China / ÁsiaChina | Fundador de esquema em pirâmide condenado a prisão perpétua Hoje Macau - 14 Set 2017 [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal da China condenou à prisão perpétua o fundador de um esquema em pirâmide que ludibriou cerca de 900.000 pessoas em 6,3 mil milhões de euros, expondo a dimensão dos mecanismos de investimento informais no país. O Ezubo apresentava-se como uma plataforma de empréstimo de pessoa para pessoa (‘peer to peer’), uma indústria que floresceu nos últimos anos na China, face à dificuldade em obter crédito no sector bancário, controlado pelo Estado. Ding Ning, fundador do Ezubo, e o seu irmão mais novo, Ding Dian, foram condenados à prisão perpétua por um tribunal de Pequim, por “angariação fraudulenta de fundos”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. Outros 24 executivos foram condenados a penas de prisão entre três e 15 anos. Duas empresas filiadas à Ezubo foram multadas num total de 1,9 mil milhões de yuan, segundo a Xinhua. Alguns dos arguidos foram ainda condenados por contrabando de metais preciosos e posse ilegal de armas. As autoridades detiveram os executivos da Ezubo em Dezembro de 2015, por aceitarem depósitos sem terem licença. A Xinhua disse que as autoridades confiscaram os activos da empresa, para reembolsarem os depositantes, mas não detalhou quanto do dinheiro foi recuperado. Os reguladores chineses permitiram o ‘boom’ nos serviços privados de crédito, para apoiar os empresários que nos últimos anos geraram emprego e riqueza, mas que têm acesso escasso ao sector bancário dominado pelo Estado. Em 2015, os sistemas de financiamento informais ascendiam a 1,5 biliões de dólares, segundo dados oficiais. Rico esquema Ding, 34 anos, que abandonou os estudos antes de completar o ensino secundário, trabalhou para a fábrica de hardware da mãe, onde acumulou experiência com vendas pela Internet. Sem qualquer educação formal em finanças, Ding lançou a plataforma Ezubo em Julho de 2014 e abriu escritórios em várias cidades chinesas. A decisão das autoridades em desmontar a plataforma levou a protestos dos depositantes, que acusaram o Governo de não proteger os seus depósitos. Vários depositantes viajaram até Pequim para protestar junto de gabinetes governamentais e da sede da televisão estatal CCTV, que transmitiu publicidade do Ezubo. Segundo as autoridades, a plataforma oferecia taxas de juro entre 9% e 14,6%. Desde Julho passado, os esquemas em pirâmide na China resultaram na morte de quatro pessoas, vítimas de grupos criminosos. Segundo o jornal oficial China Daily, as vítimas entram no esquema atraídas por falsas ofertas de trabalho, sendo mantidas em dormitórios e forçadas a recrutar amigos e familiares.