China / Ásia MancheteChina pede aos bancos que apoiem sector imobiliário Hoje Macau - 19 Jul 2022 DR A China pediu aos bancos que concedam mais crédito às construtoras do país que enfrentam dificuldades, devido ao crescente número de proprietários que recusam pagar a prestação dos imóveis, agravando a crise de liquidez no setor. Proprietários de habitações na China, cuja obra ficou inacabada devido à situação precária das construtoras, estão a recusar pagar as prestações dos imóveis, disseram fontes do setor. “A lista [de projetos afetados] duplicou nos últimos três dias”, apontaram, num relatório, analistas do banco de investimento norte-americano Jefferies, estimando um défice para as construtoras em 388 mil milhões de yuans. As pré-vendas são a maneira mais comum na China de vender imóveis. A recusa em pagar as prestações é particularmente preocupante, porque ameaça também o sistema financeiro. O regulador instou os bancos, no domingo, a “atender às necessidades de financiamento razoáveis dos negócios imobiliários”. É essencial “fazer um bom serviço de atendimento ao cliente […] para honrar contratos, cumprir compromissos e proteger os legítimos direitos e interesses dos compradores”, sublinhou o regulador bancário e de seguros, citado pela imprensa estatal. O setor imobiliário e a construção pesam mais de um quarto no PIB (Produto Interno Bruto) da China e foram um importante motor do crescimento económico do país nas duas últimas décadas. Para reduzir os níveis de alavancagem no setor, no ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70 por cento na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor. Nos últimos meses, as construtoras Sunac e Shimao tornaram-se as mais recentes construtoras chinesas a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cujo passivo supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal. A crise da Evergrande, a maior construtora da China, está a penalizar indiretamente os seus concorrentes, com os compradores a mostrarem-se cada vez mais relutantes em investir em imobiliário. As incertezas ligadas à covid-19, que pesam na renda das famílias, também estão a afetar o setor. A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.