Expo98: Vulcões e Gil lembram ainda hoje a Exposição Mundial de há 20 anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s vulcões, o Oceanário e a figura do Gil recordam a quem hoje passa pelo Parque das Nações a realização da Exposição Mundial, que há 20 anos centrou as atenções em Lisboa e transformou aquela zona da cidade.

A Expo’98 decorreu entre 22 de maio e 30 de setembro de 1998, teve como tema “O Futuro dos Oceanos” e foi visitada por 9.637.451 pessoas. Só no último dia da exposição, visitaram o recinto 200 mil pessoas.

A área industrial, cheia de contentores e lixo, a parte oriental de Lisboa foi totalmente revitalizada para receber a Expo e transformada num novo bairro quando o evento fechou portas.

Desse tempo permanecem vários equipamentos que mostram apontamentos da Expo aos mais novos e deixam saudades desse tempo aos mais velhos.

Exemplo disso são os icónicos vulcões de água, que faziam as delícias de crianças e adultos de cada vez que explodiam. Depois de alguns anos sem trabalhar, voltaram a jorrar água e, agora, voltaram a ‘explodir’.

A trabalhar sem parar desde 22 de maio de 1998, dia em que a Expo abriu portas, está o teleférico, que faz uma viagem de 1.230 metros ao longo do rio Tejo, entre o Passeio de Neptuno, perto do Oceanário, e o Passeio das Tágides, perto da Torre Vasco da Gama.

Os pavilhões mais emblemáticos da Exposição permanecem até aos dias de hoje em atividade, como é o caso do Altice Arena, que era o Pavilhão da Utopia.

Quando a Expo terminou foi transformado numa sala de espetáculos e eventos, e batizado de Pavilhão Atlântico, tendo sido vendido em 2013 ao Consórcio Arena Atlântico, que lhe mudou o nome para Meo Arena. Entretanto, foi rebatizado e atualmente chama-se Altice Arena.

Permanecem também o Oceanário, o Teatro Camões, o Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva (que era o do Conhecimento dos Mares), o Casino de Lisboa (era o Pavilhão do Futuro), a Torre Vasco da Gama, que foi um restaurante durante a exposição e é agora um hotel, e três bonecos do Gil espalhados pelo Parque das Nações.

O ex-líbris da exposição – o Pavilhão de Portugal, desenhado pelo premiado arquiteto Siza Vieira – continua sem destino certo. Depois de ter recebido eventos e de servir de apoio ao Altice Arena, foi recentemente vendido à Universidade de Lisboa, que pretende revitalizá-lo.

Em declarações à Lusa, Carlos Ardisson, da associação de moradores ‘A Cidade Imaginada Parque das Nações’, disse esperar que “finalmente seja dado um uso digno ao pavilhão”, porque “é uma pena que uma estrutura com aquela beleza e a qualidade não esteja a ser utilizada e não tenha sido utilizada durante 20 anos”.

Completamente abandonada está a antiga Praça Sony, que recebeu concertos e espetáculos.

Carlos Ardisson explicou à Lusa que o espaço foi dividido em dois lotes, um dos quais (onde estava o ecrã gigante) pertence à Feira Internacional de Lisboa (FIL) e está vazio. O outro ia ter um hotel, mas as obras pararam quando “surgiu a crise financeira que afetou o país e ainda não houve a retoma dos trabalhos”.

“O terreno está vedado, é um buraco, um lago de águas estagnadas, com problemas de mosquitos e coisas assim. Esperemos que seja só isso”, disse o representante dos moradores.

Para lembrar a atividade industrial que existia naquela zona antes da Exposição Mundial ficou a Torre da Galp, da primeira refinaria portuguesa – a Refinaria de Cabo Ruivo –, que se encontra na parte sul do Parque das Nações.

Vinte anos depois, Oceanário está “mais natural” e ultrapassou expectativas

O Oceanário de Lisboa, inaugurado por altura da Expo’98, está atualmente “mais natural, com todos os animais a viverem em equilíbrio”, e “ultrapassou fortemente tudo o que era esperado em 1998”, disse à agência Lusa o diretor executivo (CEO).

Há precisamente 20 anos, Lisboa foi palco, ao longo do verão, de uma exposição mundial cujo tema foi “Os oceanos, um património para o futuro”, a Expo’98, que abriu portas no dia 22 de maio.

Nesse âmbito, nasceu o Oceanário de Lisboa, que desde essa altura leva miúdos e graúdos num mergulho pelos mares e habitats, entre peixes, pinguins, tubarões, aves ou lontras marinhas.

Desde que abriu portas, este equipamento situado na zona oriental de Lisboa, rodeado pelo rio Tejo, mudou em vários aspetos, disse à agência Lusa o CEO, João Falcato.

“Eu julgo que quem visita hoje o Oceanário, e quem visitou há 20 anos, encontra um ecossistema muito mais equilibrado, muito mais natural, com todos os animais a viverem em equilíbrio, e consegue-se visionar muito bem o que são os oceanos, consegue-se ter uma perceção muito bonita do que é que se passa debaixo de água, que nós normalmente não temos essa possibilidade”, disse o responsável.

E esta é “uma das missões do Oceanário”, acrescenta, “fazer com que um grande número de pessoas perceba como é bonito o oceano debaixo de água”.

Segundo João Falcato, foram ultrapassadas “todas as expectativas”.

“Em quase tudo a que o Oceanário se propôs, ultrapassou fortemente tudo o que era esperado em 1998”, precisou, salientando que em “1998 era uma grande incógnita, como seria o futuro era uma incógnita, […] mas hoje é uma certeza”.

Atualmente, o Oceanário de Lisboa conta com mais de um milhão de visitantes, que todos os anos observam os mais de 26 mil animais (de 500 espécies diferentes), mas os responsáveis destacam que tem capacidade para receber mais.

Um desses animais é a lontra marinha Maré, filha das lontras mais famosas do país, a Amália e o Eusébio, que nasceu 20 dias antes da abertura daquele espaço ao público e da inauguração da Expo98, e que ainda hoje nada de um lado para o outro, de barriga para cima, fazendo as delícias de quem passa.

Mas o total de animais à data da inauguração era bem diferente.

Segundo, Elsa Santos, bióloga supervisora das galerias, o Oceanário contava há duas décadas com oito mil animais, número que tem vindo a aumentar devido “a uma evolução a nível das próprias técnicas” e dos “equipamentos de manutenção que têm evoluído e que têm permitido sempre uma melhor qualidade da água”.

Também a troca de informações com outras instituições envolvidas na conservação dos oceanos e a interação entre os aquários “tem permitido a evolução ao longo dos anos”, explicou Elsa Santos.

“O Oceanário tem-se distinguido ao longo dos anos e nós podemos também perceber isso por todo este caminho que o Oceanário tem tido desde a Expo’98, em que era um equipamento de exposição, até hoje em dia, que faz parte de uma fundação tão importante como é a Fundação Oceano Azul, de conservação dos oceanos”, salientou.

Para o futuro, esta estrutura “espera continuar a cumprir cada vez melhor a sua missão e a sua missão é a conservação dos oceanos”, apontou João Falcato.

“Nós existimos para que quem nos visita perceba que tem um património único, um património pelo qual é responsável também, e se todos nós dermos um pequeno contributo, os nossos filhos e os nossos netos provavelmente vão conseguir ter este oceano melhor, ou tão bom, como hoje. E é isso que o Oceanário pretende fazer cada vez mais no futuro, ter cada vez mais capacidade de influenciar o futuro dos oceanos e contribuir para que este futuro seja um futuro positivo, e não negativo”, acrescentou.

Atualmente, o Oceanário é, na opinião do CEO, “um equipamento de referência a nível nacional”.

“Damos todos os dias o nosso melhor para que assim seja e parece-me que, ao longo dos últimos 20 anos, temos cumprido com a nossa quase obrigação quanto à sociedade portuguesa de trazer o oceano de volta para a vida das pessoas e torná-lo cada vez mais presente”, destacou.

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