Covid-19 | Restauração em Macau já sofre com novos sete casos registados em quatro dias

[dropcap]O[/dropcap]s sete novos casos da Covid-19 registados desde segunda-feira em Macau já estão a ter impacto económico na restauração no território, disseram hoje à Lusa proprietários de restaurantes, que estavam a recompor-se da perda dramática de clientes.

“Depois dos 40 dias sem casos em Macau estávamos a notar [uma] subida, as pessoas já tinham mais confiança de sair de casa e tudo, mas, desde segunda-feira, com o [primeiro] caso importado, nós notámos logo no dia a seguir (…) uma quebra drástica”, disse Vanessa Santos, do restaurante italiano “Bella Taipa”.

“Tem sido um processo muito lento, estávamos a recomeçar quando começámos ultimamente a ter casos importados. (…) As pessoas retraem-se em casa com estes novos casos”, salientou também Eusébio Tomé.

O proprietário do restaurante português “A Petisqueira” mostrou-se convicto, contudo, de que, com as novas medidas, que praticamente fecharam as fronteiras, “e não existindo mais casos, [a situação] volta a normalizar”, estimando que a recuperação pode demorar mais um, dois meses.

Em Fevereiro, o fecho dos casinos por 15 dias, a paralisação quase total da economia, as ruas desertas de gente, refugiada em casa, roubou clientela aos restaurantes, que fecharam portas numa tentativa desesperada para reduzir os prejuízos que o Governo tentou também atenuar ao anunciar a distribuição de vales de consumo destinados a tirar do ‘coma’ o comércio local.

Ambos os proprietários expressaram alguma esperança na bondade da medida junto da restauração. Vanessa Santos, que arrancara “em força” em 2020, com eventos programados, reservas de casamento e de aniversários, bem como de jantares empresariais, mas que viu tudo cancelado ou adiado, classificou a medida governamental de “excelente”.

Já Eusébio Tomé disse que os vales de três mil patacas atribuídos aos residentes, para serem gastos em três meses no comércio local constituem uma medida positiva e “é melhor que nada” porque “põe liquidez no mercado”, mas ressalvou que pode ser “insuficiente face à magnitude do problema”, defendendo que, “provavelmente, vão ter de aumentar esse valor”.

A crise de clientes alimentou novas apostas. No “Bella Taipa”, por exemplo, aproveitou-se o negócio mais parado para criar novos menus, para reforçar a formação dos funcionários, mas também para imaginar uma nova estratégia: serviço de ‘takeaway’ e a disponibilização de reservas de seis salas privadas para aqueles que não se sintam confortáveis por partilharem o mesmo espaço com os restantes clientes.

O reforço nos cuidados de limpeza, a utilização generalizada de máscaras por parte dos funcionários e a disponibilização de líquido desinfetante fazem já parte das rotinas dos restaurantes.

O impacto económico severo desde o final de Janeiro levou a que o dono de “A Petisqueira” solicitasse a redução da renda, valor que baixou para metade, mas ainda assim insuficiente para fazer face às despesas já assumidas.

A pressão financeira foi dramática, mas Eusébio Tomé diz ter traçado um limite ético: “Não mandámos ninguém embora, não fizemos nada disso, estamos a aguentar, é uma questão moral. Melhores dias virão, neste momento estamos a correr um risco, mas pensamos agir assim porque estamos a fazer o bem para todos”.

Em sintonia, Vanessa Santos partilhou o que ainda hoje disse aos funcionários, face ao novo sobressalto esta semana nas salas do “Bela Itália”: “Disse-lhes para estarem tranquilos (…), para não entrarem em pânico, que tudo se vai solucionar. O salário está assegurado e não vamos mandar ninguém para casa, aqui não fazemos isso”.

Depois de 40 dias sem novos casos da Covid-19, Macau registou entre segunda-feira e hoje sete novos casos importados, a maioria trabalhadores não-residentes, razão que terá motivado o reforço das restrições à entrada no território.

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