China / ÁsiaPCC pode usar 3.º plenário para devolver confiança ao sector privado, defende ex-director BM Hoje Macau - 15 Jul 2024 Bert Hofman, antigo director do Banco Mundial para a China, disse esperar do terceiro plenário do 20º Comité Central do Partido Comunista chinês reformas “ambiciosas”, que permitam reequilibrar a economia e injectar confiança no sector privado. Hofman, investigador no Asia Society Policy Institute, lembrou em entrevista à Lusa que a grande questão para o encontro, que desde 1978 ditou reformas significativas no país, é saber “o que é que Pequim quer agora do sector privado”. “Há uma escola de pensamento que considera que a emergência do sector privado foi uma aberração temporária, mas que agora a China sente-se mais confiante”, argumentou Hofman. “Pequim tem de facto restringido os empresários, vinculando-os ao seu plano global de sectores prioritários e nada para além disso”, disse. Oficialmente, a China reconheceu a importância do sector privado desde que o antigo líder Jiang Zemin articulou a sua teoria das “três representações”, em 2000. Antes disso, o antigo líder Deng Xiaoping abriu o país à economia de mercado e ao investimento estrangeiro, em 1978. O actual Presidente chinês, Xi Jinping, manteve o tom reformista após ascender ao poder, ao prometer deixar o mercado desempenhar um papel decisivo na alocação de recursos, durante o terceiro plenário de 2013. Mas uma campanha regulatória no sector tecnológico resultou em multas recorde contra empresas, enquanto apelos à “prosperidade comum” penalizaram grandes acumulações de capital, abalando a confiança dos investidores. “Vamos agora descobrir qual é a direcção para os próximos anos”, disse o investigador. O peso do imobiliário Uma reunião do Politburo do Partido Comunista em Abril sugeriu que o plenário se centrará na modernização e desenvolvimento tecnológico e em reformas do lado da procura e da distribuição da economia. “Um encontro recente entre Xi e empresários sugere que o papel do sector privado está na agenda”, apontou Hofman, que indicou que Pequim pode anunciar a privatização de activos não essenciais das empresas públicas. “Isto resolveria parte da questão da dívida da administração local e seria um sinal muito forte de que o partido considera que o sector privado tem um papel a desempenhar”, afirmou. A economia chinesa enfrenta um abrandamento suscitado por uma crise no sector imobiliário e altos níveis de endividamento das autoridades locais. Isto pesa sobre o consumo doméstico. O país apostou nas exportações para fomentar o crescimento, o que agravou as relações comerciais com os Estados Unidos, União Europeia e países em desenvolvimento.