PEN Hong Kong expressa consternação quanto ao caso do Rota das Letras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação de escritores PEN Hong Kong diz-se “consternada” com a notícia de que a organização do Festival Literário de Macau – Rota das Letras foi informada de que não estava garantida a entrada no território de três dos autores convidados, divulgou ontem o canal de rádio da TDM.

Num comunicado divulgado na página electrónica da associação, os escritores do território vizinho dizem-se “muito preocupados” com o que classificam de ataque à liberdade de expressão.

A TDM – Rádio Macau pediu uma reacção sobre este caso a vários membros da Associação de Escritores de Macau, também conhecida como Macau Pen Club, mas até agora nenhum se mostrou disponível. Já para a associação de Hong Kong, trata-se de “um desenvolvimento muito preocupante” que “infringe directamente o direito à liberdade de expressão e a expressão literária”.

São direitos que a PEN Hong Kong considera que “devem estar garantidos em Macau e em todo o lado”. No comunicado, a associação de escritores cita as declarações à TDM – Rádio Macau do director de programação do Rota das Letras.

Hélder Beja afirmou que a organização foi informada, “oficiosamente”, de que a presença de Jung Chang, Suki Kim e James Church não era oportuna em Macau e ainda que não estava garantido que os três autores conseguissem entrar no território.

No comunicado da PEN Hong Kong lê-se que “banir autores apenas com base na aceitabilidade política do que escrevem, de acordo com critérios vagos que não são sequer tornados públicos, é um desenvolvimento muito preocupante que não pode ser defendido”.

Cultura limitada

Ao mesmo tempo que reconhece às autoridades de imigração o poder de decidir quem entra em Macau, a associação de escritores apela à Administração do território para que “não use o acesso à cidade como uma ferramenta secreta de controlo político para determinar que tipo de livros são considerados aceitáveis”.

A PEN Hong Kong defende que “ao fazer isso”, as autoridades “não estão apenas a proibir que autores internacionalmente reconhecidos visitem Macau, prejudicando a reputação do território como uma cidade conhecida pelas indústrias culturais e criativas, como também estão a limitar os intercâmbios culturais que os cidadãos podem desfrutar”.

O comunicado descreve essa atitude como “censória” e “autoritária”, o que a PEN Hong Kong diz ser “deplorável”.

Jung Chang, sino-britânica, é autora de “Cisnes Selvagens – Três filhas da China”, e ainda co-autora de uma polémica biografia de Mao Tse-tung. Suki Kim, coreana-norte-americana, passou seis meses infiltrada na Coreia do Norte, e James Church, pseudónimo de um ex-agente dos serviços de inteligência norte-americanos (CIA), é escritor de romances policiais.

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