元稹Yuan Zhen – Poeta e cavalheiro

Editado por Miguel Lenoir

Yuan Zhen (779-831) foi um poeta e académico chinês, e funcionário do governo durante a dinastia Tang. É conhecido pelas suas obras literárias, nomeadamente nos domínios da poesia e da prosa. Como poeta, político e académico de renome, desempenhou um papel crucial na formação da paisagem literária do seu tempo. As obras de Yuan Zhen são altamente consideradas pela sua profundidade emocional, beleza lírica e significado cultural, reflectindo as realidades sociais e políticas da época. A sua poesia continua a ser estudada e admirada pela sua influência duradoura na tradição literária chinesa.

A poesia de Yuan Zhen caracteriza-se pela sua riqueza emocional e beleza lírica, reflectindo os tempos turbulentos da dinastia Tang. Os seus versos exploram frequentemente temas como o amor, a amizade, a perda e a transitoriedade da vida, captando a essência da experiência humana com eloquência e profundidade.

Através da sua observação atenta do mundo que o rodeava, Yuan Zhen criou poemas que não só deliciavam os sentidos, como também ofereciam reflexões pungentes sobre verdades universais.

Para além da poesia, as contribuições de Yuan Zhen para a literatura chinesa estenderam-se ao domínio da prosa, onde os seus escritos revelaram uma notável mistura de inteligência e criatividade. As suas obras foram célebres pela sua clareza de expressão, imagens vívidas e narração com nuances, revelando um profundo conhecimento da natureza humana e da sociedade.

Para além dos seus esforços literários, Yuan Zhen foi também académico e político, defendendo reformas sociais e valores morais na sua capacidade oficial. O seu empenho na integridade, justiça e compaixão granjeou-lhe respeito e admiração entre os seus contemporâneos, solidificando ainda mais o seu legado como uma figura venerada da história chinesa.

De um modo geral, a poesia e os escritos de Yuan Zhen continuam a encantar os leitores com a sua beleza intemporal e profunda percepção. Através da sua arte e intelecto, garantiu um lugar duradouro no panteão dos gigantes da literatura chinesa, inspirando gerações de poetas e académicos.

Há várias traduções para inglês dos poemas de Yuan Zhen disponíveis em diversas colecções de poesia chinesa. Alguns tradutores que traduziram a obra de Yuan Zhen incluem Stephen Owen, Witter Bynner e Arthur Waley. Poderá encontrar os seus poemas em antologias de poesia da Dinastia Tang ou em colecções especificamente dedicadas à sua obra. As fontes online e as bibliotecas também podem ter traduções em inglês dos seus poemas para explorar e apreciar. Em português encontrámos unicamente o que transcrevemos, mais abaixo, neste texto.

Como poeta, Yuan Zhen foi influente na formação do estilo literário do seu tempo e na inspiração de futuras gerações de poetas. O seu trabalho reflectiu o espírito da Dinastia Tang, conhecida como a idade de ouro da poesia chinesa, e foi considerado um dos “Oito Imortais da Taça de Vinho”, um grupo de poetas de renome que eram celebrados pelo seu talento e criatividade.

A sua relação com a poetisa Xue Tao foi imortalizada em vários poemas, histórias e obras literárias. Eis alguns exemplos: A “História de Xue Tao”: Esta é uma lenda popular chinesa que conta a história da vida de Xue Tao e a sua relação com Yuan Zhen. Destaca a sua ligação emocional, os desafios que enfrentaram e o impacto duradouro do seu amor na cultura chinesa.

Tanto Yuan Zhen como Xue Tao são referidos em várias obras literárias chinesas, incluindo romances, peças de teatro e ensaios. A sua história é frequentemente utilizada como símbolo do amor, da paixão e das complexidades das relações humanas. Ao longo do tempo, a história de Yuan Zhen e Xue Tao tornou-se parte do folclore e da mitologia chineses, com adaptações e recontagens que enfatizam diferentes aspectos da sua relação.

Estes exemplos mostram a influência duradoura e o significado de Yuan Zhen e Xue Tao na literatura e cultura chinesas, tornando-os símbolos duradouros do amor e da expressão artística.

Poemas de Yuan Zhen

Palácio temporário➀

Desolado palácio dos imperadores,
Florescem, no silêncio, vermelhas flores.
Aias de cabelos brancos sentadas no lazer,
Falando do Tang Xuanzong➁ e do seu viver.

Nota:
➀Refere a residência provisória de um soberano em viagem. Aqui refere-se ao Palácio de Lian Chang, um dos palácios temporários mais grande da dinastia Tang, agora situado no atual condado de Yiyang, província de Henan.
➁Imperador da dinastia Tang (712-756), nasceu em Luoyang (685-762).

Amanhece a Primavera

Aos primeiros alvores do amanhecer,
oiço um trovão, respiro o perfume das flores.
Uma criança puxa a corda, faz soar um sino.
No templo, há vinte anos, de madrugada, meu amor.

tradução António Graça de Abreu

Prosa

A História de Yingying ou Yingying zhuan (莺莺传), composta pelo ilustre poeta Yuan Zhen (779-831) teve enorme impacto literário. Aqui o “extraordinário” não reside no sobrenatural, mas na feminilidade da heroína que afasta com altivez o namorado para se juntar a ele, um pouco mais tarde, por uma noite e só reaparece passados dez dias, comovida pelo longo poema que o seu amante decidiu dedicar-lhe. Desde então, ela regressa todas as noites para tornar a partir antes da alvorada, respondendo invariavelmente às suas perguntas com “Não consigo que seja de outra maneira.” Quando o amante lhe anuncia a sua partida iminente para a capital, ela não levanta nenhuma objecção. Repetidos insucessos nos exames fazem prolongar a separação e suscitam cartas de amor acaloradas que o herói se orgulha de compartilhar com as pessoas da sua intimidade. Porém, assustado por uma tal paixão, ele renuncia a revê-la e a desposá-la, justificando assim a sua atitude:

“Entre os amigos de Zhang (张) que estavam ao corrente [dos factos] não houve nenhum que deixasse de o encorajar e que não se espantasse com a sua estranha conduta, mas a decisão de Zhang estava tomada. Como o nosso relacionamento era particularmente amigável, acabei por lhe conseguir arrancar estas palavras: “Regra geral, as criaturas excepcionais que devem o seu destino ao céu trazem infelicidade aos outros e, eventualmente, a eles próprias. Se ela tivesse encontrado alguém mais nobre e rico, teria aproveitado os seus encantos para se tornar favorita imperial e, chovesse ou fizesse bom tempo, transformar-se-ia num monstro inimaginável […] Sendo dotado de uma virtude fraca demais para triunfar sobre os seus males, considero que é mais razoável conter a minha paixão.”

Um ano depois Yingying desposou um outro e Zhang casou-se longe dali. Porém, procurou voltar a vê-la, mas ela recusou recebê-lo, fazendo-lhe chegar secretamente este poema:

Por ter perdido o brilho da minha beleza,
ao ter emagrecido imensamente,
mil remorsos deixam-me prostrada
impedindo-me sair da cama.
Sinto vergonha de ficar deitada,
de modo algum por causa do outro.
Mas sobretudo diante de ti
por ter definhado tanto por tua causa.

Tradução de Raúl Pissarra

A dor da separação

Depois de ver o vasto mar,
nenhum veio d’água pode se comparar
Dispersas, perto do topo do Monte Wu,
não há iguais nuvens
Muitas vezes passei pelas flores
e não lhes poupei um olhar
Pois metade do meu destino está no cultivo
e, a outra metade, em você.

Tradução de um blogger anónimo brasileiro

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