Compras da China à Rússia mais do que duplicam

Embora o comércio externo chinês tenha contraído, em Outubro, face ao enfraquecimento da procura global e ao peso das medidas de prevenção epidémica sobre o consumo doméstico, as trocas com a Rússia mais do que duplicaram, num claro aproveitamento sínico dos descontos russos

 

As exportações chinesas caíram, no mês passado, 0,3 por cento, em relação ao período homólogo, para 298,4 mil milhões de dólares, abaixo do crescimento de 5,7 por cento registado em Setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país.

A mesma fonte informou que as importações registaram uma queda homóloga de 0,7 por cento, para 213,4 mil milhões de dólares, em comparação com a expansão de 0,3 por cento alcançada no mês anterior.

O excedente comercial da China subiu 0,9 por cento, para 85,2 mil milhões de dólares, no mês passado.

As importações oriundas da Rússia, sobretudo petróleo e gás, mais do que duplicaram, aumentando 110,5 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 10,2 mil milhões de dólares.

A China pode comprar energia à Rússia sem entrar em conflito com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Europa e Japão. Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Isto causa fricções com Washington e países aliados, ao aumentar o fluxo de caixa de Moscovo e limitar o impacto das sanções.

Os analistas esperavam já que o comércio chinês enfraquecesse, à medida que a procura global diminui, face ao aumento das taxas de juro na Europa e Estados Unidos.

 

Medidas sem fim

A nível doméstico, a procura continua a ser afectada pelas medidas de prevenção epidémica, que incluem o bloqueio, parcial ou total, de várias cidades, o que interrompe a actividade económica e confina milhões de pessoas nas suas casas durante semanas a fio.

O PIB chinês aumentou 3,9 por cento, no terceiro trimestre, em relação ao ano anterior, depois de ter crescido 2,2 por cento, nos primeiros seis meses de 2022.

Mas os analistas dizem que a actividade está a enfraquecer, à medida que as medidas de confinamento se tornam mais frequentes, em resposta ao aumento do número de casos em dezenas de cidades do país.

“A economia voltou a desacelerar, em Outubro, devido a medidas mais rígidas de prevenção contra a covid-19, bem como à queda da procura externa”, afirmou Larry Hu, da empresa de serviços financeiros australiana Macquarie Group, num relatório.

As exportações para os Estados Unidos aumentaram 35,3 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 47 mil milhões de dólares, apesar da prolongada guerra comercial e tecnológica entre os dois países, que resultou na imposição de taxas alfandegárias punitivas por ambos os lados. As importações de bens norte-americanos aumentaram 52,4 por cento, para 12,8 mil milhões de dólares.

O excedente comercial da China com os Estados Unidos, que é politicamente sensível, aumentou 29,9 por cento, para 34,2 mil milhões de dólares.

As exportações para os 27 países da União Europeia aumentaram 5,5 por cento, para 44,1 mil milhões de dólares, enquanto as importações de produtos europeus encolheram 15,5 por cento, para 21,4 mil milhões de dólares. O excedente comercial da China com a UE aumentou 38,1 por cento, para 22,7 mil milhões de dólares.

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