Pequim acolhe cimeira entre a China e cinco países da Ásia Central

O Presidente chinês presidiu ontem em Pequim a uma cimeira virtual com os líderes da Ásia Central. Na mesa esteve a influência desestabilizadora do Ocidente e a promessa de mais cooperação, num momento em que se diz ter-se atingido, nas relações diplomáticas, económicas e políticas, um “máximo histórico”

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, disse nesta terça-feira que “as chaves para a cooperação bem-sucedida entre a China e cinco países da Ásia Central (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão) são respeito mútuo, boa vizinhança e amizade, solidariedade e benefício mútuo”. Xi fez as observações numa cimeira virtual em comemoração do 30º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e cinco países da Ásia Central.

“Os quatro princípios são valiosas experiências e riqueza compartilhada para os países, e servem como garantias políticas para relações estáveis e duradouras entre a China e os cinco países, bem como a fonte de força para trocas amigáveis no futuro”, disse Xi.

O Presidente chinês disse ainda que a China está pronta para trabalhar com os países da Ásia Central na construção de uma comunidade mais próxima com um futuro compartilhado.

Por seu lado, os líderes dos cinco países da Ásia Central disseram que estão “ansiosos para ir à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022”, na próxima semana.

A primeira grande acção

A cimeira foi a primeira grande acção diplomática da China na Ásia Central este ano e a primeira reunião de chefes de Estado entre a China e os cinco países da Ásia Central. “A cimeira tem grande significado para todas as partes por resumir as realizações e experiências nas relações China-Ásia Central, e procurar coordenação e fazer planos para uma futura cooperação bilateral em toda a linha num novo ponto de partida histórico”, disse Zhao Lijian, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

“A cimeira irá também adoptar e divulgar uma declaração conjunta dos líderes no 30º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas”, disse Zhao, acrescentando que as relações entre a China e os países da Ásia Central atingiram “um máximo histórico”.

“A cooperação tem produzido resultados e avanços históricos e icónicos, dando o exemplo de um novo tipo de relações internacionais e contribuindo para a construção de uma comunidade de futuro comum para a humanidade”, concluiu Zhao.

“A China está disposta a trabalhar com os países da Ásia Central para levar por diante o passado e forjar o futuro, continuar a aprofundar a confiança mútua política e expandir a cooperação em todas as frentes, de modo a melhorar ainda mais a relação e levá-la a novos patamares”, disse Zhao.

Graças ao sucesso das últimas décadas, especialistas previram que os dois lados teriam uma cooperação mais profunda em matéria de comércio, energia e intercâmbios interpessoais, para melhorar a coordenação em assuntos internacionais no momento histórico em que as situações regionais e internacionais estão a ter grandes mudanças.

Pan Zhiping, director do Instituto da Ásia Central na Academia de Ciências Sociais de Xinjiang, disse que as relações da China com cada um dos cinco países e a região como um todo estão a desenvolver-se solidamente.

Laços a múltiplos níveis

A China e os países da Ásia Central forjaram laços sólidos no quadro da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), que acaba de celebrar o seu 20º aniversário. A China também construiu parcerias estratégicas com o Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão.

“A confiança mútua política de alto nível e os frequentes intercâmbios de alto nível tornaram as relações China-Ásia Central resilientes à instigação e às tentativas de atrair a discórdia”, disseram os especialistas, insinuando o papel dos EUA na região.

Graças a essa confiança mútua entre a China e os países da Ásia Central, Pan apontou uma cooperação frutuosa em múltiplos campos, muitos deles centrados na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” na qual a Ásia Central desempenha um papel fulcral, citando como exemplo os comboios de mercadorias China-Europa.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” foi proposta pela primeira vez na Ásia Central, durante a visita do Presidente Xi ao Cazaquistão em 2013. Em 2020, 91% dos 900.000 contentores que o Cazaquistão transportou foram para comboios de mercadorias China-Europa, informou a agência de notícias Xinhua.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Comércio chinês, o comércio entre a China e os cinco países saltou de menos de 500 milhões de dólares há 30 anos para 50,1 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 100 vezes.

Existem múltiplas áreas onde a China e a Ásia Central podem aprofundar a cooperação, incluindo a redução da pobreza, a prevenção de pandemias, a segurança dos cereais e o financiamento do desenvolvimento, disseram os peritos, observando que a China também pode trabalhar em mais projectos de infra-estruturas com o Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão.

Durante a pandemia, a China não só enviou fornecimentos médicos e equipas de peritos para a Ásia Central, como também forneceu vacinas, em termos de doses reais, bem como de capacidades de produção. Em Setembro de 2021, uma linha de produção de COVID-19 de Anhui Zhifei Longcom começou a fabricar no Uzbequistão, com uma capacidade anual de 100 milhões de doses, informou a Xinhua.

Conter a influência do Ocidente

Segundo especialistas, a China e a Ásia Central têm uma tradição de comunicação desde a antiga Rota da Seda, e o espírito de diálogo entre civilizações foi herdado, com ambos os lados a respeitarem a cultura e o caminho de desenvolvimento um do outro. As duas partes estão a coordenar estreitamente os assuntos regionais, nomeadamente, a questão do Afeganistão, bem como outras ameaças à paz e segurança regionais.

Na sequência da recente agitação em grande escala no Cazaquistão que ameaçou a paz regional, a China expressou vontade de apoiar firmemente o governo na manutenção da estabilidade e no fim da violência no momento crítico relativo ao futuro do Cazaquistão.

Yang Jin, um investigador associado do Instituto de Estudos Russos, da Europa Oriental e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que “apesar dos EUA e o Ocidente investirem e gastarem esforços nestas áreas para competir com a Rússia e conter a China, a Ásia Central trabalharia no sentido de estreitar as relações com a Rússia e estaria atenta à interferência dos EUA e do Ocidente”.

Pan disse que a Rússia tem uma forte influência na Ásia Central. “As melhores relações de sempre China-Rússia e uma boa coordenação também abriram o caminho para a estabilidade e desenvolvimento das relações China-Ásia Central, e as três partes podem lidar conjuntamente com os desafios, quer se trate de infiltração dos EUA ou de forças terroristas regionais”, disse Pan.

Na segunda-feira, os meios de comunicação quirguizes noticiaram que o Presidente quirguize Sadyr Zhaparov visitará a China de 3 a 5 de Fevereiro, durante a qual participará na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, informou a agência de notícias do Quirguizistão AKIpress.

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