Filosofando e o 25N

ARISTÓTELES ‘et alia’, filosofando à grande e à grega, definiram como autarcia a situação em que o Estado controla todos os recursos necessários à sua subsistência de forma autónoma, afirmando a sua independência contra qualquer interferência estrangeira, ou, quando muito, como uma sociedade que se basta a si mesma, pelo que nunca aceitariam a designação de um presidente de câmara ou de freguesia como autarca, mesmo que fosse português ou membro da CPLP.

Autarquismo, por isso, seria a eliminação do governo geral em favor do autogoverno, assim como patriarca seria o homem mais importante de uma família ou aquele que chefia uma família. Isto, entre os judeus e mesmo entre povos mais antigos. Já matriarca é um termo que apenas foi adoptado eruditamente no século XIX no âmbito dos estudos antropológicos, para indicar uma figura da mulher e mãe que assume uma posição dominante num determinado grupo social.

Nas sociedades modernas, todavia, as matriarcas são geralmente mulheres já avós que, num modelo familiar alargado, têm um papel preponderante e, por vezes, despótico na sua relação com os outros membros da família.

Na Biologia, nomeadamente no caso dos cavalos, a matriarca é uma égua, normalmente a de mais idade, que usufrui de uma posição superior à das outras éguas, em geral todas aparentadas, e respectivos potros.

No caso dos felinos, especialmente os gatos, matriarca é a fêmea que ostenta três cores na pelagem. Os machos que apresentam as três cores são quase todos inférteis, isto é, geneticamente incapazes de se reproduziram.

Também com os marsupiais é patriarca ou matriarca o elemento de maior grau hierárquico na família.

Quanto aos cardeais, o caso mais notório é o do patriarca de Lisboa, de momento um tal D. Rui Valério que é também o bispo das Forças Armadas, sem nunca ter dado um tiro. Pelo menos que eu saiba.

A Infopédia especifica que se trata do “nome dado aos chefes político-religiosos que dirigiram os Hebreus durante a sua vida nómada e que foram anteriores aos Juízes”.

O que eu conhecia era a fase inicial da espécie humana em que matriarcado (do grego antigo μητέρος, metéros, mãe, e ἀρχή, arché, origem, ou regra) sinónimo de ginecocracia (em grego hodierno, γυναικοκρατία), algumas vezes citado como ginocracia.

Em algumas culturas, a mulher ainda é líder da família e a transmissão de bens, assim como do poder tribal, se faz através dos membros do sexo feminino do grupo. Na dimensão religiosa, muitas vezes o matriarcado tem sido associado à adoração de divindades femininas da fertilidade e da maternidade.

James Frazer, J. J. Bachofen, Walter Burkert Robert Graves, James Mellaart e Marila Gimbutas desenolveram a teoria segundo a qual todas as divindades da Europa e da bacia do Mar Egeu são oriundas de uma deusa matriarca pré-indo-europeia (Neolítico). Segundo esses especialistas, a religião da deusa mãe era a base de toda a Pré-História das civilizações antigas e a Deusa seria o fundamento sócio-religioso do matriarcado.

Na mitologia nórdica há referências às sociedades matriarcais, como as Elvens e outros povos pré-históricos que habitaram nas regiões da Escandinávia. Algumas teorias dizem que o uso de armas duplas (dual wield) foi desenvolvido especialmente para mulheres, pela dificuldade de carregarem escudos muito pesados.

Não é, no entanto, o mesmo que matrilinearidade onde as crianças são identificadas em função das mães em vez dos pais, e famílias estendidas e alianças tribais formam linhas consanguíneas femininas conjuntas. Por exemplo, na tradição judaica Halakha, somente uma pessoa nascida de mãe judia é automaticamente considerada judia. Portanto, a herança judaica é passada de mãe para filho.

É também diferente de matrifocalidade que alguns antropólogos usam para descrever sociedades em que a autoridade materna é proeminente nas relações domésticas, devendo o marido juntar-se à família da esposa, em vez de a esposa mudar-se para a tribo do marido.

Assim, matriarcado seria uma combinação de múltiplos factores. Inclui matrilinearidade e matrifocalidade, sendo que o mais importante é as mulheres serem encarregadas da distribuição de bens do clã e, especialmente, das fontes de sustento.

A maioria dos antropólogos afirma que não existem sociedades conhecidas que sejam inequivocamente matriarcais. De acordo com J. M. Adovasio, Olga Soffer e Jake Page, não se conhece de facto nenhum matriarcado verdadeiro que tenha existido. A antropóloga Joan Bamberger argumentou que o registo histórico não contém fontes primárias sobre qualquer sociedade dominada por mulheres.

A lista ‘human cultural universals’, do antropólogo Donald Brown, (as características compartilhadas por quase todas as sociedades humanas actuais) inclui os homens como sendo o “elemento dominante” nos assuntos políticos públicos, que ele afirma ser a opinião contemporânea da antropologia dominante.

Existem, contudo, algumas divergências e possíveis excepções. A crença de que um governo das mulheres precedeu o governo dos homens foi, de acordo com Haviland, “sustentada por muitos intelectuais do século XIX”. A hipótese sobreviveu até o século XX e foi notavelmente duradoura no contexto do feminismo e, especialmente, do ‘feminismo de segunda onda’, mas a hipótese está em grande parte desacreditada.

Eis por que Carlos Moedas se esforça tanto por ser um autarca arcaico, levando às suas celebrações do 25 de Novembro na autarquia lisboeta convidados da direita troglodita e também o cada vez mais inquietante almirante Gouveia e Melo, aquele chefão que castigou os 13 subordinados seus que se recusaram a patrulhar o Atlântico num vazo de guerra comprovadamente apto a afundar-se.

*

Para que não se perca a noção do que significa esta efeméride que concentra a devoção da grande vilanagem, respigo:

António Barreto – “Hoje, 25 de novembro, é dia de festa. Apesar de ser data controversa e detestada por alguns (…)”

Espero que não tenha dado o badagaio à Maria Filomena Mónica, ao ler isto no “Público”, porque o que parece é que o seu marido e ex-sociólogo do Pingo Doce a largou para ir de braço dado com Carlos Moedas à Festa dos Biltres.

Manuel M. Gomes, fingindo desconhecer a “Lei Barreto”, afirma que “o que se passa hoje no Alentejo é simplesmente vergonhoso, desumano e imoral. A exploração do próximo é algo que pensava não existir a este nível em Portugal, mas infelizmente estou profundamente errado. Já agora, gostava de saber e, para isso, peço ajuda aos jornalistas. O que aconteceu aos que há um ano foram detidos em Odemira?”

E, pergunto eu, o que vai acontecer aos que continuam a seguir a lei do Barreto no Alentejo, no Ribatejo e até em Trás-os-Montes?

José Pacheco Pereira – “Ter ‘ideologia’ é normal e saudável em democracia e é de supor, por exemplo, que os socialistas sejam socialistas. (…) Há anos que reclamo de governos sem qualquer resposta o esclarecimento documental sobre muitos aspetos da negociação com a troika, que permitam saber que medidas são da autoria da troika ou dos governos Sócrates e Passos-Portas-troika, mas duvido que haja sequer um registo fiável desses contactos, em especial quando se sabia que um ministro português usava um computador de um membro da troika para enviar correspondência”.

Basílio Horta – “Estávamos organizados com o PS à frente. O PS era o grande dinamizador e o grande organizador dessa reação. Nunca se soube donde vieram as armas, mas que vieram, vieram. Se houvesse alguma coisa dessas, era uma guerra civil. Eu estava em Celorico de Basto. O CDS tinha uma grande força em Celorico de Basto, o segundo concelho onde o CDS tinha a maior força e estávamos à espera do que poderia acontecer. Havia realmente armas. (Eu) já as trazia de Fafe. Não era eu, era o grupo em que eu estava integrado. Ali era mais PS. Não havia PSD. (…) O Cardeal António Ribeiro, que era muito meu amigo e esteve no meu casamento e no batizado das minhas filhas, achava que o CDS vinha dividir a direita, que não havia razão nenhuma para dividir a direita, que não havia razão nenhuma para haver CDS”, até porque, lembro eu, como o Pacheco Pereira reconheceu, a horda do partido único fascista havia-se transferido para dentro do PSD, então PPD. E o Basílio, presidente agora da Câmara de Sintra, à frente do PS, faz questão de frisar que “o dr. Mário Soares era uma figura, uma coisa que hoje nos falta.”

Para que conste.

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