Surto | Origem em produto importado foi hipótese por exclusão de partes

Dois dias depois de Alvis Lo ter dito que a origem do surto esteve relacionada com produtos importados, Leong Iek Hou deu a entender que essa explicação terá surgido por exclusão de partes e relativizou estudos científicos que apontam para a baixa possibilidade de contaminação através de objectos. Escolas deixam de ter postos de testagem. Compra de vacinas para crianças com menos de cinco anos em negociação

“A Organização Mundial de Saúde diz que não há provas que o vírus possa ser transmitido através de um objecto causando um grande surto epidémico. É verdade que a maior parte dos surtos epidémicos dizem respeito à contaminação entre pessoas.  Mas será que o objecto não contaminar uma pessoa? Eu acredito que existe essa possibilidade se uma pessoa tocar num objecto contaminado.” Foi desta forma que Leong Iek Hou, do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus respondeu depois de confrontada com as orientações da Organização Mundial de Saúde e estudos científicos que indicam a baixa hipótese de um surto pandémico ter como origem um objecto infectado.

Recorde-se que no domingo, Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde, afirmou que o “surto não foi causado por pessoas vindas do exterior (…) mas sim pela importação de produtos”.

No passado dia 12 de Julho, a Comissão Nacional de Saúde da China indicou que os governos locais da China iam deixar de fazer testes à covid-19 em produtos importados, excepto congelados. Estudos revelam que os vírus têm um tempo de sobrevivência curto na superfície da maioria dos objectos à temperatura ambiente e, portanto, “as medidas devem ser actualizadas”, referira na altura a Comissão Nacional de Saúde.

Segundo o portal da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Internet, “não há provas até ao momento de vírus que causam doenças respiratórias serem transmitidos através de comida ou embalagens de comida”. “Os coronavírus não conseguem multiplicar-se em comida; precisam de um hospedeiro animal ou humano para se multiplicar”, referiu a OMS.

Face a esta informação, a médica e coordenadora da autoridade que dirige o combate à pandemia inferiu não existir consenso científico quanto à matéria.

“Na nossa perspectiva, como podemos observar com a gripe sazonal, quando uma pessoa contacta com um objecto pode ser contaminada, isto é uma prova científica. Mas quanto tempo permanece o vírus nos produtos. Existem muitos tipos diferentes de estudos. Por exemplo, temos de ver de que tipo de materiais estamos a falar, há diferentes estudos. São necessárias muitas provas e estudos para observar a carga viral e quanto tempo o vírus pode permanecer no objecto”, afirmou.

A coordenadora revelou que as autoridades tiveram em conta para a investigação epidemiológica as pessoas infectadas no estrangeiro, os chamados casos importados. “Nenhum deles tinha sido infectado pela variante BA 5.1, portanto, se não foi por através de pessoas, provavelmente terá sido por objectos ou produtos”, acrescentou.

Porém, confessou que nunca foi encontrado o objecto ou produto que esteve na origem do surto, e que o mesmo já poderá ter sido destruído, da mesma forma que se “tiver sido uma pessoa, essa já pode ter saído de Macau”.

Com outros testes

Foi também ontem anunciado que as instalações do Pavilhão C da Nave Desportiva suspenderam as funções no combate à pandemia, por ter deixado de existir a necessidade de acolher pessoas.

Outra novidade da conferência de imprensa de ontem, foi a desactivação dos postos de testagem nas escolas de Macau. No total, foram suspensos 11 locais que estavam até ontem ao serviço dos testes de ácido nucleico, sendo substituídos por oito postos ao ar-livre e três postos gerais no pavilhão desportivo do Tap Seac, Centro de Actividades Juvenis da Areia Preta e no Posto de Saúde Provisório de Seac Pai Van.

Os postos nos bairros vão estar espalhados por locais como o Jardim da Areia Preta e outro junto ao Centro de Inspecção de Motociclos, no Parque de Lazer da Rua 4 do Iao Hon, zona de lazer da Rua da Missão de Fátima, Travessa do 1.º de Maio, Parque do Iao Hon, zona de lazer do Templo do Bazar e o toldo branco da Avenida Panorâmica.

Realidade futura

O médico adjunto da direcção do hospital Conde São Januário, Lei Wai Seng, revelou que “o objectivo é que no futuro todas as zonas tenham os respectivos postos e que os cidadãos se desloquem a pé para fazer o teste. Por exemplo, se precisam passar a fronteira, ou se tiverem uma profissão de alto risco”. Para já, as autoridades vão analisar se a quantidade de postos é suficiente, mas o caminho a seguir será o estabelecimento de postos de pequena dimensão para “prestar um serviço mais conveniente”, mas alertaram que é necessário primeiro fazer a marcação do teste antes da deslocação ao local.

As autoridades revelaram ainda que Macau está a tentar comprar lotes de vacinas contra a covid-19 especialmente concebidas para crianças entre seis meses e cinco anos. “Já contactámos a BioNTech, mas ainda não sabemos quando recebemos as vacinas de mRNA”, confirmou ontem Leong Iek Hou.

Foi ainda confirmada a continuação da exigência de vacinação completa contra a covid-19 a todos os passageiros que queiram viajar do estrangeiro para Macau. “Se não se vacinarem, não reúnem condições sequer para embarcar no voo de regresso a Macau”, mesmo que sejam residentes, reiterou Leong Iek Hou.

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