Mais de metade de alunos do secundário com comportamentos aditivos

Um estudo apresentado na quarta-feira pela Rede de Serviços Juvenis Bosco indica que 56,6 por cento dos estudantes de Macau se envolveram em comportamentos aditivos no ano passado. O estudo implicou a análise de vários tipos de comportamentos, como jogo (em vários aspectos), consumo de droga e álcool, uso da internet, pornografia, etc. Importa referir que a Rede de Serviços Juvenis Bosco é uma entidade de cariz religioso.

Apesar da conclusão dos investigadores apontar para a prevalência de comportamentos considerados aditivos, apenas 3,4 por cento procuraram ajuda para lidar com os problemas.

O estudo revelou que os jovens passam, em média, 3,6 horas online durante o período escolar, tempo que ultrapassou as 6 horas diárias nas férias. Os académicos do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Politécnica de Hong Kong e pelos Serviços de Aconselhamento da Catedral de São João indicaram o excessivo uso da internet está ligado ao aumento do risco de desenvolver vícios de jogos e comportamentos perigosos online.

No domínio do ciberespaço, a estudo indica que 21,8 por cento dos adolescentes inquiridos assumiram ter sido alvo de bullying online, 17,3 por cento visitaram websites pornográficos, enquanto entre 7 e 20,6 por cento enviaram ou receberam mensagens sexualmente explícitas.

Os académicos traçam ligações entre alguns factores de risco e consequências para a saúde. Por exemplo, ideação suicida e outros problemas psicológicos (como depressão, ansiedade e stress) foram identificados como possíveis resultados de comportamentos aditivos.

Outro exemplo dado, foi a hiperactividade, que segundo o estudo está associada a um maior risco de consumo de drogas e vício de jogos de azar.

Além disso, o estudo liga o tempo excessivo online ao consumo de álcool, tabaco, cigarros electrónicos e droga.

 

Sobe e desce

O estudo da Rede de Serviços Juvenis Bosco apresentada na quarta-feira, e divulgado ontem, acompanha um inquérito semelhante realizado em 2017. Em termos comparativos, a percentagem de estudantes do secundário e que usaram álcool, tabaco, cigarros electrónicos e jogaram desceu significativamente entre 2017 e 2022, enquanto o consumo de drogas aumentou (de 0,3 para 1,3 por cento). Importa esclarecer que os estudos se baseiam em respostas pessoais e que o consumo de droga é um crime, factor que pode condicionar a veracidade das respostas.

Apesar da redução verificada no período de cinco anos, o contacto inicial com comportamentos aditivos começou mais cedo para alunos do secundário inquiridos em 2022 (excepto para o consumo de tabaco).

O estudo indicou ainda que o envolvimento em comportamentos aditivos foi generalizado entre estudantes universitários, com 59,3 por cento dos inquiridos a referirem ter tido comportamentos aditivos no passado. O consumo de álcool foi o comportamento aditivo mais comum, com cerca de 70 por cento dos estudantes universitários a confessarem ter consumido álcool.

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