InternacionalTimor-Leste/Eleições | Ramos-Horta exige auditoria internacional a falhas na divulgação de resultados Hoje Macau - 23 Mai 2023 As falhas na contagem dos votos motivaram o desagrado de Presidente timorense que vai promover uma auditoria internacional para apurar o que se passou. O Presidente timorense vai exigir uma auditoria internacional para investigar as falhas na divulgação dos resultados das eleições legislativas de domingo, disse ontem o chefe de Estado à Lusa. José Ramos-Horta acusou ainda o Governo de ter partidarizado o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) nos últimos dois anos, retirando pessoas com experiência e capacidade da entidade que está a ser visada pelas falhas na divulgação dos resultados. “Não compreendo porquê, já estamos no segundo dia, e não há actualização permanente da tabulação, não está sendo feita. O STAE apresenta a desculpa falaciosa de que o problema é da internet, [mas] não é problema da internet”, afirmou o chefe de Estado, após uma reunião com o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste. “O problema é que ao longo destes dois anos partidarizaram o STAE, retiraram todo o pessoal com experiência durante muitos anos, e que foram objecto de elogios de todos, que trabalharam na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e República Centro Africana. Retiraram e puseram pessoas que são políticos”, acusou. Por uma questão “de transparência”, Ramos-Horta quer explicações, que entende só poderem ser garantidas através de uma auditoria internacional: “Eu vou exigir primeiro uma auditoria, [uma] auditoria aprofundada. E não vai ser uma auditoria nacional. Vai ser uma auditoria internacional, com gente competente, com capacidade de investigação criminal para ver o que se passou”, prometeu. A culpa é da internet O STAE admitiu algumas falhas, devido a problemas técnicos e de internet, que estão a atrasar a divulgação dos resultados. O director-geral, Acilino Manuel Branco, disse à Lusa que tem havido problemas nas comunicações por internet dos municípios para Díli, para que a tabulação dos resultados possa ser inserida. Quase 19 horas depois do fecho das urnas, no domingo, o STAE ainda só tinha divulgado dados correspondentes a cerca de 48 por cento dos centros de votação, o que equivale a cerca de 258 mil votantes, num universo de mais de 890 mil eleitores recenseados. As únicas formas de conhecer a contagem progressiva do resultado é visitar o próprio STAE, em Díli, e consultar duas televisões disponibilizadas no local ou, em alternativa, acompanhar o quadro da contagem, que é retransmitido pela Rádio Televisão de Timor-Leste (RTTL). Ainda assim, o sinal para a RTTL não é sempre em tempo real e, em vários momentos há um atraso significativo. Não há qualquer site ‘online’ para consulta, e o STAE optou, este ano, e ao contrário do que fez nas eleições anteriores, de só divulgar os dados da contagem nacional, sem publicar os quadros com as contagens nos municípios e na diáspora, apesar de já estarem fechadas em alguns locais. Os dados dessa votação nos municípios passam num longo rodapé nos ecrãs, não sendo possível conhecer os votos de cada partido, nem outros dados sobre a votação, como participação, indicando-se apenas as percentagens obtidas pelas forças políticas. Apesar das falhas na contagem, o STAE tem sido aplaudido, incluindo pelo próprio José Ramos-Horta, pelo trabalho eleitoral realizado no terreno, com mais de 20 mil pessoas destacadas em todo o país.