Grupo de arquitectos entrega carta ao Instituto Cultural para salvar Edifício Rainha D. Leonor

Pelo seu valor e impacto na malha urbana de Macau. Estes são alguns dos argumentos de um grupo de arquitectos locais em defesa da classificação do Edifício Rainha D. Leonor. Causa que justificou a entrega de uma petição, com 610 assinaturas, ao Instituto Cultural

 

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m grupo de arquitectos locais encabeçado pela deputada Agnes Lam entregou, na sexta-feira uma carta assinada por 610 pessoas ao Instituto Cultural (IC) a defender a instauração de um processo de classificação do Edifício Rainha D. Leonor. O objectivo é salvar a construção, que é considerada pelos presentes um exemplo da arquitectura moderna de Macau.

“Entregámos uma carta ao Instituto Cultural com 610 assinaturas que recolhemos nas últimas semanas. Queremos que o Governo volte a analisar a questão do Edifício Rainha D. Leonor e que considere a hipótese de ser mantido como um exemplo de património, no futuro”, disse a deputada, após a entrega do documento. Na carta, além das 610 assinaturas, constam igualmente as razões do ponto-de-vista técnico que justificam a classificação.

Na entrega da carta ao IC, entidade responsável pelos processo de classificação do património, esteve também presente o arquitecto João Palla. O profissional do sector destacou a relevância da construção “na malha urbana” de Macau.

“A ideia da entrega de uma carta parte de um conjunto de cidadãos que visa o mesmo interesse: pedir a classificação do Edifício Rainha D. Leonor. Juntamos a essa carta uma lista com uma petição, que neste momento tem 610 assinaturas”, começou por dizer o arquitecto. “Esperamos que seja aberto um processo de classificação do edifício, pelo valor arquitectónico, pela relevância que tem, e teve, para a cidade, não só por si, mas pela importância na malha urbana”, sublinhou.

 

Uma lista maior

Por outro lado, a deputada Agnes Lam expressou ainda o desejo que este movimento de classificação do Edifício Rainha D. Leonor leve o Governo a criar uma lista sobre património mais moderno, que possa ser classificado no futuro.

“O Governo tem feito um bom trabalho na preservação dos prédios antigos, dos templos e igrejas, assim como das partes antigas da cidade, principalmente entre as áreas classificadas pela UNESCO”, apontou a legisladora. “Mas em relação às partes mais modernas da cidade acho que o trabalho ainda não começou. O Governo precisa de ser mais activo a identificar património que tem potencial para ser classificado no futuro”, frisou.

Contudo, a deputada admitiu que há vários desafios na criação de uma lista de edifícios mais modernos para serem classificados: “Muitas vezes é difícil convencer as pessoas que vivem nos edifícios que há valor arquitectónico para a classificação”, notou.

O projecto de alteração ao edifício Rainha D. Leonor, propriedade da Santa Casa da Misericórdia (SCM), foi anteriormente discutido no seio do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) e o IC mostrou-se contra a classificação. Por sua vez, António José de Freitas, provedor da SCM, revelou a vontade de demolir a construção de 1961.

 

 

Só fachada

No que diz respeito ao Hotel Estoril, a deputada Agnes Lam defendeu que apenas devia ser preservada a fachada, incluindo os mosaicos. Quanto ao resto da construção, defende que não tem valor para ser salvo. “No Hotel Estoril acho que a fachada deve ser mantida, até porque faz parte da memória colectiva. Mas no interior, e houve um estudo sobre isso, não há grandes traços que distingam a construção”, admitiu.

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