Deputada timorense denuncia detenção de jovens por exibirem bandeira palestiniana

A deputada da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) denunciou ontem no Parlamento timorense a detenção de dois jovens pela polícia, no domingo, por circularem com a bandeira palestiniana. “No dia em que celebramos 32 anos [do massacre de Santa Cruz], dois jovens timorenses foram detidos por estarem a circular com bandeiras do Estado da Palestina, em solidariedade” com o povo palestiniano de Gaza, disse Nurima Ribeiro Alkatiri.

“Segundo o que circula na ‘media’ social, esta detenção foi feita por percepção de poderem ser terroristas”, denunciou. Numa declaração, lida na sessão parlamentar, a deputada lembrou que Timor-Leste apoia a “solução de reconhecimento de dois Estados” e sempre defendeu a “independência do Estado palestino, bem como a liberdade do povo palestino”.

“Acredito que muitos de nós ao ouvir as palavras ‘opressão’, ‘violência’, ‘tortura’, lembramo-nos do nosso recente passado sob a ocupação ilegal de um regime autoritário. Hoje, conseguimos viver como nação soberana, livre e independente, depois de uma luta de resistência longa e dura, porque conseguimos também apoio e solidariedade de outras nações e outros povos”, afirmou Nurima Ribeiro Alkatiri.

“Como não nos juntamos aos que exigem o cessar-fogo e fim destas mortes? Por que razão tentamos calar e intimidar aqueles que, por iniciativa própria, procuram demonstrar solidariedade com quem sofre? Já esquecemos que bem recentemente era a nossa população em situação semelhante? Já esquecemos que bem recentemente éramos nós os que muitos tentavam fazer que fossem esquecidos como povo e Estado?”, questionou a deputada da Fretilin.

Afirmando que não se vai calar e continuar a exigir um cessar-fogo em Gaza, a deputada apelou a todos os timorenses para se “juntarem aos que querem construir a paz na Palestina e oporem-se ao ódio e perseguição que em nada contribuirá para a construção de um clima de entendimento e de uma relação sã e sustentável entre os povos, entre as civilizações, entre as nações”.

Apanhados de surpresa

Os dois jovens detidos fazem parte da Frente Maubere da Solidariedade Internacional, que, na segunda-feira, também denunciou, em comunicado, a detenção, que considerou “ilegal e uma violação dos direitos humanos”.

“Os jovens caminhavam pacificamente e exibiam as bandeiras para expressar solidariedade e não cometeram crimes, não perturbaram a situação, apenas ouviram música e seguraram as bandeiras”, refere a Frente Maubere da Solidariedade Internacional. A organização não-governamental referiu também que vai apresentar uma queixa ao Provedor de Direitos Humanos e ao Ministério Público.

A 7 de Outubro, o movimento islamita Hamas lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade.

Os bombardeamentos israelitas por ar, terra e mar causaram pelo menos 11.240 vítimas, na maioria civis, na Faixa de Gaza, indicou o Ministério da Saúde do Hamas.

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