1º de Maio | Investigação a alegadas pressões a organizador de marcha

O organizador do único pedido para manifestação no Dia do Trabalhador disse que desistiu da marcha depois de ter sido pressionado, através de chamadas e mensagens de WeChat e com a presença de polícia na sede da associação a que preside. Wong Sio Chak diz que as acusações são graves e que a Polícia Judiciária irá investigar o caso

 

“O secretário para a Segurança presta a maior atenção ao assunto, e visto que a alegação do dito cidadão constituiu uma acusação grave para com a polícia, instruiu de imediato a Polícia Judiciária para proceder a uma investigação aprofundada, e tornará público o resultado, caso haja um novo desenvolvimento.” A mensagem divulgada no sábado pelo gabinete do secretário para a Segurança surge na sequência das declarações prestadas por Wong Wai Man, presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e ex-candidato a deputado, que afirmou ter retirado o pedido de manifestação para o Dia do Trabalhador depois de ter sido pressionado pelas autoridades.

Recorde-se que Wong Wai Man foi o único dirigente associativo que apresentou um pedido de manifestação para o passado 1.º de Maio, marcando assim o quarto ano consecutivo em que o Dia do Trabalhador não é assinalado nas ruas de Macau, como vinha sendo tradicionalmente marcado na agenda política do território antes da pandemia.

Em declarações ao HM, Wong Wai Man já havia reconhecido que teria retirado o pedido por temer que a manifestação fosse aproveitada para outros propósitos. “Depois de considerar os interesses gerais de Macau e o impacto para a sua imagem, optei pela estabilidade [para o território]. Se fizesse uma manifestação estava a entrar em conflito com o interesse público, e o interesse público deve prevalecer sobre os interesses privados”, contou.

As declarações de Wong Wai Man, citadas pelo jornal All About Macau, foram prestadas à margem da entrega de uma carta na Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego devido aos congestionamentos de trânsito na zona da Pérola Oriental.

Companhia constante

Wong Wai Man afirmou que cerca de duas horas depois de ter apresentando o pedido de manifestação para o Dia do Trabalhador, com a intenção de chamar a atenção para o problema do desemprego, recebeu uma chamada telefónica anónima a avisar que membros dos Falun Gong estariam na sede da associação a que preside.

O alerta fez com que Wong Wai Man se deslocasse com urgência à sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, na Areia Preta. Quando lá chegou, terá encontrado quatro pessoas a jogar mahjong e agentes da polícia a pedir identificações.

Passados alguns dias, o dirigente alega que, “pelo menos, sete ou oito polícias à paisana” passaram a rondar o edifício. Além disso, Wong Wai Man afirma ter sido seguido e recebido mensagens de um agente policial via WeChat a questionar as suas intenções para o pedido de manifestação. Face a este cenário, o dirigente acabou por anular o pedido de marcha para o 1.º de Maio.

O gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, voltou a repetir o cumprimento da lei e o respeito pelas liberdades e direitos consagrados na Lei Básica. “As autoridades da segurança reiteram que os direitos e interesses legais são protegidos pela lei, e a Polícia tem sempre respeitado os direitos de reunião e manifestação, procedendo aos avisos das actividades nos termos da lei, no sentido de assegurar a liberdade do exercício dos direitos fundamentais dos residentes, bem como defender efectivamente a ordem e segurança pública”, é assinalado.

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