Metro ligeiro | Ron Lam refuta posição do secretário

Depois do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, ter acusado o deputado Ron Lam U Tou de divulgar dados falsos sobre a compra de um cabo para o metro ligeiro, eis que o deputado vem rebater as declarações com um comunicado

O deputado Ron Lam reagiu à resposta do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, que havia acusado anteriormente Ron Lam de divulgar informações falsas sobre o caso da compra de um cabo para a obra do metro ligeiro que originou um relatório do Comissariado de Auditoria (CA).

Segundo um comunicado, o deputado afirmou que o artigo, publicado pelo Jornal do Cidadão, que continha declarações suas, não foi escrito por si, mas sim por um jornalista, que incluiu alguns dos aspectos referidos no relatório do CA. Na sua reacção, o secretário clarificou que “não ocorreu qualquer ‘eliminação’ de informações existentes nos serviços públicos”, mas o deputado dá conta que, no artigo para o qual prestou declarações, não consta a palavra “eliminados”.

Ron Lam U Tou adiantou também que o jornalista usou a frase “irregularidades na realização de tarefas ou no uso de materiais” no artigo, tratando-se, para o deputado, de uma questão de ponto de vista ou perspectiva, considerando a reacção de Raimundo do Rosário como sendo “exagerada”.

“O secretário mostra desconhecer o funcionamento do jornalismo, além de não ter feito qualquer verificação [da situação], achando que o texto tinha sido escrito por mim. O secretário escreveu no comunicado tratar-se de uma ‘especulação meramente intuitiva e sem qualquer fundamento’, pelo que lamento esta faça acusação”, apontou.

Palavras e mais palavras

O comunicado de Raimundo do Rosário sobre o artigo de jornal dá ainda conta de que não ocorreu qualquer “recuperação” de informações por parte dos serviços públicos relacionados com a obra do metro ligeiro, além de que não teve lugar qualquer “eliminação” de documentos.

Ron Lam U Tou reage dizendo que a palavra “recuperação” é referida no relatório do CA. “Relativamente ao facto de o gabinete [do secretário] ter alegado que não ocorreu qualquer ‘recuperação’ de informações, devia ter apresentado esta ideia quando respondeu ao relatório do CA. Agora vem o gabinete alegar que não existiu esta ‘recuperação’, o que significa que o gabinete não estudou nem respeita as questões colocadas pelo CA.”

Uma vez que o Governo nunca entregou os documentos do antigo Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes antes 2011 ao CA, para que este fizesse a auditoria à obra do metro, o deputado destaca no mesmo artigo que a população tem razões suficientes para suspeitar da possível eliminação dos documentos anteriores a 2011.

Na conclusão do comunicado, o deputado esclarece que a Lei Básica é responsável por regular as funções do hemiciclo de supervisão e interpelação dos trabalhos do Governo, além de que a função de um deputado é a de pedir melhorias e correcções ao Executivo.

Para Ron Lam, os governantes “têm de confessar os erros cometidos em vez de os esconder até que sejam divulgados pelas instituições de supervisão”. Este escreveu ainda que já exigiu duas vezes ao Governo a apresentação do relatório sobre o erro na compra e instalação do cabo eléctrico para o metro ligeiro, mas que o Governo ignorou sempre os pedidos e respondeu apenas por comunicados.

A investigação do CA em causa diz respeito à falha do cabo eléctrico da linha da Taipa do metro ligeiro, tendo Raimundo do Rosário considerado que as declarações de Ron Lam ao Jornal do Cidadão “afectam gravemente os trabalhos realizados pelo Governo da RAEM” e que “nunca aceitará afirmações feitas fora de contexto que pretendem provocar a discordância da sociedade para com os trabalhos que o Governo desenvolve”.

Metro ligeiro | Raimundo envia “recado” para Ron Lam

Na sessão de interpelações orais que decorreu ontem na Assembleia Legislativa, Raimundo do Rosário não evitou mandar uma “indirecta” ao deputado Ron Lam, em relação ao bate-boca sobre o caso da compra de um cabo que levou à suspensão durante meses do metro ligeiro. A alfinetada foi atirada, depois de uma pergunta sobre o metro ligeiro colocada por Leong Sun Iok: “Agradeço a sua interpelação, que é muito construtiva, e isso reforça a cooperação entre o Governo e a Assembleia Legislativa”, comentou Raimundo do Rosário, depois de no sábado ter acusado Ron Lam de divulgar notícias falsas sobre o assunto.

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