Dóci Papiaçám di Macau | Balanço muito positivo de 25 anos de existência

O grupo de teatro Dóci Papiaçám di Macau nasceu em 1993. No momento em que comemora os 25 anos da sua criação, o balanço feito pelo seu fundador, Miguel de Senna Fernandes, é “muito positivo”

 

[dropcap]“D[/dropcap]óci Papiaçám di Macau é mais do que um clubismo, é um fenómeno”. É assim que o fundador do grupo de teatro, Miguel de Senna Fernandes, se refere à companhia que criou e que comemora este ano 25 anos de existência.

Constituída na sua totalidade por pessoas sem formação em dramaturgia ou teatro, é com a prática, a perseverança e muita diversão que o grupo se mantém, acrescentou.

Para o responsável, o grupo consegue, 25 anos depois da sua origem, concretizar-se como “um movimento e um verdadeiro palco em que é possível a intervenção de muitas culturas”, até porque cada espectáculo que trazem a cena acaba por ser uma reunião de pessoas de “várias etnias, classes sociais, com sensibilidades diferentes, e de diferentes idades”. Em suma, de acordo com Senna Fernandes, o Dóci Papiaçám di Macau representa o que Macau é na realidade: “um lugar comum a muitas pessoas diferentes”.

Em alta

Destes 25 anos de actividade o balanço não podia ser melhor. “Julgo que nós em 25 anos construímos algo de muito positivo”, disse, “não só para Macau mas para as diferentes comunidades que vivem no território”. “Hoje em dias as pessoas que estão ligadas às artes performativas no território não podem ignorar Dóci Papiaçám di Macau. É um mérito alcançado por uma equipa que está de parabéns”, sublinhou.

O sentimento que marca o também encenador da companhia, tendo em conta estes 25 anos de existência, é de gratidão. Para Senna Fernandes o sucesso não seria possível se não fosse a colaboração de todos os que dedicam o seu tempo, ao projecto.

De entre os elementos do grupo, Miguel de Senna Fernandes destacou os actores amadores que se têm revelado “verdadeiros talentos em palco”.

Língua ressuscitada

O grupo de teatro local faz questão de ter todas as suas peças faladas no dialecto local, o patuá. No entanto, para Miguel de Senna Fernandes há que ser humilde e considerar que o Dóci Papiaçám di Macau, não deve ser visto como uma referência linguística, mas sim como uma referência no panorama das artes do espectáculo no território.

Apesar de não ter como ambição pôr as pessoas a falar o dialecto, o responsável admite que o trabalho que tem sido feito pelo grupo de teatro tem resultado no “renascimento do patuá”. “Temos que reconhecer que o grupo despertou um novo interesse pelo dialecto e por diferentes modos de expressão”, apontou. “Não é por acaso que hoje em dia muitas pessoas se dedicam ao estudo do patuá, ao estudo da comunidade macaense e às coisas que caracterizam Macau”, explicou, sendo que considera que o Dóci Papiaçám di Macau “teve um papel importantíssimo neste ‘redespertar’ do interesse por estas coisas”.

Entre as memórias deste quarto de século, sobressaem os momentos em que o grupo tem sido apreciado e reconhecido pelo seu trabalho. Exemplos disso, recordou Senna Fernandes, são a atribuição da medalha de mérito Cultural e do prémio de identidade. “Depois, claro, todos os momentos altos são os espectáculos que contam sempre com casa cheia”, referiu.

As horas menos felizes também existem, mas comparadas às que trouxeram alegrias, acabam por ser relegadas para segundo plano, rematou o responsável.

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