China / ÁsiaChina | Construção de complexo turístico causa morte de 6.000 esturjões Hoje Macau - 20 Nov 2018 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas estão a investigar a morte de 6.000 peixes da espécie esturjão-chinês, que está em perigo de extinção, alegadamente devido à construção de um complexo eco-turístico próximo de uma zona de criação. Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, os cerca de 6.000 peixes morreram numa zona de exploração piscícola, em Jingzhou, na província de Hubei. Citado pelo jornal, o gabinete provincial para as pescas afirmou que as mortes estão “directamente relacionadas com os sobressaltos, ruídos e variações nos recursos hídricos”, causados pela construção da zona de eco-turismo de Jinan. As obras, que foram anunciadas em 2016, ficaram marcadas pelos desentendimentos entre o governo local e a promotora, que face à falta de um acordo compensatório recusou alterar a localização do complexo turístico. Citado pela imprensa local, um dos responsáveis pela área de criação afirmou que as obras se transferiram para um terreno ainda mais próximo, o que provocou nos peixes uma “angústia crescente” e a contaminação do lago que utilizavam como fonte de água. O ministério chinês da Agricultura apelou já às autoridades que façam tudo o que estiver ao seu alcance para garantir a segurança da espécie, segundo o SCMP. Tesouro raro Considerado um “tesouro nacional”, junto com o panda, o esturjão-chinês, cujo nome científico é ‘acipenser sinensis’, encontra-se em perigo critico de extinção, devido à poluição, pesca excessiva e construção de barragens no país. A espécie, com origem no Yangtzé, o maior rio na Ásia, é um dos seres vivos mais antigos do planeta. Estima-se que exista há 140 milhões de anos, desde o período do cretáceo, quando havia ainda dinossauros na Terra. A China lançou, nos anos 1980, um programa para criação em cativeiro, quando restavam apenas 200 exemplares em liberdade. No entanto, a sobrevivência do esturjão-chinês no Yangtzé continua a ser um desafio. Em 2005, as autoridades chinesas libertaram mais de 10.000 crias e 200 exemplares adultos, criados em cativeiro, mas passados dois anos, apenas 14 restavam no rio. O esturjão-chinês, que pode ter até cinco metros de comprimento, e que é muito vulnerável ao ruído, condições do meio-ambiente e feridas causadas pelos barcos, poderá desaparecer, como sucedeu ao golfinho do Yangtzé em 2007. O próprio Presidente chinês, Xi Jinping, alertou, em Abril passado, que o Yangtzé se converteu num “deserto” de peixes, devido à poluição das águas.