Secretas obedecem a uma chefe de gabinete

A semana passada na política portuguesa assemelhou-se a um circo, incluindo com a actuação de palhaços porque na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP ouviram-se gargalhadas. O surrealismo e a incredulidade reinaram nas audições que foram realizadas com a audição do ministro das Infraestruturas, João Galamba, – já denominado como Sócrates Júnior -, com a sua chefe de Gabinete, Eugénia Correia, – que começou a trabalhar na esfera governamental com José Sócrates -, e com o ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, Frederico Pinheiro.
A primeira maratona de cinco horas decorreu na Assembleia da República com a presença de Frederico Pinheiro, que tinha sido acusado ilegalmente de ladrão pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Infraestruturas. E aqui começa a “telenovela mexicana” quando António Costa prevaricou ofendendo Frederico Pinheiro de ladrão, sem cumprir a presunção de inocência e desrespeitando a separação dos poderes políticos e judiciais.
António Costa é o principal responsável de tudo o que se passou quando não aceitou a demissão do ministro João Galamba, apenas com a intenção de atirar uma “pedrada” ao Presidente da República, dando a entender à classe política que pretendia eleições antecipadas e não se candidatar a primeiro-ministro com o fito de viajar para um cargo na Comissão Europeia. Esta, é a principal razão de tudo o que aconteceu durante a semana passada na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP.
Um cidadão doutorado, com vários anos de experiência em gabinetes ministeriais de diferentes governos, competente e sempre leal aos superiores interesses do país passa de um momento para o outro de fiel funcionário a simples ladrão, despedido pelo telefone com ameaças físicas por parte do ministro Galamba. Este, viria a dizer o contrário na CPI sublinhando que foi Frederico Pinheiro que o ameaçou.
O que se passou nas audições de Eugénia Correia e de João Galamba ultrapassou o limite do surrealismo: contradições, invenções, mentiras e ilegalidades ficaram bem patentes. Os deputados da CPI ficaram de boca aberta quando ouviram Galamba mencionar que contactou o primeiro-ministro e este não atendeu, depois ligou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que estava acompanhado de outro secretário de Estado Adjunto do Gabinete do chefe do Executivo, com a ministra da Justiça e com o ministro da Administração Interna, algo que nunca tinha referido. Acrescentou que o contacto com o ministro da Administração Interna foi com o intuito de este o colocar em contacto com a Polícia de Segurança Pública. Gargalhadas. Então, um ministro e a sua chefe de Gabinete não têm o número telefónico da PSP? E o mais grave viria quase no fim da audição a deixar toda a gente perplexa, quando Galamba informou que tinha dito ao primeiro-ministro que o SIS (Secretas) tinham sido contactado… tanta mentira de tanta gente com responsabilidades era impossível. O primeiro-ministro tinha dito que não fora informado sobre se o SIS tinha sido contactado e depois Galamba coloca o chefe do Governo como mentiroso ao anunciar que informou António Costa.
Por outro lado, a triste figura que fez a chefe de Gabinete de João Galamba deixou o país atónito quando se ficou a saber que no interior de um Ministério passam-se, segundo a senhora afirmou, cenas de pugilato, gritos, encerramento de funcionárias na casa de banho, roubo de computador, sequestro do ex-adjunto Frederico Pinheiro e a ilegalidade de contactar as Secretas, quando esta instituição nada tem a ver com factos do foro criminal ou policial. O Governo dá ordens ao SIS? Uma chefe de Gabinete tem poderes para colocar as Secretas a deslocarem-se de noite a casa de um cidadão para reaver um computador? Desculpem, mas eu que sofri na pele as agruras da PIDE (polícia política da ditadura salazarista) penso que a actuação do agente do SIS, que inclusivamente ameaçou Frederico Pinheiro – o qual já anunciou que vai avançar com queixas-crime contra António Costa e João Galamba -, é digna de se assemelhar ao que a PIDE levava a efeito. Tudo foi vergonhoso em directo, através da televisão, para todos os portugueses.
Os partidos políticos, excepto o Socialista, já manifestaram que Galamba é um elemento tóxico no Governo e que deve ser demitido o mais depressa possível. Deputados da CPI chegaram ao ponto de pedir já a audição do primeiro-ministro, porque as trapalhadas e mentiras são mais que muitas. O próprio Presidente da República afirmou aos jornalistas que nada diz por enquanto, mas sublinhou que mantém tudo o que disse há 15 dias. Naturalmente, podemos deduzir que o Presidente Marcelo mantém a ideia que João Galamba não pode ser membro do Executivo, especialmente, pela sua tutela conter casos de elevada importância, como a TAP, a rede ferroviária e a construção do novo aeroporto de Lisboa. A política governamental, com António Costa, a assobiar para o lado e a presenciar o concerto dos Coldplay, ao mesmo tempo em que o seu ministro era ouvido na CPI, demonstra que o pântano em que o país se encontra resulta de não se resolverem os graves problemas sociais do povo e andar-se com palhaçadas circenses em plena plataforma governamental.

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