EventosDavid Lynch | Cinemateca Paixão dedica ciclo ao realizador americano Sofia Margarida Mota - 18 Out 2017 O final do mês vai ser dedicado à obra de David Lynch. A iniciativa é da Cinemateca Paixão que traz ao ecrã uma selecção do melhor que foi feito pelo realizador americano [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão filmes que já integram a visualização obrigatória para qualquer amante de cinema e vão passar no ciclo promovido pela Cinemateca Paixão dedicado ao trabalho de David Lynch. As cinco longas-metragens podem ser vistas ou revistas em Macau, de 28 a 31 de Outubro. “Trata-se de um realizador que pode ser sempre visto ou revisto pela importância que tem”, disse a directora da cinemateca, Rita Wong ao HM. Por outro lado, afirmou, o ciclo “David Lynch, o fazedor de pesadelos” permite trazer ao território uma obra importante e que deve ser de acesso ao público local”. A iniciativa abre com a projecção de “Muholland Drive”, no sábado, 28, pelas 16h. O filme que foi pensado para ser uma série de televisão, conta a história de uma mulher aspirante a actriz e que, entretanto, acaba a ajudar uma outra, que sofre de amnésia, a descobrir a sua identidade. Um mergulho nas contradições e ilusões de Hollywood e do caminho tortuoso entre sucesso e pesadelo. Depois do filme, segue-se uma palestra a cargo de Francisco Lo, editor de inglês no Arquivo de Cinema de Hong Kong. A ideia “é criar um espaço de conversa e de troca de ideias, acerca, não só do filme, como de todo um universo associado às criações do realizador americano”, apontou a Rita Wong. Pelo ecrã da cinemateca vão ainda passar “Eraserhead”, “Twin Peaks, Fire Walk With Me”, “O Homem Elefante” e, claro, “Veludo Azul”. Estrada sempre perdida Apesar de ter a realizado “apenas” 10 longas-metragens, nos últimos 40 anos, David Lynch é já considerado um dos mais influentes cineastas da sua geração. Aos seus filmes está associado um ambiente misterioso, negro e muitas vezes de difícil percepção. Na obra de estreia, “Eraserhead”, Lynch cria “um deserto industrial de escuridão e de ruína “, lê-se na apresentação do evento. O argumento teve como base a sua história pessoal, “o medo e ansiedade que viveu em Filadélfia”, com condições precárias de vida num momento em que tinha acabado de ser pai. O filme não passou despercebido aos que na época já tinham a ribalta do cinema. Stanley Kubrick não escondeu a influência da história de Henry, na realização de “The Shining”. No percurso de Lynch, a Eraserhead segue-se “O Homem Elefante”, uma representação violenta e emocional da fealdade do Homem, muito além da face que se vê. Não tardou para que fosse nomeado para os óscares e, do underground independente da sua primeira produção, David Lynch passou, automaticamente para os holofotes de Hollywood. Apesar do fracasso de “Dune”, a ópera de ficção científica com caras como a de Bowie ou de Sting, o realizador não perdeu a credibilidade e “Veludo Azul” aparece para solidificar a qualidade do seu trabalho. “Um estilo visual único, o uso incómodo da musica pop e a exploração do lado negro da humanidade” que marcam “Veludo Azul” acabaram por se tornar a imagem de marca de David Lynch. Estava criado um quase mito que continuou a surpreender com séries como “Twin Peacks”, que mais tarde deu origem ao filme homónimo, e filmes como “Coração Selvagem”, “Autoestrada Perdida” ou “Muholland Drive”. “Uma História Simples” só veio provar a versatilidade do realizador com uma película que ao contrário das anteriores, era “reconfortante”. David Lynch não realiza uma longa-metragem desde “Império dos Sonhos”, em 2007, mas cada um dos seus filmes é ainda “um sonho inesquecível”.