China / ÁsiaII Guerra | Seul pondera criar fundo para apoiar trabalhadores forçados por empresas japonesas Hoje Macau - 12 Jan 2023 O Governo da Coreia do Sul anunciou hoje estar a considerar a criação de um fundo doméstico para compensar os coreanos forçados a trabalhar para empresas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. O plano, revelado durante uma audiência pública organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, foi recebido com duras críticas pelos antigos trabalhadores forçados e seus representantes legais, que exigiram que as indemnizações viessem do Japão. Uma dirigente do ministério, Seo Min-jung, disse que a prioridade é providenciar as compensações o mais rápido possível, lembrando que muitas vítimas de trabalho forçado já estão mortas e que a maioria dos sobreviventes tem mais de 90 anos. Seo, diretora do ministério para a Ásia Pacífico, disse que os pagamentos poderiam ser geridos pela Fundação para Vítimas de Mobilização Forçada do Japão Imperial, com sede em Seul. Shim Kyu-sun, presidente da fundação, disse que as indemnizações poderiam ser financiadas por empresas sul-coreanas que beneficiaram de assistência económica japonesa quando os dois países normalizaram os laços diplomáticos na década de 1960, incluindo a gigante do aço POSCO. Tribunais coreanos condenaram em 2018 empresas japonesas a pagar indemnizações a antigos trabalhadores forçados coreanos. Gigantes japonesas como a Nippon Steel e a Mitsubishi Heavy Industries recusaram-se a cumprir as decisões judiciais. Mas Seo Min-jung disse que “as empresas japonesas reduziram grande parte de sua atividade económica na Coreia do Sul e retiraram ativos, por isso nem está claro se um processo de liquidação seria suficiente para compensar os demandantes”. A dirigente ministerial disse ainda que funcionários do governo irão encontrar-se pessoalmente com as vítimas e familiares para explicar os planos de pagamento e obter o seu consentimento. Seo admitiu que seria “impossível” obrigar as empresas japonesas a desculparem-se pelo trabalho forçado, que por décadas foi uma das principais causas do impasse diplomático entre a Coreia do Sul e o Japão. “Seria importante que o Japão sinceramente mantivesse e herdasse as comoventes expressões de desculpas e remorso que já expressou no passado”, disse a dirigente. O Presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol, um conservador que assumiu o cargo em maio, reuniu-se com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida em novembro. Na primeira reunião entre os chefes de governo dos dois países em três anos, ambos expressaram o compromisso de resolver rapidamente questões bilaterais “pendentes”, numa referência implícita à disputa do trabalho forçado. A Coreia do Sul e o Japão mantêm disputas decorrentes da ocupação colonial japonesa, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, nomeadamente devido à escravidão sexual vivida por mulheres sul-coreanas e imposta por soldados japoneses.