinemateca | “Amuletos de Agosto” traz nova selecção de filmes

Como habitualmente, um novo mês é, para a Cinemateca Paixão, sinónimo de refrescar a programação e apresentar mais uma selecção de filmes asiáticos, mas não só. Destaque para a cópia restaurada de “Millenium Mambo”, filme de 2001 de Hou Hsiao-Hsien, realizador de Taiwan

 

Já começaram a ser exibidos na Cinemateca Paixão os filmes que fazem parte da selecção do mês em curso, intitulada “Amuletos de Agosto”. Um dos destaques é o filme “Millenium Mambo”, do realizador de Taiwan Hou Hsiao-Hsien, que desta vez se apresenta com uma cópia restaurada, uma vez que se trata de um filme de 2001.

A primeira exibição aconteceu ontem, estando ainda agendadas apresentações nos dias 18, 22 e 25 deste mês.

Tido como “filme inovador” na carreira do cineasta e vencedor do prémio técnico do Festival de Cannes e três prémios “Cavalo de Ouro” do Festival Internacional de Cinema de Taiwan, este filme começa com uma voz-off que recorda o momento em que Vicky vivia uma relação turbulenta com Hao-Hao, um preguiçoso, cuja atitude se assemelha à da namorada, que não tem propriamente grandes objectivos de vida. Ambos passam as noites a fumar e a beber, roubando algumas coisas ou viajando para o Japão. “Millenium Mambo” é um filme que analisa as expectativas e percursos destes dois personagens, questionando o factor tempo e o seu aproveitamento naquelas que parecem ser duas vidas errantes.

Amanhã será exibido um thriller, bem como nos dias 15, 20 e 25 deste mês. Trata-se de “Red Rooms”, um filme de Pascal Plante, do Canadá, com a personagem Kelly-Anne, que todas as manhãs acorda junto ao tribunal para garantir um lugar no julgamento de Ludovic Chevalier, um assassino em série que está a ser julgado e pelo qual está obcecada.

À medida que os dias passam e o julgamento prossegue, ela relaciona-se com outra jovem o que a faz sair da solidão, mas o tempo gasto em tribunal com os familiares das vítimas de Ludovic e a sua obsessão com o assassino fá-la perder cada vez mais a estabilidade emocional e o equilíbrio.

Kelly-Anne traça então um novo objectivo: ter acesso ao vídeo perdido de uma menina de 13 anos, assassinada por Ludovic, que estranhamente é muito parecida com ela.

O abuso a Maria

Do Canadá, saltamos para o México com “Malo Actor” [Mau Actor], exibido hoje às 20h e depois com repetições na quarta-feira, dia 14, 18, 23 e 27. “Malo Actor” é inspirado na má experiência da actriz Maria Schneider com o actor Marlon Brando no filme “O Último Tango em Paris”, de 1972, quando este passa manteiga nas suas partes íntimas sem que a cena tivesse sido combinada com a actriz. O caso só foi confirmado pelo realizador, Bernardo Bertolucci, anos mais tarde.

“Queria sua reacção como menina, não como actriz. Não queria que Maria interpretasse sua humilhação e sua raiva, queria que sentisse. Os gritos… ‘Não, não!’. Depois iria odiar-me para sempre”, disse, citado pelo El País.

No caso de “Mau Actor”, é a actriz Sandra Navarro que acusa o actor Daniel Zavala de ter abusado dela numa cena de sexo. A actriz apresenta queixa, mas toda a produção tenta evitar o escândalo. O filme é de Jorge Cuchí.

“Do Not Expect Too Much from the End of the World” é a película que se exibe pela primeira vez nesta programação este domingo, repetindo-se depois nos dias 16, 24 e 28 de Agosto.

Este filme venceu um Urso de Ouro no Festival de Berlim e conquistou, na Roménia, país onde foi rodado, a categoria de Melhor Filme. Além disso, venceu o Prémio Especial do Júri no 76.º Festival de Cinema de Locarno.

O mais recente filme de Radu Jude conta a história de Angela, uma assistente de produção com excesso de trabalho que tem de conduzir por Bucareste para filmar o casting de um vídeo sobre segurança no trabalho, a pedido de uma multinacional.

Porém, quando Angela se encontra com Marian, um trabalhador desse empresa que está parcialmente paralisado, e este revela o que o levou à sua condição física, depressa é espoletado um escândalo que obriga a uma nova narrativa do vídeo. Este é descrito como “um drama cómico absurdo” dividido em duas partes, em que “numa paisagem vertiginosa o cinema, capitalismo e a tecnologia encontram-se com a sociologia política do mundo digital pós-totalitário”.

“Little Miss Sunshine”, filme de 2006 que já fez sucesso em várias salas de cinema, repete agora na Cinemateca Paixão na próxima terça-feira e depois nos dias 17, 21, 24 e 29 deste mês. Tudo se centra na Olive Hoover, uma criança engraçada de sete anos fascinada por concursos de beleza e que obriga toda a família a acompanhá-la até à Califórnia para competir no concurso nacional “Little Miss Sunshine”. Porém, a par da tentativa de expressar beleza na competição, o que se revela é uma série de peripécias trágico-cómicas que envolvem todos os membros desta família disfuncional.

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